e mãos dadas nós caminhamos em direção a inclinada
colina. As árvores ficaram para trás. O som da cachoeira já não era tão alto a
medida que nos aproximávamos da enorme mansão. Todos pareciam esperançosos de
que encontraríamos sobra e água fresca além de um lugar macio e aconchegante
para podermos dormir. Teddy estava empurrando a cadeira de Will ajudando-o pois
sozinho ele nunca conseguiria. Anita e eu caminhávamos juntos. Rose, Lucy e
Misty acabaram por criarem uma amizade e as três seguiam conversando enquanto
Dorothy e seu marido Rodolfo seguiram juntos.
- acha que tem alguém morando lá?
– perguntou Anita olhando para mim quando chegamos finalmente a terra plana. Eu
estava ofegante e ela também.
- a esse ponto eu gosto de pensar
no pior. Tenho certeza de que terá um monstro ou algo assim.
Anita deu risada quando me ouviu dizer aquilo.
Nós chegamos primeiro do que todos e Ted e Will forma os últimos a chegarem.
Havia uma fonte jorrando água logo há nossa frente. A enorme mansão era
assustadora, mas de certa forma convidativa.
- vamos ficar aqui parados ou
vamos entrar? – perguntou Will ansioso.
- acho que apenas dois de nós
devemos entrar – falou Rodolfo.
- nem pensar – falei com raiva –
você e Ted estão sempre querendo ir na frente deixando nós para trás.
- isso é para te proteger – Ted
pareceu irritado ou ouvir a minha reclamação – eu não vou deixar você ou
ninguém se machucar. Rodolfo e eu vamos sempre na frente para garantir que está
tudo bem. Sempre foi assim e é como sempre será.
- não dessa vez – falou Lucy –
vamos todos juntos – Lucy olhou para mim e depois para Ted – todos juntos ou
ninguém vai.
- tudo bem – falou Rodolfo – mas
Ted e eu iremos na frente.
Nós começamos a caminhar e nos
aproximamos da mansão dando a volta na fonte.
O lugar parecia bem arrumado e a grama que cercava o jardim até a porta
de entrada parecia conservado. Alguém parecia estar vivendo lá.
Ao chegarmos na porta de entrada
Ted tentou abrir a porta, mas estava trancada. Ted olhou para mim e depois para
o restante do pessoal.
- eu vou usar a arma – falou Ted.
- larguem a arma! – falou uma voz
feminina. Parecia estar vindo de um alto falante ou algo parecido – eu já disse
para largarem a arma!
- deitem-se no chão! – falou uma
voz masculina.
Todos nós nos deitamos no chão e
Ted jogou a arma para longe e se deitou. Anita ficou próxima a mim e segurou a
minha mão. Todos nós estávamos assustados.
- eu disso todos! – falou a voz
feminina.
- eu não posso – falou Will
levantando as mãos – eu não movo minhas pernas.
Assim que Will terminou sua frase
a porta da mansão se abriu e de lá de dentro vimos dois jovens. um rapaz de
cabelos castanhos em um topete e uma garota de longos cabelos. Metade branco e
metade pretos.
- foi mais fácil do que eu pensei
– falou o rapaz se aproximando e pegando a arma que Ted havia jogado.
- podem se levantar! – falou a
garota.
- o que diabos foi isso? – perguntou
Rodolfo se levantando com raiva.
- só queríamos ter certeza de que
vocês erma como nós – falou o rapaz.
- como vocês? – perguntei me
levantando.
- sim. Humanos – falou ele com um
sorriso – o meu nome é Clint Coleman e a minha amiga com o cabelo monocromático
é Melania Wallace.
- mas vocês podem me chamar de
Melly – falou ela com um sorriso estendendo a mão para Anita e apertou a mão
dela. Ela tinha um largo sorriso e seus dentes da frente eram bem separados.
- sua arma! – falou Clint
estendendo a mão e devolvendo para Ted.
- vocês não querem ficar com ela?
– Ted pegou a arma de volta.
