A QUEDA DE ADAM capítulo quatorze
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mor é uma coisa complicada. É aquele tipo de
sentimentos e quem muitos acreditam, mas muitos já desistiram. Quando vejo
aqueles casais que estão juntos a trinta, quarenta e até cinquenta anos eu
sempre quiser que se um dia eu encontrasse um amor eu queria ficar junto
durante todo esse tempo. Eu encontrei a pessoa, só não tive o tempo. Quando
Adam morreu foi como se me jogassem no cão, abrissem meu peito e arrancassem
meu coração.
A dor foi indescritível, mas
suportável. Por todos esses meses eu passei por muita dor, muito ressentimento
e pensei que não fosse mais me recuperar, mas agora já não sinto mais dor.
Apenas saudades.
Já aceitei a morte dele, mas a
saudade me consome um pouco todos os dias. Eu paro para pensar nos momentos que
nós tivemos. os bons, os ruins e os péssimos, mas o momento em que mais penso é
em como realmente começou essa minha paixão por ele. A culpa não foi minha por
ter me apaixonado por ele, mas sim culpa de Adam.
Tudo começou um ano e meio depois
de ter entrado na advocacia. Eu trabalhava como assistente de arquivo na época.
- bom dia – falou um homem
chegando ao arquivo.
- bom dia – respondi me
aproximando para saber quais documentos ele retiraria naquele momento – Quais
documentos deseja?
- na verdade não vim retirar
nenhum documento – falou o homem de barba rala no rosto e olhos verdes.
- posso ajudar de outra forma
senhor…
- Gray Collins.
- verdade. Gray. Vejo tantas
pessoas que não consigo decorar os nomes.
- sem problema – falou ele me
entregando um papel – Abriu uma vaga no vigésimo andar como assistente do Dr.
White. Eu só vim te trazer um formulário para preencher.
- obrigado – falei pegando o
papel e lendo – acho que não tenho chance.
- claro que tem. Eu vim
especificamente trazer esse papel pra você, se não tivesse chance eu não teria
trazido – falou Gray se afastando com um sorriso e em seguida correndo para
entrar no elevador.
Nesse momento a minha chefe do
departamento de arquivo entrou na sala.
- o que está lendo? – perguntou
ela tirando os óculos do rosto e se aproximando de mim.
- é um formulário que o Dr.
Collins veio me entregar. Abriu uma vaga no vigésimo andar para ser assistente
do Dr. White.
- sério? – falou ela pegando o
papel e lendo – o Dr. Collins veio te entregar pessoalmente?
- isso não é bom?
- isso é ótimo. Sinal de que
procuram alguém com seu perfil para ocupar a vaga.
- eu não sei se devo ir, quer
dizer, eu nunca fui ao vigésimo andar. Eu trabalho tão bem aqui no arquivo.
- pelo amor de deus Mike.
Permita-se voar. Eu vou ficar bem sem você. Eles provavelmente vão me mandar
outro.
- estou assustado. E se eu não
conseguir?
- você vai se arrepender se não
tentar. Vai por mim. Eu sou bem mais velha do que você. Trabalho aqui nessa
advocacia a mais de oito anos e muitos vêm e vão essa é a primeira vez que vejo
um dos manda chuvas trazerem um formulário especialmente para alguém. Essa é
sua chance de ter um salário melhor, uma carga horária melhor. Quer passar a
vida toda sendo meu assistente patético preso dentro dessa sala com esses
preciosos documentos?
- acha mesmo que eu sou assim tão
especial para os chefes lá de vigésimo andar?
- eles imprimiram um formulário
com seu nome digitado – falou ela me mostrando – você nem precisa preencher os
dados porque eles o fizeram por você. Tudo o que precisa fazer é assinar e
aparecer por lá ás duas da tarde.
- eu acho que vou então – falei
sorrindo nervoso e ansioso.
- acho que você pode sair um
pouco mais cedo para o almoço.
