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Capítula Quatorze
UM TIRO DE CADA VEZO
oi um
erro confiar no conselho de cinco donas de casas malucas. No que eu estava
pensando? Acabei tomando um enorme pedaço de lasanha pelando no meio da fuça e
pelo resto da noite fui apelidado de ‘homem lasanha’ e só tenho a agradecer as
minhas amigas: Agnes, Selma, Grace, Zara e Flora. No fim das contas não posso reclamar muito
porque querendo ou não tinha meio que funcionado e Cory tinha pela primeira vez
se mostrado carinhoso comigo e admito que prefiro esse lado dele. Agora já era
bem mais tarde beirava às onze da noite. Os rapazes assistiam o jogo de
basquete na TV e eu terminava de limpar a cozinha com ajuda de Flora e Grace.
Selma continuava a preparar margarita para todos nós. Estava um pouco distraído
da noite depois do convite de Cory para assistir a alguns filmes em seu quarto
quando todos fossem embora.
Estava um pouco desconfiado do convite afinal ele estava sendo bonzinho
demais comigo e pelo o pouco que conheço de Cory isso não é um bom sinal. Esse
lapsos de bondade geralmente vem acompanhado de surtos de brutalidade que me
magoam. Quando terminei de ajeitar as coisas me sentei próximo ao balcão e vi
Cory terminando de tomar outra long neck enquanto gritava algo para a TV. O Cara
costumava tomar todas e depois bêbado me tratava como lixo. Respirei fundo
vendo Denis vir até a cozinha e pegar outra duas cervejas. Uma para ele e outra
Cory que tinha acabado de acender outro cigarro e tragando ele assoprou a
fumaça para o alto. Respirei fundo e tentei me manter otimista esperando o pior
do fim daquela noite. Provavelmente terminaríamos quebrando a casa toda como
aconteceu a algumas semanas atrás. Mesmo sendo tarde decidi conversar com Bruce
já que as garotas estavam conversando sobre algo aleatório que não me
interessava. Abri o Whatsapp e enviei uma mensagem para ele.
Bruce, você está ai? Pode conversar agora? — Kai
Claro amor. O que faz acordado tão tarde? — Bruce
As visitas ainda estão aqui. Nós jantamos e agora os rapazes estão
assistindo aos jogos e eu estou na cozinha jogando conversa fiada… com você J — Kai
Eu estou deitado. Se quiser podemos fazer uma chamada de vídeo e eu te
mostro meu corpo todinho peludinho e nu na cama — Bruce
Tentador, mas levando em consideração a quantidade de pessoas ao redor
acho melhor não — Kai
Uma pena, mas fica pra próxima — Bruce
Onde está a foto? — Kai
Que foto? — Bruce
A foto do seu avô. Eu pedi pra você tirar uma foto dele para que eu o
conhecesse e você disse que me enviaria ontem, mas você esqueceu e disse quem e
enviaria hoje… — Kai
Porra, acabei esquecendo de novo Kai… me perdoa — Bruce
Tudo bem, não esquenta. Eu provavelmente estou me intrometendo. — Kai
Deixa de bobeira. Amanhã eu prometo que te envio as fotos — Bruce
Pode ser, mas não esquenta com isso. Prometo que não vou mais cobrar — Kai
Enquanto conversava com Bruce comecei a prestar atenção no que Selma,
Flora e as outras mulheres conversavam ao meu redor e percebi que elas falavam
sobre Daisy. Tinha me despedido de Bruce e desejado boa noite, mas fingi ainda
estar prestando bastante atenção no celular para entrar no assunto.
- vocês lembram como nós éramos unidas? – falou Selma entregando outra
margarita para Agnes.
- deixa de ser dramática Selma – falou Zara rindo – é só tomar uns goles
a mais e começa a se lembrar dos velhos tempos?
- eu concordo com ela – falou Grace – sinto falta de nós. Nós seis
éramos tão unidas e Daisy não tem sido a mesma desde aquela noite
- Shhh! – falou Agnes disfarçando apontando para mim disfarçadamente. Ao
fazer isso eu olhei param eu celular porque sabia que elas olhariam para mim.
- do que estão falando? – perguntei olhando para elas e deixando o
celular no balcão.
- Selma está falando sobre a falta da nossa amiga Daisy – falou Flora –
mas ela não faz tão falta agora que temos você – falou ela segurando na minha
mão – nosso grupinho de seis está de volta.
