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Capítula Vinte e Seis
SALVADOR
quarto onde estávamos era iluminado a luz de
velas. Nós dois estávamos nus nos beijando enquanto eu sentia seu membro dentro
de mim e seus lábios dentro de minha boca. Abri os olhos e meus pés deslizaram
pelo sangue que desenhou o pentagrama no chão. Mambas negras deslizavam pelo
chão e pelos nossos corpos enquanto Clyde me levava ao orgasmo. Os olhos de
Clyde eram completamente negros e eu podia sentir o seu poder dentro de mim.
Literalmente. Seu pau vibrava dentro de mim e conforme eu aumentava a força com
que cavalgava em seu caralho sentia meu rabo pegando fogo. Uma das cobras
mordeu o meu ombro e senti meu pau ejaculando na barriga de Clyde. Ele deu um
meio sorriso enquanto as velas começaram a apagar uma a uma e Clyde levantou a
mão direita com um punhal e cravou do lado esquerda da minha cabeça enquanto
ele gozava dentro de mim. Ele me jogou de lado no chão e eu bati a cabeça
abrindo os olhos.
Respirei ofegante e me estiquei na cama percebendo que era apenas um
pesadelo. Minha cabeça doía e lembrei da noite que tive com Clyde. Parei
sentado na cama e vi as latas de cerveja e os preservativos usados jogados na
poltrona, na mesa de cabeceira e no criado mudo.
- que porra eu fiz – falei colocando a mão na testa. Procurei pelo homem
que dividiu a cama comigo e eu o vi sentado aos pés da cama conversando com
alguém no celular.
- eu sei… senti sua falta meu amore. Te amo muito – falou Clyde
respirando fundo – não precisa pedir desculpas. Eu te entendo… a gente conversa
quando eu chegar em casa… também te amo – Clyde finalizou a ligação e jogou o
celular na cama colocando as duas mãos na cara parecendo arrependido.
- com quem você falava?
- meu o Stan.
- ele te ligou?
- sim. Estava preocupado comigo. Ele me deu um tempo para pensar. Viu
como sai nervoso de casa na sexta, mas como eu não apareci ontem ele ficou
preocupado.
- fico feliz por vocês – falei respirando fundo.
- fiz feliz? – perguntou ele olhando para mim – o que nós fizemos? O que
eu fiz? Eu o traí e você fica feliz por nós dois?
- o que eu tenho a ver com isso? Foi você quem armou toda essa situação!
Você escolheu o quarto, me provocou quando voltei da lavanderia com suas
roupas…
- eu estava Bêbado! – falou ele se levantando com raiva. Clyde estava já
com a calça jeans e seu tênis, mas sem camisa – porque você não disso não?
- você está me culpando? – perguntei vestindo minha cueca e minha
bermuda – você é que me usou pra se vingar do seu companheiro! Você me usou pra
sexo, eu que deveria estar com raiva.
- eu te usei? Você é bem grandinho pra ser usado.
- e você é bem grandinho pra saber as consequências de se embebedar –
vesti minha camisa e me sentei na cama calçando meu tênis.
- onde você vai?
- vou embora – peguei minha mochila e joguei nas costas – foi um
desprazer te conhecer.
- mas você não vai me esperar?
- não. Estou te fazendo um favor. Vai que no caminho eu te embebedo e
faço você cometer outro erro.
- espera Kai! – falou Clyde segurando no meu braço – fui um babaca por
jogar a culpa em você.
- você acha?
- a culpa é toda minha Kai – falou ele se sentando novamente na cama –
eu estou com essa coisa na cabeça que me diz que o relacionamento de Stan com o
irmão dele não é normal.
- me diz exatamente o porque você acha isso Clyde – falei jogando a
mochila no chão e cruzando os braços.