- mas ainda são onze horas.
- não tem problema eu aguento as
pontas aqui. Vá almoçar, relaxar, ensaiar possíveis perguntas e respostas. Hoje
você pode mudar completamente sua vida. Você começou de baixo como um ajudando
em serviços na rua, depois veio para cá como meu assistente e agora você tem a
chance de ser o assistente de um deles. Aproveite a chance. Aproveite o dia.
- obrigado por isso.
- só não esqueça de mim quando
estiver alto demais – falou ela antes que eu pegasse minha mochila, digitasse
minha senha para a porta abrir e eu sai do arquivo.
Pela janela que atendíamos os
pedidos Jenny me desejou boa sorte e eu entrei no elevador indo para o térreo.
Tinha um restaurante em frente á empresa. Ele é uma boate a noite, mas ouvi
dizer que de dia é um lugar tranquilo.
Ao sair do prédio atravessei a
rua e ao chegar no restaurante um garçom me atendeu e não demorou para trazer
minha refeição. Enquanto comia li o formulários com todas as exigências.
Pelo o que li eu realmente preenchia
todos os requisitos. Essa vaga parecia realmente ter sido feita pra mim. enquanto
almoçava percebi que alguns estagiários entraram no restaurante e se sentaram
na mesa ao lado da minha.
Eles provavelmente não me
reconheceriam porque quem está nos andares de cima geralmente não liga pra quem
está nos de baixo. É a cadeia alimentar da “Partners Advocacy”.
- você não sabem o que eu ouvi
falar – falou uma das estagiárias para o
restante do grupo – dizem que ele a engravidou e por isso a demitiu.
- será mesmo? – perguntou um
homem do grupo – eu não duvido, todo homem é canalha.
- bem que ele podia engravidar a
mim – falou outra estagiária – com todo o dinheiro eu estaria feite e além do
mais iria ter um deus grego na cama comigo toda noite.
Não sabia bem de quem eles
falavam, mas parecia ser alguém da empresa. Talvez um dos chefes? Pelo modo que
estavam falando foi a primeira coisa que eu pensei.
- parem de fofocar – falou outro
homem – você nem sabem porque a garota foi demitida.
- ela já se foi mesmo. Eu quero
saber se eles vão contratar um de fora ou alguém de dentro para o cargo de
assistente.
Nesse momento eu tive certeza de
que eles falavam justamente do Dr. White e o cargo ao qual eu faria entrevista
nesse mesmo dia. Sabia que não devia me meter, mas decidi falar sobre a
entrevista.
- com licença – falei chamando a
atenção deles – eu ouvi você falando sobre a vaga que surgiu no vigésimo andar.
- você é?
- Mickey, Mike. Trabalho no
arquivo.
- sim, surgiu uma vaga no
vigésimo andar, mas as entrevistas serão apenas para estagiários que já
cursaram advocacia. Dizem que estar no vigésimo andar já é meio caminho andado
para ser sócio.
- na verdade acho que eles já
estão fazendo entrevistas para o cargo dela porque…
- mentira, sério? – perguntou uma
das estagiárias – como você sabe?
- eu recebi um formulário e tenho
uma entrevista para ás quatorze horas de hoje.
- onde você pegou esse
formulário?
- o Dr. Gray Collins levou pra
mim hoje.
- eu preciso me informar sobre
isso – falou um dos estagiários – já que estão entrevistando homens acho que eu
mereço a chance.
A partir desse momento eles
começaram a conversar entre si e me deixaram de lado. Eu por outro lado terminei
de comer, paguei e sai de lá. Eu já me sentia preparado para a entrevista,
decidi procurar um lugar para ler meu livro.
Fui para o estacionamento do
prédio e desci até o subsolo e me sentei lá. Era tranquilo e iluminado.
Perfeito para a ocasião. Peguei meu livro e comecei a ler. Fiquei distraído
afinal tinha quase duas horas para ler. Era bem capaz de eu termina-lo.
