Capítula Trinta e Um
CAIXÃO DE PEDRAS
E
|
stava
morto de cansado e tentei não cochilar no caminho de volta para casa. As ruas
eram mesmo desertas as três da madrugada e o carro de Cory era praticamente o
único a circular. Ele não disse muito
depois que deixamos a casa de burlesco e eu agradeci por isso. Eu apenas
repousei o meu banco para trás e fechei os olhos tentando cochilar um pouco
antes de chegarmos em casa. No fim das contas acabei conseguindo o que queria,
mas junto com aqueles minutos de sossego veio um sonho. Na verdade um pesadelo.
Uma lembrança de minha infância. Lembro-me daquele dia quando meu pai me puxou
pelos braços da escola quando ele teve uma briga com o diretor por não ter ido
me assistir fazer parte do elenco de ‘Os Garotos Perdidos’. Pouco depois disso
eu fui transferido de escola, mas como eu disse antes, nunca voltei a estudar
até que fui para o lar adotivo.
Minha mãe tentou me ensinar em casa o quanto pôde. Lembro que ela tinha
cabelos claros e que ela parecia ser bem paciente comigo, mas por mais que eu
tentasse me lembrar o seu rosto nunca aparecia em meus sonhos ou em minhas
lembranças. Lembro-me dela ler para mim um livro chamado ‘Pequeno Nemo’ e
durante a leitura eu e meus irmãos ficávamos intrigados com aquele pequeno
peixinho e todas as suas aventuras. Na verdade meus irmãos pareciam mais
fascinados do que eu. Minha mãe tentava me mostrar a forma correta de ler as
palavras, mas eu via a forma que meu pai misturava os ingredientes na cozinha
para criar a Metanfetamina perfeita. Lembro que mesmo de longe conseguia
distinguir os ingredientes enquanto ele os misturava: Acido clorídrico, soda
cáustica, éter etílico, efedrina e água destilada. Depois de algumas horas o
meu velho ‘cozinheiro’ gostava de dar o seu toque pessoal: ácido de bateria,
produtos de limpeza de esgotos, querosene e o seu favorito: anticongelante.
Era incrível como nas próximas horas e dias a campainha não parava de
tocar. Os clientes chegavam deprimidos, tristes, agitados e iam embora com um
sorriso no rosto. Acho que foi essa visão de ver, meu pai deixando a vizinhança
toda feliz com seus dotes na cozinha que me fez se interessar por cozinhar.
Minha mãe o ajudava na maioria das vezes, mas quando eu parei de estudar fora
ela meio que se tornou minha professora particular e tudo ficou por conta dele.
Depois que eles tinham menos do que a metade eles não conseguiam mais aguentar
e começavam a usar. Os clientes apareciam para comprar, mas eles estavam drogados
demais para atendê-los. As contas começavam a atrasar, os fornecedores apareciam
para buscar o que era deles, os sócios apareciam para cobrar a parte deles e em
uma dessas vezes tentei bancar o cozinheiro. Misturei os ingredientes e algo
deu errado. Uma fumaça começou a sair depois que misturei dois ingredientes e
eu acabei desmaiando.
Acordei algum tempo depois por meu irmão Dominique e minha irmã Mercy me
sacodindo dizendo que minha mãe e meu pai não estavam bem. Eles pareciam
preocupados. Lembro-me de me levantar e ver que meus pais estavam desmaiados no
chão.
- algo está errado Kai Kai – falou Mercy se ajoelhando perto de minha
mãe e olhando para mim.
- eles só estão dormindo Mercy – falei me levantando e aproximando.
Percebi que havia uma espuma branca saindo de dentro da boca dos dois.
- lembra do que você disse Kai?! – perguntou Mercy – que quando tivesse
espuma é porque eles não estavam bem e que deveríamos ligar para aquele número
especial?
- e vocês ligaram? – perguntei olhando para os meus irmãos e os que me
entendiam balançaram a cabeça negativamente.