- Nick é médico e Stan é residente no mesmo hospital que Nick trabalha. Os
dois trabalharam durante o plantão da noite um dia qualquer e eu fui buscar o
Stanley de manhã. Eu o esperei no saguão durante vinte minutos e ele não
apareceu. A recepcionista me conhecia e ela me deixou ir procura-lo. Encontrei
um dos amigos de Stan e ele me disse que a última vez que ele viu Stan ele
estava com o Nick. Fui até o quarto de repouso dos médicos plantonistas e
quando abri a porta eu vi os dois dormindo juntos.
- dormindo tipo… no mesmo quarto?
- não. na mesma cama. Camas de solteiro. Os dois estavam deitados na
mesma cama juntinhos. Stan deitado no peito do irmão.
- Os dois estavam pelados?
- não. com roupas – falou Clyde.
- os dois pareciam ter feito alguma coisa?
- não. na verdade quando abri a porta os dois acordaram e agiram
naturalmente. Disseram que tiveram uma noite exausta de trabalho, teve um
engavetamento horrível e todos os médicos e residentes foram chamados para
trabalhar.
- o que Stan disse quando você perguntou sobre ele estar dormindo com o
irmão?
- ele disse que era aniversário do falecido pai dele. Depois do trabalho
os dois passaram a noite conversando sobre o pai, sobre a mãe e acabaram
dormindo – falou Clyde olhando para mim com aquela expressão sofrida.
- Clyde eu sinceramente não vi nada de mais. Você está sendo um
paranoico não acha?
- você acha mesmo? – perguntou ele dando uma risada parecendo aliviado.
- claro! você não acha que é um pouco demais pensar em incesto? Ontem a
noite você me disse que Stan tem ‘garras de lagosta’ e que o irmão se formou em
cirurgia plástica pra poder ser o cirurgião. Isso mostra que Nick não tem além
do que amor pelo irmão mais novo. Agora que o pai está morto Nick se tornou uma
figura paterna.
- é verdade… - falou Clyde se levantando – você está certo Kai. isso
quer dizer que eu o traí e não teve sentido nenhum.
- ele não precisa ficar sabendo – falei me levantando.
- não sei se vou aguentar guardar esse segredo – falou Clyde olhando
para mim pegando sua camisa e vestindo – não sei se consigo viver com esse
segredo.
- você se surpreenderia com as coisas as quais você consegue viver –
peguei minha mochila e a chave do carro de Clyde – vou te esperar no seu carro
enquanto você acerta o motel.
- okay.
Quando cheguei ao carro de Clyde respirei fundo e liguei o rádio para me
distrair até que ele viesse. Vi o momento em que ele saiu do quarto e foi até a
recepção acertar tudo. ‘Time in a Bottle’ de Jim Croce tocava no rádio.
- eu odeio essa cidade – falei respirando fundo. Não pela música, mas
pelo pecado. Clyde estava certo. Eu precisava aprender a dizer não. Ninguém faz
nada que não quer e 50% da culpa do que ele tinha feito era minha. Ele estava
bêbado e eu podia ter deixado ele no quarto sozinho. Ele provavelmente tinha
dormido de tão bêbado, mas eu tinha essa tendência de deixar os homens me
usarem.
- prontinho – falou Clyde entrando no carro e colocando o cinto e óculos
escuro – podemos seguir viagem.
- ótimo – falei respirando fundo.
Nós seguimos viagem e por algumas horas nenhum de nós disse nada. Acho
que tínhamos muito o que pensar sobre nossos atos. Clyde claramente estava
arrependido do eu tinha feito e ele tinha jogado a culpa em mim e tinha
funcionado. Pode parecer estranho naquele momento, mas comecei a pensar em
nomes para meus dois seis de estimação. Sempre gostei de gatos, sempre quis ter
um quando criança, mas meu pai me deixava ter. ‘Você é jovem demais para cuidar
de uma vida, Kai’ – dizia meu pai com aquele olhar sério toda vez que eu pedia
por um gato. É irônico pensar que era jovem demais para cuidar de um gato, mas
não para cuidar de seis irmãos mais novos quando eles estavam se contorcendo e
babando no chão de tão drogados. Não era jovem demais para ligar para a
emergência quando eles tiveram overdose. Às vezes me arrependo daquilo. Devia
ter deixado os dois morrerem.
