IX
Cruel Convite
A
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imagem de
Clyde trocando de roupa me fez ficar um pouco desorientado. Meu coração batia
rápido por dois motivos: o medo de ter sido pego e pelo o que eu vi. Aquela
imagem martelava na minha cabeça e por mais que quisesse esquecer não conseguia
pensar em outra coisa naquele momento. Depois de sair da delegacia atravessei a
rua e fui até a imobiliária me encontrar com Quinn. Ao entrar atravesse i o
saguão passando por alguns funcionários. A maioria corretores. Ao chegar á
recepção vi que Quinn estava sozinha ao telefone. Ela sinalizou com a mão
pedindo que eu esperasse. Quando terminou sua ligação ela sorriu para mim.
- já está indo para o almoço?
- sim. Estou. Vamos?
- hoje não vou poder. Justamente
hoje a garota que fica na recepção comigo teve que ir embora mais cedo. O
pessoal da creche ligou e parece que o filho dela está com catapora então
parece que vou ter que almoçar por aqui mesmo. Eu inclusive já até pedi comida.
- puxa vida… que droga hein?
- nem me diga – falou Quinn –
você já sabe onde vai almoçar?
- o pessoal da delegacia me disse
que tem um restaurante a uma quadra daqui.
- sim. É lá que eu almoço. É o ‘The Private Yard’. Além de o ambiente
ser ótimo a comida é maravilhosa. E se você trabalhar na imobiliária ou na
delegacia você tem quinze por cento de desconto.
- verdade?
- é só mostrar o crachá – falou
ela sorrindo.
- bom saber – falei respirando
fundo – acho que já vou então.
- prometo que amanhã nós vamos
juntos.
- vou cobrar essa promessa, viu?
- pode cobrar!
Ao chegar no restaurante percebi
o que Quinn quis dizer com ‘ótimo ambiente’. O lugar era rustico e tinha um
jardim do lado de fora e do lado de dentro. Havia plantas enfeitando o lugar
como se fosse realmente o ‘jardim de uma casa’.
- seja bem vindo ao ‘The Private
Yard’ – falou um garçom me recebendo – fique a vontade.
Peguei um prato e eu mesmo me
servi. Na hora de pesar a comida mostrei meu crachá e assim como Quinn tinha
dito eu ganhei o desconto. Optei ficar perto das janelas para poder ver o lado
de fora. Havia uma mesa de dois lugares e foi lá mesmo que eu me sentei. O
garçom perguntou se eu queria beber algo e eu pedi por um suco de laranja que
ele não demorou a trazer. Em quanto almoçava prestei atenção na TV. Mostrava
uma reportagem qualquer.
Depois de um tempo ouvi uma certa
conversa e ao olhar para trás vi Clyde, Vince, Blake, Judy e outros dois
policiais chegarem para almoçar. Ainda bem que eu estava de costa porque no
inicio percebi que nenhum deles tinha me visto. Agradeci por ter escolhido
aquele lugar. Sei que eles me tratavam bem, mas eu me sentia um pouco deslocado
perto deles. Eles eram policiais, investigadores, detetives e eu apenas um
ajudando. Não sentia quem e encaixava na ‘roda de amigos’. Fingi que nem tinha
visto eles e continuei a comer.
Depois que almocei, pedi uma
sobremesa. Decidi ficar lá até o meu horário de almoço acabar. Não tinha outro
lugar para ir a não ser voltar para a delegacia. Não conhecia aquela região e
decidi não explorar sozinho. Enquanto assistia a reportagem o meu celular
tocou. Era um número desconhecido. Senti um frio na barriga. Pensei seriamente
não atender, mas eu sempre fui uma pessoa curiosa demais.
- alô?
- Oi Stan – falou Nick. Senti um
alivio ao ouvir a voz dele.
- é você…
- sim. Sou eu. Quem mais seria?
- eu não sei é que o número é
desconhecido.
- salva o número na agenda e isso
não acontece mais.
- tudo bem.
- como você está Stan? Vi no
noticiário o que aconteceu em Orlando. Dei uma olhada no Google Maps e vi que você mora a duas quadras de onde aconteceu o
crime.
- estou bem.
- eu não acho uma boa ideia você
continuar morando lá.
- relaxa Nick. Eu vou ficar bem.
Não se preocupe comigo.
