Capítula Trinta
SCORPIO PEPPERMINT
E
|
ra pouco
mais das dez da noite e o trabalho já estava bem puxado. Ed foi econômico nos
detalhes e basicamente me disse: ‘sirva as pessoas exatamente o que elas
pedirem, ótimo trabalho!’. Só isso. Quando a casa abriu as oito fui recebendo
os cliente e os levando as mesas deixando-os a vontade enquanto eles assistiam
aos shows. Claro que eu estava preparado psicologicamente para ver adultos
sendo adultos, mas admito que ao ver uma mulher de vestidinho curto e de pernas
abertas sentada em uma mesa recebendo caricias de homens que pareciam ser
empresários e seus chefes eu fiquei um pouco chocado. Tudo isso ali em uma das
mesas enquanto Marilyn, a garota que conheci no churrasco de boas vindas, fazia
uma apresentação ousada de ‘Diamonds Are A Girl's Best Friend’ da Marilyn Monroe.
Um remix na verdade.
A cena era irônica na verdade. No Palco Marilyn que vestia um vertido
rosa era cercada de homens de terno que tentavam protege-la de uma chuva
dourada usando guarda chuvas enquanto um vento forte que vinha de baixo deixava
suas partes íntimas a mostra. No palco homens admiravam uma bela moça, na
plateia uma moça era chupada por um deles enquanto os outros apenas observavam.
Talvez a pior parte do trabalho seja não poder ficar olhando para o palco o
tempo todo. A coreografia era impecável e apesar do show na plateia ser
tentador de se observar o que acontecia no palco era muito mais gostoso de se
ver e parece que a casa toda concordava comigo. Os clientes estavam focados
mesmo no movimento corporal de Marilyn e na forma em que ela tentava manter seu
vestido sob controle.
- desculpa! – falei esbarrando em um cliente chegando ao bar colocando a
minha bandeja em cima do balcão e deixando os copos vazios.
- você parece meio perdido – falou Samuel Tennesley, o barista rindo de
mim e pegando os copos.
- é que eu fico olhando pro palco e me perco – falei rindo e olhando
para ele – preciso de quatro Black Widows para a mesa 16 e 4 White Straps para
a mesa 6.
- é pra já! – falou Sammy começando a preparar as bebidas enquanto eu
dava a volta no bar e pegava as latas de Black Wildow e os copos na bandeja –
vou servir a mesa 16 e volto para buscar os White Straps!
- beleza Kai! – falou Sammy com um meio sorriso.
Sai em disparado enquanto a plateia aplaudia Marilyn e os dançarinos que
saíram do palco. Uma música começou a ser tocada pela banda enquanto a próxima
apresentação era preparada. Servi a mesa 16 e pelo o que percebi eram dois
casais heterossexuais curtindo a noite. Pelo visto haveria uma troca entre
eles. Se é que eles já não estavam trocados. Eu apenas sorri e esperei por uma
boa gorjeta no fim da noite.
- Kai, meu amigo – falou Ed aparecendo e me parando enquanto eu voltava
para o bar para pegar os White Straps – como você está indo meu garoto?
- estou indo bem Ed. É Divertido – falei olhando em volta.
- você viu o que está acontecendo ali na mesa 12? – perguntou ele
disfarçando. A mesa em questão ficava no canto. Eram as mesas mais caras, com
sofás e digamos… “privacidade”.
- vi sim senhor – falei rindo sem graça ficando vermelho.
- eles são empresários e aquela é a secretária deles – falou Ed rindo –
eles aparecem aqui a cada duas semanas – falou Ed passando o braço por trás de
mim e nós olhamos em direção a mesa. Dois homens revezavam entre o meio de suas
pernas, outros dois beijavam suas pernas e os que sobraram acariciavam seus
seios e fumavam seus cigarros aguardando sua vez.
- é estranho – falei rindo.
- Sabia que nos Estados Unidos é proibido ter relações sexuais em
público?
- sim. Graças a Deus – falei rindo.
