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XII
Cruel Sedutor
Um grande e importante dia estava chegando: o jantar na casa de Paul. Estava ansioso e com tantas mudanças acabei pensando nas três semanas antes do ataque ao nosso prédio. Pensava em tudo o que aconteceu nas três semanas que trabalhei na delegacia. Tudo o que aconteceu desde que aceitei aquele emprego que me levou até aquele momento.
SEMANAS ANTES DO ATAQUE AO PRÉDIO
s dias passaram rápido desde que tinha conseguido o
emprego. Uma vez que estava na delegacia às horas voavam. Realmente era um
serviço bem puxado, mas eu não me importava. Isso fazia com que o tempo
passasse rápido e eu não ficasse apenas sentado com cara de tédio. Tinha sempre
algo para fazer. Na primeira semana não fiz serviços fora da delegacia. Subia e
descia bastante às escadas levando e trazendo papeis, fichas de prisioneiros e caixas
e caixas de evidências que sempre precisavam ser protocoladas na saída e na
devolução. Era um trabalho bem burocrático. Durante a tarde eu sempre lanchava
na lanchonete que havia ao lado. Algumas vezes com Quinn e outras vezes cm os
policias. Blacke, Vince, Judy e outros que acabei me tornando próximo.
Na segunda semana eu acabei
presenciando a prisão de dois homens suspeitos e bater em um mendigo. Quando
chegaram a delegacia um deles tentou bater no outro e Blacke e Judy tiveram que
imobiliza-lo antes que se tornasse um perigo maior. Aquele advogado Joseph Baez
que tinha encontrado nas escadas na minha primeira semana estava sempre por lá.
Pelo o que fiquei sabendo ele era um advogado iniciante. Estava ainda em seu
primeiro ano de atuação e estava pegando poucos casos e pelo o que fiquei
sabendo perdia a maioria deles.
Na parte da tarde por volta
quatro da tarde até ás seis eu fiquei encarregado de dar uma ajuda na academia.
Pegando água, toalhas, limpar os equipamentos depois de usados, lavar os
banheiros e ajudar todos os policiais que estavam se exercitando no que eles
precisassem. Quando eles estavam jogando basquete do lado de fora da delegacia
em um campo que havia logo atrás eu contava os pontos. Eles me chamavam jogar
ás vezes, mas eu recusava. Nunca tinha praticado esportes e não queria passar
vergonha.
Às vezes pessoas importantes
apareciam para encontrar com o delegado Hugo Thornton como o assistente do
prefeito, o desembargador, o secretário da segurança e certa vez eu pude jurar
que vi o prefeito da cidade de Orlando. Eles passavam horas e horas em reunião.
Os policiais que conhecia ficavam mais em serviço nas ruas e apenas os
investigadores e alguns policiais novos ficavam fazendo o trabalho burocrático.
Isso significa que Clyde, Blacke e Judy passavam a maior parte do dia longe.
Tinha mais contato com Vince, o detetive Cory e um outro detetive chamado Randy
Anderson.
Quinn e eu acabamos enquanto em
um acordo. Eu almoçaria com os policiais que insistiam em ter minha companhia e
o lanche da tarde passaria com ela e assim nós fazíamos todos os dias. No fim
da segunda semana –na sexta feira – Teve até um dia em que Mya saiu mais cedo
do curso e foi para lá para podermos lanchar juntos. Tinha trinta minutos para
lanchar. Das três da tarde até as três e meia. Quando ela chegou Quinn e eu já
estávamos sentados Cada um com um lanche. Quinn escolheu bagels e café. Eu por
outro lado me tornei um grande fã da salda de frutas.
- vocês não me esperaram? –
perguntou Mya puxando uma cadeira e se sentando. Ela jogou a mochila na outra
cadeira.
- você demorou demais.
- me desculpa, mas o meu Uber não
me encontrou – falou Mya.
- nós já pedimos pra você – falou
Quinn.
- mas vocês nem sabem o que eu
quero.
- nós pedimos panquecas com
grutas e caramelo – falei Quinn.
- Okay, vocês sabem – falou Mya
rindo. Quinn e eu também demos boas risadas.
Quando as panquecas de Mya
chegaram ela começou a comer de um jeito que só ela sabia.
