A taça com o resto de vinho estava a poucos centímetros de minha mão. Ela seria quebrada e eu a usaria para esfaquear o pescoço de Kakau. O problema é que a faca também estava perto da mão de Kakau. Ela pegaria a faca e ela tinha uma certa vantagem sobre mim. Ela poderia simplesmente pegar a faca e cravá-la em meu pescoço como eu fiz com aquele pedófilo. Daphne estava vindo em nossa direção com o copo com água e eu tinha que pensar rápido. Se um de nós fosse fazer algo seria antes de Daphne chegar. Havia algo de errado comigo. Sentia como se houvesse alguém preso dentro de mim querendo sair, estava alucinando como se as músicas estivessem se comunicando comigo. Delirando ao ver o número '666' no espelho do banheiro. Não sabia mais o que era real e o que era delírio.
- prontinho – falou Daphne trazendo o copo até mim. Olhei para ela e ela percebeu que havia algo de errado – você está bem? Algum problema?
- com quem você estava conversando no celular? – perguntei me levantando.
- o que? – perguntou Daphne assustada dando uma risadinha sem graça. Kakau olhou para mim e olhou para Daphne.
- quando você foi até a cozinha você pegou o celular e enviou mensagem para alguém. Você faz parte deles? Dos ladrões de órgãos? – falei batendo a mão no copo ouvindo-o quebrar – você faz parte da 'Companhia'?
- o que? Não! – falou ela assustada chegando para trás.
- me deixa ver seu celular! – falou Kakau passando a mão nos cabelos.
- está no balcão – falou ela apontando – eu juro que não faço parte de nada.
Kakau foi até a cozinha e pegou o celular e olhou para Kakau.
- qual a senha?
- 2-0-2-9 – falou ela assustada – eu só estava enviando uma mensagem de resposta para minha mãe. Ela perguntou se o jantar semanal estava de pé e eu disse que sim.
- e então? – perguntei olhando para Kakau.
- é verdade – falou ela mostrando o celular – ela só falou com a mãe dela e ninguém mais.
- ela pode ter apagado, tem certeza? – falei percebendo que eu estava segurando a faca e apontando para Daphne.
- não Kai. Eu entrei no sistema e recuperei as mensagens apagadas na última hora.
- como você fez isso? – perguntou Daphne curiosa.
- aprendi com um cara que trabalha no T.I. na empresa da minha mãe... o nome dele é Jack... Jack alguma coisa – falou Kakau deixando o celular no balcão e vindo até a sala. Olhei para Daphne, joguei a faca no chão e me sentei no sofá colocando as duas mãos na cabeça me sentindo muito idiota pelo o que tinha feito.
- me desculpa Daphne eu não sei o que deu em mim é só que... não sei o que está acontecendo comigo. Sinto que estou enlouquecendo.
- não tem problema – falou Daphne se sentando ao meu lado – também estaria enlouquecendo se estivesse no seu lugar.
- você tem razão em estar paranoico – falou Kakau se abaixando e pegando a corrente que estava no chão. Daphne e eu olhamos para ela enquanto ela tirava o pingente revelando o Pen Drive.
- um Pen Drive? – perguntou Daphne.
- o que tem nesse Pen Drive? – perguntei olhando para Kakau.
- eu não sei – falou ela dando os ombros – é o que eu quero descobrir.
- gente... o que diabos está acontecendo aqui? – perguntou Daphne se levantando.
- tem uma história que eu preciso contar a vocês – falou Kakau respirando fundo – vocês querem a versão longa ou a resumida.
- a resumida! – falou Daphne.
- a longa! – falei olhando para Daphne – me desculpe, mas eu quero saber cada detalhe da história que me fez pensar que minha melhor amiga queria arrancar todos os meus órgãos.
- o que? – perguntou Kakau debochando de mim – você realmente achou que eu tinha vindo até aqui pra... por favor Kai.
- o que você queria que eu pensasse Kakau? Lembra que foi você que me convidou pra ir naquela tal boate... - franzi a testa tentando lembrar o nome... - Hippo Punk! Você me levou na lá na 'Noite Brasileira' e eu fui dopado e acordei em um maldito hospital abandonado com dois homens querendo me destroçar como se eu fosse um maldito porco. Ai você aparece e eu descubro que o colar que você me deu é na verdade um Pen Drive disfarçado.
