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Capítula Doze
FUNERAL
omo se
organiza o funeral de alguém que você mal conhece? Como se escolhe o caixão?
Quais detalhes? Faço algo mais reservado e modesto ou escolho algo mais decorado
com flores e com buffet? Como ligo para os parentes ou conhecidos para dar a
noticia se eu nem os conheço? Preciso mesmo de caixão ou ele prefere ser
cremado e jogado do alto de uma montanha? Ou talvez ser jogado no oceano? Deveria
saber de todas as essas coisas afinal ele é meu marido. Querendo ou não as
respostas deveriam estar na ponta da minha língua, mas elas não iam sair
naturalmente quando me fizessem. Deveria saber todos os seus desejos assim como
ele provavelmente deveria saber os meus, mas não é assim que funciona quando
você finge gostar de alguém.
Ele me tratou como lixo, como um empregado, como se eu não fosse nada e
eu sei disso. Então porque é que não dói menos? Eu sei a resposta. As coisas
que eu disse a ele. As palavras que proferi naquela noite quando estava com
raiva. Tudo isso me faz lembrar de quando estava no lar adotivo. Logo no meu
primeiro ano. O colégio ficava longe do lar adotivo, mas ia a pé de segunda a
sexta e acabei fazendo meio que uma amizade com um dos meus colegas. O nome
dele era Willie. Ele não era muito de falar já que era mudo e surdo, mas era
uma ótima companhia e íamos e voltávamos todos os dias e mesmo que um saísse
mais cedo o outro sempre esperava lá de fora sempre no mesmo lugar, mas não
daquela vez.
Lembro que naquele dia demorei um pouco mais na sala de aula juntando
minhas coisas depois que uns colegas tinham jogado tudo no chão. Tinha colocado
a mochila nas costas e sai correndo em meio aos alunos e pais que procuravam
seus filhos e olhei em volta procurando por Willie. Foi então que em meio a
multidão eu o vi parado na calçada olhando para um carro. Um carro velho de cor
azulada opaca. Não lembro bem se haviam mais pessoas no carro, mas lembro de
ver um homem oferecendo algo para Willie que abriu a porta do carro e entrou.
Na época não entendi o que tinha acontecido, mas lembro que fui embora sozinho.
Quando Willie não apareceu todos ficaram preocupados e claro que foram logo me
perguntar o que tinha acontecido.
Contei apenas o tinha que visto e é claro que não tinha ajudado muito.
Fui pra cama naquela noite, mas não consegui dormir e vi que a policia nos
visitou tarde naquela noite. Desci as escadas escondido e vi algumas
funcionárias chorando ao receberem a noticia. Foi então que o policial disse
que uma delas teria que reconhecer o corpo, mas elas pareciam assustadas porque
o rosto não seria o suficiente. Precisariam de algo mais. De alguém que o conhecesse
de verdade. Desci as escadas e fui até os policiais e puxei a manga do uniforme
de um deles e disse: ‘eu vou’.
Quando chegamos ao necrotério, naquele corredor acinzentado e frio minha
barriga gelou. Era apenas uma criança amedrontada que cresceu cedo demais ou
que pelo menos tentava agir como se tivesse crescido.
- espere aqui! – falou um dos policiais me deixando sentado fora das
sala.
Me sentei e outro policiais se sentou ao meu lado e ficou olhando para
mim percebendo que eu estava tremendo de medo. Meus lábios estavam brancos.
- você é um rapaz corajoso – falou o policial apertando os lábios e
passando a mão por trás de mim e apertando meu ombro – será rápido.
- pode entrar – falou o policial que tinha entrado na sala com o
legista.
Respirei fundo e me levantei entrando na sala gelada e vi o corpo
deitado coberto com um lençol. Me aproximei assustado e vi uma escada com dois
degraus que tinham colocado para que eu subisse e ficasse mais alto. Respirei
fundo e pensei em como reconheceria se aquele era Willie. O legista olhou para
mim e pacientemente esperou que eu dissesse algo.
- as pernas – falei apontando – preciso vê-las.
- okay – falou o legista levantando a parte de baixo do lençol e ao
vê-las eu percebi que era Willie sem sombra de duvidas.
- é ele.
- como você sabe? – perguntou o legista curioso.
- os garotos na escola o chamavam de ‘Mudinho Manco’ – falei passando os
dedos nos joelhos – ele tem uma perna menor do que a outra. Três centímetros.