- eu n~~ao sei como você consegue
comer tantas panquecas – falei rindo.
- quer um pedaço? – perguntou
Mya.
- não. Estou bem com minha salada
de frutas.
Quando eu disse isso alguém
buzinou. Nós três olhamos e vimos uma viatura. Era Clyde e Judy. Eles acenaram
e eu fiz o mesmo.
- quem são aqueles? – perguntou
Quinn.
- Judy e Clyde. São parceiros –
falei pegando uma colherada da minha salada de frutas com leite condensado.
- por falar em parceiros… - falou
Mya com um sorriso – ela puxou uma correntinha do pescoço – olha só o que o
Rudolph me deu.
- nossa! é lindo – falou Quinn
olhando bem de perto – parece ser ouro.
- é sim. Dezoito quilates! –
falou ela guardando a correntinha.
- esse cara gosta mesmo de você –
falei lambendo os lábios.
- e eu gosto muito dele – falou
ela com um sorriso.
- porque ele te deu essa
correntinha? Alguma ocasião especial? – estava curioso pela resposta.
- digamos que a ocasião foi
semana passada – falou Mya colocando a mão na boca.
- mentira! – falou Quinn.
- o que foi? – perguntei confuso.
- ela finalmente fez! – falou
Quinn.
- fez o que? – perguntei confuso.
- doeu tanto, mas ele foi tão
carinhoso e experiente – falou Mya respirando fundo e voltando a atacar as
panquecas.
- gente eu estou perdido. Do que
vocês estão falando?
- de anal – falou Quinn – pra
vocês gays é algo normal, mas para nós damas isso é algo que não está no
script.
- sério? Você fez? – perguntei
ainda mais curioso – como foi?
- dolorido no começo. Ele é bem
dotado. No começo achei que não aguentaria, mas ele foi muito carinhoso, me
abraçou, deu uns beijinhos e quando percebi ele estava dentro.
- eu não sei como você teve
coragem – falou Quinn – eu nunca faria isso. Quinn tomou seu café.
- eu também achei que nunca
faria, mas eu amo tanto ele e decidi me entregar a ele por completo – Mya quase
que cantou aquelas palavras. O amor dela por seu professor era real.
- eu não sei se um dia vou amar
tanto alguém – falou Quinn rindo.
Eu forcei um sorriso pensando
naquilo. Aquilo era tão novo para mim. Já tinha pesquisado na internet antes.
Pessoas relatando suas experiências, mas essa era a primeira vez que alguém
próximo falava sobre aquilo. Sobre a dor, o prazer e a totalmente submissão e
afirmação da paixão. Eu não vou mentir. Tinha muita vontade de fazer. O que me
faltava era auto confiança.
- boa tarde garotas! – falou
Clyde aparecendo ao lado de Vince – e Stan! – falou ele completando.
- boa tarde – falou Quinn.
- olá – falou Mya.
- do que vocês estão falando? –
perguntou Clyde.
- vocês querem mesmo saber? –
perguntou Mya.
- não. Eles não querem – falei
sem graça torcendo para que aquele assunto não se estendesse.
- por quê? Do que vocês estão
falando?
- sobre o tempo! – falei um pouco
mais alto do que gostaria quase que assustando todo mundo. Eu fiz isso cortando
Mya antes que ela abrisse a boca.
- seja o que for Stan com certeza
não quer nos dizer.
- é papo de garota – falou Quinn.
- isso mesmo – falei confirmando.
- é agora que eu quero saber
mesmo – falou Clyde rindo.
- se você quiser saber de verdade
a gente te conta – falou Mya.
- não precisa, não vamos mais
incomodar vocês – falou Vince empurrando Clyde.
Clyde e Vince se sentaram a duas
mesas de distância e fizeram seu pedido. Nós continuamos a comer.
- porque você não me deixou
falar? – perguntou Mya rindo.
- tá ficando doida? Falar de sexo
anal com eles? – falei cochichando.
- qual o problema? Eles são
homens adultos e sabem que isso faz parte da vida – falou Mya insistindo.
- Deles não da minha – falei
quase que gaguejando.
- haaaaa… - falou Quinn tendo uma
epifania – agora eu entendo.