- é verdade – falou Selma com um sorriso – Kai agora já faz parte da
família Moracea Lane e nós podemos incluí-los em nossas atividades.
- olha eu não quero ofender, mas não sei como me encaixo no grupo de
vocês. Tudo bem que eu cuido de casa, mas se as atividades de vocês incluem
fazer tricô, levar os filho pra escola, ir a reunião de pais e mestres eu
dispenso – falei pegando o meu copo e tomando um gole de refrigerante.
- garoto abusado – falou Agnes rindo.
- garoto você tem mais em comum com a gente do que você pensa – falou
Selma irritada – independente de como usamos as horas durante os dias o que
importa é o que fazemos durante a noite.
- isso mesmo – falou Grace – pelo menos uma vez durante a semana nós
saímos para nos divertir. Vamos a um restaurante ou a uma boate ou ao cinema… a
qualquer lugar. Só nós 5 e agora… nós 6.
- o que você acha? – perguntou Flora – podemos contar com você?
- bom… acho que sim né? As coisas não andam muito bem em casa então acho
que será melhor passar um tempinho fora.
- nem pensar Kai – falou Grace – não é desculpa pra parar com o nosso
combinado.
- combinado? Você diz aquela coisa onde eu levo uma ‘lasanhada’ na cara
e todo mundo zoa comigo?
- veja pelo lado positivo, ele te deu um beijo no rosto e vocês ainda
fizeram aquela coisa fofa onde um colocou a refeição do outro – falou Selma
fazendo bico e uma feição toda fofa – admita que foi fofo.
- foi um pouquinho – falei rindo.
- então sem desculpas – falou Agnes – um brinde ao nosso novo
companheiro de noitadas Kai que em breve estará com o casamento a todo vapor.
Todas elas levantaram a taça e eu levantei o meu copo de refrigerante e todos
tomamos um gole.
Depois daquele brinde ouvi o som da campainha e de batidas na porta e
observei enquanto os cinco homens na sala torcendo e vibrando pelo jogo
simplesmente ignoraram e bateram palmas e gritaram feito idiotas para a
televisão.
- deixa que eu atendo – falei me levantando e indo até lá. Ao passar
pela sala Cory segurou no meu braço me puxando.
- desculpa por não atender é que o jogo é importante.
- não tem problema. Sou a empregadinha da casa. Estou acostumado – falei
tentando continuar, mas ele não me soltou.
- deixa de bobeira Kaleb – falou Cory me mandando um beijo de longe – não
esquece do nosso combinado viu? Você é a minha garantia de uma boa noite de
sono – falou ele em um tom mais baixo me soltando e voltando a olhar para a TV.
- okay – falei indo até a porta. Ao abri-la levei um pequeno susto ao
ver Daisy. Ela passou os dedos no cabelos ajeitando atrás da orelha.
- olá.
- Daisy? O que faz aqui? – perguntei na hora sem pensar.
- desculpa… falou ela sem graça.
- não é isso… me expressei mal… porque você não veio antes? É isso que
queria perguntar – falei saindo da frente dela – vamos entrando.
- é que eu não estava me sentindo bem do estômago mais cedo, mas é que
Bruce Alice estão viajando e eu estou com medo de ficar sozinha em casa e
decidi vir pra conversar um pouco.
- claro! – falei colocando a mão no ombro dela e apontando para a
cozinha – as suas amigas estão lá na cozinha.
- oi Daisy! – falou Tom acenando para ela – que bom que veio.
- obrigada Tom – falou Daisy com um sorriso.
- oi Daisy! – falou Wes simpático. Os outros caras também a
cumprimentaram, mas não arrancaram o olho da TV nem por um segundo.
- olha só quem chegou pessoal – falei anunciando ao chegar a cozinha – o
sexto membro original.
- oi Daisy! – falou Selma dando um abraço – como você está garota.
- o que isso? – perguntou Daisy rindo – essa coisa de sexto membro?
- estávamos falando sobre as nossas escapadas a noite – falou Agnes.
Convidamos Kai e ele aceitou.
- que bom – falou Daisy.
- você está com fome? – perguntou Zara – podemos fazer uma quentinha do
que sobrou do jantar. Uma lasanha maravilhosa que o Carter fez – Zara já foi
pegando a travessa com a lasanha e colocando n forno.
