A
|
VI
Cruel Encontro de Irmãos
caminho da
casa de Casey sentia o vento por entre meus cabelos e a luz do sol brilhando
forte em minha pele. Meu irmão tem um Lexus conversível na cor cinza e era nele
que nós estávamos indo para a casa de nossa irmã. Nós passamos em frente ao
parque da Disney da Universal Estúdio antes de chegarmos ao bairro de Casey.
Haviam vários prédios residenciais. Uma praça do lado direito continha muitas
pessoas. Muitas delas passeando com seus animais de estimação, outros fazendo
caminhadas e outros apenas começando algodão doce aproveitando a bela tarde.
- por favor, Nick não implica com
a Casey – falei olhando para ele que estava de óculos escuros.
- não se faça de bobo. Vocês todos
pegam muito no pé da Casey – falei franzindo a testa enquanto o vento forte me
atrapalhava a olhar para meu irmão.
- se ela não desse motivo ninguém
implicava com ela. Ela que tomou decisões burras na adolescência. Foi ela que
engravidou de um cara qualquer.
- estamos no século vinte e um
Nick. Você é médico. Pensei que tivesse a mente um pouco mais aberta.
- me perdoa se eu sou um cara
tradicional.
- então você não acha que eu devo
me casar? Afinal o casamento tradicional é entre um homem e uma mulher.
- não foi isso que eu quis dizer.
- foi exatamente o que você
disse. Você e meu pai tratam a Casey com indiferença desde que ela “se rebelou”
– fiz aspas com os dedos.
- não vamos discutir sobre isso.
- tudo bem. Tudo o que peço é que
a trate bem afinal além de ela ser sua irmã nós estaremos na casa dela.
- tudo bem – meu irmão disse
aquilo à contra gosto. Ele era como meu pai. Não concordava com o estilo de
vida de Casey e sempre que a família se reunia acaba em briga.
Nós chegamos a alguns prédios que
formavam um quadrado. Os enormes prédios pintados de bege eram enormes e no
meio um enorme estacionamento.
- tem certeza de que é aqui? –
perguntou meu irmão estacionando o quarto?
- sim. Ela me enviou por Whatsapp
a localização. É aqui mesmo.
- então vamos – nós saímos do
carro e meu irmão ativou o alarme do carro – qual o apartamento? – perguntou
ele ainda de óculos escuros parecendo apreensivo.
- vinte e três – falei apontando
para o lado direito.
Nós subimos as escadas e passamos
pelo corredor. As portas do apartamento eram brancas com números em dourado. A
da porta de Casey faltava o número três e apenas a silhueta dele estava lá.
Toquei a campainha e alguns segundos depois ouvimos uma criança gritando. Ouvi
passos e a porta se abriu. Era Casey. Caylee estava de pé próximo a ela com um
brinquedo na mão.
Casey arrumou seus cabelos pretos
para atrás da orelha e forçou um sorriso para Nick.
- olá – falou ela – vamos
entrando.
- oi – falou meu irmão estendendo
a mão para Casey que apertou.
- tio Nick! – falou Caylee com um
largo sorriso no rosto.
- isso mesmo. Tio Nick – falou
meu irmão pegando-a no braço. Ela deu gargalhada.
- é bom te ver de novo – falei
abraçando Casey que me abraçou bem forte.
- desculpem a bagunça – falou ela
pegando alguns brinquedos de Caylee. O apartamento estava bagunçado. Normal
para um lugar com uma criança de três anos. Apesar disso o apartamento estava
limpo.
Caylee apertava a boca do meu
irmão que fazia sons engraçados fazendo-a rir. Aproximei-me e dei um beijo no
rosto de Caylee e acariciei sua bochecha.
- estava com saudades de você
Caylee.
- Stan! Stan! – falou apontando
para mim.
- isso mesmo – falou Casey – é o
tio Stan!
- como vocês estão? – perguntou
Nick enquanto eu pegava Caylee nos meus braços.
- estamos bem – falou Casey de
frente para o sofá tentando ser amigável com Nick. Tinha esquecido meu celular
e minha carteira em casa quando sai então usei o celular do meu irmão para
avisar Casey que estaríamos indo visita-la. Quando mandei a mensagem ela não
ficou muito contente, mas eu a convenci de que essa era a chance da família
voltar a ser o que era. Sem brigas e sem desavenças.