A medida que fui crescendo eu meio que coloquei como meta de vida ter
uma casa e nela ter seis gatos. Nunca tive tempo para decidir os nomes e agora
que estou indo construir uma vida no Canadá e estou a 2.047 quilômetros de
distância do meu destino acho que tenho tempo de sobra para escolher os nomes. Pouco
mais de uma hora e meia se passou desde que deixamos Whitney e depois de muito
deserto e mais deserto chegamos uma cidade pequena chamada Alamo. Havia um
posto de gasolina e um bar de beira de estrada. De resto havia deserto por
todos os lados.
- vamos parar aqui para poder usar o banheiro e comer alguma coisa –
falou Clyde saindo da estrada e estacionando o carro. Clyde foi ao banheiro e
eu decidi ir ao bar para evitar uma situação constrangedora. Ao entrar percebi
que o lugar pouco movimentado. Pedi por uma água tônica e a garçonete pareceu
feliz em me atender.
- obrigado – falei abrindo a lata e tomando dois longos goles. Respirei
fundo e vi Clyde entrando no bar. Comecei a tomar rapidamente a água tônica
enquanto ele caminhava na minha direção.
- não vai comer nada? – perguntou Clyde se aproximando.
- não estou com fome, mas você paga a água tônica que tomei – falei
dando dois tapas amigáveis no ombro dele – vou ao banheiro – dei dois passos e
voltei – nem pense em pedir cerveja.
- eu não ia – falou Clyde.
- acho bom – falei chamando a garçonete.
- pois não? – perguntou ela.
- se esse homem pedir qualquer coisa que tenha álcool, não sirva – falei
colocando uma nota de 50 em cima do balcão – ele tem costume de fazer coisas
quando está bêbado e culpar os outros.
- deixa comigo – falou ela pegando a nota.
Deixei o bar e fui até o banheiro do lado de fora. Depois de tirar uma
água do joelho e me aliviar caminhei de volta ao bar e vi que havia um homem
sentado do lado de fora do bar próximo a um telefone publico com uma lata long
neck e um cigarro na boca. Ele usava uma regata e parecia precisar de um amigo.
Sei disso porque ele olhou para mim por mais de 5 segundos e segundo um eu vi
no Facebook se alguém te olha por mais do que 5 segundos ou ela quer te matar
ou quer te comer. Esse homem não parecia querer nenhum dos dois.
- será que posso? – perguntei me aproximando do homem que me ofereceu um
cigarro.
- eu não fumo, perguntei se posso me sentar ai com você.
- claro! – falou ele puxando outra caixa de madeira e colocando próximo
a ele.
- e então… aquele coroa é seu pai? – perguntou o homem puxando assunto.
- não, na verdade eu nem o conheço. Só um cara que me deu uma carona.
- sério? – perguntou ele com um meio sorriso – pra onde está indo?
- para o Canadá, e você?
- pra lugar nenhum. Eu sou o Xerife – falou ele mostrando o seu
distintivo.
- xerife? – perguntei rindo achando estranho, mas eu percebi que ele
estava usando um uniforme marrom que os Xerifes usavam naquela região. Ele só
tinha tirado a parte de cima por causa do calor infernal – quantos anos você
tem?
- 38 – falou ele rindo com um meio sorriso – você é cheio de perguntas
rapaz.
- desculpa, só estou querendo conversar…
- podemos conversar – falou ele tomando um gole de sua cerveja –porque
está indo para o Canadá? – perguntou ele levando o cigarro até á boca uma
última vez antes de jogá-lo no chão e pisar em cima.