- pode ser – falou Daisy indo até a pia e lavando as mãos – parece
deliciosa – falou ela olhando para a travessa.
- a sua margarita está pronta meu amor! – falou Selma colocando a bebida
na taça e ficando ao lado de Daisy esperando que ela lavasse as mãos. Nesse
momento Bruce me enviou uma mensagem e eu abri percebendo que era uma foto dele
com uma mensagem de boa noite. Abri a foto e admirei seu rosto por alguns
segundos. Nesse momento Daisy que olhava para a travessa desviou o olhar para a
tela do meu celular já eu estava de costas para a pia. Estava a uma certa
distância, mas conseguiu ver nitidamente quem era. No meio daquela confusão nem
me lembrei daquele detalhe. Quando minha ficha caiu eu bloqueei na mesma hora e
coloquei ele rapidamente em cima do balcão. Olhei para trás e Daisy olhou para
mim e deu um sorriso enquanto enxugava as mãos com o pano de prato. A impressão
que tive é que ela estava sem graça.
- a comida parece deliciosa – falou Daisy para mim.
- sim, está – falei forçando um sorriso para Daisy enquanto ela pegava a
taça de margarita e tomasse um gole. Zara a puxou pelo braço e a fez se sentar
a mesa junto com Agnes e Grace e todas elas já começaram a dar risadas.
- nossas noitadas são épicas – falou Flora que estava sentada no balcão
junto a mim.
- concordo – falou Selma se juntando a nós. Não me liguei muito na
conversa porque agora estava um pouco preocupado com a esposa possessiva de
Bruce. Ele tinha me dito algumas coisas sobre ela naquela viagem para o resort
e eu estava um pouco assustado por ela ter visto aquela foto. Eles estavam
divorciados, mas ela se recusava a deixar a casa. Ela ficava em cima de Bruce
impedindo que ele tivesse qualquer relacionamento. Era neurótica, possessiva e
violenta em alguns casos. O sorriso doce elegante e a forma que Daisy ajeitava
os cabelos a faziam parecer o contrário, mas se a partir de agora ela
desconfiar que haja algo entre Bruce e eu com certeza eu preciso teme-la.
Quando me falou sobre Daisy, Bruce pintou um quadro não muito bonito da ex
esposa e esse quadro se parecia muito com as obras de Dariusz Zawadzki então
era bom eu ficar esperto.
Em meio aquilo tudo fiquei pensando na conversa das garotas quando elas
pensaram que eu estava distraído. Sobre Daisy não ser a mesma depois ‘daquela
noite’. Que noite seria essa? Agradeci a foto de Bruce e disse que ele estava
um gatão gostoso e para não deixa-lo preocupado decidi não falar nada sobre as
minhas suspeitas sobre a ex desconfiar sobre nosso relacionamento. Quando Bruce
se despediu recebi quase que ao mesmo tempo uma mensagem de Daphne.
Que festinha é essa? Acabei de chegar da universidade e percebi uma
movimentação e gritaria — Daphne
A vizinhança está aqui. Porque você não vem? Estou com saudades — Kai
Não quero atrapalhar vocês, além do mais estou morta de cansada e ainda
não comi nada — Daphne
Eu posso levar uma quentinha pra você. Carter fez uma lasanha maravilhosa
— Kai
Sério? Eu adoraria? — Daphne
Perfeito! Chego ai em alguns minutos — Kai
Vi que Daisy já estava comendo e eu me levantei e peguei uma tupperware
de vidro e coloquei um enorme pedaço de lasanha e em outra coloquei a salada.
- você vai comer outra vez? – perguntou Cory chegando á cozinha.
- que milagre – falei olhando para ele – pensei que seu corpo já tinha
se fundido ao sofá. Não levantou a bunda de lá pra nada desde que sentou.
- é que o jogo acabou – falou Ed se espreguiçando ao chegar á cozinha.
- queremos mais cerveja! – falou Pedro indo até a geladeira e abrindo-a
– aceita outra Cory?
Cory olhou para Pedro e depois olhou para mim. Ele respirou fundo e
coçou a cabeça.
- pode aceitar. Você não está bebendo os remédios mesmo. Será até bom.
Lembra quando chegamos aqui e você bebia todas e desmaiava no sofá? Talvez se
você beber bastante consiga dormir. Ai nossa noite de filmes pode ser
cancelada. Daphne vive me cobrando uma noite de filmes com ela. Vou lá levar
essa comida. Talvez eu acabe ficando por lá e passe a noite assistindo filmes
com ela. Pode ser? – coloquei a tampa na tupperware e Cory olhou para Pedro.