- que bom – falou meu irmão se
sentando no sofá – você ainda trabalha no parque da Universal?
- sim. Na administração.
- e Caylee? Quando você está
trabalhando ela fica em uma creche?
- não. Eu não gosto de creches –
falou Casey terminando de guardar os brinquedos – eu pago uma babá. Acho que
mais seguro.
- e essa mulher é confiável? –
perguntei ainda de pé com Caylee nos braços.
- sim. Totalmente. A senhora Espinosa
é experiente. Tem um currículo impressionante. Ela é inofensiva e a Caylee a
adora.
- Helen! – falou Caylee batendo
palmas.
- viu só? – falou Casey com as
mãos na cintura – ela adora a Helen não é minha filha?
Caylee cerrou os lábios e colocou
as duas mãos no rosto confirmando com a cabeça.
- nossa eu sou uma péssima
anfitriã – falou Caylee coçando a cabeça olhando para todos os lados – vocês
querem alguma coisa? Água, refrigerante?
- só uma água – falou Nick.
Caylee começou a se contorcer nos
meus braços por causa de um cachorro de pelúcia que estava no sofá e eu a
coloquei no chão. Ela correu e pegou o cachorro e se abaixou e começou a latir
como um cachorro.
Casey trouxe uma jarra com água
bem gelada e dois copos de vidro. Ela nos serviu e em seguida se sentou em uma
poltrona paralela ao sofá que Nick e eu estávamos.
- e então… como você descobriu
que o Stan estava aqui em Orlando?
- por você que não foi – falou
Nick.
- Nick não começa – falei
repreendendo. Odiava quando ela começava a ser hostil.
- tudo bem – falou Nick terminado
de beber sua água. Com isso ele engoliu cada palavra que ele pretendia dizer.
- não. Ele está certo. Eu devia
ter ligado no momento em que te encontrei na boate Pulse.
- a culpa não é sua Casey –
coloquei meu copo em cima da mesa de centro ao lado da jarra – fui eu quem
pediu para você não ligar.
- o importante é que todos estão
bem – falou Nick se inclinando para frente apoiando os cotovelos na parte
respirando fundo – acho que precisamos ir – falou Nick olhando para o relógio
em seu braço.
- mas já? – perguntou Casey – não
querem ficar para o jantar?
- não podemos – falou Nick se
levantando – tenho que deixar Stan em casa e tenho que voltar para Coala ainda
hoje.
- talvez em outra oportunidade –
falei também me levantando.
- obrigada por terem vindo –
falou Casey me abraçando. Em seguida ela estendeu a mão para Nick que deixou o
ego de lado e deu um abraço em Casey – te amo viu irmã.
- também te amo Nick – falou ela
com um largo sorriso no rosto. Aquilo tinha significado muito para ela. Eu
sorri para Nick. Feliz por vê-lo ser o irmão mais velho que ele deveria ser
para nós dois.
Casey pegou Caylee nos braços e
nos acompanhou até o estacionamento. Ela colocou Caylee no chão que começou a
correr atrás de uma borboleta.
- vocês podem vir sempre que
quiser.
- nós vamos vir – falei do lado
de fora do carro. Meu irmão deu a volta e entrou no carro.
- se você precisar de qualquer
coisa é só me ligar – falou Nick colocando os óculos escuros.
- obrigada – falou Casey segurando
na mão de Caylee quando ela passou correndo por ela.
Entrei no carro e nós partimos.
Casey e Caylee davam tchau com a mão e eu fiz o mesmo olhando para trás. A
medida que nós nos afastávamos senti um frio na barriga. Respirei fundo e
voltei a olhar para frente e coloquei o cinto de segurança e coloquei o braço
apoiando para o lado de fora do carro.
- Caylee está bem enérgica –
falei olhando para Nick.
- concordo – falou Nick olhando
para frente.
- obrigado por ter agido daquela
forma. Significa muito para Casey e para mim.
- você está certo. Está na hora
de crescer e deixar isso para trás. Afinal somos todos irmãos.