- não precisamos – falou ele se
virando e abrindo a porta – sejam bem vindos a ‘Fraude’ – falou ele estendendo
o braço. O saguão da mansão era lindo havia um enorme lustre. Havia uma grande
escadas que levava para o segundo andar.
Um por um nós entramos na mansão
maravilhados. Os queixos estavam caídos e as babas escorrendo. Eras um lindo
lugar. Melania fechou a porta com um grande estrondo. Ela usava um vestido
branco enquanto Clint usava um terninho preto com camiseta azul.
- quem são vocês? – perguntou
Lucy.
- nós é que devíamos perguntar
isso – falou Clint – quem são vocês?
- nós estamos vagando por essa
floresta desde hoje cedo – falou Rose – Nós acordamos em uma cabana…
- cabana? – interrompeu Melly
parecendo maravilhada – nessa cabana tinha mantimentos como comida, barracas e
outras coisas?
- sim. tinha! – falou Dorothy.
- então vocês não sabem? –
perguntou Clint.
- não sabemos do que? – perguntei
engolindo em seco.
Melania e Clint se entreolharam e
pareceram maravilhados e surpresos e ao mesmo tempo um pouco aflitos.
- acho melhor esperarmos o
Professor McKinney e Mark Bishop voltarem – falou Clint.
- McKinney? – perguntei dando um
passo a frente – você disse McKinney?
- sim – falou Clint.
- Michael McKinney?
- como você sabe o nome dele? –
perguntou Melly olhando para Clint.
- eu conversei com ele, quer
dizer… em minha cabeça.
- como assim? – perguntou
Dorothy.
- vem está ouvindo vozes? –
perguntou Lucy
- Não. Não são vozes. Ouvi uma
voz. De um homem chamado Michael – falei olhando para Ted.
- e você não me disse nada? –
perguntou ele colocando a mão em meu ombro.
- me desculpa. É que eu não
queria que pensassem que eu sou maluco – respirei fundo e olhei em volta – que
é exatamente o que vocês estão pensando agora.
- claro que não – falou Anita
tentando me acalmar – olha só onde estamos e por tudo o que passamos. Não
existe loucos em um lugar onde o normal não existe.
- você disse que esse lugar se
chama Fraude? – perguntou Rose.
- sim – falou Clint – mas quando
o Professor McKinney retornar ele explicará tudo a vocês – falou ele se virando
e indo pela cozinha junto com Melly. Eles caminharam alguns passos e olharam
para trás.
- vocês vão ficar ai ou querem
fazer uma boquinha? – perguntou Melly com um sorriso.
Nós largamos as malas lá no chão
do saguão passamos pelos sofás na sala e chegamos a cozinha. Vimos atrás de um
vidro que havia uma enorme piscina do lado de fora com visão panorâmica do alto
da colina para toda a região montanhosa. Não havia mais floresta, mas um monte
de colinas. Eu fiquei deslumbrado com aquela visão.
- você quer? – perguntou Ted se
aproximando com um sanduiche de peti ode frango.
- quero! – falei pegando da mão
dele e dando uma mordida. Ele se derreteu em minhas boca. Eu senti ela
salivando e eu dei um sorriso – me desculpa não ter te falado sobre a voz.
- não tem problema – falou Ted
passando o braço por mim.
- vocês podem ficar a vontade e
irem para os quartos – falou Melly.
- muito obrigado – falou Rodolfo.
Depois que nós comemos nós
subimos as escadas e seguimos no segundo andar por um enorme corredor. Haviam
muitos quartos. Contei dez quartos do lado esquerdo das escadas e mais cinco do
lado direito. Rodolfo e Dorothy foram para seu quarto e Dorothy saiu de lá com
cabides com roupas nas mãos.
- eles tem roupas! – falou ela –
essa é masculina e essa acho que serve pra você – falou Dorothy jogando o cabide
com roupas para mim.
- sim. há roupas em todos os
quartos – falou Clint subindo as escadas – vocês podem dar uma olhada e pegarem
o que servirem para vocês.