- pode deixar – falou ele negando – já bebi demais – ele passou a mão no
peito e se espreguiçou.
- beleza – falou Pedro entregando outra cerveja para Tom, Denis, Wes e
uma cerveja para Agnes e Flora.
- quer dizer que minha noite de filmes com Daphne está cancelada?
- outro dia você marca com ela – falou ele pegando um copo e indo a
geladeira ele pegou uma jarra com água – melhor ainda: você pode convidá-la e
vocês assistem a noite de filmes aqui.
- okay, vou lá levar a comida. Ela chegou faminta.
- não demore! – falou Cory alto quando eu estava saindo da cozinha.
- tá bom – falei olhando para Cory e Zara esbarrou em mim.
- viu só garanhão? – falou Zara me acompanhando até a porta.
- eu posso te fazer uma pergunta Zara?
- claro – falou ela quando chegamos à porta.
- okay – falei abrindo a porta e nós saímos da casa.
- agora que faço parte da ‘gangue’ e sou um dos ‘seis’ acho que posso fazer
a pergunta sem medo.
- pelo amor de Deus, o que aconteceu? – ela tomou um gole do Martini.
preocupada.
- não é nada grave é só que… eu ouvi vocês conversando sobre Daisy não
ser a mesma pessoa depois ‘daquela noite’. Que noite é essa?
- a ta… - falou ela tomando outro gole do Martini – aquela noite… -
falou ela pensativa.
- o que foi? É algo sério?
- não é sério é só algo constrangedor – falou ela sem graça – não sei
bem como contar isso.
- eu estou me intrometendo?
- não é nada de mais… é só que certa noite a mais ou menos seis meses
atrás nós saímos para uma noitada e Daisy achou que estava grávida de Bruce…
isso foi antes do divórcio dos dois – falou ela rindo – enfim… ela achou que
estava grávida porque estava atrasada algumas semanas e não usou absorvente.
Acontece que naquela noite nós fomos a um evento chamado ‘Branco versus Preto’.
Uma festa de gala onde as Damas vestiam Branco e os Cavalheiros vestiam preto.
- Aconteceu alguma coisa ruim? – perguntei curioso.
- digamos apenas que o ponto alto da noite foi quando a festa inteira
descobriu que Daisy não estava grávida.
- nossa… é sério?
- sim – falou Zara fazendo uma cara feia – foi horrível. A coitada ficou
desolada.
- sinto muito – falei imaginando a cena – desculpa por me intrometer.
- não tem problema – falou Zara segurando o meu braço – só não comente
nada com Daisy, okay? Ela ficaria muito constrangida se soubesse que te contei.
- não se preocupe. Minha boca é um túmulo – fiz um gesto com a mão que
deu a entender que fiz um ‘X’ trancando-a e jogando a chave fora.
- obrigada Kai. Você é um amor.
- obrigado você Zara. Você pode confiar em mim. Não vou contar nada pra
ninguém – respirei fundo e olhei para a porta da casa de Daphne e lá estava
ela. Zara acenou e Daphne acenou de volta – preciso ir. Daqui a pouco eu volto.
- estaremos esperando – falou Zara levantando a taça. Quando me virei de
costas ela virou tomando todo o Martini e sem querer engolindo a azeitona
inteira ela começou a tossir enquanto fechava a porta.
- pensei que você não viria mais – falou Daphne quando me aproximei
dela.
- desculpa a demora. Sei que está varada.
- obrigada – falou ela pegando a comida – vamos entrando.
- obrigado – falei fechando a porta.
- o que você tanto conversava com a ruiva? – Daphne pegou um garfo e se sentou
no sofá começando a comer ferozmente.
- nada de mais… ela só estava me contando uma coisa constrangedora que
aconteceu com Daisy.
- o que foi? – perguntou ela.
- não sei se devia te contar – falei coçando a cabeça.
- vai se ferrar Kai. Salvei a vida do seu tio… quer dizer… marido? –
falou ela rindo – você me deve uma.
- okay – falei rindo – sabe a Daisy? Ex esposa do Bruce?
- sim. o que tem ela?
- elas disseram que foram a uma festa há uns seis meses atrás e Daisy
acabou menstruando em publico porque achou que estava grávida.