- não lembramos qual é o número especial! – falou meu irmão Brian. Todos
olharam para mim ali de pé esperando que eu fizesse algo e na verdade a minha
vontade era de deixa-los ali para engasgarem no próprio vômito em quanto
sofriam uma overdose. Olhei para meus irmãos e eles estavam abraçados e
assustados. Wilbur ainda era um bebê e chorava nos braços de minha irmã Deshawn
e ouvir o seu choro não deixou que eu continuasse.
- Brian, Mercy… virem à cabeça dos dois de lado e abram a boca deles.
Não deixem que eles engasguem.
- okay irmãozão – falou Mercy fazendo o que pedi com minha mãe e Brian
fez o que pedi com meu pai. Peguei o telefone e digitei os números 911 ligando
para a emergência.
- meu nome é Kai De la Croix e acho que meus pais sofreram uma overdose.
- tudo bem Kai, quantos anos você tem? – perguntou a atendente do outro
lado da linha.
- eu tenho 13 anos, senhora.
- tudo bem ficar bem Kai. Avisei as autoridades competentes e uma ambulância
já está a caminho do endereço de vocês.
- obrigado – falei desligando o telefone. Juntei meus irmãos maiores e
rapidamente começamos a esconder qualquer coisa que pudesse revelar que
tínhamos um laboratório de Metanfetamina em casa. Colocamos tudo em caixotes,
escondemos embaixo da pia e quando ouvi o som da ambulância chegando eu estava
enfiando um saco preto cheio de tijolos de cocaína embaixo da minha cama.
Fechei a porta do meu quarto e desci as escadas correndo. Vi os paramédicos
realizando os primeiros socorros em meus pais e um deles olhou para mim.
- você é o rapazinho corajoso chamado Kai?
- sou eu sim, senhor – falei me aproximando dele vendo meu pai e minha
mãe receberem algum remédio nas veias e serem colocados em macas – eles vão
ficar bem?
- sim garoto – falou o paramédico – nós demos Narcan para os dois.
- Narcan? O que isso? – perguntei curioso.
- é um remédio especial – falou o paramédico se agachando e ficando na
minha altura – feito para cortar os efeitos de uma overdose.
- vocês vão tirar a gente deles? – perguntei com medo.
- não se preocupe com isso garotão – falou o homem bagunçando meus
cabelos com a mão antes de me pegar no colo – você é um herói – o homem me
colocou no ombro dele e nós saímos da casa enquanto os outros paramédicos me
aplaudiam. Não entendia porque eles estavam me tratando como um herói. Talvez
só estivessem tentando me fazer sentir melhor devido toda a situação. Lembro
que o homem me fez deslizar por seu ombro e me carregou em seus braços. Fechei
os olhos e quando abri percebi que Cory me carregava pela sala.
- o que está fazendo? – falei bocejando.
- não queria te acordar – falou ele me colocando no deitado no sofá.
- isso é romântico – falei puxando ele e beijando sua boca. Cory veio
por cima de mim e continuou a me beijar.
- preciso fechar a porta, amor – falou ele me dando um último selo antes
de ir até a porta. Me aconcheguei no sofá e respirei fundo lambendo os lábios
sentindo minha cabeça doer um pouco.
- está se sentindo bem? – perguntou Cory se sentando aos pés do sofá.
Ele colocou minhas pernas em seu colo e começou a tirar meus sapatos.
- mais ou menos – falei olhando para ele – só com um pouco de dor de
cabeça.
- eu também estou – falou ele tirando as minhas meias – você estava
gritando no carro enquanto dormia. Com o que você estava sonhando?
- eu? – perguntei curioso – eu estava gritando?
- sim. alguns nomes – falou Cory pensativo tentando se lembrar – Brian, Mercy… Wilbur… mãe e pai.
- que merda – falei respirando fundo – eu estava sonhando com algo que
aconteceu quando eu era criança. Deve ser por isso que eu gritava esse nomes.
- eram os nomes dos seus irmãos? – perguntou Cory dando um beijo no meu
pé me fazendo carinho.
- sim, pare de beijar meus pés! Estão fedidos – falei tentando puxar.
- não estão não! – falou ele rindo.