Eu estava com muita fome. Fiquei
tão nervoso com tudo que aconteceu que a fome não veio até estarmos na metade
do caminho de chegar em casa. O relógio marcava quase cinco da tarde o sol
começava a dar sinais de que seria engolido pelo horizonte. Dos males o menor.
Pelo menos o enjoo da ressaca tinha passado um pouco. Nem me lembro qual foi a
última vez que comi algo sólido.
Quando finalmente chegamos meu
irmão estacionou na rua mesmo o carro. Não havia vaga de estacionamento para o
meu apartamento. Nós entramos no elevador e ao chegarmos vi que a casa estava
bem bagunçada. A verdade é que estava do mesmo jeito que eu deixei quando me
fui naquela manhã. Até os papéis toalha que usei para me enxugar estavam no
mesmo lugar no chão.
- que lugar é esse? – perguntou
meu irmão.
- está um pouco bagunçado, mas
uma vez que estiver limpo ele parece um hotel cinco estrelas.
Comecei a arrumar rapidamente a
bagunça do apartamento. Pegando as roupas jogadas no chão, os papéis espalhados
pela cozinha. Meu irmão olhava em volta. Ele foi até o meu quarto e passou para
o outro lado da cortina que era o quarto de Mya.
- o quarto da Mya é provavelmente
o lugar mais bagunçado daqui – falei juntando a louça.
- Mya é aquela garota deitada na
cama? – meu irmão saiu de lá e veio até mim.
- ela está lá?
- está sim.
Fui até o quarto da Mya e ela
estava lá jogada na cama com a mesma roupa que tínhamos saído na noite passada.
Ela parecia estar em coma. Dormia profundamente. Não imagino que horas ela
tenha chegado, mas achava melhor deixa-la dormindo porque com certeza ela e
Quinn devem ter bebido mais do que eu.
- é ela sim. Está dormindo
profundamente. Vai acordar numa ressaca danada – falei voltando até meu irmão.
- bem, acho que já vou indo.
- eu te acompanho até lá fora.
Nós saímos do apartamento e ao
chegarmos do lado de fora meu irmão pegou a carteira e começou a tirar algumas
notas.
- isso daqui é pra você.
- não precisa Nick.
- depois de ter pegado meu cartão
e quase limpando minha conta você vai fazer cerimônia pra aceitar meu dinheiro.
- tudo bem – falei pegando o
dinheiro e socando no bolso – eu juro que vou te pagar por todo dinheiro oque
peguei.
- não precisa – falei ele pegando
minha mão e mais uma vez analisando meus dedos – considere como um segundo
presente de aniversário – falou ele se referindo as luvas.
- eu uso as luvas. Só não usei
hoje porque esqueci em casa.
- te amo viu – falou meu irmão em
abraçando e dando um beijo em minha testa.
- também te amo.
Nick entrou no carro e o ligou.
- dá um beijo na mamãe e no
papai. Fala que eu amo eles e que eu peço perdão por ter feito o que fiz.
- diz você mesmo – falou meu
irmão tirando o celular do bolso me entregando.
- o que é isso?
- meu celular. É seu.
- mas e todas as suas coisas?
- está tudo na nuvem. Eu compro
outro celular pra mim. Fica com esse e liga pra nossos pais e conversa com
eles. Eles estão preocupados.
- obrigado Nick – meu celular era
descartável então ele mal fazia ligações. Era um celular bem simples.
- tenha cuidado viu – falou ele
colocando o cinto de segurança.
- eu vou tomar.
- é sério. Você ouviu falar desse povo vestido
de palhaço né?
- Ouvi sim, mas eu não tenho
medo. É só um bando de idiotas fazendo graça assustando pessoas.
- e aquele rapaz que foi
esfaqueado?
- brincadeira que saiu do
controle.
- você tem uma resposta para tudo
né? – perguntou meu irmão sarcástico – mesmo assim Stanley. Cuidado! Não se
sabe quando uma pessoa quer fazer mal a você.
- qualquer coisa eu os assusto
com minha garra de lagosta.
- Stanley Anthony você é um puta
idiota – falou meu irmão me repreendendo. Ele odiava que eu me referisse a
minha mão como ‘garra’ – se cuide.
- você também – falei sorrindo
param eu irmão.
