Capítulo Vinte e Quatro
JONH DOE
M
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eu pai e eu dormimos em camas separadas naquela
noite. Me deitei cedo e quando meu pai veio ao meu quarto eu fingi que estava
dormindo. Eu estava confuso. Todos os meus sentimentos estavam embaralhados
devido aos últimos acontecimentos. Perdi minha virgindade duas vezes. Sei que
não faz sentido, mas em minha mente eu a tinha perdida duas vezes com dois
homens diferentes.
Entre Tobias e meu pai, Tobias
foi melhor, mas eu gostava mais do meu pai. Quando pensava no meu pai eu
pensava em ficar com ele deitado e fazendo carinho e recebendo carinho dele,
mas em compensação eu já não tinha mais tanta certeza se meu pai queria o mesmo
de mim.
Estava nesse dilema a um bom
tempo e só fui dormir mesmo quase três horas da madrugada.
Pensei em várias coisas e dentre
elas o último recado de Troy na pedra próximo ao Lago Champlain
Acordei no dia seguinte quase dez
da manhã. Depois de tomar um banho e tomar café da manhã decidi ir ao hospital,
mas não era para visitar meu pai e sim outra pessoa.
Todos os dias antes de sair meu
pai deixava uma quantia em dinheiro em cima da mesa de vidro da sala. Todos os
dias eu pegava o dinheiro e guardava para quando houvesse uma utilidade real e
esse dia havia chegado.
Chamei um taxi até o hospital e
paguei a corrida. Metade do dinheiro cobriu o valor e ainda deu para a gorjeta.
Ao chegar no hospital St. Louis eu fui até a recepção.
- bom dia – falou uma médica na
recepção – em que posso ajuda-lo?
- eu gostaria de saber o Dr.
Marshall está livre?
- no momento ele está em
cirurgia… – falou ela olhando para mim de cima em baixo – você é Oliver, o
filho do Dr. Marshall não é mesmo?
- sou sim.
- eu vou pedir para chamarem ele…
- não precisa. Na verdade eu não
vim conversar com ele.
- veio conversar com quem?
- o Dr. Reveley. O
neurocirurgião. Ele está em cirurgia?
- não pelos próximo quinze
minutos.
- será que eu posso conversar com
ele?
- o filho do chefe consegue o que
quer – falou ela se afastando rapidamente com um sorriso – vou pedir que ele
venha.
- obrigado – falei um pouco alto
enquanto ela se afastava.
Aguardei por alguns segundos e em
seguida vi o médico se aproximar.
- Oliver! – falou ele com um
sorriso – é um prazer ver você – falou ele apertando minha mão – estou sempre
cobrando do seu pai uma visita sua e ele finalmente te falou?
- na verdade não vim aqui para
visitar.
- você está com algum problema?
- será que tem algum lugar onde
possamos conversar com maus privacidade Dr. Reveley.
- me chame de Victor.
- OK. Tem algum lugar Victor?
- tem sim. Vem comigo – falou ele
andando e eu o segui.
Nós atravessamos o saguão e
entramos em uma sala de conferência. Ele arrastou uma cadeira para mim e se
sentou na cadeira ao meu lado.
- no que posso te ajudar Oliver?
Você está tendo algum problema? Tonturas?
- não, na verdade não é nada
sério, mas eu precisava conversar com alguém de confiança.
- tudo bem – falou ele pensativo
– o que seria?
- eu gostaria de fazer exames
para saber se eu tenho alguma DST.
- DST? – perguntou ele parecendo
surpreso.
- sim.
- seu pai abe que está aqui?
- não e ele não pode saber que
vim fazer exame de DST. Será que posso confiar em você para que fique em
segredo?
- posso sim – falou ele se
levantando – vou pegar um kit de exames – falou ele saindo da sala.
Quando ele voltou ele tirou todo
o sangue necessário para se fazer os testes. Em seguida ele pegou um canetão
para escrever o nome.
- vou colocar no nome de Jonh
Doe. Dessa forma ninguém vai saber de quem é.
- demora muito para sair os exames.
- venha daqui duas semanas.
- obrigado Victor.