- acho que vou ficar nesse quarto
– falou Ted parando em frente ao terceiro quarto do lado direito.
- acho que vou ficar com o próximo – falei forçando um sorriso e
caminhando até o quarto.
Misty e Anita passaram correndo
por mim e as duas entraram no quarto onde eu iria.
- foi mal – falou Misty com um
sorriso.
Will subiu pelo elevador com a cadeira
de rodas e decidi deixa-lo com o quarto mais perto das escadas. Olhei para o
fim do corredor e vi um quarto. Eu comecei a caminhar até lá e então senti uma
mão em meu ombro.
- você pode ficar comigo se
quiser – falou Ted – quer dizer… desde que acordamos naquela cabana nós dois
temos dormido juntos. Não vejo porque não podemos fazer o mesmo aqui.
- pode ser – falei respirando
fundo seguindo Ted.
Nós entramos no quarto e eu fui
direto no guarda roupas e vi que havia roupas lá. Masculina e feminina para
adultos e para crianças. Era como se aquele lugar tivesse sido preparado para
receber pessoas. A maioria estava nova em folha.
Eu separei as roupas femininas e
Ted pegou um bocado para ele. Eu peguei um bocado para mim. As femininas eu
dividi entre Dorothy, Rose, Misty, Anita e Lucy. Elas nos deram roupas
masculinas para escolhermos. Haviam também calçados de todos os tipos e
tamanhos, sapatos, chinelas, sandálias e tênis. Ted não esperou muito para ir
ao banheiro. Enquanto eu abria um pacote de cuecas do meu tamanho vi quando Ted
arrancou sua roupa e caminhou para dentro do banheiro fechando a porta.
- Kyle? – perguntou Melania
chamando minha atenção me assustando.
- você me assuntou – falei sem
graça.
- desculpa. É que eu queria
conversar com você. Eu posso?
- claro – falei saindo do quarto
e fechando a porta – como você sabe meu nome?
- perguntei para a garota de
cabelos platinados e voz rouca – falou ela.
- Lucy.
- isso. Lucy – falou ela
segurando em minha mão me guiando até as escadas a algumas horas o Professor
McKinney desenvolveu um microfone que transmite os sons em uma frequência muito
baixa – falou ela indo pelo lado esquerdo quando chegamos ao saguão. Eu a segui
e chegamos a uma porta que levou a uma grande biblioteca. Nessa biblioteca
havia uma grande mesa com alguns aparelhos e um deles estava coberto com o um
pano. Assim que entramos ela tirou revelando um pequeno aparelho cinza com um
microfone e fones de ouvido.
- o que é isso?
- o aparelho que o professor
McKinney desenvolveu. Ele funciona como um microfone que é transmitido em uma
frequência em que apenas cachorros conseguem ouvir – falou Melly segurando em
minha mão e me levando para o lado de fora da sala – fica aqui.
- tudo bem – falei sentindo o
vento quando Melly fechou a porta da biblioteca na minha cara.
- okay – falei respirando fundo.
Esperei alguns segundos e então
ouvi algo como se fosse uma interferência elétrica e então uma respiração.
- Kyle. Você consegue me ouvir? –
era Melly perguntando.
- sim. Eu consigo. O que tem de
mais?
- abra a porta – falou Melly.
Abri a porta esperando vê-la
atrás cochichando, mas ao abrir não vi ninguém. Entrei na biblioteca e então vi
uma mão acenando do outro lado da sala.
- você é especial Kyle! – falou
Melly do outro lado da sala. De alguma forma eu conseguia ouvi-la como se
estivesse cochichando em meus ouvidos.
Melly veio com o aparelho e
voltou a coloca-lo em cima da mesa.
- como isso é possível?
- é o mundo em que vivemos –
falou ela com um sorriso – vocês acordaram a quanto tempo? – ela segurou em
minha mão e me puxou para fora da sala me levando até a cozinha. Ela me fez
sentar em um banco próximo ao balcão.
- e sete dias – falei olhando em
volta.