- é claro que eu me preocupo. Se
algo acontecer com você eu vou ficar me sentindo culpado.
- não seja tão dramático Nick.
você parece estar mais preocupado comigo do que nossos pais. Conversei com eles
ontem e eles pareceram felizes com a minha decisão e me desejaram sorte.
- quer saber? Tudo bem então. Eu
não ligo mais.
- não seja imaturo Nick. Tudo o
que estou dizendo é que você relaxar um pouco. Cuide um pouco da sua vida. Você
sempre fez de tudo por mim até terminar com suas namoradas que tinham nojo da
minha mão. Eu é que me sinto culpado por você não viver sua vida como deveria.
- você está certo – falou ele
respirando fundo – acho que está na hora de viver um pouco.
- exato. É isso que estou
fazendo. Eu te amo Nick. você é um ótimo irmão mais velho.
- também te amo Stan.
Assim que finalizamos a chamada
me lembrei de Krista e do celular dela. Seja lá quem foi que fez aquilo com ela
transferiu os vídeos e fotos dela para esse celular e apagou do celular que a
policia encontrou. Enfiei a mão na mochila e peguei o celular. Estava com
apenas três por cento de bateria.
Procurei por mensagens novas, mas
não tinha. Seja lá quem for Meggie ela desapareceu. As mensagens que enviei
também não tinham sido recebidas. Apenas torcia para que ela estivesse bem e
que voltasse a me enviar mensagens logo.
- com licença! – falou alguém
chegando de uma vez na mesa me assustado. Meu reflexo foi jogar o celular
dentro da mochila. Eu com certeza agi como uma pessoa que estava escondendo
algo.
- que foi? – falei olhando para o
dono da voz. Era Paul. O corretor que Quinn me apresentou mais cedo. Ele era um
homem alto de olhos azuis e cabelos castanhos. Não usava barba. Tinha cabelos
arrepiados e uma voz grave.
- te assustei? Me desculpa –
falou ele se sentando na outra cadeira que havia de frente para mim.
- não tem nada é que eu estava
distraído.
- posso me sentar? Estou te
atrapalhando?
- não. Não está. Pode se sentar –
falei apertando os lábios. Ele já estava sentado. Eu ainda tentava me recuperar
do susto.
- almoçando sozinho?
- sim.
- a Quinn não veio te fazer
companhia?
- não. Parece que a outra
recepcionista foi embora mais cedo então ela não ia tirar horário de almoço.
- entendi – falou ele respirando
fundo – e então… de onde você é?
- sou de Coala. Minha família
mora lá.
- está aqui á quanto tempo?
- quase três meses.
- porque veio para Orlando?
- sei lá… - falei me lembrando da
minha vida em Coala – eu queria ter uma aventura. Algo diferente sabe. Minha
irmã também mora aqui e ela parece gostar muito então pensei: ‘porque não?’.
Foi mais ou menos assim.
- também sai de casa jovem para
poder descobrir o mundo então eu entendo o que você quer dizer – Paul se
ajeitou na cadeira e lambeu os lábios.
- e você vive aqui sozinho? Tem
família?
- Sou casado. Me casei
recentemente na verdade – falou ele mostrando a aliança no dedo.
- meus parabéns – apertei os
lábios – qual o nome dela?
- dele, na verdade – falou Paul.
- haaa… Okay – como não tinha
percebido que ele era gay? Devo ter o pior ‘gaydar’
do mundo – qual o nome ‘dele’?
- Harry Duncan. Ele tem um
restaurante no centro.
- você está falando do Duncan’s?
Ele é o ‘Duncan, Duncan’?
- Sim – ele deu risada – ele é o
‘Duncan Duncan’ – ele passu a mão na boca coçando o rosto – você conhece o
restaurante?
- nunca fui, mas já ouvi falar
com certeza.
- pois é. Aquele restaurante é
dele.
- legal – falei rindo – sabe essa
é a primeira vez que conheço… alguém como eu…
- você é gay?
- sim. Eu sou.
- legal. Quem sabe talvez você e
seu namorado não possam virem jantar um dia. Será por nossa conta.
- seria legal, mas eu não tenho
namorado.
- sério? Não conheceu ninguém
ainda?
- na verdade estou focando minhas
energias no trabalho sabe.