- você não entende Kai – falou ele rindo – Essa lei também proíbe shows
de sexo ao vivo como costuma acontecer na Inglaterra, Alemanha e em outros
países.
- sério? eu não sabia disso.
- pois é Kai. Vivemos no ‘Lar dos Bravos e na Terra da Liberdade’, mas
mesmo que estejamos entre quatro paredes, entre adultos e tudo seja consentido
eu e todos aqui dentro podem ser presos.
- e porque você não foi preso? – perguntei curioso.
- porque eu deveria? – perguntou ele rindo – não está acontecendo no
palco. Eu não posso me responsabilizar por tudo o que acontece falou ele rindo.
além do mais eu procuro sempre ter uma amizade bem próxima do delegado e dos
policiais da delegacia ai de frente – falou ele rindo – eu não pago propina ou
suborno, mas se eles vem aqui sexta a noite eu costumo dar um agrado a eles.
- eu entendo Ed. Você criou um negócio legal. Todos aqui não maiores de
idade e estão se divertindo.
- fico feliz que você me entenda Kai – falou ele batendo a mão no meu
ombro.
- entendo sim, mas se eu descobrir que você resolveu agradar o meu marido
oferecendo uma dança no colo pra ele eu mesmo boto fogo nesse lugar.
- relaxa – falou ele rindo – tem duas coisas que são estritamente
proibidas nesse lugar: tocar nos performers, mulher ou homem, de forma
inapropriada e prostituição. Há alguns meses descobri que uma das dançarinas
usava a Casa para conseguir clientes e eu a mandei pra rua – Ed olhou para o
palco e eu olhei para a mesma direção que ele – o palco é o limite! – falou ele
fazendo um gesto com a não – ‘olhe, mas não toque’. O que acontece atrás dele é
de responsabilidade de cada um – falou ele respirando fundo.
- bacana você criar um lugar assim Ed, mas porque você está me dizendo
isso?
- eu quero que você convença Agnes a vir aqui e conhecer o lugar. Não só
ela. Todas as garotas.
- não sei se posso fazer isso…
- eu sei que todos pensam que eu sou um canalha traidor já que sou dono
de um lugar assim, mas eu juro que nunca toquei em outra mulher além da minha
esposa. Eu só tenho olhos para ela.
- ela nunca veio aqui?
- algumas vezes, mas ficou dez minutos e foi embora. Quando voltei para
casa tivemos uma longa discussão. Ela contou para as amigas que o lugar era um
prostibulo e todas acreditaram. Eu queria que ela viesse até aqui e curtisse o
lugar. Percebesse que eu sou só o dono.
- eu posso tentar falar para ela.
- melhor Kai! Eu quero que ela veja o lugar através dos seus olhos! –
falou ele animado.
- como assim?
- eu vi a noite toda. Reparei a forma que você assiste as apresentações.
Você nem ligou para a luxúria que acontecia aqui entre os clientes. Você gostou
de estar aqui, não gostou?
- sim. muito.
- o que você acha de ensaiar uma apresentação e fazer um convite para
elas assistirem? Elas nunca iam recusar.
- o que? Eu? No palco? – perguntei surpreso.
- sim. o que você acha? Os dançarinos vão te ensinar tudo. A gente marca
pra daqui umas duas semanas. Uma música que você escolher. O que você acha? –
perguntou Ed animado.
- pode ser, mas vou ter que conversar com o Cory primeiro.
- tudo bem! – falou Ed animado – tenho certeza de que ele vai concordar.
Que música você escolhe? Eu já vou conversar com os dançarinos para irem
elaborando uma coreografia. Quando você começar a ensaiar eles ´so encaixam
você nela.
- okay! – falei sendo pego de surpresa – sei lá… acho que pode ser… -
dei os ombros e respirei fundo pensativo – …pode ser ‘Party Like a Russian’ do
Robbie Williams.
- ‘Party Like a Russian’? – perguntou Ed surpreso.