Quase não dá pra perceber. Ele tentava disfarçar colocando jornal amassado
dentro do tênis, mas as vezes não dava pra esconder.
- e você prestou atenção nisso? – perguntou o legista.
- sim – falei respirando fundo e olhando para ele;
- bom trabalho – falou ele voltando a cobrir as pernas. O legista foi
conversar com os policiais e eu fiquei lá de pé ainda vendo o corpo dele.
Estava curioso. Queria saber o que tinha acontecido e ouvi os policiais
comentando com o legista.
- o encontraram jogado dentro de um bueiro – falou um dos policiais
cochichando – parece que tem esperma no corpo…
Percebi que os três estavam distraídos e olhei para Willie e segurei no
lençol com as duas mãos e o puxei de uma vez e percebi que metade da cabeça
tinha desaparecido. Na verdade apenas a parte de baixo da boca e a língua
estavam lá. Comecei a gritar e um dos policiais me pegou nos braços e tapou
meus olhos me tirando da sala rapidamente. Essa é a última coisa que me lembro
até o momento em que ouvi as palavras de Zara.
- não queria dizer isso Kai – falou ela com uma expressão triste –
queria que houvesse outra maneira de dizer isso, mas Cory se enforcou.
Depois de ouvir aquelas palavras, estar naquele corredor acinzentado
outra vez talvez para reconhecer o corpo de Cory talvez fosse o meu próximo
passo. Meu coralão parou e minha boca ficou seca porque naquele momento o que
me veio a cabeça mudou o meu foco. Os nossos disfarces podem ter sido
descobertos. Cory foi assassinado e eu vou ser o próximo.
- ele morreu… - falei baixinho olhando para Zara.
- o que? Não! – falou Zara dando um sorriso sem graça por ter dado a
entender que ele tinha morrido.
- ele não morreu Kai – falou Agnes empurrando Zara de leve – ele está no
hospital e seu estado é estável.
- sim! – falou Grace se aproximando com a caixa na mão – ele vai ficar
bem.
- mas porque estão aqui? Vocês estão limpando tudo e você tem essa caixa
escrito ‘Cory’.
- meu deus me desculpa – falou Grace jogando a caixa no sofá.
- você não apareceu e nós decidimos vir limpar a casa – falou Agnes.
- sim – falou Paxton – eu vim trocar a porta pra quando Cory voltar pra
casa.
- isso – falou Grace – e eu vim buscar umas coisas que Cory pediu.
Escova de dentes e uma muda de roupa pra quando ele receber alta – ela foi até
a caixa e mostrou o que estava levando.
- então ele está vivo? – perguntei surpreso e aliviado.
- totalmente – falou Selma com um sorriso colocando a mão no meu ombro
como o policial fez naquela época – vai ficar tudo bem.
Acontece que quando Flora disse que os vizinhos em Moracea Lane eram
como uma família, ela não estava brincando.
3 DIAS ANTES — SEXTA FEIRA — 23:46
- obrigada mãe! Obrigada pai! O jantar estava ótimo! – Quando Daphne
chegou em casa depois do jantar com a família foi para o quarto e descobriu que
seu vizinho Cory Winchester tinha se enforcado. Ele estava pendurado no lustre
balançando e assustada ela começou a gritar e as luzes de Moracea Lane
começaram a se acender.
Daphne estava assustada, mas desceu as escadas correndo mesmo de sutiã e
ao chegar na rua os vizinhos olhavam para ela.
- o que aconteceu Daphne? – perguntou Selma assustada.
- o meu vizinho se matou! Está pendurado no lustre! – falou ela
apontando para a casa de Cory.
- eu vou chamar a ambulância! – falou o marido de Selma, Carter indo
para a casa.
O vizinho Tom chutou a porta e correu para dentro ao lado de Denis e Ed
e os dois conseguiram tirar Cory e o deitaram no chão. Grace que trabalhou
muitos anos como enfermeira começou a fazer massagem cardíaca. O vizinho Pedro
Ballard parecia preocupado e pegou o celular para ligar para alguém.
- alguém precisa avisar ao Kai! – falou Alice, filha de Bruce, chorando
o corredor.
- eu estou ligando! – falou Pedro respirando fundo – ele não atende o
celular.
- meu pai também não atende – falou Alice se levantando do sofá tentando
se acalmar.
- se acalma filha – falou Daisy acalmando a filha – ele está em Las
Vegas. Seu pai não vai atender o celular o fim de semana inteiro.