Meu irmão de foi e quando chegou
lá na frente buzinou duas vezes e acenou com a mão. Eu fiz o mesmo. Meu irmão
desapareceu no horizonte enquanto o sol esfriava cada vez mais. Ele começou a
se esconder no horizonte.
Voltei para dentro do apartamento
e fui direto para a geladeira. Peguei o pão a geleia de framboesa a paste
amendoim e tratei que fazer um lanche. Meu estômago estava vazio roncando de
fome e cada mordida que eu dava no sanduiche era como comer um pedaço de nuvem.
Ele se desfazia em minha boca e corria pelas minhas veias. Senti até um arrepio
quando dei a primeira mordida.
Dei uma geral no apartamento e
depois dei uma geral em mim mesmo. Tomei um banho para tirar toda a sujeira da
prisão. Aquele lugar era nojento. As horas que passei atrás da grade foram as
piores horas da minha vida. Era com certeza um lugar ao qual eu não queria
voltar. Por volta das oito horas da noite eu estava jogado no sofá assistindo
televisão. Era noite de sábado e eu estava fazendo exatamente aquilo que eu
mais adorava: nada. Nada melhor do que ficar em casa e assistir a um bom filme.
- que horas são? – perguntou Mya
finalmente dando o ar da sua graça.
Olhei para trás e vi que ela não
estava nada bem. A cara amassada a roupa toda desengonçada e é claro: com o
cabelo desgrenhado.
- puta que pariu. Que droga você
usou ontem?
- acho que bala ou talvez Molly –
falou ela franzindo a testa. Acendi a luz do abajur para o lugar ser mais
iluminado. As luzes estavam apagadas e apenas a luz da TV iluminava o ambiente.
- pra onde vocês foram depois da
festa?
- eu é que devia te perguntar –
falou Mya se sentando ao meu lado – o barman disse que você teve que ir embora.
- sim. Eu encontrei com minha
irmã na festa.
- sua irmã?
- sim.
- e o que aconteceu?
- aconteceu que minha família
descobriu onde estou.
- a não Stan. Sinto muito.
- não. Não tem problema. Está
tudo resolvido.
- que bom pra você – falou ela
começando a rir.
- anda. Me c0onta. O que vocês
fizeram ontem á noite?
- Lembro que a Quinn começou a
dançar com um cara e eu fiquei de lado. Comecei a beber e peguei meu celular e
liguei pro Rudolph.
- mentira. você fez isso?
- sim.
- e o que ele disse?
- ele disse que me pegaria fora
da boate e de lá fomos para um motel.
- sério?
- sim – falou Mya rindo – eu
disse que ele gosta de mim. Faz qualquer coisa por mim. Ele deixou a esposa pra
ficar comigo.
- eu sinto inveja sabe.
- de que? Ter romance com um cara
casado?
- sim… quer dizer… sinto inveja
por você ter alguém como Rudolph que te ama e faz tudo por você. Será que algum
dia vou encontrar alguém assim?
- claro que vai. Você só precisa
começar a sair mais, quem sabe se inscrever em um desses aplicativos como
Tinder ou Grindr…
- Eu não. Estou bem assim. Talvez
alguém apareça um dia desses. Não quero viver em função de encontrar alguém.
Vou apenas viver do jeito que estou vivendo. Um dia alguém aparece.
- eu não sei – falou Mya se
levantando e começando a se arrastar para o banheiro. Ela parecia estar morta –
você tem vivido a vida toda dessa forma e não tem dado resultado.
- eu sei é que não quero conhecer
alguém através da foto do seu corpo ou de um rosto bonito. Quero conhecer
alguém como você conheceu. Por acaso. Você é uma aluna e se apaixona pelo
professor. É romântico.
- romântico… - falou Mya rindo
sarcástica – Eu ‘por acaso’ acho que vou morrer. Minha cabeça está doendo pra
caralho – falou ela começando a tirar a roupa na minha frente – tudo o que
quero é tomar um banho bem gelado, tomar uns quarenta comprimidos e morrer
naquela cama. É assim que quero morrer. Naquela cama. Eu N-U-N-C-A mais vou
beber – falou ela completamente pelada entrando no banheiro e não fechando a
porta. Ela ligou o chuveiro e começou a tomar banho.
Me levantei e fui até a porta do
banheiro. O Box estava fechado e tudo o que via era sua silhueta.