- entendo – Paul olhou em volta e
não disse mais nada. Um silêncio permeou o pequeno ambiente que era minha mesa.
- bem… acho que já vou indo – falei
quebrando o gelo. Me levantei e Paul se levantou e caminhou ao meu lado. A uns
duzentos metros de distância estavam os policiais sentados almoçando. Não sei
se eles me viram, mas eu fingi que nem os vi e fui direto ao caixa. Paul já não
estava mais comigo. Depois de pagar pela refeição e caminhar direto pra saída
ouvi alguém me chamando. Reconheci a voz de Judy. Olhei para ela e forcei um
sorriso caminhando até a mesa.
- sente aqui com a gente! – falou
ela.
- na verdade eu estava indo
embora. Eu já almocei.
- porque você não me esperou? – perguntou
Clyde tomando um gole do que pareceu ser suco de maracujá – achei que você ia
me esperar lá de fora Por isso não disse nada quando te vi saindo.
- eu não sabia que você viria se
não tinha te esperado.
- agora você já sabe – falou
Vince – é aqui que almoçamos todo dia.
- beleza! Prometo que da próxima
vez espero vocês.
- combinado – falou Judy.
Me afastei daquela mesa o mais
rápido que pude. Quando olhei pra cara do Clyde tudo o que vi foi sua bunda.
Não sei o que estava acontecendo comigo. Ao sair do restaurante alguém pulou na
minha frente. Eu parei e dei um passo para trás. Era Paul.
- te assustei de novo? – falou
ele com um meio sorriso.
- assustou sim – falei engolindo
em saco.
- desculpa é que achei que
poderíamos voltar juntos já que trabalhamos um de frente para o outro.
- tudo bem – falei caminhando ao
lado dele – não sei o que deu em mim. Ando muito distraído me assustando com
tudo.
- Imagino que seja por causa das
coisas que veem acontecendo. Você viu a morte daquela garota ontem?
- Vi sim. Eu moro a duas quadras
de onde aconteceu?
- espera – Paul parou bruscamente
também me fazendo parar – você mora a duas quadras de onde uma garota foi
literalmente arrastava pelo pescoço no meio da rua e você não quis pegar o meu
cartão? – ele começou a rir – você precisa urgentemente mudar seu CEP – Paul
disse isso pegando o cartão do seu bolso e estendendo a mão para mim. Dessa vez
eu peguei. O cartão continha seu nome, telefone, número da licença de corretor
e o endereço da imobiliária Blackstone.
- sei que parece ruim, mas lá é
um lugar bom de se morar. Hoje em dia é perigoso em qualquer lugar e é como
dizem “Uma casa não é um lar e…”
- “… uma casa não é um lar” –
Paul completou minha frase.
- isso mesmo – falei sorrindo
para Paul – então você entende que eu não vou te ligar? Certo? Porque eu gosto
de onde moro e com certeza não tenho dinheiro para comprar um imóvel e nem para
alugar. Lugares menos violentos significam lugares com aluguel mais caro.
- tudo bem, você venceu – falou
Paul levantando um pouco as duas mãos se dando por vencido – mas me ligue. Nós
podemos marcar aquele jantar.
- ligo sim – falei parando em
frente à delegacia.
- me dê seu número – Paul pegou o
celular e anotou meu número e salvou o contato.
- eu vou avisar Mya. Talvez ela
possa ir comigo.
- perfeito. É só me ligar e eu
consigo uma reserva pra vocês – falou Paul com um meio sorriso. Pelo canto dos
olhos vi que os policiais estavam voltado do restaurante. Todos eles passaram
por nós e entraram. Logo mais atrás vi Clyde, Blake, Judy e outra mulher que usava
uma roupa um pouco formal.
- combinado.
- até mais – falou Paul
atravessando a rua.
- você esqueceu sua mochila no
restaurante – falou Judy me entregando.
- que cabeça a minha – falei
pegando a mochila e colocando nas costas.
- Stan essa daqui é Lola Henderson.
Ela trabalha no TI.
- prazer Lola – falei apertando a
mão dela.
- seja bem vindo – falou ela com
um sorriso.
- quem era aquele cara? –
perguntou Blake.
- é um corretor de imóveis. Ele
trabalha nessa imobiliária aqui em frente.