- eu sei que você acha que essas duas coisas tem ligação, mas não tem Kai – falou Kakau tentando se explicar – esse Pen Drive tem mais a ver com uma briga de família.
- como assim? – perguntou Daphne.
- vocês já perceberem que eu sempre falo que minha mãe é muito rica, certo? Meu pai, Leonardo Pereira Torquato, faleceu de problemas no coração quando eu ainda era bem pequena criança e minha mãe acabou assumindo a parte dele nos negócios. Minha mãe acabou se tornando sócia de uma empresa chamada Delphi Covenant Brothers. A Matriz da empresa fica na cidade de Visalia na Califórnia. A Delphi Brothers é uma Empresa de Segurança Privada. Além de fornecer segurança física e online para residências e empresas ela também faz a segurança de festas, eventos e inclusive de celebridades de Hollywood como Chris Pratt, Jennifer Lawrence, a Família Kardashian. Não só isso. Eles também cuidam da segurança de ex ou atuais chefes de estado como Michelle Obama, Al Gore, John Brennan e outros que não vem ao caso.
- onde fica a briga de família nisso tudo? – perguntei curioso.
- a minha mãe nunca foi uma pessoa materna, mas sempre gostou de jogar dinheiro na minha direção sempre que eu precisei de um conselho ou algo do tipo. Sempre houveram boatos na família do lado Brasileiro do meu pai de que minha mãe teve algo a ver com sua morte, mas como eu tinha 5 anos na época eu não me lembro de muita coisa. Foi então que eu resolvi visitar minha queria mamãe na Delphi Brothers e eu conheci o cara do T.I. O nome dele é Jack Henderson. Nós acabamos meio que nos envolvendo e eu contei sobre o que tinha acontecido com meu pai. Ele tinha sofrido um ataque do coração dentro da empresa. Foi então que ele disse que se eu quisesse ele conseguia recuperar as gravações daquele dia mesmo que elas tivessem sido excluídas. Ele disse era tipo um hacker e que manjava de tudo. Eu disse que era o que eu mais queria – Kakau parou de falar um pouco antes de continuar e eu soube que o que ela tinha visto naquelas gravações.
- e o que você viu? – perguntei curioso mesmo sabendo a resposta.
- nada – falou ela passando a mão no rosto – as câmeras foram desligadas naquele dia.
- sinto muito – falou Daphne.
- mas ele conseguiu Hackear a conta bancária da minha mãe e descobriu que ela fez um a transferência no valor de 2 milhões de dólares para um homem chamado Chuck Covington uma semana depois dele ter falecido.
- deixa eu adivinhar – falei rindo irônico – Chuck Covington é legista.
- ex-legista que trabalhou para o Departamento de Polícia da Califórnia – falou Kakau rindo – ele pediu demissão no mesmo dia em que o dinheiro caiu na conta dele e foi encontrado morto um mês depois de um roubo seguido de assalto. Coincidência?
- acho que não – falou Daphne.
- porque você não foi até a polícia? Porque não disse nada? – perguntei me levantando.
- eles iam rir da minha cara Kai. Iam achar que eu era só uma garotinha mimada que brigou com a mãe inventando histórias querendo a herança mais cedo. Na verdade eu estava sem ideias. Minha vontade era de eu mesma matá-la pelo o que ela tinha feito com meu pai. Foi então que naquela manhã em que eu te levei a boate eu recebi uma mensagem do Jack dizendo que estava em Indiana. Nós nos encontramos em um Shopping e ele me entregou esse colar e me mostrou o Pen Drive escondido. Ele disse havia algo nesse Pen Drive que ia me ajudar, mas que ele tinha criptografado e que eu tinha que encontrar um hacker. Ele me deu um beijo e voltou pra Califórnia.
- ele só disse isso? – perguntou Daphne.
- sim – falou ela.
- e porque diabos você me deu o colar se era algo tão importante? – falei colocando as duas mãos na cabeça – você é maluca.