- eu fui preso hoje – falei me
escorando na porta.
Quando disse isso Mya abriu um
pouco o box.
- o que? Preso?
- Isso mesmo que você ouviu. Fui
preso, perdi o emprego, meu irmão me encontrou e arranjei um outro emprego.
- espera. Fala mais devagar
porque agora minha cabeça começou a girar – falou ela fechando a porta e
voltando a tomar banho.
- é uma longa história.
- então pode começar a contar –
falou Mya.
Em um lugar não muito longe dali
uma mulher chamada Krista fazia corrida. Os cabelos amarrados em um rabo de
cavalo. Em seu braço havia um medidor de batimentos cardíacos e em seus ouvidos
a sua música favorita. ‘Heartbreak Hotel’.
Apesar de ser bem tarde algumas pessoas faziam exercícios. A rua estava vazia e
como começou a ficar muito tarde a mulher decidiu correr para casa. Ela passou
por um homem com um cachorro e ela sorriu para ele. Ela o achou atraente.
Pouco antes de atravessar a rua
ela parou para respirar. Olhou em volta e viu que talvez fosse uma boa ideia
cortar caminho. Havia uma floresta bem próxima ao parque onde ela costumava
fazer exercícios e sua casa ficava não muito longe. Ela não queria dar a volta,
pois tinha muito que fazer antes de dormir. Bem cedo ela tinha uma reunião
marcada com investidores.
Ao cortar caminho pela floresta
ela voltou a se concentrar na música que tocava. Era uma canção romântica. Ela
corria a toda velocidade. Ela conseguia ver as luzes do outro lado e enquanto
corria se desviava de galhos com os braços e apertava os lábios quando um deles
passava por seu rosto. Seu pulmão queimava, pois ela corria muito rápida.
Aquela era uma reserva florestal.
Um dos poucos lugares que não foram derrubados por grandes empresas para
construção. Era uma vitória para todos exceto para grandes empresários. Havia
folhas no chão que era íngreme e isso atrapalhava um pouco ela correr.
Mais uma vez a doca mulher parou
e dessa vez tirou um dos fones de ouvido. Ela se inclinou para frente e
respirou profundamente enquanto o suor escorria. Ela lambeu os lábios e
percebeu que havia esquecido sua garrafa de água no parque.
- que droga – falou ela
respirando fundo. Ela conseguia ver bem mais de perto a rua e sua casa do outro
lado, mas ela não queria deixar a garrafa para trás. Ela havia deixado em cima
do banco do parque. Não era bem a garrafa que importava. No gargalo daquela
garrafa que Krista usava para se hidratar havia uma corrente de ouro enrolada
com uma pequena coruja. Não era o valor monetário que importava, mas sim o
valor sentimental. Foi à mãe de Krista que deu de aniversário pouco antes de
falecer. Ela mantinha a corrente junto a ela porque antes de adoecer ela e sua
mãe costumavam correr juntar. Essa era uma forma dela se sentir próxima da mãe.
Uma pequena pausa para descansar e ela esquece a garrafa.
Krista recompôs sua força e correu
de volta pela floresta. Os mesmos galhos e o mesmo chão íngreme voltaram a ser
seus obstáculos. Agora o fone de ouvido se agitava de um lado para o outro
enquanto ela corria pedindo a Deus que a garrafa estivesse lá.
A brisa ficou gelada e alguns
pássaros passaram cortando a folha das árvores lá no alto. Quando isso
aconteceu Krista achou ter ouvido galhos se quebrando. Ela parou de correr e
olhou em volta.
- tem alguém ai? – perguntou
Krista. Talvez alguém estivesse perdido na floresta. Ela já cortou caminho por
lá tantas vezes que conhecia como a palma da sua mão.
Ninguém respondeu, mas os sons de
galhos se quebrando voltaram a acontecer. Krista pegou o celular do bolso e
ligou a câmera. Ela começou a filmar o lugar usando o flash como lanterna. Ela
se desviou do seu caminho por alguns instantes e agora os sons de galhos se
quebrando vinham de seus próprios pés contra o chão.
- oi?! Precisa de ajuda?
Mais uma vez ninguém respondeu.