- o que vocês conversavam? –
perguntou Judy com aquela expressão de adolescente – eu tive a impressão de que
vocês estavam trocando número de telefone – falou ela rindo.
- pelo amor de deus Judy – falou
Clyde rindo, mas repreendendo-a – aquele cara tem idade pra ser pai dele.
- na verdade… - falei pegando o
cartão dele – era exatamente isso que nós fizemos. Trocamos números de
telefone. Clyde pareceu surpreso.
- é sério? – perguntou Blacke.
- sim, mas ele é casado. O marido
dele é o dono do restaurante Duncan’s e ele disse que se eu precisar de uma
reserva era só ligar para ele.
- uma pena – falou Lola – ele é
gato.
- também acho – falei respirando
fundo – mas fazer um amigo é sempre bom.
- não se preocupa você é jovem.
Ainda vai passar por muita coisa – falou Blacke.
- será? – falei mostrando a mão.
- posso te dar um pouco de amor
bruto? – perguntou Blacke.
- pode.
- Eu vejo que você usa muito a
mão como desculpa pra muita coisa e você pode acabar se jogando nos braços do
primeiro que passar só porque tem medo de que não haja mais opções. Você
precisa se valorizar. Se o cara não der o que você precisa dê um pé na bunda
dele e siga a diante. Ele não é o único que vai te chamar pra sair. Vão ter
outros.
- Blacke está certo – falou Lola
concordando com a cabeça – todo mundo tem algo de diferente. A diferença é que
o seu é mais aparente do que o das outras pessoas. Você não pode usar isso como
obstáculo.
- tudo bem, eu vou tentar – falei
respirando fundo. Tinha sido duro ouvir aquilo, mas era duro porque era a
verdade.
Nós voltamos para o trabalho e ao
chegar no segundo andar coloquei o meu polegar batendo meu ponto. Fui até minha
mesa e vi que tinha vários papéis em uma pasta marela.
- Stan! – gritou o detetive Cory
da sala dele.
- pois não? – falei entrando.
- fui eu quem deixei aqueles
arquivos pra você digitalizar. Depois você tira dez cópias de cada pra mim? –
falou ele me entregando um grosso portfólio.
- sim senhor – falei me virando.
- Stanley! Só um minuto – falou o
detetive se levantando e fechando a porta – eu queria te dizer uma coisa –
falou quase que cochichando – daqui á três semanas nós vamos fazer uma pequena
surpresa para o aniversário do Clyde. Você está convidado.
- tudo bem. Eu vou sim.
- será daqui a três sábado. Nós
vamos surpreendê-lo na casa dele. A esposa também está metida nisso.
- tudo bem. Eu vou participar
sim.
- ótimo. Será um almoço. Todos
combinamos de levar algo para ajudar no almoço e Blacke ficou de levar o bolo.
A esposa dele tem uma confeitaria.
- combinado.
- ótimo – falou ele abrindo a
porta – quando você tirar as cópias traga pra mim – falou ele gritando na porta
da sala disfarçando.
- sim senhor.
Sentei a minha mesa e comecei a
digitalizar os documentos que ele tinha deixado lá. Enquanto era digitalizado
olhar para frente e Clyde sentado logo a minha frente. Ele parecia ocupado com
alguma coisa. Fiquei imaginando o que daria a ele de presente de aniversário.
Não precisava me preocupar com isso agora afinal faltavam três semanas. Em cima
da mesa dele vi que haviam alguns porta retratos. Dele e sua filha, dele, sua
filha e sua esposa. Uma mulher loira e muito elegante. Em uma outra foto estava
Clyde segurando um bebê recém nascido.
- Stan! – falou Clyde se
levantando de sua cadeira rapidamente e se virando para mim. Dei um pulo na
cadeira com o susto e voltei a prestar atenção no meu trabalho.
- está assustado? – falou ele
vindo até mim.
- não é nada – falei respirando
fundo – só distraído.
- foi mal – falou ele me
entregando um papel – quando você terminar o que estiver fazendo leve esse
papel até o RH, por favor?
- levo sim senhor.
- obrigado – falou ele com um
meio sorriso – vou sair com a Judy para trabalho de campo e só voltamos ás
sete.
- tudo bem. Tomem cuidado.
- vamos tomar sim – falou ele
ajeitando o coldre – até amanhã.
