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Capitulo Vinte e Um
a colheIta
E
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u abri os olhos bem devagar e senti minha cabeça
doendo e minha boca seca. O sol entrava pela janele a por alguns segundos eu me
esqueci completamente de quem era e de onde estava. Eu olhei para o lado
devagar e Warren estava deitado ao meu lado.
Com dificuldade eu me senti na
cama e tentei me lembrar na noite anterior.
- sexo, sexo, sexo, bebida...
porra não lembro de mais nada.
Minha cabeça deu uma pontada. Era
sábado e olhei no relógio que marcava 13h30min. Tínhamos dormido muito.
Eu me sentei e na cama e comecei
a lembrar de pouco em pouco a noite passada e com isso veio o remorso. Warren
se mexeu na cama e eu aproveitei para acordá-lo
- Warren, acorda – falei
balançando o braço dele.
Ele abriu os olhos e me olhou e
por um instante eu tive a impressão de que ele não se lembrava.
- o que foi? – perguntou se
sentando e escorando na cabeceira da cama assim como eu. – estou suado – falou
limpando os olhos que estavam com dificuldade para abrir. Eu peguei o controle
e liguei o ar-condicionado.
- você se lembra de ontem? –
perguntei.
Ele pensou e logo me olhou com um
rosto de espanto.
- eu não acredito que eu fiz
aquilo.
Ele não disse nada e continuou
pensando.
- eu disse que não me importo em
te dividir. – falou Warren.
- como você pode ser tão
compreensivo? – falei brigando com raiva.
- o que? Você está com raiva de
mim? – perguntou Warren levantando um pouco a voz.
- claro que sim.
- porque? Porque você tem cartão
verde para dormir com todos os homens da cidade?
- não, porque parece que você não
se importa comigo.
- como não me importo? – falou
Warren.
- puxa vida, ontem eu transei com
seu irmão e com seu melhor amigo e você diz que tudo bem? Você não gosta mais
de mim? Eu sou desprezível e nojento, transei sem camisinha, e você diz “tudo
bem”?
- e você quer que eu diga o que?
– falou ele.
- quero que você me bote pra fora
dessa casa e nunca mais fale comigo outra vez.
- não te entendo – falou Warren –
eu faço isso por você.
Eu me sentei na cama e respirei
fundo.
- eu não entendo. – falei.
Nessa hora eu tentei me lembrar
do que tinha acontecido noite passada. Sexo, sexo, sexo, bebida... contar para
todos sobre Stan e sobre meu passado.
- será que eu contei? – falei
alto.
- contou o que? – perguntou
Warren.
- eu não sei o que aconteceu
depois da transa.
- nós bebemos – falou Warren – e
bebemos e lembro que Howard e Phil se pegaram e eu e você nos sentamos...
- o que mais? – perguntei.
- não me lembro mais.
- tenta se lembrar – falei.
- e você? Do que se lembra?
- lembro de Phil e Howard se
pegando, credo olha só o que eu fiz – eu dei uma pausa e tentei lembrar. – nós
nos sentamos e conversamos e logo Howard e Phil se juntaram a nós e todos
conversamos.
- lembra de mais alguma coisa? –
perguntou Warren.
- não – respondi. – e você?
Lembra do que nós conversamos?
- não – falou Warren.
Nós ficamos calados por alguns
minutos e logo o quarto estava com um clima mais gostoso.
- você provavelmente quer uma
explicação – falei para Warren me escorando na cabeceira ao lado dele.
- sobre o que?
- está de sacanagem comigo? –
falei sem alterar a voz.
- meu irmão? – falou Warren. – eu
devia saber afinal você não é o primeiro namorado que ele me rouba.
- ele não me roubou, eu ainda sou
seu – falei tentando parecer meloso. Era difícil depois do que tinha feito na
noite passada.
Ficamos calados outra vez e
Warren nada disse depois de uns minutos.