- sim. Pode ser algo sensual como uma valsa gótica e dessa forma eu
posso ter uma parceira. Ai eu não pago mico sozinho – falei rindo.
- combinado – falou Ed apalpando meu ombro – obrigado por me ajudar
nisso Kai!
- de nada chefinho – falei rindo sem graça.
- agora vá trabalhar! – falou ele rindo.
Voltei ao bar e Sammy sorriu para mim.
- e então? O que conversava com o Sr. Ed?
- ele está me obrigando a se apresentar lá no palco em duas semanas.
Acredita nisso?
- sério? – perguntou ele rindo – por quê?
- ele quer que a esposa e as amigas venham até aqui e percam o
preconceito e como eu sou muito amigo delas, ele sabe que elas não vão recusar
um convite para vir aqui me assistir.
- legal – falou ele limpando o balcão – que música você está pensando em
se apresentar?
- ‘Party Like a Russian’. Conhece?
- sim. Já vi o vídeo. Tem um piano no clipe. Eu sou o barista barra
pianista. Posso tocar o piano se você quiser, sabe… para incrementar
- pode ser – falei olhando em volta – aqueles White Straps da mesa 6
estão prontos?
- sim, mas o outro garçom já levou.
- tudo bem, vou ficar de olho nas outras mesas.
- na verdade se você quiser tirar 15 minutos de descanso você pode. É
seu primeiro dia.
- sério? A Beverly não acabou de ir para o descanso dela? Não vai fazer
falta nós dois?
- sim, mas a gente segura às pontas aqui. Aproveita que ela foi e vai lá
conversar com ela.
- tudo bem então – falei deixando a bandeja no balcão – onde ela está?
- lá nos fundos depois da cozinha – falou Sammy apontando.
- valeu cara! – falei dando a volta no balcão e seguindo pelo corredor.
Chegando a cozinha cumprimentei os cozinheiros que estavam preparando os deliciosos
petiscos que eram degustados pelos clientes e passei pela dispensa e abri a
porta que levava até o beco onde ficava a lixeira. Levei um susto ao ver Denis
abraçado com Beverly beijando-a. Os dois estavam dando uns amassos – nossa! Me
desculpa! – falei recuando ante de perceber que não estava interrompendo um
casal fervoroso qualquer, mas sim Denis – marido de Zara – e Beverly – uma das
garçonetes.
- não tem problema! – falou Beverly limpando a boca. Eu olhei para Denis
e então eu voltei e fechei a porta. Decidi tirar o meu descanso sozinho em
outro lugar já que Beverly estava bem ocupada. Quando estava dentro da despensa
senti alguém me puxando pelo braço depósito a dentro. Me vi entre as
prateleiras de enlatados quando percebi que era Denis.
- Kai! Precisamos conversar! – falou Denis olhando para mim parecendo
bravo e preocupado ao mesmo tempo.
- Denis? Você me assustou! – falei respirando fundo.
- o que você viu lá fora… entre Beverly e eu… - falou ele respirando
fundo.
- eu sei, eu sei – falei rindo – “não é o que eu estou pensando”, “não
significou nada”. Será que eu posso ir agora? Só tenho 15 minutos de descanso.
- é sério Kai! – falou ele sério – você não pode contar nada a Zara.
- essa é sua preocupação? – perguntei rindo – relaxa Denis. Não vou
dizer nada – falei acalmando ele dando um aconchego carinhoso no ombro dele –
sinceramente eu não tenho nada a ver com sua vida. O que aconteceu aqui vai
ficar apenas entre nós dois, okay?
- vai? – perguntou ele surpreso.
- sim – falei respirando fundo por ter esclarecido tudo.
- obrigado por isso Kai – falou ele aliviado – não quero que meu
casamento vá por água abaixo só por causa de um erro.
- um erro?! – perguntou Beverly nos surpreendendo. Ela estava no fim do
corredor e tinha ouvido a tudo – é isso o que eu sou para você? Só um erro?
- Beverly! Por favor… - falou Denis tentando se aproximar dela – amor,
vamos conversar.