- sabe o que é estranho? Eu não me lembro do rosto deles. Nem dos meus
irmãos. Eu os vejo de relance, mas quando eu me concentro e tento lembrar
exatamente como eram eu não consigo.
- sua cabeça sabe que essas lembranças te trazem sofrimento e por isso
apagou essas lembranças – falou ele se inclinando tentando me beijar.
- deve ser isso mesmo – falei tocando o rosto dele.
- o que estava acontecendo quando eu cheguei lá na Scorpio? – perguntou
Cory ficando sério?
- nada meu amor. Porque você acha que estava acontecendo algo?
- é que eu tive a impressão de que os ânimos estavam exaltados ou algo
assim, mas deve ter sido só impressão mesmo.
- deve ter sido – falei me sentando no sofá – eu vou tomar um banho para
eu poder dormir… estou morto de cansado – falei olhando para ele.
- perfeito Kai! – falou Cory virando meu rosto e dando um selinho em
minha boca – eu vou estar te esperando na cama.
- eu não sei se estou afim de sexo hoje.
- na verdade eu estou querendo te fazer uma proposta – falou ele
parecendo animado – vá tomar seu banho e quando você vier se deitar a gente
conversa.
- okay – falei dando um último beijo em sua boca antes de subir as
escadas e ir pro banho. A porta estava aberta e Cory levou a minha toalha,
minhas pantufas que eu nem sabia que tinha e o meu pijama. Admito que estava
curioso para a proposta de Cory e tomei meu banho bem rápido. Quando cheguei ao
quarto Cory já estava deitado acariciando o próprio peito assistindo a algo na
TV.
- deita aqui meu anjo – falou Cory puxando o cobertor enquanto eu
fechava a porta do quarto e apagava a luz deixando apenas a TV iluminar o ambiente.
- estou tão cansadinho meu ursão – falei me jogando na cama apenas com a
parte de baixo do pijama e me aconchegando no peito de Cory.
- estou orgulhoso de você, sabia? – falou ele me dando um beijo.
- sério? Por quê? – perguntei entrelaçando minhas pernas na dele.
- por você ter começado a trabalhar – falou ele rindo – não que você não
fizesse bem o trabalho aqui em casa, mas eu fico feliz de ver você sair daqui e
se enturmar lá fora. Poder conhecer outras pessoas.
- também estou orgulhoso de mim meu ursão gostoso – falei acariciando o
rosto dele e beijando sua boca – e saiba que eu acho foda demais saber que você
acorda no meio da madrugada pra ir me buscar todo dia, sabia?
- você acha? – perguntou ele rindo.
- muito – falei rindo – hoje eu estou cansado, mas assim que eu me
acostumar com o batente eu pretendo te fazer muito carinho quando chegarmos em
casa.
- adoro seu carinho – falou Cory rindo.
- não vejo a hora de chegar sábado para você ir lá pra Scorpio depois do
trabalho pra gente fazer muita sacanagem – falei rindo.
- na verdade é sobre sacanagem que eu quero conversar – falou Cory
rindo.
- como assim? – perguntei me afastando um pouco dele para poder olhar em
seus olhos.
- é que eu estive pensando… - falou Cory se virando para mim – já que
sábado eu vou lá na Scorpio Peppermint depois do trabalho pra nós dois
brincarmos um pouco eu pensei que talvez nós pudéssemos convidar uns caras pra
se juntar a nós dois.
- uns caras? – perguntei curioso.
- sim falou Cory – tem um policial lá no distrito que faz o seu tipo:
urso, parrudão e tenho certeza de que ele toparia. A gente convida ele, o Randy
e eu andei conversando com o Tom aqui do lado e ele disse que adoraria
participar.
- o Tom? O cara que eu chupei e você deu um soco na cara?
- Sim. esse mesmo – falou ele respirando fundo. O que você acha? você e
quatro picas pra você brincar no sábado a madrugada inteira.
- não – falei passando a mão em meu rosto e bocejando – só a sua tá bom
pra mim – falei levando a mão até o peito dele.
- sério? – perguntou Cory surpreso.