- começar minha vida. Estou fugindo da bagunça que eu costumava chamar
de vida – falei rindo – Estou fugindo de um Marido que me odeia porque eu o trai
com o vizinho… dos dois lados. Ataquei uma irmandade colocando cobras na
ventilação e quase fui preso. Estou fugindo de ladrões de órgãos que estão me
perseguindo e quando criança fui criado por traficantes e usuários de drogas –
respirei fundo e olhei para ele aliviado.
- porra você me lembra quando eu tinha sua idade – falou ele rindo –
você tem quantos anos? 23? 24?
- 25 na verdade.
- eu tinha 22 anos quando minha vida virou de pernas para o ar e eu tive
que recomeçar minha vida – falou o homem se lembrando de algo.
- me desculpa, você me disse seu nome?
- na verdade não – falou ele olhando para mim e tomando outro gole de
sua bebida.
- o meu é Kai – falei estendendo a mão – Kai Smith.
- sou Oliver Marshall – falou ele apertando minha mão.
- e então Oliver, qual a sua história? Não pode ser pior do que a minha
– falei rindo.
- nasci e cresci em Vermont. fui criado em uma família mega religiosa.
Minha mãe era uma mulher submissa ao meu pai que por sua vez era um racista
homofóbico que dava surras em meu irmão, minha mãe eu sempre que
desrespeitávamos suas regras. Quando eu tinha 22 anos descobri que minha
família tinha me sequestrado quando criança. Encontrei meus verdadeiros pais e
descobri que eles moravam na mesma cidade que eu. Era um casal de médicos da
região.
- poxa que barra… mas deve ter sido bom ter encontrado seus pais
verdadeiros.
- você que pensa. Descobri que eles não se amavam, minha mãe odiava meu
pai que por sua vez tinha ideias erradas sobre mim… enfim… - falou Oliver
tomando outro gole de sua cerveja – eu conheci esse cara chamado Kurt que me
tirou desse buraco e me levou param orar com ele. Na época Kurt tinha a minha
idade. 38. Eu o chamava de ‘meu ursão’ – falou Oliver rindo. Ele era um
agrônomo eu na época eu quis entrar para academia de policia para evitar que
outras crianças tivessem passar pelo mesmo que eu. Kurt me apoiou e ficou ao
meu lado. Nós tivemos uma vida juntos, nos casamos, tivemos um filho e
construímos uma vida juntos. Tivemos 14 maravilhosos anos juntos.
- o que aconteceu? – perguntei surpreso com o rumo que a história estava
tendo.
- no nosso aniversário de 14 anos de casamento decidimos viajar para a
Bahamas e depois de uma noite de bebedeira decidimos ter sexo na praia. Era
tarde da noite. Estávamos curtindo as estrelas e a companhia um do outro depois
do maravilhoso sexo e Kurt decidiu dar um mergulho e eu acabei adormecendo –
Oliver respirou fundo pensativo e tomou outro gole de sua bebida – quando
acordei Kurt não estava lá. Na verdade ele nunca saiu da água.
- sinto muito – falei segurando na mão dele.
- Faz dois anos que isso aconteceu. A guarda costeira acha que ele foi
arrastado pelas ondas e se afogou. Ele tinha 53 anos. Era meu ursão – falou ele
rindo – deixou um filho e um marido que sentem muito a falta deles.
- com certeza sua história não é pior do que a minha, na verdade me
sinto mal por reclamar – falei me colocando no lugar dele.
- porque você se sente tão mal pela minha história se você está deixando
tudo para trás?
- é que eu fico imaginando se fosse o cara que me deu essa aliança –
falei girando ela no meu dedo.
- se você gosta dele porque está indo embora?
- ele que não gosta de mim. Me odeia na verdade – falei respirando o
fundo.
- Kai! Vamos! – falou Clyde aparecendo e colocando os óculos no rosto.
- Clyde! Esse daqui é Oliver – falei me levantando.