- entende o que?
- vocês não quer falar sobre isso
porque você sabe que se tocarem no assunto ‘anal’ eles vão te fazer muitas
perguntas.
- também – falei admitindo –
perguntas as quais eu não quero e não sei responder. Não quero falar sobre
minha vida sexual.
- você tem o emprego dos sonhos –
falou Mya – trabalhar em uma delegacia e poder estar o dia todo rodeado de
homens bonitos, usar o mesmo vestiário que eles… eu não sei se conseguiria me
segurar.
- me diz… - falou Quinn – não tem
nenhum deles que faz você subir pelas paredes?
- não.
- Stan, não minta. Por favor –
falou Quinn.
- bom… sabe aquele policial sem
tatuagens.
- o que olhos azuis? – perguntou
Mya.
- sim. Ele mesmo. O nome dele é
Clyde e eu meio que sabe… ele é muito…
- não tenha vergonha de dizer –
falou Quinn.
- ele é muito gostoso! – falei
envergonhado. Tive que segurar para não rir. Ouvir aquelas palavras me fez
corar de vergonha – no meu primeiro dia de trabalho eu estava saindo do
vestiário e eu vi ele sem roupa. Ele estava de costas sabe, estava um pouco
escuro, mas eu consegui ver o corpo dele – falei quase cochichando – ele é
gostoso demais – falei sentindo como se estivesse tirando um peso dos meus
ombros. Era como um desabafo – como eu odeio isso! – falei fechando as duas
mãos e cerrando os dentes.
- odeia? Como assim? – Quinn se
inclinou ao fazer a pergunta.
- vocês garotas tem sorte. Eu sou
gay, mas não sinto atração só por outros gays. Eu sinto atração por homens.
Hétero ou gay. Vocês veem um homem e sentem atração e pelo menos tem uma
chance. Eu por outro lado vivo em um frustrante mundo onde sinto atração por um
homem que é hétero e eu nunca vou ter uma chance com ele então sou obrigado a
viver com essa desilusão amorosa – falei respirando fundo – é uma droga sabe –
falei voltando a comer.
- e pra que você tem imaginação?
Nada te impede de usá-la – falou Mya balançando os cinco dedos. Quinn começou a
rir.
- eu não vou fazer isso – falei rindo
com vergonha. Mya era tão livre quando se tratava de sexo, eu por outro lado
não gostava de falar disso porque ficava vermelho de tanta vergonha. Minha
família nunca conversou comigo sobre sexo. Acho que por causa da minha mão eles
nunca imaginaram que eu perderia a virgindade antes de ter duas mãos ‘normais’
então tudo o que sei aprendi na escola e na internet que muitas vezes não é o
lugar mais ideal para se aprender sobre sexo. É tanta informação jogada de uma
vez que você não sabe o que é real o que é fantasia.
- vai me dizer que nunca fez
isso? – perguntou Mya.
- eu não.
- mentira Stan. Todo homem faz
isso. Eu faço isso às vezes – falou Quinn.
- eu não estou mentindo. Depois
da minha primeira cirurgia levou alguns anos para que pudesse usar a mão para
fazer coisas simples como pegar um garfo ou segurar um copo – fiz isso abrindo
e fechando a mão esquerda – Com onze anos de idade eu nem conseguia fechar a
minha mão por completo. Fiz fisioterapia por anos até que consegui usar minha
mão direito. Até para escrever às vezes eu não conseguia segurar o lápis por
muito tempo então eu ocupei meu tempo com outras coisas como cozinhar. Foi com
quase dezoito anos que eu pude usar minha mão como uso agora – falei esticando
os dedos – mesmo assim eu não consigo
fazer tarefas repetitivas por muito tempo sem alongamento porque meus dedos
doem muito.
- então quer dizer que você
nunca… - perguntou Mya.
- já… quer dizer… eu já tive
sonhos molhados.
- mas você nunca sentiu um
orgasmo? – perguntou Quinn.
- Nope. Nunca senti – falei
admitindo.
- porque você não usou a outra
mão? – perguntou Quinn curiosa.