- claro Cory. Gentileza sua arrumar três homens pra me comer além de
você, mas eu não quero ‘quatro picas’. Quero a sua pica. Quero você – falei me
aproximando e dando um beijo no rosto dele – você ainda não entendeu que você é
o meu ursão, o meu homem? Você é o meu dono e é o único que come o meu rabo?
- okay – falou Cory deixando transparecer um sorriso no rosto.
- porque você está rindo? – perguntei puxando o cobertor me aconchegando
em Cory.
- porra eu estou contente – falei Cory me abraçando junto a ele – você é
o primeiro namorado que nega uma proposta como essa, sabia?
- e por que eu deveria
aceitar? O que nós fizemos naquela noite com Randy foi divertido, mas eu
sinceramente me arrependo de ter concordado com aquilo. Não sou esse tipo de
pessoa que vai pra cama com um monte de homens. O meu prazer não está em um
monte de pica dura ao redor de mim. Está nas fortes mãos que seguram em minha
cintura e na boca que sussurra em meus ouvidos enquanto me fode. E tudo isso eu
quero de um homem só: você! Meu canalha ursão.
- porra Kai agora eu estou me sentindo pra caralho – falou Cory com o
peito cheio de orgulho me acariciando – você não sabe como me dói ter que fazer
esse tipo de proposta para os meus namorados.
- e porque você faz?
- porque eu não suporto a dor da traição. Então eu prefiro fazer essa
proposta para os meus namorados como uma maneira de manter o fogo da paixão
sempre aceso, sabe…
- pois comigo você não vai precisar disso. Se te faz sentir melhor eu me
arrependo amargamente de ter aceitado levar Randy pra cama conosco e eu não
pretendo cometer esse erro duas vezes então pare de ficar arranjando homens pra
trazer pra nossa cama. O único homem que eu quero na minha cama é você e Deus
sabe que está sendo mais do que o suficiente pra mim.
Cory se jogou pra cima de mim e começou a me beijar vindo pro cima de
mim. Ele começou a beijar meu pescoço me fazendo cócegas e eu comecei a rir.
- eu te amo muito muito muito mesmo Kai! – falou Cory mordendo minha
bochecha.
- também te amo Cory – falei abraçando-o e sentindo o peso dele em cima
de mim – você é pesado! – falei sentindo falta de ar.
- desculpa! – falou ele voltando a se deitar e me puxar pra cima dele –
prometo que nunca mais faço uma proposta dessas – falou ele me abraçando forte
junto a ele – E me perdoe se eu não levei a sua ideia do casamento a sério e
fiquei jogando terra nos seus olhos. Vou fazer de tudo para te ajudar a
convencê-los a nos casar de verdade.
- obrigado Cory – falei fechando os olhos me aconchegado a ele. Meu
ursão desligou a TV e começou a me fazer carinho passando os dedos em minha
orelha enquanto eu passava a ponta dos dedos em sua barriga. Não demorou para
que nós dois caíssemos no sono já que ambos estávamos com sono pra caralho.
Dormir para mim foi como piscar os olhos. Na verdade antes de abrir os
olhos eu até pensei que não tinha dormido nada. Estiquei-me na cama e percebi
que estava sozinho e foi quando percebi que talvez eu tivesse dormido. Abri os
olhos e me estiquei procurando o celular e quando o encontrei vi que era pouco
mais de dez da manhã. Compreensível que acordasse tal hora levando em
consideração o meu novo trabalho.
- Cory! – gritei olhando em volta – Cory! Onde está você? – me sentei na
cama e ouvi passos rápidos vindo pelo corredor e a porta abrindo.
- bom dia mau humor do dia – falou Cory vindo até a cama – o que fez o
meu pão de mel acordar com esse mau humor? – Cory se sentou na cama perto de
mim.
- você não estar aqui comigo – falei abraçando-o e fechando os olhos –
odeio acordar sozinho na cama. Você sabe disso.
- eu sei Kai, mas você precisa se acostumar a acordar sozinho – falou
ele me abraçando e me fazendo um cafuné – eu estou compensando indo te buscar
no trabalho.