- quando fui te chamar para sair naquela noite você parecia tão deprimido e eu queria te dar algo especial. Só não imaginei que você fosse desaparecer. Na época até achei que minha mãe tinha algo a ver com isso. Fiquei maluca imaginando o que poderia ter acontecido e então quase 5 meses depois eu recebo uma mensagem sua na Dark Web explicando o que tinha acontecido me dando as coordenadas para esse bairro. Eu simplesmente fiquei em choque.
- então é isso – falei dando um abraço nela – sinto muito pelo seu pai e por ter pensado que você era um dos vilões.
- não tem problema – falou ela rindo e me voltando. Daphne se levantou e deu um abraço nela. Enquanto Kakau e Daphne se abraçavam eu percebi que tinha a solução para aquele problema.
- Kakau, eu acho que conheço a pessoa certa para descobrir o que tem nesse pen drive – falei pegando o Pen Drive da mão dela e saindo da casa. Nós caminhamos pela calçada apreçados e Daphne e Kakau me seguiram.
- onde estamos indo? – perguntou Daphne curiosa.
- eu conheço um hacker que mora bem perto de nós – falei seguindo pela calçada cumprimentando os vizinhos. Nós chegamos a casa de Leroy Riverty e eu bati na porta três vezes até que ele abriu.
- Kai! A que devo a honra.
- eu preciso que descubra o que tem nesse Pen Drive – Leroy olhou para Kakau e Daphne atrás de mim e olhou para mim – você nunca aprendeu o que é uma entrada USB?
- esse Pen Drive foi criptografado por outro hacker – falou Kakau atrás de mim acenando – precisamos saber se você é tão bom quanto Kai disse ou se é só propaganda falsa.
Leroy pegou o pen drive da minha mão e nós três entramos na casa dele seguindo-o. Daphne fechou a porta. E eu me sentei na cabeceira do sofá cruzando os braços olhando para Leroy enquanto ele ligava o notebook.
- você não faz nem ideia do que tem aqui? – perguntou Leroy para Kakau.
- não – falou ela pensativa – mas o cara que me deu o pen drive me disse umas coisas que eu acho que são importantes.
- o que? – perguntou Leroy olhando para traz.
- ele disse: 'Descobri algo que vai te ajudar. Eu coloquei nesse pen drive. Está criptografado' e depois me deu um beijo no rosto e disse 'eu sou um cavalo de troia' e foi embora.
- opa, opa! – falou Leroy com um meio sorriso – tem certeza que confia nesse cara? Ele disse 'Eu sou um Cavalo de Troia?' Cavalo de Troia é a merda de um vírus bem sacana. Rouba suas informações, corrompe sua máquina, infecta seus arquivos. Eu consigo lidar com ele, mas vai ser uma dor de cabeça pra mim. Vou querer ser bem pago se acontecer alguma coisa com uma das minha máquinas
- eu não tenho dinheiro – falou Kakau – minha mãe cancelou todos os meus cartões desde que eu comecei a me 'rebelar'.
- talvez não nesse uma boa ideia – falou Daphne – conversa com esse tal de Jack Henderson. Talvez ele diga o que tem nesse pen drive e o Leroy não corre risco.
Nesse momento a TV da sala ligou e estava na MTV. Estava no meio do vídeo musical de 'The Light is Coming' da Ariana Grande.
'A luz está vindo para devolver tudo que a escuridão roubou, roubou.
A luz está vindo para devolver tudo que a escuridão roubou...'
- Mas que droga! – falou Leroy se levantando, pegando o controle e desligando a TV. Olhei para o pen drive em cima do raque e pensei no que a música estava falando. Talvez eu estivesse ficando louco, mas haviam três testemunhas e era a segunda vez que aquilo acontecia. Me aproximei do notebook e peguei o pen drive.
- Kai, o que está fazendo? – perguntou Daphne.
- hey! – Leroy deu um grito e eu coloquei o pen drive na entrada. Uma janela se abriu e havia um arquivo dentro – que porra você fez? – perguntou Leroy se sentando na cadeira.
- tem vírus? – perguntou Kakau?