Melly foi até a geladeira e pegou
uma garrafa de Dr. Pepper e colocou em um copo com gelo para mim.
- obrigado – falei tomando um
gole. Desceu queimando em minha garganta – como eu senti falta disso – falei
rindo.
- essa garrafa faz parte de uma
das últimas produzidas.
- eles faliram? – perguntei
curioso.
- vocês acordaram a sete dias?
- sim. Porque isso é importante?
- eu acordei á três anos e meu
amigo Clint acordou a oito anos.
- vocês também estavam dormindo?
- sim – falou Melly.
- Melly? O que está fazendo? –
perguntou Clint chegando a cozinha.
- estou conversando com nossos
novos hospedes.
- acho que deveríamos esperar o
Professor McKinney chegar – falou Clint se sentando ao lado de Melly.
- eu não estou falando nada de
mais. Só estou perguntando a quanto tempo ele acordou.
- eu não entendi – falei tomando
outro gole – vocês está acordada a três anos e você está acordado a oito?
- sim – falou Clint.
- o que aconteceu? Porque
estávamos todos dormindo?
- eu não acho que deveríamos
contar – falou Clint.
- e não devem mesmo – falou uma
voz masculina e grossa vindo do lado esquerdo. Me levantei assustado e vi um
homem alto com uma mochila nas costas e roupas de explorador. Ao seu lado havia
um homem de cabelos castanhos e um topete. Os dois pareciam cansados, sujos e
suados.
- muito prazer meu jovem – falou
o homem alto com mochila nas costas estendendo a mão – como você se chama?
- Kyle Columbus Bouchard.
- Kyle? – perguntou o homem
assustado – O Kyle?
- sim professor – falou Melly –
ele ouvi na frequência em que só os cães deveriam ouvir. Eu fiz os testes.
- eu pensei que você fosse apenas
um delírio da minha mente – falou ele fascinado.
- quem é você?
- Michael McKinney… Mike. Lembra
de mim? Nós conversamos.
- sim. eu me lembro. Melly me
mostrou seu aparelho. Eu estou fascinado e assustado. Não sei como deveria me
sentir – falei olhando para o outro homem.
- eu sou Mark Bishop – falou o
homem apertando minha mão.
- você também é professor?
- não – falou Mark – era Piloto
de Voos comerciais antes disso tudo acontecer.
- e o que foi que aconteceu?
- eu vou explicar tudo a você –
falou o Professor.
- tem mais deles professor –
falou Clint.
Ele pareceu surpreso ao ouvir
aquilo.
- quantos?
- somos nove no total – falei para
o Professor que pareceu fascinado. Ele tirou a mochila e entregou para Mark que
caminhou para fora da cozinha onde havia piscinas.
- peça que todos vão á biblioteca
– falou o Professor Mike apontando para mim e fazendo sinal com a mão me
chamando.
Eu segui o professor e quando
entramos na biblioteca ele foi até a grande mesa e tirou de lá de cima todos os
aparelhos que ele havia inventado. Em seguida ele começou a pegar algumas
cadeiras e colocar em volta da mesa ara os convidados. Ele não pediu ajuda, mas
mesmo assim eu o fiz. Ajudei-o colocando algumas cadeiras em volta da mesa.
- porque estamos fazendo isso? –
perguntei empurrando uma das enormes cadeiras de madeira para a mesa.
- vocês vão precisar ficar
sentados quando ouvirem o que vou dizer – falou Mike colocando a última cadeira
e olhando para mim.
- é tão agrave assim?
- vocês são as primeiras pessoas
que eu vejo além de Melania, Clint e Mark – seus olhos brilharam ao dizer
aquilo.
- Melania me disse que está
acordada á três anos e que Clint está acordado a oito.
- Mark está acordado á cinco anos
– falou Mark se aproximando de mim com admiração. Ele parecia fascinado comigo.
- e você? – falei sentindo ele
tocar meu rosto e descer até meu queixo. Era como se ele estivesse me
analisando – há quanto tempo está acordado?