- eu sei, é muito fofo da sua parte – falei abrindo os olhos e recebendo
o meu tão esperado beijo de bom dia.
- Kai eu estive pensando na nossa conversa de ontem… - falou Cory
respirando fundo e acariciando meu rosto ele me deu outro selinho.
- o que você estava pensando?
- acho que antes de fecharmos as ‘portas’ para todas as opções
deveríamos me deixar ter uma experiência.
- como assim? – perguntei confuso deitando minha cabeça no peito dele e
Cory me abraçou.
- é que eu convidei Randy pra participar de uma tranza nossa e ontem
depois que você dormiu eu fiquei pensando no que eu gostaria de fazer caso eu
tivesse a opção de estar em desvantagem…
- em desvantagem? – perguntei olhando para ele.
- sim, tipo… trazer outro passivo pra cama com a gente – falou ele com
um meio sorriso – eu adoraria ver você e outro passivo brigando pelo meu pau –
Cory acariciou meu queixo e passou o dedo pelos meus lábios – e depois eu
revezar metendo no cuzinho de vocês dois.
- quer ver alguém brigando pelo seu pau? Eu vou cortar ele com uma faca
bem afiada e depois eu jogo ele pra dois cachorros chamados ‘Passivos’. O que
você acha?
- Kai, eu só estou brincando… - Cory tocou meu ombro mudando o tom da
voz.
- me solta… - falei empurrando-o tentando me afastar, mas Cory segurou
meus dois braços.
- é brincadeira meu amor – falou Cory rindo de mim e me puxando ele me
abraçou a força enquanto eu tentava me soltar.
- muito engraçado. Deveria ser comediante ao invés de trabalhar na
policia.
- só queria ver você com ciúmes – falou ele rindo e me apertando – adoro
quando você traz o ciúme pra cama – falou ele rindo.
- você é sem graça. Isso sim – falei respirando fundo – porque diabos você
demorou tanto a vir quando eu gritei?
- me perdoa Kai é que eu estou com visita.
- quem? – perguntei jogando o cobertor de lado e calçando minhas
pantufas.
- a nova vizinha. Ela veio se apresentar – falou Cory me puxando e
acariciando minha bunda ele abaixou meu pijama e deu um beijo na minha nádega
esquerda antes de voltar a me vestir.
- que ótimo. Mais uma vizinha nova. Espero que não seja uma total vaca
igual aos vizinhos do inferno – falei me arrastando até o banheiro.
- não demora Kai! A vizinha quer muito te conhecer – falou Cory pegando
minha toalha e uma muda de roupa para mim.
- tá bom. Só vou tomar um banho rápido e escovar os dentes para tirar o
mau hálito.
Tomei um banho rápido torcendo para que a vizinha não estivesse lá
embaixo quando eu chegasse lá, mas depois de passar meu perfume e vestir o meu
melhor sorriso percebi pela conversa engajada de Cory que ela continuava lá. Ao
descer as escadas vi a garota sentada no balcão da cozinha de costas para mim.
Cory estava de pé com os braços cruzados escorado na pia rindo de algo que ela
tinha contado. A garota tinha longos cabelos loiros com luzes mais escuras.
- olha só quem resolveu apareceu – falou Cory vindo até mim – Kai, essa
daqui é Kakau Doyle Pereira – ao ouvir aquele nome meu coração disparou. A
garota se levantou e foi então que eu a vi. Era Kakau. Ela sorriu para mim e
estendeu o braço.
- prazer finalmente te conhecer Kai Winchester.
- igualmente… Kakau – falei sorrindo para ela. Parece que Kakau tinha
recebido o recado que enviei pela Dark Web há algumas semanas atrás – você está
morando onde Kakau?
- aqui do lado. Sou a nova colega de quarto da Daphne – falou ela com um
sorriso – eu conheci ela na Universidade de Phoenix.
- você estuda lá? – perguntei curioso.
- sim. Transferi meu curso para cá a alguns dias. Eu estudava na UCLA,
mentiu Kakau, mas eu decidi me afastar um pouco da família e meus professores
disseram que a os professores da UP são tão avançados quanto os de lá.