- eu sei, só queria avisá-lo do que aconteceu – falou ela limpando os
olhos.
Quando a ambulância chegou os paramédicos levaram Cory e os vizinhos
observaram enquanto Denis e Tom iam atrás da ambulância.
ATUALMENTE
- foi isso que aconteceu – falou Grace sentada ao meu lado.
- obrigado – falei pegando um copo com água gelada que Zara me trouxe.
- tem umas gotas de limão – falou Zara – se sentando na poltrona.
- obrigado, de verdade – falei tomando um longo gole – por tudo. Se não
fosse por vocês Cory poderia não estar vivo.
- não foi nada Kai – falou Grace segurando minha mão.
- na verdade a culpa foi minha por não estar aqui – falei apertando os
lábios arrependido e tomando um gole da água.
- não diga isso à culpa não é sua – falou Selma – casais brigam o tempo
todo e você apenas
- olha eu já terminei com a porta – falou Paxton colocando as mãos na
cintura – se você quiser te dou uma carona até o hospital. Tenho certeza que
Cory vai gostar de te ver.
- okay. Pode ser – falei colocando o copo de água na mesa de centro – eu
agradeceria muito Tom.
- então vamos – falou ele fazendo um sinal com a mão.
- pode ir tranquilo – falou Agnes – quando vocês voltarem a casa de
vocês será um lar de novo e parecerá que nada aconteceu.
- obrigado. De verdade. Nem sei como agradecer – falei sem graça
- não precisa – falou Zara vindo da cozinha com uma flanela e um vidro
de spray com álcool começando a tirar poeira – é p mínimo que podemos fazer
depois do que aconteceu.
- mesmo assim. Obrigado. Vocês são demais – falei me despedindo.
A caminho do hospital com Tom recebi algumas mensagens de Bruce dizendo
que tinha chegado em casa e tinha recebido a noticia pela filha. Ele perguntou
como eu estava, se eu estava bem, mas eu decidi ignorar já que estava com Tom. No
caminho fiquei imaginando que quem quer que fosse voltaria por nós. Talvez
Moracea Lane não fosse mais um lugar tão seguro agora que a nossa integridade
física estava ameaçada. O que mais me atormentava naquele momento na verdade
era pensar que talvez nem precisasse ir muito longe para chegar ao possível
assassino. Talvez fosse até um de nossos vizinhos. Em uma situação como essa
pode ter sido qualquer um deles.
Quando chegamos ao Pinevale General Hospital fomos direto a recepção e a
recepcionista me deu um sorriso.
- bom dia, como posso ajuda-lo?
- bom dia. Meu nome é Kai e gostaria de ter noticias sobre um paciente –
falei apertando os lábios olhando para Tom e depois para a recepcionista.
- qual o nome? – perguntou ela se sentando em frente ao computador.
- Corduroy Kaylock Winchester.
- okay – falou ela encontrando – você é familiar?
- sim… é meu marido.
- okay – falou ela lendo algo – ele está sob observação na ala
psiquiátrica. Vou chamar o Dr. Carlyle. Só um instante.
- obrigado – falei olhando para Tom.
- eu estarei aqui esperando por você – falou Tom apalpando meu ombro.
- obrigado – falei olhando para a recepcionista.
- ele já está vindo.
- obrigado – falei pegando o celular e vendo as mensagens de Bruce.
Tinha algumas ligações perdidas de Bruce. Quando apertei o botão para retornar
vi um homem se aproximar com um jaleco. Alto, olhos azuis, barba tala no rosto
e um meio sorriso.
- Kai Winchester? – perguntou o homem estendendo a mão.
- sou eu – falei apertando a mão dele.
- meu nome é Tobias Carlyle. Sou o psiquiatra que está acompanhando o
caso do seu marido.
- como ele está doutor?
- Corduroy tem estado em observação durante todo o fim de semana e não
tem apresentado comportamento perigoso. Em fato ele não tem agido como se fosse
tentar novamente – nós caminhamos em direção ao elevador e entramos. Ele
apertou o botão do terceiro andar. O que ele disse me preocupou. Só reforçou a
minha teoria de que não tinha sido Cory e sim um ataque.
- isso é bom, não é?
- sim e não – falou Dr. Tobias quando chegamos ao terceiro andar – é bom
que ele não queira tentar outra vez, mas é ruim que ele não queira se abrir
comigo. Seu marido é um homem durão, mas você provavelmente sabe disso – falou
Dr. Tobias quando paramos em frente ao quarto dele.