Krista parou por alguns instantes e filmou em volta e como não viu ninguém ela
voltou para o caminho de volta ao parque. Ela voltou a correr e começou a ver
as luzes dos carros passando de um lado para o outro. Estava chegando ao parque
novamente. Ela viu a calçada e antes que pudesse pisar lá ela parou assustada.
Havia alguém vestido de palhaço segurando vários balões. Ela parou e ficou
olhando para o palhaço que tinha uma expressão aparentemente feliz em seu
rosto.
Por alguns instantes ela ficou
sem entender o que estava acontecendo. O palhaço começou a andar na direção
dela e quando Krista deu dois passos para trás uma mulher com uma criança
apareceu e comprou um dos balões do palhaço.
- idiota – falou Krista rindo e
finalmente chegando à calçada. Ela chegou ao parque e para sua sorte a garrafa
estava lá em cima do banco com a pequena corrente de ouro.
Por mais que precisasse chegar o
mais rápido possível Krista decidiu não dar a volta na floresta e foi pelo
caminho mais longo. Ao chegar em casa foi direto para o banho ela do banheiro
de sutiã e calcinha secando os cabelos com a toalha. Ela se sentou na cama e
olhou para o pequeno criado mudo ao lado da cabeceira de sua cama. Sua celular
estava lá.
Ela jogou a toalha para o lado na
cama e pegou o celular. O vídeo que ela tinha feito na floresta ainda estava
lá. Ela colocou o vídeo para rodar e começou a assistir. A floresta era bem
macabra naquele horário. Era escuro e sombrio com um ar d mal assombrado. Só
que não foi uma assombração que Krista viu em seu vídeo. Enquanto ela olhava em
volta com seu celular gravando ela percebeu que tinha visto um vulto ao longe.
Ela voltou o vídeo, deu pausa e percebeu que era um palhaço. Só que não era o
mesmo palhaço que estava vendendo balões. Aquilo fez seus cabelos arrepiarem.
Krista jogou o celular na cama e desceu as escadas indo até a cozinha e pegando
o telefone. Ela discou o número da emergência, mas o telefone não deu sinal.
Ela conseguia ouvir algo do outro
lado. Não era como se o telefone não funcionasse era como se alguém já
estivesse na linha.
- alô? É da emergência?
- ‘tem alguém ai’? – alguém disse
do outro lado – ‘você precisa de ajuda’?
Ao ouvir aquelas palavras Krista
reconheceu sua voz. Era o vídeo de seu celular. Ela percebeu que tinha deixado
seu celular em cima da cama. Ela engoliu em seco ao perceber que havia alguém
em seu quarto esse tempo todo. Desde que chegou até o momento dessa
perturbadora ligação.
Quando Krista pensou em correr
sentiu algo sendo jogado em cima dela. Senti uma brisa em seu pescoço que logo
se transformou em uma corda. Ela percebeu que estava sendo laçada.
- Não! – gritou Krista quando
algo a puxou para trás. Ela caiu deitada e começou a ser arrastada pelo chão de
sua cozinha. Ela sacudia os braços me desespero sem conseguir respirar. Quando
chegou a sala ela viu o palhaço do vídeo descendo as escadas. O outro palhaço
que a puxava era o palhaço que vendia balões.
Ela já não conseguia mais gritar
já que não conseguia respirar. Tudo o que ela fazia era se debater. O palhaço
puxava a corda que a cada puxão apertada em seu pescoço. O palhaço que descia
as escadas usava uma mascara diferente da dos balões. A mascara dele por outro
lado não parecia nada amigável. Era uma mascara branca com dois olhos
costurados e a boda aberta com dentes afiados. O palhaço virou a cabeça de lado
enquanto ela era arrastada para fora de casa. Ao chegarem fora da casa o
palhaço de mascara assustadora colocou uma silver tape em sua boca impedindo a
de gritar.
O outro palhaço puxou novamente a
corda arrastando Krista pelo gramado da frente de sua casa. Havia um carro
preto conversível parado em frente sua casa. Krista sucumbiu ao medo com a
possibilidade de ser sequestrada. Só que isso passou longe das verdadeiras intenções
daqueles dois palhaços. O palhaço que puxava a corda arramou a outra ponta da
corda na traseira do carro e os dois palhaços entraram na parte de trás do
carro. Havia um outro palhaço sentado no banco do motorista. A mulher continuou
a se debater no chão e o carro começou a se mover.