- entendo, entendo – falei contende e animado por estar vendo Kakau ali
na minha frente – é bom ter finalmente uma vizinha decente.
- o que você quer dizer com isso? – perguntou Kakau rindo.
- não é nada – falou Cory passando o braço por mim.
- não confie no casal ai da frente. Os Wilton. Eles são do mal.
- Kai! – falou Cory olhando para mim – está querendo assustar a nossa
nova vizinha?
- você está certo. Eu não deveria – falei dando um selinho na boca de
Cory e olhando para Kakau – desculpa Kakau é que as vezes eu me deixo levar
pela aparência satânica das pessoas. Sabe, é que eu não costumo confiar em
pessoas que criam cobras gigantes em casa.
- você é engraçado – falou Kakau rindo.
- você também parece ter os seus momentos – falei rindo para ela.
- acho que já vou indo – falou Kakau ajeitando os cabelos.
- não! – falei estendendo os braços – fica mais um pouco.
- fica Kakau! – falou Cory indo até a geladeira – você bebe? Toma umas
cervejas com a gente. O que vocês acham de eu fazer um churrasco pra gente?
- seria perfeito – falei me aproximando e segurando nas duas mãos de
Kakau – fica! – percebi que Cory achou estranho a forma que me tornei intimo de
Kakau tão rapidamente, mas eu não me importava. Estava feliz em vê-la
- okay, vou adorar – falou ela rindo.
- perfeito! – falou Cory dando abrindo uma long neck da Budweiser e
entregando para Kakau – o que você vai beber meu anjo?
- um refrigerante.
- uma soda pro meu Kai – falou ele abrindo uma Soda e me entregando.
- obrigado – falei tomando um gole e me sentando de frente para Kakau o
balcão enquanto Cory preparava tudo para o churrasco. Kakau e eu apenas tomamos
nossas bebidas e nos encaramos por vários minutos esperando o momento certo
para podermos conversar. Quando Cory pegou a carteira de cigarros e saiu Kakau
não aguentou e me puxou me dando um abraço.
- eu senti sua falta seu canalha! – falou ela me abraçando forte.
- também senti a sua – falei apertando ela com força
- eu pensei que você tinha morrido Kai! – falou ela olhando para mim –
você ficou sabe do o que aconteceu com o Jack…
- sim. eu soube. Eu estava lá.
- você estava? – perguntou Kakau confusa.
- sim.
- quem é esse cara? – perguntou Kakau rindo – a quase um não você era um
estudante reclamando do barulho na republica e agora você é casado com um
delegado gostosão…
- ele é bem gostoso né? – falei rindo – deveria ver ele sem roupa…
metendo… - falei rindo – enfim… - respirei fundo tentando manter o foco – eu
estou no programa de proteção a testemunhas Kakau. Eu estava lá quando Jack
morreu, eu vi coisas, sei dei de coisas sobre as pessoas que fizeram aquilo e
não sei por quanto tempo vou ficar aqui, mas eu precisava de você aqui. Estou
passando por muita coisa e precisava de um rosto conhecido.
- Kai, eu nunca ia imaginar que você estaria no programa de proteção a
testemunhas.
- o que você achou que tinha acontecido comigo?
- achamos que você também tinha sido morto, mas que seu corpo não tinha
sido encontrado. Nós fizemos um memorial para você e para Jack.
-vocês fizeram?
- sim. Nós fiemos uma busca na Floresta de Riverchaw onde fica o
hospital abandonado onde Jack foi encontrado e depois de alguns dias a policial
declarou você oficialmente morto. Nós enterramos um caixão com pedras e fizemos
uma missa de sétimo dia para você e o Jack.
- Kakau eu nunca imaginei que…
- que nós íamos nos importar com você? – Kakau segurou em minha mão.
- isso. Ninguém nunca se importou antes. Nunca imaginei que eu faria
falta caso desaparecesse.
- você fez. Muita – falou ela com um sorriso – quando eu recebi aquele
e-mail eu pensei que fosse uma pegadinha. Me recusei acreditar que realmente
fosse uma mensagem sua, mas então eu fiquei pensando comigo mesma que se
houvesse a possibilidade de ser real eu não poderia simplesmente ignorar.