- prazer! – falou Oliver se levantando e apertando a mão de Clyde ele
vestiu o resto do uniforme – e então Clyde, para onde está indo?
- para Sacramento, mas antes vou deixar Kai em Rachel.
- poxa é um desvio em tanto! – falou Oliver colocando os óculos escuros
– porque você não segue o seu caminho e me deixa leva-lo até Rachel?
- você faria isso por mim?
- claro! Além do mais ele estará protegido! – falou ele mostrando que é
o Xerife.
- você que sabe Kai! – falou Clyde olhando para mim – eu posso leva-lo
se você quiser. Não tem problema.
- é melhor assim Clyde. Você já se desviou demais do seu caminho. Oliver
me leva.
- okay – falou Clyde sem graça – vamos lá pegar sua mochila então.
- eu já volto – falei para Oliver. Segui Clyde até o carro e ele pegou a
minha mochila e me entregou – obrigado.
- você não precisa fazer isso Kai. Me perdoa por ter dito que a culpa é
sua – falou Clyde tirando os óculos escuros claramente se sentindo mal por eu
estar deixando-o por outra carona.
- essa é o seu problema Clyde – falei colocando a mochila nas minhas
costas – você disse que o meu problema é não saber dizer ‘não’. O seu é não
saber impor. É por isso que seu companheiro Stan passa tanto tempo o irmão.
Você não se impõe. Você disse que a culpa foi minha e ponto final.
- mas estou dizendo que não foi.
- mas foi. Você estava bêbado e eu sabia que você é casado e mesmo assim
tranzei com você. A gente meteu a noite toda e eu te dava mais e mais bebida
pra você continuar metendo. Aprenda a se impor. Deixe de ser bobão. Pare de
pegar o carro e dirigir 900 quilômetros para fugir dos problemas. Se você
organizou uma noite romântica e Stan trouxer o irmão você diz: ‘hoje a noite é
nossa’ e coloque-o pra fora, depois você pega o Stan de jeito e mete sem dó.
Mostra pra ele que agora só tem espaço pra um homem de pulso e carinhoso na
vida dele e esse homem é você. O irmão é o cara que aparece nos domingos em
família e ocasionalmente nas noites de futebol – Clyde lambeu os lábios e não
disse nada. Clyde não conseguia lidar com a culpa de ter traído então decidi
assumir por ele. Depois do que eu disse achei que ele fosse pegar o carro e
dirigir mais 900 quilômetros pro norte. Daqui a alguns meses e alguns conflitos
ele consegue dar a volta ao mundo, mas ao invés disso ele me puxou e me deu um
abraço.
- obrigado – falou ele me apertando forte.
- de nada – falei rindo.
- boa sorte com sua viagem – falou Clyde voltando a colocar os óculos e
seguindo viagem. Ele buzinou e acenou para Oliver que acenou para ele.
- podemos ir? – perguntou Oliver abrindo a porta da viatura.
- claro! – falei colocando o cinto de segurança enquanto seguíamos
viagem.
Agora faltava pouco para chegarmos à cidade Rachel. Pouco mais de 80
quilômetros e 50 minutos de viagem. Depois de uns vinte minutos de estrada nós
chegamos a uma cidade chamada Crystal Springs, mas ela me chamou a atenção. Não
tinha ninguém nessa cidade.
- o que há de errado aqui? – perguntei olhando para Oliver – porque não
tem ninguém nessa cidade?
- Crystal Springs é uma cidade fantasma – falou ele estacionando o carro
– quer dar uma olhada?
- eu posso? – perguntei animado – nunca achei que fosse estar em uma
cidade fantasma de verdade.
- ela foi abandonada a mais de 100 anos – falou Oliver saindo do carro e
se escorando no carro ele cruzou os braços enquanto eu olhava em volta. Pouca
coisa estava de pé e eu com certeza não ia entrar dentro do que sobrara para
trás.
- esse lugar deve estar assombrado – falei olhando em volta.