- há vinte e três anos – falou ele
lambendo os lábios quando a porta da biblioteca se abriu. Olhei para o lado de
vi Ted. Ele pareceu espantado por ver o professor McKinney com a mão no meu
rosto.
- quem é você? – perguntou Ted
entrando na sala sendo seguido por Rodolfo, Dorothy, Lucy, Rose e o restante do
pessoal. Todos pareciam terem tomado banho e estavam com as novas roupas. Eu era
o único que ainda estava imundo apesar do horrível passeio no rio vermelho.
- por favor, entrem e se sentem –
falou Mike se aproximando de Ted – eu sou o Professor Michael Luther McKinney. Fui
professor de história na universidade de Harvard entre os anos de 2013 até
2029. Participei por dezenas de expedições e escavações ao redor do mundo. Tenho
pós graduação em física e astro física. Falo seis idiomas diferentes e nas
horas vagas eu sou inventor.
- currículo extenso – falou Ted
apertando os lábios e vindo até mim – está bem?
- sim, estou.
Ted segurou na minha mão e me
puxou fazendo com que eu me sentasse ao lado dele. O restante do pessoal
cumprimentou o Professor Michael e todos se sentaram a mesa. Melly, Clint e
Mark foram os últimos a entrarem na sala. Mark se sentou na ponta da mesa próximo
ao professor que ficou de pé. Melly e Clint ficaram de pé próximos a porta.
- o que está acontecendo aqui? – perguntou
Lucy – o senhor sabe onde nós estamos?
- sim. eu sei – falou Michael.
- estamos mortos? – perguntou Dorothy
segurando na mão do marido.
- essa é a boa noticia – falou Michael
– vocês não estão mortos.
- e qual a má notícia? –
perguntou Misty.
- vocês estão no planeta terra.
- isso não é possível – falei sentindo
um frio na barriga – nada disso faz sentido.
- eu também me senti assim quando
acordei a vinte três anos atrás – falou Michael mudando a expressão. Como se
estivesse se lembrando de tudo. Não tinha ninguém. Acordei naquela cabana com
mais seis pessoas. No meio daquela floresta com aquelas criaturas. Eu fui o único
que sobreviveu – falou Ele olhando para nós – todos vocês sobreviveram?
- não – falou Ted – um homem
chamado Benjamin foi morto por uma daquelas coisas com corpo de homem e cara de
touro.
- ele deve ter merecido – falou Michael.
- mereceu sim – falou Rodolfo.
- eu não falo disso – falou Michael
– ele deve realmente ter merecido – falou ele olhando para o mapa do mundo que
estava logo atrás dele – No ano de dois mil e vinte e nove, no dia vinte e sete de
outubro a Coréia do Norte lançou bombas ao redor do mundo. Não eram bombas
normais. Eram bombas químicas. Ninguém sabe ao exato o que havia naquelas
bombas, mas a Coreia do Norte foi destruída logo em seguida. Eles iniciaram a
terceira guerra mundial.
- uma guerra mundial? – perguntou
Will assustado.
- sim – falou Michael – Essa
guerra durou por dezoito anos. Noventa e oito por cento da população mundial
foi morta durante os ataques da bomba ou durante a guerra. Os dois por cento
que sobraram caíram em sono profundo. Eles dormiram por anos. E com eles eu me
refiro ao nós – falou Michael. O exército dos estados unidos resolveu pegar
essas pessoas que dormiram e levaram elas para cabanas na floresta. Eles
colocaram mantimentos para que elas sobrevivessem. O que eles não sabiam
naquela época é que seja lá o que havia naquelas armas químicas ela mudou o
nosso mundo.
- em que sentindo? Ela destruiu o
planeta? – perguntou Rose curiosa.
- não. ela transformou o nosso
mundo no inferno. Literalmente. Aqui é o inferno – falou ele pegando um outro
mapa. Esse mapa era do estado de Montana – eu ainda não descobri como tudo isso
aconteceu, mas o planeta não aguentou a guerra sob sua pele. Ele revidou. Ele
evoluiu para poder sobreviver. O planeta começou a julgar quem merece ou não
viver. É por isso que eu digo que seu amigo Benjamin merecia morrer.