- você disse que ia deixa-la! – falou ela parecendo puta – não tenho
nada pra conversar com você seu canalha desgraçado! – falou Beverly jogando
alguma coisa na cara de Denis. Era um anel que caiu fazendo um barulho
cintilando pelo chão. Ela saiu correndo deposito afora e eu me abaixei pegando
o anel. Denis estava de costas para mim parecendo arrasado.
- acho que isso é seu – falei entregando a aliança para ele.
- Kai… - falou Denis sem forças para inventar outra mentira.
- me poupe Denis, okay? Você está apaixonado por Beverly e quer deixar
sua esposa, mas não tem coragem. Eu sei como deve estar se sentindo e não estou
aqui para te julgar – falei colocando a mão no ombro dele – não vou contar nada
a ninguém.
- porque você está fazendo por mim, Kai? – perguntou Denis me vendo
passar por ele.
- não estou fazendo isso por você. Faço pela Zara – falei olhando para
ele.
- eu sei – falou ele respirando fundo – ela ficaria arrasada se
soubesse.
- arrasada? – perguntei rindo irônico – sua esposa é lésbica, Denis –
ele pareceu surpreso ao ouvir aquilo – isso mesmo. Não vou dizer nada a ela
porque você é o marido e eu não vou me meter no assunto de vocês dois, mas eu
tenho certeza de que Zara vai se sentir aliviada ao saber que você finalmente
encontrou alguém.
- você tem certeza? – perguntou Denis.
- sim. Ela se abriu comigo. Acho que ela se sentiu a vontade por eu ser
gay – falei olhando para o meu celular – preciso ir. Meu descanso acabou.
Graças a você e Beverly eu não descansei.
- obrigado Kai – falou Denis apertando os lábios.
- não foi nada – falei deixando-o no depósito e voltando ao trabalho.
Beverly ficou me olhando de longe com os olhos vermelhos, mas não falou comigo
ou se aproximou. Talvez por medo do que eu pudesse fazer afinal se eu fosse um
filho da puta eu teria ido até o Ed e dito que ela estava de caso com um
cliente. Teria dito que ela estava se prostituindo. Acho que isso só teria
acontecido se minha vida fosse uma novela mexicana. Como eu sou um adulto eu
decidi me aproximar.
Tinha acabado de servir algumas mesas e Beverly estava próxima ao balcão
distraída com o show e nem me viu chegar. Entreguei a pasta com o pagamento da
mesa 11 ao caixa e voltei ao balcão. Fiquei ao lado de Beverly assistindo ao
show w ela finalmente percebeu que era eu ao lado dela. Vi o momento em que ela
passou a mão no rosto limpando as lágrimas olhando para Denis do outro lado do
salão que olhava para ela.
- como você está? – me atrevi a perguntar.
- estou bem – falou ela respirando fundo.
- sabe, você não precisa se preocupar. Não vou contar nada a Zara e
tenho certeza de que Denis não vai demorar a contar a ela.
- por favor – falou ela olhando para mim – até parece que ele vai dizer
alguma coisa. Eu sou uma idiota por acreditar nele… qual é o seu nome mesmo?
- Kai Winchester – falei estendendo a mão para ela – o seu é Beverly,
certo?
- sim. Beverly Thomas. Muito prazer Kai – falou ela lambendo os lábios –
eu sou uma idiota.
- você não é idiota. Você ‘está’ idiota. É o que acontece quando nos
apaixonamos. Ficamos idiotas – falei rindo.
- você tem toda razão – falou ela rindo – mas eu achei que ele era o
cara certo sabe. Ele foi o primeiro cara que se importou comigo de verdade. Que
quis ouvir as minhas histórias, que deu risada das minhas piadas sem graças… -
Beverly começou a rir.
- posso te contar um segredo Beverly… - falei me inclinando para ela.
- pode – falou ela curiosa.
- eu sou gay…
- eu percebi – falou ela rindo.