- não! – falou Leroy dando uma olhada em seus antivírus – nenhum deles alertou nada.
- ainda bem – falei respirando fundo.
- que tipo de arquivo é esse? – perguntou Daphne se inclinando.
- Um arquivo do tipo .VNB. Está criptografado então ele está escondendo o que ele é realmente – falou Leroy começando a clicar e a teclar – talvez demore algum tempo para que eu consiga descriptografar, mas não percam a esperança crianças. Podem andar pela casa de quiser. O banheiro fica lá em cima, tem refrigerante e cerveja na geladeira.
- eu estou ansiosa Kai – falou Kakau olhando para mim.
- se acalma. Vai dar tudo certo – falei segurando nas mãos dela.
- vou pegar uma cerveja, vocês querem alguma coisa? – perguntou Daphne.
- eu aceito – falou Leroy levantando a mão. Budweiser por favor.
- e vocês? – perguntou Daphne.
- na verdade eu vou na casa dos Rogers. Você vem comigo Kakau? – perguntei olhando para ela
- claro. Não vou aguentar ficar aqui. Pra mim é como olhar para o relógio e contar os segundos.
- você chama a gente se acontecer alguma coisa? – perguntei para Daphne que veio da cozinha com duas long neck: uma da Black Widow e outra da Budweiser.
- claro. Se terminar eu corro lá e chamo vocês – falou Daphne tomando um gole de sua cerveja e se sentando na cabeceira do sofá atrás de Leroy.
Kakau e eu saímos da casa de Leroy e caminhamos até a casa de Ed e Agnes. Os quíntuplos estavam na frente de casa molhando o jardim. Quer dizer... acho que era para os cinco estarem ajudando nas tarefas já que eram férias e Agnes teria que domar 5 crianças por 3 meses, mas o que eu via eram 5 crianças jogando água umas nas outras usando a mangueira.
- o que nós vamos fazer lá? – perguntou a Kakau olhando para mim.
- acho que Ed merece uma explicação. Ele pareceu preocupado pela forma que fui embora ontem – ao nos aproximarmos da casa Kakau e eu saímos correndo por entre os 5 garotos enquanto tentávamos desviar dos jatos da mangueira.
- Meninos! – gritou Agnes saindo da casa – Honey e Holt, Parem com isso! – falou Agnes recebendo um bocado de água no rosto –Hester, Hugo e Harry! Era pra vocês estarem molhando a grama e vocês estão destruindo ela e jogando água nos vizinhos – falou ela sorrindo para Kakau e eu – sejam bem vindos – falou ela nos cumprimentando – vamos entrando.
- Bom dia Agnes – falei caminhando pela sala.
- sua casa é linda Sra. Rogers – falou Kakau olhando em volta.
- obrigada Kakau – falou ela com um sorriso – como você está Kai? Ed me disse que você se sentiu mal no trabalho ontem – chegamos a cozinha e ela pegou uma charra com limonada e nos ofereceu.
- estou melhor – falei pegando o copo e tomando um gole – na verdade foi por isso que vim. Ed parecia preocupado comigo e eu vim aqui dar satisfação afinal ele é meu chefe.
- deixa de ser bobo – falou Agnes – somos antes de tudo uma família e ele é quem deveria estar te visitando para saber como você está.
- isso é verdade – falou Ed chegando a cozinha – bom dia, bom dia, bom da – falou ele com um sorriso – como você está Kai – ele colocou a mão no meu ombro – se sente melhor?
- bem melhor Ed. Na verdade vim aqui dizer que eu poderia até trabalhar hoje.
- nem pensar! – falou ele pegando o jornal ainda embolado e batendo no balcão – eu te dei folga e minha palavra é como a de rei e não volto atrás – falou ele rindo.
- esse sim é um chefe de verdade – falou Kakau rindo e tomando um gole de sua limonada – é cedo demais pra colocar cerveja nessa limonada e transformá-la em uma caipirinha brasileira?
- olha só – falou Eddie rindo – você conhece bem o Brasil?
- sim, sou descendente por parte de pai – falou Kakau.