Quando disse isso Daphne ficou pensativa por alguns segundos e não disse
nada.
- no que está pensando?
- não é nada. Só bobeira – falou ela lambendo os dedos.
- me diz, o que é? – perguntei curioso.
- não é nada é só que mais ou menos nessa época a Daisy não estava
morando aqui. Parece que o casamento deles já não ia tão bem e ela tinha ido
morar com os pais no Nebraska.
- talvez ela tenha errado a data afinal aconteceu a tanto tempo.
- pode ser – falou ela rindo – Sabe Kai isso faz me lembrar de uma outra
coisa louca que aconteceu quase na mesma época.
- o que?
- eu sempre costumava ficar até tarde estudando e estudando. Quase não
dormia. Tomava uns remédios pra cortar o sono e isso acabou me deixando em
alerta. Fiquei tão chapada que comecei a ter alucinações – falou ela rindo e
comendo um tomate cereja.
- que tipo de alucinações? – perguntei rindo com ela.
- só pra você ter uma ideia teve uma noite em que eu jurei ter ouvido um
bebê chorando e os sons pareciam vir da casa dos Ferrari.
- sério?
- Sem brincadeira. Me senti dentro do filme ‘Bebê de Rosemary’. Lembro-me
de ir para o parapeito da minha janela e ver a luz do quarto de Alice acesa e
ouvir o som vindo de lá. Como se Alice estivesse cuidando do bebê. Sabe? Maior
viagem.
- mas eles só têm uma filha que é a Alice, não é?
- sim – falou ela rindo – depois desse dia parei de ficar estudando até
tarde, parei de me drogar com esses remédios malucos e comecei a dormir mais.
Estava começando a perder a noção das coisas.
- acho que foi a decisão certa – falei rindo. Meu celular vibrou e ao
pegar vi que era uma mensagem de Cory me lembrando de ir embora.
‘Nem pense em ficar ai. Se acha que pode me enganar, pense duas vezes.
Estou tentando acertar as coisas com você então cumpra o que me prometeu. Só
peço uma chance’.
- é o Cory. Preciso ir embora – falei me levantando e guardando o
celular.
- vai lá – falou Daphne – a comida está deliciosa.
- que bom que gostou. Prometo passar o elogio adiante. Carter vai ficar
sabendo disso. Boa noite pra você.
- boa noite! – gritou Daphne acenando com o garfo antes de pegar outro
pedaço e levar a boca.
Quando cheguei me casa percebi que o clima era de despedida. Cory
abraçava e apertava a mão dos companheiros enquanto as esposas davam beijos em
seu rosto.
- vocês já vão embora?
- sim – falou Agnes – a noite foi divertida, mas precisamos ir, já é
tarde. Passou da meia noite.
- porque não ficam um pouco mais? Tem cerveja na geladeira.
- você precisa de privacidade Kai – falou Selma me dando um abraço de
despedida – não tem pra onde correr.
- não se preocupa – falou Cory – Ed e Agnes convidaram todo mundo pra
tomar banho de piscina amanhã.
- isso mesmo – falou Ed apertando minha mão – a previsão do tempo disse
que amanhã fará um calor de 40º graus.
- tudo bem então – falei abrindo a porta vendo todos eles saírem – vejo
vocês amanhã.
- aguardamos vocês! – falou Agnes – e vê se dessa vez veste um calção de
banho Kai!
- eu prometo que vou vestir – falei acenando – amo todos vocês! – falei
fechando a porta. Assim que eles se foram encarei a porta fechada a minha
frente por alguns segundos até ter coragem de olhar para Cory. Assim que me
virei vi Cory parado próximo a cozinha e ele respirou fundo olhando para mim.
- graças a Deus posso parar de fingir – ele pulou no sofá e se estirou –
arruma toda essa bagunça antes de ir dormir – Cory ligou a TV e ficou lá
assistindo me deixando com cara de idiota. Antes que dissesse algo ele não
conseguiu segurar a risada e se sentou no sofá – você precisa ver a sua cara agora
– ele desligou a TV – é claro que estou brincando.
- você ficou maluco? Ia jogar esse jarro de flores bem na sua cabeça.
- fica tranquilo. Amanhã eu arrumo tudo – ele se levantou e foi até as
escadas e começou a subir – vou tomar um banho e te esperar lá no quarto, pode
ser?