- o segredo não é esse – falei rindo – o segredo é que a esposa de Denis
se abriu para mim. Disse é que é lésbica, conheceu outra garota e está
apaixonada.
- isso é verdade? – perguntou ela surpresa.
- sim – falei olhando para Denis – é por isso que Denis está lá sozinho,
bebendo e pensando na vida. Eu acabei de contar isso a ele. Sei que não era da
minha conta e que talvez eu não devesse ter contado, mas acho que agora ele se
sente menos culpado por terminar um casamento de anos. Um casamento se amor que
a muito tempo não tem nenhum propósito a não ser manter as aparências e tentar
manter os votos.
- acho que eu estava sendo egoísta – falou Beverly ajeitando os cabelos
– afinal ele esta casado a mais de 20 anos. Deve ser difícil colocar fim mesmo
que não seja um casamento perfeito.
- claro. Eles podem não ser um casal, mas se estão juntos há 20 anos
isso significa que são grandes parceiros e grandes amigos.
- acho que vou lá falar com ele – falou Beverly se levantando e olhando
para mim – obrigada Kai – falou ela dando um beijo no meu rosto – fico te
devendo uma.
- eu vou cobrar – falei rindo.
- Kai! – falou Sammy chamando a minha atenção.
- o que foi? – perguntei olhando para ele.
- é sua primeira noite e parece que você já tem um fã – falou ele rindo.
- como assim? – perguntei confuso.
- tem um cara na mesa 23 que disse que quer ser atendido por você.
- sério? – perguntei curioso ajeitando os cabelos e ajeitando os
suspensórios – espero que ele me dê boas gorjetas.
- deixa ele apertar o bundão que as gorjetas dobram – falou Sam
brincando.
- muito engraçado – falei rindo – como eu estou?
- profissional – falou Sam fazendo um sinal de positivo – vai lá amigão
– falou ele colocando a mão no meu ombro – estou torcendo por você.
- valeu cara – falei atravessando as mesas enquanto ‘Rubber Band Stacks’
da Brooke Candy começava a tocar. Olhei para o palco e a dançarina Celeste
Sariyah a qual eu ainda não tinha sido apresentado subia ao palco. Ela usava
uma peruca Chanel branca e ao seu lado havia um homem muito gostoso que começou
a dançar tão provocante quanto ela. As luzes de todo o lugar começaram a piscar
e eu mal consegui saber onde estava. Quando as luzes pararam de piscar ao
estava em frente a mesa 23. Vi que o cliente misterioso que queria ser atendido
por mim era Randy.
- olá Kai! – falou ele se levantando com um sorriso ao me ver – é bom te
ver cara – falou ele parecendo animado estendendo a mão.
- oi Randy – falei apertando a mão dele. Randy me puxou de surpresa e me
deu um abraço. Não um abraço qualquer, mas um forte abraço – okay – falei sem
graça abraçando-o. Por incrível que pareça essa era a primeira vez que Randy me
abraçava e eu não sentia uma certa tensão sexual vindo de sua parte.
- Sente-se Kai! Me faça companhia – falou ele se sentando.
- não posso Randy. Estou trabalhando – falei apertando os lábios sem
graça…
- Ed não vai se importar Kai. Senta aqui e me faz companhia. Vamos
conversar um pouco.
- por quê? – perguntei logo. Randy pareceu surpreso – olha, não quero te
ofender nem te desrespeitar, mas a última vez que nos vimos foi aquele dia lá
em casa quando eu toquei piano. Todos pareceram gostar. Todos menos você que
saiu no meio sem dizer nada – Randy percebeu que aquilo tinha me chateado.
- porra Kai me perdoa. Não queria te chatear. Não me leva a mal é que
aconteceu um imprevisto e eu tive que sair correndo – falou Randy parecendo
perturbado com a ideia de que ele tinha me ofendido. Ele voltou a se levantar –
me perdoa por ter feito você pensar que tinha sido por que não tinha gostado –
falou ele com um meio sorriso – você tocou maravilhosamente bem.