- Mesmo na adolescência quando os
meus hormônios estavam a mil eu tentava esfriar a cabeça com outras coisas e
era mais fácil do que você pensa. Nunca fui de procurar pornografia e essas
coisas na internet. Pra dizer a verdade eu procurava mais por fotos de pessoas
com a mão como a minha do que pessoas sem roupa. A pressão de ser o melhor na
escola era tanta que não sobrava tempo pra mais nada. Além das classes eu fazia
parte da maioria dos clubes e estava sempre envolvido com aulas
extracurriculares.
- nossa – falou Mya deslumbrada –
se você fosse hétero eu cairia em você agora – ela deu um sorriso – você é um
presente sabia? Uma coisa bem rara.
- agora vocês entendem porque não
quero fazer a cirurgia na outra mão? A cirurgia em si acontece em algumas
horas, mas a recuperação leva anos e anos. Vai levar anos até que eu consiga
usar a mão normalmente.
- entendo sim – falou Quinn.
-por falar em presente – falei olhando para
Clyde e depois para Mya e Quinn – daqui a dois sábados é o aniversário do Clyde
e eu fui convidado pra festa. Não sei o 1que dar de presente pra ele.
- eu sei – falou Mya sorrindo
mordendo os lábios
- muito engraçado – falei
respirando fundo. Quinn deu risada de Mya – é sério. Eu não tenho ideia do
comprar.
- compre um vale presente! –
falou Mya
- Não acho que seja uma boa ideia
– falou Quinn – um vale presente significa ‘estava ocupado demais para pensar
em alguma coisa’
- o que você sugere?
- roupa – falou Quinn – camisa,
camisetas… você não disse que cuida da roupa suja dos policiais?
- sim.
- pois é. Você pode olhar o
tamanho da camisa e da calça. Não tem como errar. É um presente simples, mas
que ele vai poder fazer uso. Melhor do que arriscar com algo mais elaborado que
ele talvez não goste.
- boa ideia – falei voltando a
comer.
Foi estranho contar para Quinn e
Mya que além de ser virgem eu literalmente nunca tinha tido um orgasmo na vida.
Por outro lado foi bom desabafar. Isso era algo que eu não tinha contado para
ninguém. A ideia do presente que Quinn me deu e me agradou e muito. Naquele fim
de semana mesmo Mya e eu fomos ao shopping e eu fui até a loja da Zara. Agora
que sabia o tamanho que ele vestia foi fácil comprar. Comprei uma camisa na cor
azul celeste com gola e punhos na cor branco gelo e uma calça social azul
prussiano.
Por fim acabei nunca ligando para
Paul para que Mya e eu fossemos jantar no restaurante de seu marido Harry
Duncan. No momento estava focando no trabalho e Mya e eu andávamos muito atarefados.
Mya com seu curso e o trabalho e eu com o trabalho que tomava todo o meu tempo.
Quando chegava em casa mal conseguia fazer o jantar e já queria cair na cama de
sono. O fim de semana era o mais tranquilo, mas nenhum de nós tinha ânimo de
sair de casa. Mya gostava de passar a maior parte do fim de semana bebendo
Heineken. Geralmente nas noites de sábado ela saia com seu namorado e amante Rudolph.
Eu por outro lado bebia também, mas apenas Ginger Ale. Depois da ressaca que
tive depois da boate jurei a mim mesmo que nunca mais ia beber. Contentava-me
apenas com refrigerante e suco.
No começo da terceira semana Mya
não foi ao trabalho. Estava fazendo trabalhos extracurriculares do curso que
ela fazia. Na segunda de manhã ela tinha um monte de palestras para assistir e
por isso ela saiu bem mais cedo do que. Antes de ir para o ponto de ônibus
passei no mercado rápido perto de casa para poder comprar algo para comer.
Estava com fome e como Mya não estava em casa não em animei em fazer o café da
manhã.
Ao entrar fui até a padaria do
mercado e peguei cannolis e dois croissants. Peguei um suco natural de ervas
sem açúcar e fui até o caixa. Havia três pessoas na minha frente. A TV estava
ligada e o homem do tempo mostrava como estaria o clima naquela semana. EA
previsão do tempo disse que haveria chuva no fim de semana.