- pode. Também vou tomar um banho.
- combinado – falou Cory terminando de subir as escadas.
Depois que Cory se foi eu fiquei tentado em subir as escadas ou arrumar
toda aquela bagunça. Admito que tentei ir e ignorar as taças e as latas de
cerveja espalhadas, mas quando subi os primeiros degraus eu senti aquela
pontada no peito e imaginei aquela bagunça no andar de baixo enquanto eu dormia
e eu rapidamente fui até a cozinha e comecei a juntar tudo e levar para a pia.
Lavei as taças, os copos sujos. Peguei uma sacola e juntei as latas de cerveja
esvaziei os cinzeiros e quando todo estava um brinco decidi varrer o chão.
- Kai?! – ouvi Cory chamando por mim e os seus passos pesados descendo
as escadas. Olhei para trás e ele estava vestido com a calça do pijama, sem
camisa e com o robe.
- o que foi? – perguntei olhando para ele.
- o que está fazendo?
- só dando uma limpadinha da casa. Você já tomou banho?
- se eu tomei banho? – ele olhou no relógio no pulso? – já são quase
duas da manhã. Faz duas horas que estou esperando você pra gente assistir o
filme e conversar.
- já? – falei olhando em volta e vendo a casa brilhando – acho que eu
exagerei um pouco né?
- acho que sim.
- eu só vou terminar de varrer o chão e já vou – falei varrendo.
- Kai deixa isso ai. Vai logo tomar seu banho.
- é rapidão Cory – falei fazendo movimentos rápidos – só falta varrer e
está tudo limpo.
- quer saber? Vou pegar umas duas cervejas e tomar lá no quarto. Elas
devem me fazer dormir – falou ele passando por mim e indo até a geladeira ele
pegou duas long neck – pode dormir no seu quarto. Boa noite.
- mas Cory… - falei seguindo-o – spera eu varrer aqui…
- me poupe Kai. Você claramente não quer conversar comigo e nem quer
passar um tempo comigo. Você deixou claro quando se convidou para passar uma
noite com a Daphne, deixou claro quando quase impediu as visitas de irem embora
e está deixando claro agora. Sempre reclamou de ser feito de empregado e é de
madrugada e você está limpando a casa. Pode ir dormir no seu quarto. Eu me viro
com as cervejas e minha insônia. Afinal de contas foi você mesmo que deu a ideia
de beber até cair.
Cory me deixou para trás e subiu as escadas e eu ouvi quando ele fechou
a porta do quarto. Respirei fundo e continuei a varrer o chão. Quando terminei
de limpar tudo eu juntei o lixo da cozinha e peguei outros dois sacos para lixo
e fui até lá fora e os coloquei nas latas apropriadas. Olhei para a noite e
cruzei os braços sentindo a brisa fria passar por mim. Dentro de mim sentia uma
explosão de sentimentos. Um monte de coisas passava pela minha cabeça e eu não
sabia bem como agir. Fechei os olhos e respirei fundo sem saber o que fazer. Me
virei e olhei para a minha casa e vi o momento exato que ouvi um grande estouro
e um clarão que veio na direção de onde era o quarto de Cory. O som foi alto e
me fez inclinar e tapar os ouvidos. Estava meio desnorteado pelo som e quando
dei por mim vi as portas de Moracea Lane se abrindo e percebo p que tinha
acontecido.
Com todas as minhas forças corri para dentro e subi as escadas assustado.
Ao chegar no quarto de Cory percebi que a porta estava trancada.
- Cory! – comecei a gritar esmurrando a porta – Cory! – a porta então se
abriu e Cory parecia espantado.
- se acalma! Foi um acidente! – falou ele me com os lábios brancos. Ele
parecia assustado. Tanto quanto eu. Fui pra cima de Cory e o abracei afundando
meu rosto em seu peito começando a chorar desesperado. Meu corpo amoleceu pela impotência
que senti naquele momento – Shhh! Vai ficar tudo bem – falou Cory afagando meus
cabelos vendo toda a vizinhança no fim do corredor.
Tom passou por nós e viu a arma de Cory no chão e viu um buraco no vidro
quebrado. Ele percebeu que tinha sido um acidente. A arma caiu no chão e
disparou.
- eu não sei o que aconteceu – falou Cory ainda abraçado comigo. Meu
coldre estava no chão. Fui pegá-lo e a arma caiu e disparou. Por pouco não me
acertou.