- na verdade ele não morreu –
falou Anita – nós tentamos mata-lo, mas por mais que nós tentássemos ele
continuava a viver.
- tudo se resume ao que a pessoa
fez em sua vida. De alguma forma enquanto nós dormíamos a floresta a nossa
volta se uniu a nós. Talvez seja a química das bombas. É como se ela conseguisse
saber pelo cheiro, pelo toque, pelo olhar e pelos sonhos tudo sobre você. Apenas
com um toque. E isso não se resume apenas á floresta. Nós também fomos mudados.
- como assim? – perguntou Lucy.
- nós – que sobrevivemos –
entramos em um estado de hibernação. Assim como os animais. Nós desenvolvemos
algumas coisas como regeneração quando nos machucamos e a imortalidade.
- isso é impossível – falou Lucy.
- não é apenas a imortalidade. Nós
não envelhecemos. Nós vamos ficar para sempre desse jeito. Quando a bomba tocou
o solo ela selou o nosso destino. Nós estamos no estado de Montana…
- como você sabe de tudo isso? –
perguntou Ted interrompendo ele.
- Quando eu cheguei a essa casa
encontrei livros, diários e vídeos que foram gravados por pessoas que acordaram
antes de nós. Eles registraram todas as suas descobertas para que as pessoas
que acordassem nos anos seguintes pudessem continuar as pesquisas e as
descobertas.
- entendi – falou Ted.
- como eu ia dizendo – falou Ted –
esse lugar é muito grande então eu decidi dividi-lo de acordo com o livro ‘A
Divina comédia’. Vocês já ouviram falar desse livro?
- sim – falou Rodolfo levantando
a mão. Rose e Lucy também levantaram – eu li esse livro.
- eu também – falou Lucy – você está
falando sobre o Inferno de Dante. Não é?
- isso – falou Michael – O
inferno no livro ‘A Divina Comédia’ é descrito como um lugar dividido em Nove
Partes. E cada uma dessas partes abriga um certo tipo de pecador de acordo com
os pecados que ele cometeu em vida. A cabana onde o governo nos colocou é o
Limbo. A floresta nos mantem dormentes se ficarmos lá. O tempo e espaço perde o
sentido. Você fica acordado uma hora por dia, depois trinta minutos e então
apenas alguns segundos. O desespero é tanto para os que decidem ficar na cabana
que no fim elas decidem se suicidar. Na cabana onde acordei haviam seis corpos.
Todos com sinais de suicídio.
- a nossa também – falei me
lembrando dos três corpos em decomposição.
- exato -falou Michael – a floresta é a ‘Violência’. Ela
abriga aqueles que praticaram a violência antes disso tudo. quem a fez não
consegue sair dela.
- Benjamin – falei engolindo em
seco. Ele provavelmente fez algo horrível antes disso tudo aqui.
- A Floresta é dividida em três
partes – falou Michael pegando um papel e dividindo-o em três – A primeira
parte da floresta que é a floresta verde e densa é a, mais difícil de sair. Ela
tem criaturas que só vão te matar se você tiver praticado a violência. Ela apresenta
o caos. Ela é a parte da floresta que mantêm as memórias falsas vivas. A
segunda parte da floresta com os musgos e os trevos representa a esperança e a
parte da floresta que está junto a mudança emocional. A procura por coisas
melhores. Nessa segunda parte as falsas memórias começam a desaparecer. Essas
falsas memórias existem para tentar de manter dentro da floresta. A terceira e
última parte da floresta é seca e cheia de pedras. As árvores secas representam
o que sobrou da humanidade. Nessa parte seca é onde a vontade de voltar para a
cabana se mostra mais forte. Especialmente para aqueles que sofreram bastante
antes da guerra.
Nesse momento olhei para Anita e
ela olhou para mim. Nós fomos os único dois que sentimos vontade de voltar
naquela parte da floresta. Eu não sei o que aconteceu conosco antes disso tudo.