- até – falei forçando um
sorriso.
Clyde se virou e começou a andar.
Mais uma vez tive aquela visão de mais cedo só que agora ele estava vestido com
aquele uniforme de policial. Seus fortes braços rígidos enquanto ele caminhava
até o elevador. A forma com que ele parou e colocou as mãos na cintura
esperando o elevador. Ele estava meio de lado e vi quando os pelos da sua barba
se arrepiaram enquanto ele passava a língua nos lábios. Ele sorriu para alguém
que passou próximo a ele e disse algo. O que era com certeza mais bonito era a
forma carismática que ele sorria. Ele não tinha medo de mostrar os dentes e
tinha aquele jeito marrento.
Quando ele entrou no elevador ele
olhou para mim. Ele piscou um dos olhos azuis acinzentados e ele acenou com um
meio sorriso. Eu fiz o mesmo, mas pressionando os lábios. Estava muito sem
graça. Quando a porta do elevador se fechou eu voltei a respirar. Era como se
as mãos de Clyde estivessem envoltas em meu pescoço e enquanto ele não saia do
meu campo de visão eu não conseguia respirar. Era estranho como ele estava
começando a afetar a forma que eu olhava para ele. Não sei se era aquele jeito
brincalhão ou a forma como ele era autoritário quando falava sério. Não sei se
era a forma que ele passava a língua nos lábios toda vez que estava pensativo
ou como seu formo ficava bem desenhado dentro daquele uniforme de policial. os
momentos em que ele era sério e autoritário. Me ajeitei na cadeira e limpei a
garganta tentando acalmar o meu coração. Meu pau estava duro dentro da calça.
- Stanley o pessoal do RH ligou.
Disseram para você ir lá assinar alguns papéis – falou o detetive me fazendo
sair do meu tranze.
- tudo bem – falei me levantando
um pouco desajeitado tentando esconder a ereção.
- fica no terceiro andar?
- isso – falou ele – vai lá e
depois você termina o que está fazendo.
Peguei o papel que Clyde tinha me
entregue e fui até o terceiro andar. Não quis esperar o elevador então fui de
escada mesmo. Enquanto subias as escadas vi que um homem de óculos escuros
estava descendo. Olhei para ele e ele forçou um sorriso. Depois que passamos um
pelo o outro o homem chamou minha atenção.
- com licença… - falou ele
apontando para mim. Ele estava a quadro degraus abaixo de mim.
- Stanley Anthony.
- Stanley – falou ele sorrindo –
Sou Joseph Baez. Advogado – falou ele apertando minha mão.
- no que posso te ajudar?
- você sabe se o detetive Cory
DeLarosa está na sala dele?
- está sim.
- ele está com alguém?
- quando sai não tinha ninguém.
- tudo bem, obrigado – falou o
advogado se virando e desaparecendo por onde eu vim.
Continuei a subir as escadas e
fui até o RH. Entreguei o papel de Clyde e em seguida eles me deram um monte de
papéis para assinar. Era a papelada da contratação. Deixei alguns dados,
assinei vários papéis e o que mais gostei de assinar foi o que falava qual
seria meu salário. Duas vezes mais do que eu ganhava na lanchonete. Ser preso
foi com certeza uma das melhores coisas que me aconteceu.
No fim de expediente eu estava
bem cansado. Muito mais cansado mentalmente do que fisicamente. Quando cheguei
em casa Mya já tinha chegado e estava no banheiro. Minha vida tinha tomado um
rumo mais calmo e a última coisa que queria era me envolver com algo que
abalasse o meu mundo. Aproveitei que Mya estava no banheiro e joguei minha
mochila na cama. Peguei o celular de Krista e vi que estava descarregado. Fui até
o criado mudo ao lado da minha cama e abri a segunda gaveta. Havia um monte de
tralhas minhas. Coloquei o celular no fundo da gaveta debaixo daquilo tudo. Não
quero saber quem era Meggie. Não tinha importância para mim.
Antes de sair do trabalho entrei
no sistema da policia e digitei o nome Meggie e vários nomes apareceram. Alguns
em Orlando só que todas as Meggie desaparecidas haviam sumido a mais de um ano.
No fim de tudo cheguei à conclusão de que provavelmente alguém estava pregando
uma peça em mim. Não passava de uma brincadeira de mau gosto.
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