- você é um idiota – falei empurrando Cory com raiva – você é um porco
bagunceiro. Jogar suas roupas no chão eu entendo, mas o coldre com a arma? Você
ficou maluco?
- a culpa não é totalmente do Cory – falou Tom – o delegado que foi
demitido, o que Cory tem o cargo, foi demitido por desvio de dinheiro. Estava
superfaturando. Estava assinando contrato com empresas fajutas e isso incluía fabricantes
de armas que usavam materiais de péssima qualidade. Esse não é o primeiro
acidente com armas – falou Tom pegando a arma – a trava provavelmente está com
defeito.
- eu levei um tiro no pé por causa de uma dessa – falou Denis.
- porra, como uma arma dessas foi parar nas minhas mãos? Você não me
disse que o lote de armas clandestino tinha sido incinerado? – perguntou Cory puto.
- sim e foi. Parece-me que uma ficou para trás – falou Tom com raiva.
- na segunda vou pedir uma auditoria. Todos os policiais vão ter que se
apresentar. Vamos conferir o armamento de todos. Um por um. Conferir o número
de série de para ter certeza de que acidentes não voltem a acontecer – falou Cory
olhando para mim respirando fundo. Ele estava gelado quando me abraçou. Passei a
mão no rosto limpando as lágrimas e cruzei os braços com raiva.
- graças a Deus não foi nada – falou Grace se aproximando de mim – você está
bem?
- estou – falei olhando para ela.
- a gente se vê amanhã – Grace deu um beijo no meu rosto e todos os
vizinhos voltaram a sair da casa, mas dessa vez foi Cory quem os acompanhou até
a saída. Só esperei Cory descer as escadas e fui para meu quarto com raiva e
comecei a tirar as minhas coisas das gavetas e jogar dentro da mala que trouxe
as minhas roupas para aquele lugar. Joguei minhas cuecas, bermudas, calças. Comecei
a jogar tudo lá dentro. Ouvi Cory subindo as escadas e chegando na porta do meu
quarto.
- o que você está fazendo? – perguntou ele entrando.
- o que você acha? – fui até o guarda roupas e tirei todos as roupas com
cabides e tudo e joguei na mala e a fechei o zíper.
- mas Kai… foi um acidente – falou ele se aproximando de mim.
- não encosta e mim – falei olhando para ele enquanto eu jogava a mala
no chão e puxava ela usando as rodinhas.
- mas Kai, eu não… - Cory parou de tentar argumentar quando me viu ir em
direção ao seu quarto e não em direção as escadas. Joguei a mala na cama dele,
abri e comecei a colocar as minhas coisas junto com as dele.
- o que está fazendo? – perguntou ele entrando no quarto, mas com um tom
diferente.
- eu vou dormir aqui com você. Todos os dias. Impedir que você deixe seu
quarto uma bagunça, impedir que você deixe seu coldre e sua arma jogadas pelo
chão – falei abrindo o guarda roupas e colocando minhas camisas – pessoas normais
batem o dedo mindinho no pé da cama e praguejam. Você corre o risco de bater o
mindinho na arma e ficar sem o pé – falei me sentando na cama e cansado
respirei fundo e coloquei as duas mãos na cara.
- vai tomar um banho pra gente assistir o nosso filme – falou Cory indo
até a mala e pegando minhas cuecas ele foi até a gaveta e colocou junto às
dele.
- o que? – perguntei olhando para ele.
- sim. Vai lá. A nossa noite ainda está de pé – falou ele pegando mais
coisas na mala – pode ir lá. Eu termino de arrumar aqui.
- pensei que não ia querer assistir nada comigo – falei me levantando –
pensei que tinha ficado com raiva de mim.
- tá vendo isso aqui – falou ele com um meio sorriso convencido
apontando para o robe. Havia uma mancha de lágrimas que eu tinha deixado.
- o que tem isso?
- lágrimas suas por mim – falou Cory ainda com aquele meio sorriso
babaca na cara – você se importa comigo.
- você quer a verdade?
- claro – falou ele prestando atenção em mim.
- eu tenho nojo da sua cara. Sua voz me da ânsia. Peguei ranço de você.
A forma como você me tratou quando nos mudamos me fez te odiar e eu tenho
arrepios quando lembro que moro na mesma casa que você.
- okay, não esperava por isso – falou Cory pegando um bolo de meias e
indo a uma gaveta.