- eu também – falou Eddie – mas por parte de mãe. Na verdade eu passei uma parte da minha infância e adolescência no Brasil. Dos 9 aos 16.
- sério? Eu tenho inveja – falou Kakau rindo sem graça – não tive muito contato com o Brasil. Claro que já o visitei, mas eu queria ter passado mais tempo lá.
- lá é um lugar maravilhoso e muito quente – falou Eddie rindo e pegando o copo de limonada que Agnes tinha acabado de servir – lembro que quando tinhas uns 15 anos mais ou menos eu fiquei doente. O calor era tão intenso que cheguei a ter tonturas, náusea, vômito, enxaqueca e juro que até minhas bolas doíam de tanto calor – falou ele rindo.
- Ed! – falou Agnes batendo nele – para de falar dos seus países baixos.
- homens e suas manias – falou Kakau rindo.
- sabia que eu também sou parte Brasileira? – falou Agnes.
- sério? – perguntou Ed – desde de quando?
- desde que os meus resultados chegaram essa semana – falou ela dando os ombros – de acordo com o site 23andMe eu sou 13% Brasileira.
- o que é 23andMe? – perguntou Roger.
- é um site de uma empresa que faz mapeamento genético – respondi – você encomenda um kit e eles enviam pra sua casa. Você cospe nele de acordo com o manual e manda de volta. Por $U600,00 dólares eles fazem mapeamento genético e descobrem tudo sobre o seu DNA. Por $U 2,000 dólares eles se aprofundam um pouco mais e descobrem a quais doenças você tem pré-disposição como por exemplo: Hemofilia A, Alzheimer, Câncer e outras.
- você sabe mesmo sobre isso – falou Kakau.
- eu quase fiz esse teste uma vez, mas me faltou dinheiro e outra que eu sou meio paranoico com essas coisas – falei rindo – dizem que as suas informações ficam em um banco de dados e o governo tem a cesso a elas.
- isso é só uma lenda urbana – falou Agnes rindo.
- talvez – falei rindo e ouvindo uma voz feminina gritando do lado de fora e passos correndo para dentro da casa.
- olá! Desculpa entrar dessa forma – falou Daphne entrando – Kakau, Kai o nosso... 'assado' está quase queimando no forno.
- a ta... - falei olhando para Ed.
- Cory é sortudo – falou Ed nos acompanhando até a porta – Duas beldades e um cachorrão cozinhando pra ele.
- é verdade – falou Agnes olhando para Ed – Aquele gostoso do Cory tem muita sorte.
- eu estou só brincando – falou Eddie rindo e eu olhei para ele. Como ele poderia ser tão cínico de fazer piada depois de eu ter visto Tabitha Vaughn fazendo boquete nele na noite passada.
- na verdade estamos fazendo na casa do Leroy – falou Daphne segurando na minha e me puxando.
- depois a gente se fala – falou Kakau acenando enquanto nós corríamos pelo gramado tentando desviar das crianças correndo e dos jatos de água que Hester jogava usando a mangueira. Olhei para trás e percebi que o casal parecia um pouco incomodado com a nossa intimidade com Leroy. A expressão que eles fizeram revelou muito sobre como eles se sentiram ao ouvir o nome dele. Afinal eles tinham pago Leroy para que ele não falasse sobre a saída de Chun Li da casa deles.
- A biblioteca da Universidade onde vocês estudam fica aberta nas férias de verão? – perguntei para Kakau e Daphne.
- fica sim – falou Daphne – porque?
- Quando tive que abandonar meu curso de Biologia para vir para cá eu acabei deixando para trás um livro que era bem rico em informações e eu queria saber se lá tem. O livro que estou falando é 'Virologia' do Korsman, Zyl, Nutt, Anderson e Preiser.
- Nossa biblioteca é bem vasta e completa. Com certeza deve ter. Depois daqui a gente vai pra lá – Daphne abriu a porta da casa.
- combinado – falei entrando e fechando a porta atrás de mim.
- e então? – perguntou Kakau ansiosa – conseguiu algo?
- está quase terminando – falou Leroy mostrando um arquivo sendo extraído – está 98% e progredindo.