- você achou mesmo? – perguntei rindo sem graça.
- claro! É que quando você começou a tocar recebi uma ligação dizendo
que houve um acidente em uma das minhas fábricas e isso causou a morte de um
dos meus funcionários. Por isso sai tão apressado.
- sinto muito.
- não tem problema. Isso já passou – falou ele respirando fundo – e
então? Vai me fazer companhia? Vamos conversar um pouco.
- olha Randy eu realmente não posso. Não seria profissional, mas eu
adoraria te servir a noite toda e ficaria feliz em conversar com você enquanto
levo e trago o que você me pedir.
- perfeito! – falou ele voltando a se sentar com um sorriso no rosto –
me traga uma Budweiser, por favor?
- sério? – perguntei rindo.
- fazer o que? – falou ele rindo – minha cerveja favorita é da minha
rival.
- só uma cerveja?
- por enquanto – falou ele tirando um cigarro da carteira – Você pode
consumir o que você quiser durante a noite e colocar na minha conta.
- muita gentileza a sua Randy. Trago sua cerveja em um minuto – voltei
ao bar.
- e então? – perguntou Sammy quando eu voltei – o que o senhor da mesa
23 quer?
- me comer – falei respirando fundo.
- o que?! – perguntou Sam surpreso.
- foi mal… - falei rindo – ele quer uma Budweiser.
- você disse que ele quer te comer? – perguntou Sam me entregando a
cerveja e o copo.
- acho que sim. ele me convidou para se sentar a mesa com ele e disse
que eu posso consumir o que eu quiser hoje a noite na conta dele.
- você está falando do Randy?
- sim. ele mesmo. O cara deve ta querendo me levar pra outro lugar
depois daqui. Por qual motivo ele seria tão legal e me ofereceria essas coisas?
– falei rindo – como um bom garoto eu vou sorrir e concordar com tudo o que ele
disser para que eu consiga boas gorjetas no fim da noite.
- talvez ele só esteja sendo um cara legal – falou Sam fazendo uma de
desentendido – sei lá… só estou dando um palpite.
- talvez – falei pegando a cerveja e levando para Randy. Eu a abri e ele
agradeceu com um largo sorriso.
O resto da noite foi bem mais puxado. Dizem que a festa só começa depois
das onze e isso é a mais pura verdade. A casa encheu depois da meia noite e eu
não tive nenhum minuto de descanso. Randy me deu mais trabalho do que qualquer
um. Além dos pedidos ele ficava dando indiretas para cima de mim. Claro que eu
levei na esportiva já que estava no trabalho. Teria que me acostumar com esse
tipo de coisa. Pelo o que percebi Denis e Beverly se acertaram. Eu os vi
juntinhos em certo momento. Beverly estava sentada no colo deles quando uma
cantora vez um cover lindo de ‘Fall in Line’ acompanhada das backing vocals.
Minhas pernas estavam doendo por volta das duas e meia da manhã e eu não via a
hora de cair fora dali.
Alguns casais se formaram na pista de dança e eu observei Randy fumando
seu cigarro me encarando através da fumaça.
Quando a música acabou todos aplaudiram e Sam me assustou colocando a
mão em meu ombro.
- o que foi? – perguntei olhando para ele.
- o Sr. Randy Forge está pedindo a conta – falou Sam com um sorriso – é
hora de saber se todo seu trabalho valeu o esforço.
- vamos ver – falei pegando a comanda com o valor da conta – Randy! Já
vai embora? – perguntei me aproximando.
- não antes de você se sentar á mesa comigo – falou ele puxando a cadeira
– sente-se enquanto eu pego o dinheiro garoto!
- sim senhor – falei me sentando enquanto Randy pegava a carteira e
colocava dentro da pasta preta o valor da conta.
- vou deixar aqui também o valor da sua gorjeta – falou ele com um meio
sorriso – você fez um bom trabalho meu garoto – falou ele rindo e me entregando.
- obrigado por ter vindo ao Scorpio Peppermint – falei me levantando –
espero te ver aqui mais vezes.