- mas sabe o que eu percebi hoje?
- o que? – perguntou Cory.
- esse era seu objetivo. Fazer-me te odiar. E Sabe por que você fez isso?
- não faço a mínima ideia – falou Cory rindo e ficando de costas pra mim
enquanto arrumava outras coisas na gaveta.
- você gosta de mim! – ao ouvir isso percebi que Cory parou o que fazia
e apenas ficou me ouvindo – você gosta de mim e eu desconfio que algo aconteceu
no seu passado que fez você me odiar por ter esse sentimento. E por esse motivo
você me fez pagar por te fazer sentir isso. Você me fez de empregado, me tratou
como uma ‘putinha empregada’ e você se deliciou com isso. Cada vez que você via
o desprezo na minha cara você sentia que estava no controle porque sabia que
por mais que gostasse de mim nada aconteceria porque eu nunca sentiria o mesmo –
falei respirando fundo. Cory respirou fundo e continuou de costas – e sabe por
que eu tenho nojo da sua cara?
- por quê? – perguntou ele se virando e olhando para mim com uma feição
de surpresa misturada com mistério.
- porque eu tive um fim de semana inesquecível com um cara incrível e
mesmo você tendo me tratado da forma que me tratou eu também gosto de você –
falei respirando fundo e mordendo o meu lábio inferior – gosto muito – engoli em
seco e juntei minhas mãos – então é isso. Eu estou muito confuso no momento e
eu gosto muito de você e o motivo de estar lá embaixo limpando a casa toda com
medo de vir pro seu quarto é que eu estava com medo de você bancar o cara legal
e amanhã você voltar a me tratar como lixo.
- eu te entendo – falou Cory coçando a cabeça confuso e cruzando os
braços.
- Por isso eu quero saber logo de uma vez: hoje a noite nós podemos
conversar sobre o que sentimos e se você se sentir confortável pode me contar
sobre esse seu passado sombrio que faz você tratar os outros como lixo. Eu por
outro lado posso te contar um pouco sobre o meu passado. O passado que faz com que
eu limpe as coisas compulsivamente. Ou que faz com que eu me apegue a coisas
bobas e me impede de jogá-las no lixo.
- acho que…
- mas… - falei interrompendo Cory – …se você estiver pensando em
continuar me tratando como lixo toda vez que se sentir deprimido é só me dizer.
Eu pego as minhas coisas e vou morar com a Daphne de agora em diante. Ligo pro
Agente Arthur e explico o que aconteceu. A gente se divorcia perante os
vizinhos e passamos a ser dois estranhos de agora em diante.
- okay – falou Cory se virando e tirando minhas coisas da gaveta para
colocar de volta na mala. Admito que não esperava uma resposta tão rápida e não
esperava que essa fosse ‘A’ resposta, mas o que posso fazer?
- aqui… - falou Cory se virando e me entregando uma cueca e parte de
baixo de um pijama.
- o que é isso? – perguntei confuso.
- você não vai tomar banho? Roupa limpa pra você se vestir. Ou pretende
ficar com a roupa suja?
- a ta – falei pegando a roupa sem graça – obrigado – peguei a toalha e
sai do quarto olhando para trás vendo Cory ajeitar minhas coisas na gaveta. Era
tão bom vê-lo ali perdido em seu mundinho arrumando minhas coisas. Não sei o que
faria se o tiro tivesse sido por outro motivo. Como eu disse, gosto muito de Cory.
É isso pessoal Mais um capítulo para vocês. Espero que tenham gostado. Não esqueçam de deixar a opinião nos comentários e não esqueça também de deixar o seu voto que é muito importante. Agradeço aos votos e comentários de vocês. Adoro as reações.Um grande abraço a todos e até o próximo capítulo.
Logo abaixo tem o link para comprar as minhas obras na Amazon. Tem também o link do convite para fazerem parte do meu grupo do Whatsapp. Espero que tenham gostado desse capítulo e até o próximo. Um abraço.
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Eita, por esse final eu não esperava! Mas quem é Caleb? Haha
ResponderExcluirantes de mudar de nome o nome Kai se chamava Kai De la Croix. Depois de entrar no programa de proteção a testemunhas o nome dele mudou para Kaleb Winchester. O apelido dele ficou sendo Kai. :)
ExcluirAaaaaah, nem tinha reparado ahaha
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