Krista começou a ser arrastava
pela rua enquanto os dois palhaços olhavam indiferentes para sua agonia. Suas costas
eram literalmente rasgadas pelo asfalto. Os palhaços no banco de trás se
deliciavam com o sofrimento de Krista. Um deles filmava com o próprio celular
de Krista o terrível passei ode carro. Os braços de Krista se balançavam de um
lado para o outro enquanto o palhaço malvado do banco de trás se inclinava para
ligar o rádio. Uma música eletrônica começou a tocar bem alta.
Ao chegarem no fim da rua o carro
parou. O palhaço bonzinho que vendia balões cortou com um facão a corda
separando Krista do carro. Eles deram partida no carro deixando Krista no meio
da rua. Ela estava toda machucada. Seu celular foi jogado para fora do carro e
caiu perto do seu corpo. Algu8ns dos vizinhos viram através de suas janelas o
que tinha acontecido. Um deles saiu correndo para fora com o celular em mãos. Ele
já havia ligado para a emergência
- isso mesmo – falou o vizinho se
ajoelhando próximo ao corpo de Krista – ela está jogada no meio da rua. E acho
que está morta – falou o homem largando o celular e vomitando ao sentir o odor
que o corpo exalava.
Seguidores
Contato
CAPÍTULOS MAIS LIDOS DA SEMANA
-
Capítulo 01 O Advogado me Fodeu T enho dezenove anos e sou moreno claro com alguns pelos supérfluos pelo ...
-
NÃO DURMA NA ESTAÇÃO DE METRÔ capítulo onze H avia chegado o dia da reunião. O dia anterior tinha sido exa...
-
AFRODITE capítulo treze T rês semanas se passaram. Cooper continuava em San Diego me ajudando. Ele havia peg...
-
UM ANO SEM CHUVA capítulo vinte e dois T inha conseguido o contrato para dois livros então eu tinha um longo...
-
A QUEDA DE ADAM capítulo quatorze A mor é uma coisa complicada. É aquele tipo de sentimentos e quem muitos...
-
PEQUENO E SUJO SEGREDO capítulo e um E sperava por Roman. Ele disse que tinha boas noticias em relação a m...
-
capítulo trinta e seis EU AMO LOS ANGELES D urante e depois do jantar eu meio que tentei evitar Gray. Ele e...
-
Capítulo 03 Apagando o Fogo do Ciume J á havia se passado quatro meses mais ou menos e minhas aventuras c...
-
ROUBANDO DOCE DE UMA CRIANÇA capítulo treze H avia chegado o dia que tanto esperávamos. Estávamos ambos an...
-
LEITE E COOKIES capítulo vinte T inha acabado de ter o prazer de receber em minha boca e engolir o esperma de B...
Minhas Obras
- Amor Estranho Amor
- Bons Sonhos
- Crônicas de Perpetua: Homem Proibido — Livro Um
- Crônicas de Perpetua: Playground do Diabo — Livro Dois
- Cruel Sedutor: Volume Um
- Deus Americano
- Fodido Pela Lei!
- Garoto de Programa
- Paixão Secreta: 1ª Temporada
- Paixão Secreta: 2ª Temporada
- Paixão Secreta: 3ª Temporada
- Paixão Secreta: 4ª Temporada
- Paixão Secreta: 5ª Temporada
- Paixão Secreta: 6ª Temporada
- Paixão Secreta: 7ª Temporada
- Príncipe Impossível: Parte Dois
- Príncipe Impossível: Parte Um
- Verão Em Vermont
Max Siqueira 2011 - 2018. Tecnologia do Blogger.
Copyright ©
Contos Eróticos, Literatura Gay | Romance, Chefe, Incesto, Paixão, Professor, Policial outros... | Powered by Blogger
Design by Flythemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com
Menino, que pesado. Que faceta, Escritor. Gente, tô impactado com esse conto.
ResponderExcluirMenino... Suas histórias tem sempre que ter algo macabro, não é mesmo? GOSTO ASSIM MESMO <3 Já amei todo aquele suspense de Príncipe Impossível, agora estou amando esse <3 E posso falar? Já tenho alguns suspeitos...
ResponderExcluir-Juliano.