- tenho certeza de que até os fantasmas foram para outro lugar – Oliver
deu risada de mim.
- acho que podemos ir. Tive um pesadelo essa noite, me lembrei dele
agora e esse lugar me da arrepios – falei dando meia volta para entrar no
carro, mas Oliver segurou no meu braço.
- espera… quero te perguntar uma coisa… – Oliver respirou fundo e então
me soltou e nós entramos no carro.
- o que você quer perguntar?
- você tem pressa em chegar no Canadá? – perguntou Oliver dando partida
no carro se guindo viagem.
- porque?
- eu moro em Coyote Springs. Se você quiser passar um tempo na minha
casa para pensar se é isso mesmo que você quer… sabe… fugir, eu posso cuidar de
você pelo o tempo que você precisar – Oliver apertou os lábios e eu engoli em
seco lambendo os lábios. Estávamos prestes a chegar em uma encruzilhada. Uma
delas levava a cidade de Oliver e a outra nos levaria a Autoestrada
Extraterrestre. Depois que entrarmos nela seriam apenas 30 minutos até a cidade
Rachel. Sabia o que Oliver queria comigo. Ele não queria cuidar de mim, ele
queria que eu cuidasse dele. Tinha respeito pela história de vida dele, mas eu
não queria.
- não! – falei olhando para Oliver.
- o que? – perguntou ele olhando para mim.
- Não quero, na verdade eu prefiro que você me leve até Rachel. Pode
ser? – Oliver olhou para mim e então olhou para a estrada. A cena que imaginei
a seguir era de Oliver acelerando o carro e me jogando na rua em alta
velocidade.
- tem certeza? Você pode ficar pelo o tempo que quiser.
- tenho certeza – falei abraçando minha mochila com medo do que viria a
seguir.
- beleza, tranquilo – falou ele sorrindo para mim – quem sabe um dia a
gente se encontra de novo e a situação seja diferente.
- okay – falei aliviado.
Mal estava acreditando que estava na famosa Autoestrada Extraterrestre.
O governador de Nevada mudou oficialmente o nome dessa autoestrada depois que a
Área 51 ficou publicamente conhecida. Para atrair turistas. ‘Bem Vindos a
Rachel’. A placa dando boas vindas à cidade de 98 pessoas me deixou feliz e
entusiasmado. O sol começava a se por quando Oliver estacionou em frente ao
famoso bar ‘O Pequeno Alien’. Era o local mais famoso daquele lugar. Você podia
tomar alguns drinques, comer do bom e do melhor e quem sabe conseguir um
contato de 3º grau.
- chegamos, como prometido! – falou Oliver olhando para mim.
- obrigado pela carona Oliver. Não sei como posso agradecer.
- não precisa.
- eu posso te dizer uma coisa?
- claro.
- ouvir a sua história e como você conseguiu renascer de toda a bagunça
que era sua vida me deixa inspirado, sabia? Me dá esperança de que um dia eu
seja mais do que apenas o garoto criado por pais drogados, sabe? – falei rindo
sem graça.
- você vai ser – falou Oliver colocando a mão no meu ombro – é só
esperar. As coisas não acontecem da noite pro dia. É só você ter paciência e
nunca desistir.
- obrigado – me inclinei e dei um beijo no rosto dele sentindo a barba
pinicar meus lábios – olha só quem é o ursão agora – falei sorrindo para ele.
Uma vez que sai de seu carro acenei caminhando em direção ao bar. Assim que
entrei no Pequeno Alien vi logo de cara toda a decoração de outro mundo. O
lugar estava lotado apesar da cidade ser pequena e do bar ser relativamente
afastado de qualquer outro lugar. Percebi que eu não era o único mochileiro e
nem o único turista visitando o lugar.
- seja vem vindo ao Pequeno Alien, o que vai pedir? – perguntou a
garçonete.
- eu quero um refrigerante, por favor. Coca.