Quando a porta do marcado se
abriu o pequeno sino tocou. Quando olhei em direção ao porta eu o vi. Não
acreditei a primeira vista, mas quando ele deu dois passos e tirou os óculos
confirmei. Era Clyde. Ele estava com o uniforme da policia e passou pelo
primeiro corredor. Não sabia se ia até ele ou apenas fingia que não vi. De
qualquer maneira fiquei lá no caixa. Olhei para trás e vi que ele foi até o
corredor das bebidas e pegou uma coca cola na geladeira e se virou para mim.
Foi então que ele me viu. Ele deu um sorriso ao meu ver e eu sorri para ele.
- bom dia – falou ele apertando
minha mão.
- bom dia, o que está fazendo
aqui?
- Eu estava escalado para o
plantão dessa noite. Na verdade estou encerrando daqui a uma hora – falou ele
olhando para o relógio no pulso.
- verdade. Às vezes esqueço que
vocês fazem plantão a noite.
Clyde olhou para minha mão e em
seguida olhou para mim.
- comprando café da manhã?
- sim. Minha amiga saiu mais cedo
hoje e eu fiquei com preguiça de cozinha só para mim. Gosto de cozinhar para
ela porque ela come bastante.
- você cozinha? – perguntou ele
surpreso.
- sim. Dizem que minha comida é
gostosa.
- será mesmo? Você tem que nos
convidar para jantar em sua casa qualquer dia desses. Adoraria provar sua
comida.
‘eu também’ pensei mentalmente.
- quem sabe um dia desses – falei
colocando minhas mercadorias em cima da esteira.
- posso passar a minha coca
junto?
- claro.
Clyde colocou a coca junto com
minhas compras e pegou a carteira.
- pode deixar que eu pago – falei
pegando minha carteira.
- não. Eu pago – falou ele
entregando uma nota de cinquenta para a caixa – quero um maço de Marlboro sem
filtro, por favor – a caixa pegou a nota e colocou um maço de cigarros junto às
compras.
- obrigado – falei pegando minhas
coisas enquanto Clyde pegava seu troco.
- não foi nada – falou ele
guardando o maço de cigarros no bolso. Ele abriu a coca e tomou um gole – você
quer uma carona? Estou voltando para o departamento para finalizar meu plantão.
- quero sim.
Quando saímos do mercado Clyde
abriu a carteira de cigarros e colocou um na boca. Pegou o isqueiro e acendeu.
Nós entramos na viatura e eu coloquei o cinto de segurança.
- essa é a primeira vez que venho
na frente – falei brincando.
- eu me lembro bem da vez que
você veio atrás – falou ele rindo com o braço de fora assoprando a fumaça.
- parece que o jogo virou, não é
mesmo? – falei rindo. Clyde deu risada, mas tive a leve impressão de que ele
não entendeu. Resolvi deixar pra lá.
- aceita refrigerante?
- não, obrigado – falei abrindo o
meu suco de ervas – aceita meu suco de ervas sem açúcar levemente adoçado com
stevia?
- aceito – falou ele pegando a
garrafa e dando um gole.
- o que achou?
- não é ruim – falou ele limpando
os lábios. Uma gota escorreu pela barba dele até o queixo.
- e é saudável – falei franzindo
a testa – seu queixo está sujo.
Ele passou as costas da mão e lambeu
novamente os lábios.
- prefiro a coca – falou ele
rindo e tomando um gole da coca cola.
- eu também gosto de
refrigerante, mas se eu tomar todo dia vou criar um buraco no meu estômago
então opto por beber sucos como esse no meio da semana e no fim de semana bebo
todo o refrigerante que eu aguentar.
- você está certo – falou ele
parando no sinal e tomando um último gole. Ele amassou a latinha e jogou para
fora da viatura. Ela caiu dentro da lixeira.
- você é bom de mira.
- por isso ninguém me vence no basquete
– falou ele rindo e colocando o cigarro na boa uma última vez antes de apaga-lo
no cinzeiro – e então? Você foi jantar no restaurante daquele cara?
- não. Estou meio desanimado
sabe. Minha amiga Mya também não aprece muito animada pra ir então acabei nunca
ligando.
- eu adoro o Duncan’s.
- você já foi lá?
- sim, mas é impossível conseguir
uma reserva.