- pode ter certeza que sim – falou ele se levantando e passando o braço por
trás de mim me acompanhando até o bar.
- tenha uma boa noite Sr. Forge – falou Sam apertando a mão de Randy.
Sam pegou a pasta com o pagamento de Randy e separou o valor da conta e
a minha gorjeta.
- está quase na hora de você ir para casa Kai então já vou te passar as
suar gorjetas – falou Sam indo até o caixa e tirando o valor do consumo de
Randy. Ele veio até mim e me entregou um envelope com um bocado de dinheiro –
prontinho.
- estou me sentindo uma puta com um envelope tão gordo – falei rindo –
deve estar cheio de notas de U$ 1 dólar – falei abrindo o envelope vendo que
ele estava cheio de notas de U$50,00 e U$100,00 dólares – Sam… - falei começando
a contar – deve ter uns mil e quinhentos dólares aqui – falei olhando para ele
e então olhei para trás vendo Randy se despedindo de Ed.
- Kai?! Onde você vai? – perguntou Sam me vendo andar em direção a Randy
bem rápido. Quando cheguei perto o suficiente interrompi a conversa de Ed e
Randy e estendi a mão – eu não posso aceitar.
- o que? – perguntou Randy surpreso.
- não quero seu dinheiro. Não posso aceitar.
- o que está acontecendo aqui Kai? – perguntou Ed confuso.
- o Sr. Forge deixou mil e quintos dólares de gorjeta pra mim e eu não
acho que mereço.
- Kai, porque não quer aceitar o dinheiro? – perguntou Randy.
- eu sei o que o senhor quer e eu não posso dar.
- o que? – perguntou Randy rindo – eu não quero nada de você meu rapaz. Vi
que você se esforçou a noite toda e só queria te motivar.
- não. você quer é me comer! – falei com raiva.
- Kai! – falou Ed bravo – o que você está dizendo?
- você está confundindo as coisas Kai! – falou Randy parecendo
incomodado com o que eu disse.
- Kai?! – Cory apareceu e eu me lembrei de que ele vinha me buscar. Se
ele descobrisse que Randy estava tentando me levar pra cama ele ia surtar e
quebrar a cara dele.
- oi amor – falei dando um selinho na boca dele.
- o que está acontecendo aqui?
- não é nada – falei olhando para Randy – só estou devolvendo o troco do
Randy. Ele estava indo embora sem leva-lo. Randy olhou para Cory e depois olhou
para mim.
- tudo bem – falou Randy respirando fundo e pegando o envelope.
- podemos ir embora? – perguntou Cory. Ele estava com a cara inchada,
com a voz grave e grossa. Ele estava com a aparência de um homem que tinha se
levantado no meio da madrugada só pra me buscar no trabalho. O que era um fato.
- claro que podemos – falei olhando para Ed.
- você foi ótimo – falou Ed batendo a mão no meu ombro – Sammy me disse
que você é esforçado e trabalha bem.
- tudo o que sei é que meu corpo está todo dolorido – falei rindo e
passando a mão no braço.
- vá para a casa e descanse – falou Ed – tenha uma boa noite. Vocês
dois.
- obrigado – falou Cory apertando a mão de Ed e depois a mão de Randy –
boa noite cara.
- boa noite Kai! – falou Cory apertando minha mão e eu apenas sinalizei
com a cabeça positivamente sentindo Cory passar o braço por trás de mim e dar
um beijo no meu rosto enquanto saiamos da Casa de Burlesco e chegávamos do lado
de fora. Não via a hora de cair na cama para poder dormir. Estava morto de cansado e a noite tinha sido mais estressante do que eu
imaginava que seria.
Espero que tenham gostado desse capítulo, não esqueçam de deixar a opinião nos comentários (que me motiva a continuar com mais frequência) e não esqueça também de deixar o seu voto que é muito importante. Compartilhe com seus amigos que gostam de ler sobre a temática. Um grande abraço a todos e até o próximo capítulo.
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