- pra já! – falou ela abrindo uma garrafa e me servindo um copo. Depois
de matar minha sede deixei minha mochila em cima do balcão e fui até o
banheiro. Aquele lugar era tão quente e eu bebia tanto liquido que a todo
momento estava apertado. Respirei aliviado sacodindo meu pau antes de guarda-lo
de volta na cueca. Lavei as mãos e sai do banheiro procurando onde eu tinha me
sentado para tomar a minha coca, mas eu não encontrava minha mochila. Sabia que
tinha me sentado junto ao balcão e foi lá que tinha deixado minha mochila.
Comecei a me desesperar e fui até a garçonete.
- com licença, você viu a mochila que deixei aqui em cima enquanto fui
ao banheiro?
- não! – falou ela olhando em volta preocupada.
Olhei em volta e percebi que alguns rapazes que estavam sentados perto
de onde eu estava tinha saído.
- merda! – falei me lembrando do cheque que Wolfe tinha me dado. Todo o
meu dinheiro estava lá. Minhas roupas… tudo. Coloquei as duas mãos na cabeça e
praguejei antes de chutar uma lata de cerveja vazia no chão – porra! – me
sentei em uma rocha e fiquei lá olhando para o céu que agora estava escuro – é
isso que dá seguir o conselho dos outros – falei alto para mim mesmo. Se
tivesse aceitado ir para a casa de Oliver além de não ter sido roubado estaria
com um agente da lei.
- Hey, garoto! – falou a garçonete aparecendo do lado de fora.
- merda! – falei me levantando – moça eu fui roubado. Não tenho como
pagar pelo refrigerante.
- não tem problema. Eu vi o que aconteceu. A bebida será por conta da
casa.
- obrigado.
- olha, eu conversei com um casal de australianos que estão visitando a
área e eles dissera quem te dão carona. Eles estão indo para Salt Lake City,
mas antes vão fazer uma parada para visitar um lugar se você não se importar.
- onde eles vão parar?
- na Área 51.
- ótimo. é pra lá que eu quero ir – falei respirando fundo. Era o fim da
linha para mim.
Voltei para dentro do bar e conheci um jovem casal entusiasta e que
tinha acabado de se casar. Eles estavam em lua de mel e estavam conhecendo os
lugares mais famosos daquele lado do país. Apesar do sotaque eu conseguia
entender o que eles diziam. Quando deixamos o bar seguimos viagem até a Área
51. Era mais ou menos 40 minutos de viagem de carro e foi o que nós fizemos.
Quando chegamos ao local haviam mais algumas pessoas lá. Tirando fotos,
filmando, mas longe de alguma coisa.
- é aqui? – perguntei olhando para o casal.
- é sim – falou o jovem australiano.
- mas eu não vejo nada. Só placas dizendo que não é permitido se
aproximar.
- é uma base secreta que fica no sub solo – falou a jovem australiana
apontando para uma placa que dizia: ‘Perigo: Área 51. Não avance além desse
ponto. É contra a lei entrar nessa área sem a autorização do comandante da
instalação. Enquanto estiver nas proximidades dessa instalação todos os seus
objetos pessoais podem ser confiscados. O USO DE ARMA LETAL ESTÁ AUTORIZADO‘ –
se você se aproxima 100 metros dessa placa helicópteros e um carro preto
aparece e manda você se afastar.
- o que acontece se por exemplo… eu sair correndo naquela direção? –
falei apontando para além da placa.
- acho que ninguém nunca fez isso – falou a garota franzindo a testa – e
acho que se aconteceu nós nunca vamos saber afinal tudo aqui é propriedade do
governo. Incluindo um cadáver, fotos e vídeos que provam o que eles fizeram.
- Dizem que atiradores de elite ficam escondidos a quilômetros de
distância apenas esperando que alguém faça isso – falou o marido dela – eles
tem sensores de movimentos, sensores que detectam o calor humano e até mesmo
sensores que detectam cheiros. Se qualquer coisa que não seja um animal cruzar
além da fronteira dessas placas está morto! – falou o cara rindo abraçando a
namorada e indo para outro ponto.