- estou tão nervosa – falou Kakau olhando para mim.
- terminou – falou Leroy clicando no arquivo – é um PDF com 187 páginas – Leroy clicou duas vezes abrindo-o.
- PDF? – perguntei me aproximando – o que tem nele?
- parece ser uma espécie de manual de instruções para impressão – falou ele descendo as folhas. Na primeira folha havia o emblema de uma ave. Parecia ser um urubu.
- Projeto Posto Avançado – falou Leroy.
- o que é isso? – perguntou Daphne.
- Posto Avançado é geralmente uma instalação militar, mas pode ser qualquer abrigo subterrâneo construído com o intuito de se esconder – falou Leroy descendo as páginas e lendo rapidamente. Assim como nós ele parecia curioso.
- e onde fica isso? – perguntou Kakau tentando ler.
- aqui diz que fica na cidade de Harlowton em Montana. O projeto se iniciou no ano de 2009 e estava programado para terminar no primeiro semestre desse ano. Em 2019.
- acho que eu sei o que é isso – falei franzindo a testa e apontando com o dedo – isso mesmo. Eu sei onde fica isso! – falei me lembrando Pesquisa no Google por 'Área 52' – Leroy abriu uma página da internet e começou a digitar – quando esse lugar começou a ser construído começaram a surgir na internet um monte de teorias da conspiração. Esse lugar foi construído no subterrâneo e a única parte visível é o térreo. Um prédio de três andares com o nome da instalação. Ninguém sabe o porquê dele ter sido construído. Não se sabe o tamanho exato e é tão vigiado quanto a Área 51 e por isso acabou ganhando esse apelido.
- encontrei – falou colocando fotos – das instalações. Era em um Deserto em Montana. As fotos realmente lembravam a Área 51 onde diziam ter alienígenas e coisas do tipo. Haviam alguns galpões que podiam ser vistos de longe e o prédio de dois andares com o nome da instalação.
- e qual o nome desse lugar? – perguntou Kakau.
- Eternia! – falou Leroy mostrando a foto. Estava escrito no prédio de três andares.
- olhem no PDF – falou Daphne apressada – Se esse é o manual de instruções da construção desse lugar talvez tenha informações do que eles fazem nesse lugar.
Leroy voltou a analisar o PDF e nós esperávamos insaciáveis por qualquer informação. Tudo o que passava na minha cabeça é como esse lugar 'Eternia' poderia ajudar na resolução do assassinato do pai de Kakau.
- encontrei algo sobre as especificações – falou Leroy respirando fundo e aproximando o rosto da tela – aqui diz que o projeto foi feito pela empresa EngineerCore. Diz também que a área total ocupada da instalação é de 200 mil metros quadrados e que existem 20 andares subterrâneos.
- puta que pariu! – falei coçando a cabeça – imaginem 20 andares enterrados no chão em uma extensão de 200 mil metros quadrados. É gigante.
- eu não entendo! – Falou Kakau frustrada – Jack disse que isso me ajudaria a derrubar a minha mãe, mas o que isso tem a ver com a morte do meu pai?
- eu não sei Kakau – falei segurando nos ombros dela – mas a gente vai descobrir.
- aqui também diz que uma 'Escola Exclusiva Para Mentes Brilhantes' irá funcionar nessa instalação.
- espera... - falou Leroy deslizando para as últimas folhas – a última folha desse PDF não pertence ao portfólio. Ela foi escanceada por fora – na verdade parece ser uma folha bem desgastada.
- e o que tem nela? – perguntei me inclinando.
- está escrito 'A Companhia' no topo e logo abaixo tem uma lista com 13 nomes, mas parece que o arquivo está corrompido e eu só consigo ler os 2 primeiros e parte do 3º...
- quais os nomes dessa lista? – perguntou Kakau para Leroy.
- Bryon Rothschild, Ray Verner, Lucca T#&*@... Lucca alguma coisa – Kakau pareceu incomodada ao ouvir aquele nome, mas passou a mão nos cabelos ajeitando-os atrás da orelha e não disse nada.
- você acha que consegue recuperar esse documento? Talvez os outros 10 nomes nos digam alguma coisa – falei olhando para Kakau e depois para Leroy.