- sei sim. muito cabeça dura.
- e então? O que o senhor vai fazer doutor? Tratamento de choque pra ele
falar? Lobotomia?
- na verdade não – falou ele pegando o prontuário e assinando – eu vou
dar alta.
- sério? – perguntei confuso.
- sim. Eu não queria mandar Corduroy para casa sozinho e só estava
esperando você chegar. Não vejo motivos para manter Corduroy aqui se ele não
quer falar, mas eu peço que converse com ele já que vocês tem um
relacionamento.
- okay – falei respirando fundo.
- bom dia – falou Dr. Tobias abrindo a porta e eu vi Cory pela primeira
vez. Ele estava deitado naquela cama e olhou para mim com aquela expressão que
ele sempre tinha: desprezo. Se ele me odiava antes imagina agora que foi
atacado. Especialmente depois das coisas que eu disse.
- oi Cory – falei acenando para ele e me aproximando da cama.
- oi Kai – falou ele respirando fundo e lambando os lábios ele desviou o
olhar para o médico – e então doutor? Vai me mandar para casa? – Cory falou com
a voz rouca. Aproximei-me e vi que ele tinha um grande hematoma no pescoço e
provavelmente deve ser por isso que ele estava falando com certa dificuldade.
- vou sim, mas você vai ter que me prometer algumas coisas.
- o que? – perguntou Cory.
- você não quis conversar comigo, mas vai ter que se abrir com seu parceiro.
Converse com ele. Promete pra mim que vai tentar?
- prometo – falou Cory se sentando na cama – posso ir?
- eu vou receitar alguns remédios para o hematoma no pescoço e eu
recomendaria que você parasse de fumar. Dificultou muito reanimar você quando
chegou na emergência.
- boa tentativa doutor – falou Cory com um meio sorriso – vários ex
médicos e uma ex mulher já tentaram me fazer largar o cigarro.
- tudo bem, mas tente não fumar pelo menos enquanto não estiver com a
garganta 100% recuperada. Okay?
- vou tentar, mas não prometo nada – falou Cory.
- fique tranquilo doutor. Eu vou
esconder os cigarros – falei entregando a sacola com as roupas de Cory que
Grace tinha separado para ele.
- fique afastado do trabalho por alguns dias. Vou te dar algumas semanas
de licença para que você fique em casa de repouso descansado – falou Dr. Tobias
me entregando à receita e outros papeis – vou te prescrever também alguns
comprimidos para te ajudar a dormir. A enfermeira me disse que você não dormiu
as noites que passou aqui no hospital.
- só uma insônia idiota – falou Cory – ando meio estressado ultimamente.
- viu só Kai? É só você chegar e ele começa a se abrir – falou Dr. Carlyle
com um meio sorriso me entregando a receita dos comprimidos – boa sorte para
vocês dois.
- obrigado Dr. Carlyle – apertei a mão do médico e Cory também apertou e
se despediu. Eu tranquei a porta assim que o médico saiu e Cory começou a tirar
a roupa ali mesmo de costas pra mim. Ele tirou a roupa do hospital e ficou nu
na minha frente eu virei de costas – eu estava pensando Cory… nós vamos
precisar ir pra outro lugar.
- do que está falando? – perguntou ele ao ouvir minha voz.
- nós não podemos ficar aqui depois do que aconteceu. O Pedro Ballard
falou com você? – perguntei me virando. Ele estava só de cueca vestindo a calça
jeans.
- sim. ele veio me visitar no sábado eu acho.
- e qual o plano dele? – perguntei respirando fundo me aproximando dele.
- sei lá – falou Cory um pouco irritado com minhas perguntas. Ele
abotoou a calça jeans e pegou a camisa e a vestiu. Em seguida ele se sentou na
cama para descansar – estou um pouco cansado – falou ele colocando a mão na
cabeça.
- desculpa. Nós podemos falar disso depois – falei começando a roer as
unhas – olha eu não quero acusar ninguém, mas talvez aquele cara todo tatuado
tenha algo a ver com isso. Ele não foi amigável comigo quando nos mudamos.
- não estou entendo Kai – falou Cory olhando pra mim – do que você
exatamente está acusando todo mundo?
- do ataque Cory. Se nosso disfarce foi descoberto e alguém tentou te
matar e fez parecer um suicido nós precisamos fugir.
- Kai…
- se nós não fugirmos a pessoa vai tentar de novo e dessa vez…
- Kai me ouça… - falou Cory com raiva..