- ainda bem que você não ignorou – falei rindo e tomando um gole do meu
refrigerante – e então… é sério sobre ter transferido seu curso aqui para
Phoenix?
- claro – falou ela com um sorriso – se você está no programa de
proteção a testemunhas, eu pretendo ficar aqui com você.
- você é uma verdadeira amiga – falei segurando na mão dela.
- e então… quer dizer que essa coisa de estar com esse delegado tesudo é
só fingimento?
- porra nenhuma – falei rindo – na verdade é uma das melhores coisas que
me aconteceram desde que entrei nessa bagunça – falei olhando para fora vendo
Cory – quem diria que nos apaixonaríamos assim? Nós dois entramos no programa
de proteção a testemunhas por problemas distintos e então: boom! O sexo é
maravilhoso, os beijos molhados e de repente eu acordo de mau humor por não
tê-lo ao meu lado na cama.
- parece um conto de fadas – falou ela rindo e tomando um gole de sua
cerveja.
- tá de brincadeira? É melhor do que qualquer conto de fadas que você
ouviu por ai. Meu príncipe não é um maricas que veio cavalgando em um cavalo
branco procurando por um beijo. É um putão safado que cavalga em mim a noite
toda.
- Kai?! – perguntou Kakau rindo – é tão estranho ouvir você dizendo
essas coisas.
- eu mudei Kakau. A vida no subúrbio muda a gente – falei tomando um
gole da minha bebida.
- eu percebi – falou ela rindo.
- já sei! – falei batendo palmas animado – você precisa vir comigo para
o trabalho hoje.
- claro que vou! – falou ela com um sorriso – mas… onde você trabalha?
- em uma Casa de Burlesco chamada Scorpio Peppermint. Eu trabalho como
garçom. Lá é maravilhoso. Comecei noite passada na verdade. Você pode ver show
no palco, putaria fora do palco… é incrível.
- com certeza eu vou! Já estou animada – falou ela rindo.
- e eu tenho um trabalho pra você.
- qual? – perguntou ela curiosa.
- tem um cara que tá dando em cima de mim no trabalho, mas todo mundo a
minha volta diz que é coisa da minha cabeça. O barista, meu chefe…
- afinal, quem é esse cara?
- é meio que meu chefe… ele é sócio. Fornece as bebidas pra Casa.
- entendi. E o que você quer que eu faça? – perguntou Kakau atenta.
- com certeza ele vai aparecer hoje. Quero que você sente-se a mesa com
ele e apenas assista enquanto tudo acontece e me diga se é ou não coisa da
minha cabeça.
- combinado – falou Kakau apertando minha mão.
- olha só! – falou Cory entrando na cozinha – vejo que vocês dois estão
se dando bem – Cory foi até a geladeira e começou a tirar a carne para o
churrasco.
- é fácil se enturmar com ele, Kai é gente fina – falou Kakau tomando um
gole de sua bebida.
- amor, eu falei sobre a Scorpio e ela disse que vai lá hoje.
- ótima ideia Kakau! Fica de olho nele pra mim – falou Cory pegando uma
faca – se alguém tocar nele… - Cory fez um movimento com a faca dando a
entender que cortaria as bolas de alguém.
- combinado – falou Kakau rindo e apertando a mão de Cory que sorriu
para ela olhando para mim. Kakau não poderia ter aparecido em melhor hora.
Pessoas espero que tenham gostado desse capítulo, não esqueçam de deixar a opinião nos comentários e não esqueça também de deixar o seu voto que é muito importante. Um grande abraço a todos e até o próximo capítulo.
Logo abaixo tem o link para comprar as minhas obras na Amazon. Tem também o link do convite para fazerem parte do meu grupo do Whatsapp. Espero que tenham gostado desse capítulo e até o próximo. Um abraço.
0 comentários:
Postar um comentário
Comente aqui o que você achou desse capítulo. Todos os comentários são lidos e respondidos. Um abração a todos ;)