- normalmente eu conseguiria – falou Leroy minimizando o arquivo – o está vendo – falou Leroy apontando para o computador – mesmo esse sendo um arquivo PDF ele continua com a extensão .VNB e isso significa que o hacker que criptografou o arquivo também o criou do zero. Talvez eu não consiga recuperar, mas prometo que vou tentar. Pode levar algumas horas e talvez alguns dias.
- muito obrigado Leroy, prometo que vou te pagar assim que puder.
- não se preocupa com isso – falou Leroy tomando um gole de sua cerveja.
Daphne, Kakau e eu saímos da casa e Leroy e pegamos um Uber para irmos até a caminhamos pela calçada um pouco desanimados por não termos descoberto nada de relevante. Nós caminhamos até o campus da Universidade de Phoenix que ficava a quatro quadras dali e chegamos a biblioteca. Não demorei a encontrar o livro que eu queria. Era enorme e pesado. Me sentei a mesa e ao abri-lo comecei a procurar por algo. Kakau parecia pensativa ao meu lado. Talvez pensando no fracasso que havia sido toda aquela manhã. Daphne por outro lado talvez estivesse se perguntando o porquê de eu estar olhando aquele livro de Virologia e eu tinha certeza que ela não aguentaria muito tempo sem perguntar.
- posso perguntar...
- pode – falei rindo e olhando para Daphne.
- o que você procura exatamente?
- estou procurando por uma doença – falei olhando para o livro e passando a página - Eu tenho os sintomas e sei que ela é transmitida por vírus. Só preciso encontra-la e ter certeza de que estou certo.
- como assim? – perguntou Kakau saindo do seu transe.
- olha... - falei respirando fundo – tem uma pessoa desaparecida. O nome dela é Ellen Li.
- eu sei quem é – falou Daphne. Ela fugiu com o Luke Cohen. O que morava na casa onde os Wilton moram. O casal das cobras.
- exato. Só que o Luke Cohen veio até mim ontem e disse que ele não fugiu com Ellen Li. Ele na verdade foi preso por um tempo. Junto com ele estava a mão de Ellen e os dois acham que existe um segredo naquela rua e eu preciso descobrir.
- e como esse livro te ajuda? – perguntou Kakau.
- lembra quando Eddie estava falando que passou alguns anos no Brasil e o calor era tão forte que ele tinha tonturas, vômito, enxaqueca e até as bolas dele doíam?
- sim – falou Kakau rindo – o que tem isso?
- acho que na verdade ele tinha outra coisa – falei passando o dedo no livro – achei! – falei lendo alto para ela - Febre; Dor de cabeça; Inchaço das Glândulas, Perda do apetite; Náusea; Vômito e Dores nos testículos.
- o que é isso? – perguntou Daphne curiosa.
- Parotidite Epidémica. No Brasil é muito conhecida como 'Papeira' ou 'Caxumba' – falei fechando o livro - Geralmente adolescentes que tem essa doença e que chegam a sentir dores nos testículos acabam ficando estéreis.
- isso é impossível. Ele não teve quíntuplos? – perguntou Kakau olhando para Daphne que tinha entendido o que eu queria dizer.
- acho que já sei como eu vou conseguir descobrir o que aconteceu com Ellen Li – falei respirando fundo. No fim das contas Eddie não era o traidor e sim Agnes. Talvez eu estivesse errado, mas se Eddie for mesmo estéril isso significa que os 5 filhos são de outra pessoa – ou ela me conta o que aconteceu com Ellen Li ou eu conto ao Eddie que os filhos não são dele.
Bom pessoal, mais um capítulo para vocês. Não deixem de comentar o que vocês estão achando. Não deixem de reagir durante a leitura. Não esqueçam de ler FALL\OUT. A partir desse ponto muitas referências já estão sendo feitas e talvez vocês não entendam algumas coisas. Um grande abraços a todos e até o próximo capítulo.
0 comentários:
Postar um comentário
Comente aqui o que você achou desse capítulo. Todos os comentários são lidos e respondidos. Um abração a todos ;)