- me escuta Cory não podemos vacilar – falei me aproximando dele com
medo – nós precisamos ligar para o Agente Arthur e pedir pra ele mandar a gente
pra outro lugar.
- Kai! – falou Cory gritando. Ele me assustou e ao mesmo tempo ele levou
a mão até o pescoço sentindo uma dor – ninguém me atacou… - falou ele rouco –
eu tentei me matar mesmo… fui eu. Não foi ninguém.
- o que? – perguntei engolindo seco levando as duas mãos para a cabeça –
você fez o que?
- de os meus tênis, por favor? – Cory se sentou na poltrona que tinha no
quarto e começou a colocar as meias.
- Cory você foi atacado… mas você foi atacado, não foi? – falei me sentindo
mal sem acreditar.
- que droga Kai! – falou ele se esticando e pegando o par de tênis e
calçando o primeiro.
- foi por causa do que eu disse não foi? – senti as lágrimas escorrendo
pelo meu rosto e uma pontada em minha cabeça. Lambi os lábios sentindo o gosto
salgado de tudo o que tinha dito naquela noite. Enquanto estava naquele hotel
fazendo sexo ele estava se pendurando em um lustre e se matando – eu disse que
seu filho merecia ter morrido.
- esquece isso Kai, já passou – falou Cory olhando para mim.
- a culpa é minha – falei me agachando envergonhado olhando para o chão
enquanto as lágrimas caiam.
- esquece isso Kai. A culpa não é sua. Eu que sou um velho deprimido e
solitário que deveria ter tentado há muito tempo atrás.
- não é nada – falei lambendo os lábios e soluçando.
- não sei por que você está chorando… depois de tudo que fiz a você.
- porque sim – falei olhando pra ele e limpando meu rosto – se você estivesse
morto nunca ia me perdoar. Na verdade nunca vou me perdoar por você ter
tentado.
- vem aqui! – falou ele estendendo o braço e eu segurei em sua mão e ele
me puxou me fazendo sentar em seu colo ele me fez abraça-lo. Nós ficamos abraçados
por um tempo e eu chorei um pouco em seu ombro arrependido de tudo o que tinha
dito a ele – a culpa não é sua. Okay?
- ta bom – falei olhando para ele. Cory passou as costas da mão limpando
meu rosto e eu passei meus dedos por sua bochecha sentindo a barba que tinha
crescido – promete que nunca mais vai tentar fazer isso?
- prometo – falou ele desviando o olhar do meu.
- será que você também poderia não ser tão mal educado e menos bruto
comigo?
- desculpa Kai – falou ele me tirando do colo dele quase que me
empurrando – esse é o meu jeito – falou ele se levantando.
- ta bom – falei respirando fundo – vou deixar você terminar de se
arrumar e vou te esperar lá embaixo no saguão.
- ta bom. Cai fora – falou ele de costas pra mim – só espero que quando
eu chegar em casa ela não esteja bagunçada. Graças ao seu piti naquele dia ela
deve estar destruída.
- prometo que não estará - falei saindo do quarto.
Quando fechei a porta e olhei para o elevador vi Bruce sair de lá. Caminhei
na direção dele e nós demos um abraço. Bruce deu um beijo no meu rosto e voltou
a me abraçar.
- como você está? Quando cheguei em casa Alice me contou o que
aconteceu… eu sinto muito Kai.
- eu estou bem – falei cruzando os braços – Cory está se arrumando para
irmos para casa.
- que bom que ele está bem – falou ele acariciando meu braço – de verdade.
- ainda bem – falei respirando fundo – sobre a nossa viagem…
- não! – falou Bruce – fique! Não precisa dizer mais nada. Não precisa
se explicar. Cory precisa de você mais do que eu.
- sério? – perguntei surpreso.
- claro. Ninguém faz o que ele fez sem um motivo – Bruce pareceu
realmente preocupado com Cory. Aquela tatuagem de Jesus Cristo em seu braço não
era em vão.
- pensei que você ficaria bravo comigo por não poder ir com você.
- claro que não Kai – falou ele se sentando em uma cadeira e eu me
sentei ao lado dele – fica tranquilo. Quando chegar em casa vou contar para Alice
sobre meu avô… meu pai – falou ele rindo – eu vou precisar de alguém comigo e tenho
certeza de que ela irá comigo.
- sinto muito por não poder ir. De verdade – falei abraçando-o e nesse
momento Cory apareceu e eu me levantei.