- eu preciso te contar algo –
falei – sobre o homem que você me viu saindo na faculdade.
- não precisa – falou Warren.
- se você me atrapalhar mais uma
vez eu vou te matar – falei tentando parecer ameaçador.
- tudo bem – falou Warren.
- aquele homem é meu professor. E
eu fui para a casa dele porque ele me ameaçou.
- quando disse aquilo ví que
Warren passou a levar a conversa um pouco mais a sério.
- te ameaçou? Como assim?
- ele disse que se eu não ficasse
com ele naquela noite, ele iria te contar algo.
- me contar algo? – falou Warren.
Eu dei uma pausa e respirei
fundo.
- eu já o conhecia Warren, da
minha cidade natal.
- como o conheceu? – perguntou
Warren.
- ele já foi meu cliente. –
falei.
- do restaurante? – perguntou
Warren confuso.
- não. Quando eu era garoto de
programa. – falei engasgando na última palavra.
Eu nem tive coragem de olhar para
ele e olhei para minhas mãos e minhas pernas esticadas na cama que agora
estavam inquietas esperando pela bomba.
- eu já sabia – falou Warren em
um tom baixo.
- o que você disse? – perguntei
no mesmo tom.
- eu disse que desde o dia que eu
te conheci eu sempre soube que você era garoto de programa. – ele disse isso
com um sorriso maroto no rosto.
- como é que é? – falei surpreso.
- eu disse que sempre soube
que...
- não precisa repetir – falei
interrompendo ele.
Eu então comecei a pensar e
milhões de coisas passaram pela minha cabeça. Tudo o que tinha acontecido entre
nós veio como um flash em minha mente.
- você sempre soube que eu era
garoto de programa? Mas... porque... então... – eu gaguejava, pois tinha
milhões de dúvidas.
- foi por isso que eu disse que
tínhamos um relacionamento aberto. – falou Warren me interrompendo.
- como assim? – perguntei
confuso.
- naquele dia que fui te buscar
de surpresa na faculdade eu vi você saindo com aquele homem, seu professor e
logo imaginei que você tinha voltado a fazer programas. Eu fiquei preocupado
afinal se você precisasse de dinheiro era só me pedir, mas quem sou eu para
jugar então eu segui vocês e esperei em frente ao prédio em que você estava,
esperando você sair em segurança então quando pegou o taxi eu o segui e esperei
você entrar em casa.
- mas... – falei tentando
encontrar palavras.
- foi por isso que eu não te
liguei, você provavelmente deve ter percebido que não te liguei nenhuma vez.
- mas porque você me falou isso
sobre relacionamento aberto se você sabia que eu era garoto de programa?
- eu imaginei que se dissesse
isso você não precisaria se preocupar tanto em esconder o fato de estar
transando com outros homens, você poderia continuar fazendo programas e não
sentiria tanta culpa.
- como você pode fazer isso? –
falei com um pouco de raiva por ele não ter me contado e ter deixado eu fazer o
que fiz na noite passada. – então quando te conheci naquela noite no bar você
já sabia que eu era garoto de programa?
- sim. – eu tinha pesquisado na
internet e visto algumas fotos suas, de corpo é claro e vi que você trabalhava
lá e fui te ver. Então eu cheguei ao bar e vi você trabalhando de longe. Eu
fiquei te olhando e não sei porque acabei criando algum tipo de sentimento e
não te vi apenas como um garoto de programa qualquer.
- deixe eu ver se entendi. –
falei me arrumando na cama. – você sabia que eu era garoto de programa e mesmo
assim você quis ficar comigo quando nos encontramos novamente no bar aqui em
NY?
- sim – respondeu Warren.
- então você me viu saindo com o
professor e achou que eu ainda era garoto de programa e ao invés de ficar com
raiva de mim você nos seguiu e ficou esperando eu transar com outro homem
apenas para saber se eu sairia em segurança?