- ao rio vermelho que vocês encontraram
é a Ira. Ele abriga aqueles que sentem raiva. A água é amarga para aqueles que
tem raiva e ódio em seu coração.
Anita, Will e eu fomos os únicos
que não conseguimos beber a água daquele rio. E foi só Anita e eu entrarmos que
ele se agitou e nos jogou naquela cachoeira.
- mas e a floresta com rosas
vermelhas?
- que rosas? – perguntou Professor
Michael.
- do outro lado do rio vermelho
havia Rosas com espinhos plantadas no chão.
- eu não vi isso – falou Michael –
alguém mais viu? – perguntou Michael.
- eu vi – falou Mark – quando eu
acordei e passei pela floresta com meu grupo eu vi essas flores e quando fui
atravessar o rio ele me jogou cachoeira abaixo.
- exatamente como Anita e eu –
falei olhando para Mark.
- eu vou anotar isso – falou ele
anotando em um papel sobre a informação que nós tínhamos dado.
- e as frutas? – perguntou Rodolfo
– apenas dois de nós conseguiu arrancar frutas das árvores.
- eu também consegui – falou Will.
- isso – falou Rodolfo – apenas três
de nós.
- isso tem a ver com algo que vocês
viveram antes da grande guerra – falou o professor Michael olhando em volta – só
conseguem pegar os frutos doces das árvores aqueles que comeram do fruto podre
durante a vida. A floresta sabe disso.
Will, Anita e eu passamos por
algo horrível antes disso tudo. Por isso apenas nós conseguíamos pegar as
frutas doces. Por isso nós sentimos o gosto amargo da água do rio Ira. Nós
temos raiva de algo relacionado ao sofrimento do passado.
- e o que vem depois? – perguntou
Ted – o que vem depois de Ira?
- Fraude! – falou Michael levantando
os braços – esse foi o nome que eu dei a essa casa. Essa mansão representa a falsa
segurança. Ela é bonita e tem de tudo. Ela tem um grande estoque de comida e
roupas. Eu encontrei no porão quando cheguei aqui.
- mas porque uma fraude? – perguntou
Lucy.
- nós somos imortais e por algum
motivo as pessoas que gravaram as fitas que encontrei saíram daqui ou morreram.
Essa casa pode ser nosso céu ou o nosso pesadelo. Faltam cinco partes para
descobrirmos ainda e as buscas não tem dado muito certo.
- cada grupo de pessoas acordou
em uma época diferente?
- sim – falou Mike – depende de
quão longe você estava do lugar onde a bomba foi jogada.
- e em que ano nós estamos?
- Hoje é dia trinta e um de
agosto de dois mil duzentos e oitenta e dois – falou o Professor Michael
fazendo com que meu coração parasse de bater. Engoli em seco e não acreditei. Duzentos
e sessenta e cinco anos haviam se passado desde que a Terceira Guerra Mundial
aconteceu e nós estávamos vivos. Deslizei minha mão pela mesa e segurei a mão
de Ted. Ele olhou para mim e apertou forte minha mão com os olhos cheios de lágrimas,
mas com pose firme. Ele não queria demonstrar que tudo aquilo era assustador.
Obrigado a todos pelos votos e pelos comentários. Espero que estejam curtindo 'Homem Proibido'. Um abração a todos ;) PÁGINA DE PERSONAGENS
Adorei capítulo explicou muita coisa, minha teoria quem é homem proibido é o professor Michael. Esperado ansioso pela continuação.
ResponderExcluirQuantas revelações, não?
ResponderExcluirAgora tudo o que eles já passaram está fazendo mais sentido! Mas... o que aconteceu com Will, Anita e Kyle antes de as bombas cairem?
O que cada um estava fazendo momentos antes das bombas? Aquelas memórias que tinham enquanto estavam na cabana eram reais? QUE HISTÓRIA! 😍
Amando demais esse conto! Simplesmente incrível...
Abraço.
Domingues, Lucas.