- se você quiser eu posso
conseguir uma reserva pra você e sua esposa.
- eu não quero incomodar – falou
ele dando partida no carro e virando a esquina.
- não será incomodo nenhum. Tenho
certeza de que Paul consegue a reserva se eu pedir. É só me dizer o dia.
- olha já que você ofereceu eu
agradeceria muito se você conseguisse uma reserva no sábado. É meu aniversário
sabe e eu estava pensando em levar a família para jantar para comemorarmos.
- sério? – fingi o melhor que
pude – e você fará quantos anos?
- quarenta. Serei um quarentão –
falou ele apertando os lábios.
- eu consigo sim – falei pensando
na festa surpresa que faríamos para ele. Talvez no sábado não fosse uma boa
ideia então eu conseguiria a reserva para outro dia e mentiria que tinha
conseguido no sábado.
- você é o cara – falou ele
apalpando minha perna rapidamente e em seguida voltando a colocar a mão no
volante.
- aceita um cannoli? – perguntei
abrindo a embalagem e pegando um – eu percebi que você gosta muito. Sempre que
comemos na lanchonete você sempre pede dois.
- eu não quero comer o seu café
da manhã. Fica de boa.
- pode pegar. Não vai atrapalhar.
Não.
- certeza?
- sim.
Ia entregar o cannoli para ele,
mas ao invés de pegar o cannoli ele abriu a boca. Ele estava com as duas mãos
no volante em alta velocidade. Aproximei minha mão de seu rosto e coloquei
metade do cannoli na boca dele. Ao fechar a boca senti suas lábios em meus
dedos. Afastei a mão rapidamente com metade do cannoli e levei até minha boca.
- ainda não inventaram nada mais
gostoso do que o cannoli – falou ele mastigando com vontade.
‘inventaram você’ – aquele
pensamento surgiu na hora. Mais uma vez minha mente me pregando peças e levando
tudo para o lado sexual. Respirei fundo e comi o restante do cannoli e
confirmei com a cabeça que ele estava certo. Sentia como se estivesse perdendo
o controle. Sempre que estava perto de Clyde eu ficava ofegante. Sentia minha
calça pressionando e quando ia ao banheiro meu pau estava melado. Tinha que
secá-lo com papel toalha. Não sei o que estava dando em mim. Estava sentindo
algo por alguém que não me corresponderia. Como se toda a experiência sexual da
adolescência estivesse florescendo em mim.
Era a primeira vez que eu
desejava tão intensamente alguém. Me sentia seduzido por aquele policial. O
pior é que ele não fazia nada para me seduzir. Ele era apenas… ele! Eu ficava
paralisado pela forma dele andar, a maneira que ele lambia os lábios depois de
provar algo, a maneira que ele sempre sorria ao me cumprimentar ou a forma como
ele contorcia a boca quando dava risada de lago.
- chegamos! – anunciou Clyde
quando viramos a esquina.
- cheguei bem cedo hoje.
- graças a minha carona – falou
ele com um sorriso virando a direita na delegacia. O segurança abriu o portão e
ele estacionou a viatura no pátio da delegacia – sempre que eu trabalhar a
noite você pode pegar carona comigo no outro dia.
- seria ótimo – falei forçando um
sorriso. Nem fodendo eu pegaria carona com ele de novo. Sai do carro e coloquei
a mochila nas costas e peguei meu lanche e sai do pátio da delegacia. Olhei
para trás e Clyde estava fumando e conversando com o segurança.
Entrei na delegacia e subi as
escadas até o quarto anda indo até a copa para poder lanchar. Era cedo. Cheguei
uma hora mais cedo do que costumava. Os policiais do plantão da noite ainda
estavam lá. Cumprimentei a todos e me sentei em um cantinho e comecei a comer.
Pouco a pouco meu corpo ia acalmando e aquela pressão que sentia dentro da
cueca ia desaparecendo. Certeza que quando fosse ao banheiro teria que me
limpar outra vez. Preciso fazer algo em relação a isso ou vou acabar perdendo a
cabeça e fazendo uma grande besteira.
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magnifico
ResponderExcluirincrível como sempre
adoro todos os seus contos.
Obrigado :) Feliz por acompanhar minhas obras a tempos. Um abração!
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