Continuei a ler meu livro com
pausas para olhar no relógio de vez em quando. Estava ansioso. Durante uma hora
fiz esse ritual. Lia um capítulo e olhava no relógio, outro capítulo e outra
olhada no relógio.
No sexto capítulo olhei no
relógio e com uma sensação de ser observado eu olhei para frente. Havia ao
longe um homem de terno parado olhando para mim. estava longe e eu não pude
realmente ver quem era. Só sei que ele estava fumando porque via a fumaça sair
de sua boca e o cigarro entre seus dedos.
Eu o encarei por um bom tempo
tentando ver quem é e como ele me encarava também não me senti mal por encarar
também. Ele só parou de encarar quando jogou cigarro no chão pisou em cima e
seguiu para o lado direito voltando para o prédio.
Voltei a ler o livro até que
dessa a hora da entrevista e faltando quinze minutos decidi ir para o vigésimo
andar.
Ao chegar lá vi a recepção vazia
e o andar estava todo vazio também. Pensei que eu teria concorrentes. Não
esperava muita gente no primeiro dia, mas pensei que teria pelo menos mais três
ou quatro.
Me sentei na cadeira de fora da
sala com a porta maior que é a sala do Dr. White. O advogado que é dono da
empresa. Fiquei lá sentado por mais ou menos vinte minutos.
Olhei meu formulário novamente
para conferir a hora e estava realmente na hora da entrevista. Dois segundos
depois de conferir a porta da sala do Dr. White abriu a portas.
- pode entrar – falou ele.
Me levantei e entrei na sala e o
Dr. White estava se sentando em sua cadeira. Quando ele olhou pra mim eu
percebi que ele era o homem que me encarava a pouco no estacionamento.
- boa tarde – falei apertando a
mão dele.
- sente-se por favor Dr. Fabray.
Assim que me sentei percebi que
ele estava com uma ficha minha. Ele estava lendo.
- gostaria de agradecer a
oportunidade Dr. White.
- pode me chamar de Adam se
quiser.
- sim senhor.
- Sr. Fabray eu estive lendo sua
ficha e percebi que você se encaixa no perfil da pessoa que estamos procurando
para o cargo.
- eu não vou precisar fazer
entrevista?
- não. Na verdade eu só queria
conversar com você e saber se você quer a promoção. Você terá mais que o dobro
do que ganha agora, trabalhará menos e terá mais benefícios.
- espera, com todo o respeito,
isso tudo é muito tentador, mas eu pensei que haveria concorrentes. O senhor
está me dizendo que simplesmente me viu perambulando por ai e pensou “ele seria
perfeito paras o cargo” ?
- Sim. Eu sou o dono. Não preciso
de entrevista. Eu promovo quem eu quiser. É claro que meus sócios deram opinião
e todos concordam que você é o garoto perfeito. Você aceita ou não?
- eu seria estúpido se não
aceitasse.
- concordo – falou ele se
levantando. Eu fiz o mesmo – seja bem vindo ao time – falou ele apertando minha
mão.
É estranho, mas foi assim que
consegui meu cargo como assistente de Adam. É claro que eu nunca imaginei que dois
anos depois eu me apaixonaria por ele.
Eu gosto de pensar que o motivo
dele ter me contratado foi que no fundo ele já tinha se apaixonado por mim, ele
estava já caidinho por mim anos antes de eu começar a me apaixonar por ele.
Você não imagina todas as coisas
que já ouvi quando me casei com Adam. Na época todo mundo vinha até mim falar
mal dele e dizer que ele estava me triando. O que eu posso fazer se é verdade?
Ele é o amor da minha vida e foi ele quem eu escolhi para ser o homem da minha
vida. Independente disso eu o amava e sei que mesmo ele ter me traído algumas
vezes, ele voltava pra casa e só conseguia dormir comigo ao lado dele.
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