- Cory – falou Bruce se levantando – é bom saber que você está bem.
- obrigado – falou Cory com uma expressão não muito boa. Bruce estendeu
a mão e Cory apertou a mão dele meio que a contra gosto pelo o que eu percebi –
carrega minhas coisas?
- claro – falei pegando a sacola com as coisas de Cory e passei a mão pela
cintura de Cory e ele passou a mão pelos meus ombros e nós entramos no elevador
junto com Bruce. A porta se fechou e aquele clima se instalou. Respirei fundo
enquanto apoiava Cory que estava claramente debilitado e claramente puto com
tudo o que tinha acontecido. Quando a porta se abriu eu vi o sorriso que Tom
deu ao ver Cory.
- olha só quem está melhor.
Os dois se cumprimentaram e depois que eu assinei alguns papéis na
recepção nós pudemos ir embora. Muita coisa estava passando na minha cabeça
naquele momento e eu preciso admitir. Ela doía e meu coração também. Saber que
minha palavras levaram Cory a fazer o que fez me deixaram transtornado. Não
importa o que ele diga para amenizar a minha dor. Quando chegamos em Moracea Lane
percebi que havia uma recepção em frente a nossa casa. Eles seguravam balões e
uma faixa que dizia ‘Seja Bem vindo de volta Cory’. Quando nós saímos do carro
e eu fui ajudar Cory a sair ele agradeceu a todos pela recepção. Zara tinha
feito uma torta de carne moída e Ed tinha trago algumas cervejas.
- seja bem vindo de volta Cory! – falou Carter dando um abraço forte em Cory
que agradeceu.
- nós cuidamos de tudo… – falou Grace ajeitando as almofadas do sofá – …enquanto
vocês estiveram fora.
- nem parece que o lugar foi destruído pelo Kai – falou Cory se sentando
no sofá assim que entramos.
- acho que não poderíamos ter um elogio melhor do que esse – falou Selma
com um sorriso.
- você quer um pedaço da torta agora? – perguntou Zara vindo da cozinha.
- ou talvez uma cerveja? – perguntou Ed.
- eu não estou com fome – falou Cory.
- e ele não pode beber essa semana porque o médico passou alguns remédios
– falei olhando para Ed.
- okay – falou ele guardando a cerveja.
- eu só preciso de um isqueiro – falou Cory com um cigarro na boca.
- nem pensar seu filho da mãe – falei tirando o cigarro da boca dele e
pegando o maço de cigarros e indo até a cozinha eu os coloquei na gaveta – o médico
disse que nada de cigarros ou cerveja pra você Cory.
- por favor – falou Cory tossindo – do que adiantou viver se não posso
beber ou fumar? O que vai me negar depois? Futebol e sexo? Vamos lá Kai, sabe
aquelas merdas que me disse sexta a noite sobre o meu filho morto ter merecido
morrer? Diga elas outra vez. Talvez eu crie coragem pra tentar outra vez –
falou Cory rindo com um desconforto na garganta.
Quando Cory disse isso o silêncio tomou conta do local e eu que estava
na cozinha respirei fundo coloquei minhas mãos o balcão e lambi os lábios. Coloquei
a mão na cabeça e respire fundo me sentindo mal.
- sinto muito Kai não queria ter dito isso… - falou Cory perto de mim.
- não tem problema. A culpa foi minha – falei olhando para ele – será que
eu posso subir e tomar um banho? Minha cabeça está doendo um pouco e…
- me desculpa. Eu não tive a intenção… - falou ele segurando meu braço com
força me impedindo de continuar. Ele olhou fundo nos meus olhos e percebi que
ele tentava encontrar as palavras certas, mas não conseguia – é sério! Era pra
ser uma piada. Sou um idiota por ter dito isso. Eu não te culpo.
- eu sei que você não me culpa, mas eu me culpo por nós dois – falei respirando
fundo e olhei para os nossos vizinhos enquanto cruzava a sala e subia as
escadas indo para o meu quarto. Certeza que agora tinha gente de sobra me
culpando também.
Pessoal desculpa ter sumido esses dias. Espero que tenham gostado desse capítulo, não esqueçam de deixar a opinião nos comentários (que me motiva a continuar com mais frequência) e não esqueça também de deixar o seu voto que é muito importante. Compartilhe com seus amigos que gostam de ler sobre a temática. Um grande abraço a todos e até o próximo capítulo.
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Ufaa que susto que eu levei
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