- foi – falou Warren em tom
baixo.
- estou tão envergonhado pelo que
eu fiz ontem. – falei agora sentindo meus olhos começando a se molhar. – em
toda minha vida nunca pensei que iria encontrar alguém com o coração tão bom.
Eu forcei para não chorar.
- não precisa chorar – falou
Warren se aproximando mais de mim pegando meu braço esquerdo e o colocando no
colo dele.
- como não pensar? Eu estou com
nojo de mim. De tudo o que eu fiz ontem.
- não precisa – falou Warren. –
foi eu que mandei o Phil vir passar a noite com você. – falou Warren.
- mas isso não é motivo para que
eu fizesse o que eu fiz. Eu não te mereço – falei limpando os olhos com minha
mão direita.
- você não entende Fry, eu sempre
soube que Phil gostava de homens, ele pode esconder dos amigos, família e da
namorada, mas não consegue esconder de nós gays. Pelo amor de deus não tem nem
como ele negar.
- mas porque você o mandaria pra
cá se sabia que iria acontecer algo.
- eu não sabia que ia acontecer
algo, e quando entrei na casa eu tive que inventar uma desculpa enorme.
Nós ficamos um pouco em silêncio
e mais uma vez eu comecei a falar.
- sem contar o que eu fiz com seu
irmão. Seu irmão que é casado.
- sobre o Howard e você eu também
já sabia – falou Warren mais uma vez me surpreendendo.
- como? Ele te contou?
- sim – ele me contou que tinha
traído o marido com um cara chamado Fry e logo eu deduzi que fosse você.
- eu ainda não me conformo do que
eu fiz ontem.
- Fry, não precisa de corroer por
causa disso eu ainda de te amo.
- eu também te amo – falei
colocando a mão no rosto dele e dando um selinho demorado. – mas eu não te
mereço.
- Fry, você tem um irmão
homofóbico, um pai homofóbico que te espancou eu sei como deve ser difícil
confiar em pessoas, eu entendo que você deve ser difícil confiar nas pessoas e
que você apenas me valoriza tanto que fez o que fez porque me ama.
- como te trair com dois homens
pode ser te amar? Que prova de amor é essa?
Warren me fez deitar a cabeça em
seu ombro
- você sabia que eu iria embora
Fry. Você queria que eu pegasse você e Phil transando porque você queria poder
ter a chance de me contar tudo, mas tinha medo de que eu não aceitasse se me
contasse apenas por contar então quando Phil estava despercebido você pegou o
celular dele e me mandou vir para casa, pois tinha uma urgência.
Eu tive que concordar com o que
ele disse. Era verdade. Nesse momento foi que nós nos tocamos que Phil e Howard
poderiam estar em casa.
Nós dois vestimos toda a roupa e
fomos no primeiro quarto e eles não estavam e depois fomos ao outro e mais uma
vez eles não estavam e assim que chegamos na sala vimos os dois na cozinha
conversando.
- bom dia – falou Warren. E
quando ele disse isso ele me abraçou. – precisamos conversar.
Phil e Howard se entreolharam e
logo todos nos sentamos á mesa e aos poucos eu e Warren fomos explicando tudo.
Eu contei para Phil que já o conhecia, contei para Howard que amava o irmão
dele e logo tudo ficou entendido. Phil um pouco envergonhado pediu perdão para
Warren por ter transado comigo e Howard também pediu desculpas pelo mesmo
motivo. Eu também pedi perdão por ter feito os dois transarem comigo, praticamente
ter seduzido os dois. Depois de uma longa conversa eles foram embora e tudo o
Warren e eu ficamos sentados a mesa comando um gole de café e pensando no que
tinha acontecido.
Ficamos olhando um para o outro
com todo aquele silêncio que tomou a casa e Warren olhou pra mim.
- vamos nos casar? – perguntou
Warren.
Eu apenas sorri e segurei a mão
dele em cima da mesa.
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