Olhei em volta e percebi que era uma maneira nobre de desaparecer. Todos
pensariam que eu fugi para o Canadá e desapareci. Seria perfeito. Ninguém
sofreria por mim, não que alguém fosse sofrer ou notar que desapareci. Sairia
desse mundo da mesma maneira que eu entrei: como um verme insignificante.
Fechei os olhos e abri os braços sentindo a brisa gelada passar por meu corpo.
Comecei a andar em direção a placa. Um passo de cada vez. Meus pés sentia o
capim por meus pés doloridos e meu corpo cansado. Tinha passado por tanto
nessas últimas semanas e tinha sido tudo em vão. Senti a placa esbarrar na
minha mão e percebi que passei do ponto que não deveria. Senti um arrepio
percorrer minha espinha e uma mão puxar minha camisa com força me jogando no
chão
- ficou maluco, porra!? – abri os olhos e vi Bruce de pé a minha frente
– está tentando se matar?
- Bruce?! O que faz aqui? – perguntei me levantando e limpando as minhas
mãos na roupa – o que… como você…
- vamos embora Kai! – falou ele me empurrando – anda! Vamos embora! –
ele manteve a voz firme e deixou claro que estava ali para me levar de volta.
- se acalma Bruce.
- anda! – Bruce me deu outro empurrão com aquela expressão de raiva
- tá bom! Eu vou! Eu já estou indo! – falei caminhando logo a frente
dele como se eu soubesse para onde estava indo. Bruce logo passou a minha
frente e eu o segui ainda em choque com o meu coração batendo mil. As pessoas
olhavam para mim sem saber o que estava acontecendo e eu vi o carro dele.
- entra! – falou ele abrindo a porta de trás do carro com a testa
franzida. A expressão dele era assustadora. Era como se ele tivesse passado as
últimas horas dirigindo feito louco atrás de mim. Ele parecia com sede, fome e
morto de cansado.
- não, não… eu não vou! – falei engolindo em seco olhando em volta
pensando em correr – não vou embora… - Bruce veio até mim e segurou na minha
nuca apertando com força. Com a outra mão ele segurou em meu braço e me
empurrou.
- eu mandei você entrar garoto! – Bruce literalmente me jogou dentro do
carro fechando a porta com força. Bati a cabeça na janela do outro lado e
reclamei da dor enquanto ele entrava no carro e colocava o cinto.
- você não pode me obrigar a voltar, você não é meu pai!
- bem, está na hora de alguém ser! – Bruce continuava com aquela
expressão de raiva e travou todas as portas do carro – coloque o cinto e fecha
a boca! – Bruce ligou o carro e olhou para mim através do espelho com aquela
expressão. Passei a mão na testa enquanto ele continuava a me olhar esperando
que eu fizesse o que ele tinha pedido. Mesmo a contra gosto decidi obedecer.
Coloquei o cinto de segurança e ele deu partida no carro sem dizer nada.
Pessoal espero que tenham gostado de mais esse capítulo. Se quiserem conhecer mais sobre Oliver leiam meu livro 'Verão em Vermont'. Obrigado a todos pelos votos e comentários. Fico muito contente e motivado a sempre escrever mais e mais para vocês. Um grande abraço a todos e até o próximo.
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Perfeito como sempre! Tô adorando os crossovers!
ResponderExcluirEita, Kai tbm é muito burro, como que alguém deixa seus pertences atoa em um lugar desconhecido, é como Bruce foi parar lá?
ResponderExcluiros plot twist tudo nesse cap!!!!
ResponderExcluirde todo mundo que iria aparecer, o Bruce era o que eu menos esperava!
e além disso o Kai só tá conhecendo gente com tragedia na vida nessa viagem. caralho! é tragedia atrás de tragédia!!!!