- se precisar de mais alguma
coisa é só conversar comigo.
- converso sim – falei apertando
a mão dele outra vez e saindo da sala.
Tinha feito sexo com meu pai e
com Tobias. Precisava ter certeza de que estava limpo, não podia correr o
risco. Meu pai não podia saber porque se ele soubesse ele com certeza
desconfiaria de alguma coisa. Ele não é bobo.
Chamei um taxi e pedi que ele me
deixasse no Lago Champlain. Era cedo, mas com sorte haveria outro recado de Troy
que se autodenominava deus. Ao chegar na pedra peguei o papel e desdobrei, mas
para meu azar ainda era o meu recado sem resposta. Dobrei de volta e coloquei
no lugar.
Me afastei para ir embora e
depois de alguns passos eu vi Abraham. Ele deu um sorriso e acenou.
- olá Oliver, como você está? –
perguntou ele apertando minha mão.
- estou ótimo Abe e você?
- estou bem.
- o que está fazendo por aqui? –
perguntei fazendo a pergunta mais idiota do mundo Abraham estava com rouba de
caminhada e estava suado.
- estou fazendo uma caminhada e
você?
- vim dar uma volta.
- gostaria de caminhar comigo?
Dessa forma poderíamos colocar a conversa em dia.
- podemos – falei me virando e
agora andando ao lado de Abraham.
- e então? Coo estão indo suas
férias?
- até agora estão ótimas, mas eu
sou suspeito. Ficava trancado dentro de casa todos os verões então qualquer
coisa é melhor do que ficar trancado.
- sinto muito por perguntar.
- não sinta – falei caminhando
lado a lado – e você? Como estão sendo suas férias de verão?
- ótimas. Gosto de fazer
caminhadas todos os dias e posso passar mais tempo com meus filhos. Essa é a
melhor parte.
- fico feliz por você.
- e então? Tem conversado com o
Tobias? Já sabe se quando as aulas voltarem você terá seu emprego?
- tenho conversado com ele sim.
Ele disse que o emprego é meu.
- que bom. Fico feliz que tudo na
sua vida esteja se ajeitando.
- nem tudo.
- porque? Algo está errado?
- você é mesmo meu amigo? Quer
dizer… você disse que seria meu amigo na última vez que nos vimos.
- eu me lembro. Foi aquele dia
que você perguntou se eu era gay e estava dando em cima de você?
- esse dia – falei envergonhado.
- sim. Eu sou seu amigo. Pode me
dizer o que quiser.
- bom… digamos que hoje eu fui ao
hospital fazer exame de DST.
- você fez um exame de DST? –
perguntou ele surpreso.
- porque todo mundo fica tão
surpreso quando eu digo isso? Quer dizer, você e o médico.
- não é que… quer saber não
importa. Fico feliz que esteja com a vida sexual ativa.
- posso te fazer uma pergunta?
- pode – falou ele parando para
respirar um pouco.
- se eu tiver um namorado e ele
tem dificuldade em assumir o namoro, o que significa?
- bom, ou ele tem vergonha de
você ou está apenas te enrolando.
- enrolando? como assim?
- digamos que ele está se
aproveitando de você. Está apenas curtindo o momento. Ele diz que te ama
durante o… você sabe.
- sei – falei envergonhado.
- ele está te enrolando. Ele só
quer se aproveitar de você e em seguida te descartar.
- entendi – falei pensando em Dr.
Marshall. Na minha opinião ele estava fazendo os dois. Ele tinha vergonha e
estava me enrolando, mas eu gosto do meu pai, afinal ele é meu pai.
Nós continuamos a andar e depois
de um tempo eu cansei.
- preciso ir embora Abraham.
- tudo bem –falou Abraham fazendo
alongamento – foi bom te ver Oliver – falou apertando minha mão.
- foi bom te ver.
- eu te vejo na festa?
- você vem?
- claro. Eles fazem uma fogueira
enorme e dão bebida de graça – falou ele rindo – eu estarei aqui.
- estava pensando em não vir, mas
já que você virá eu vou vir.
- até mais Oliver.
- até – falei acenando e indo
embora.
Ao passar pelo lugar onde deixava
recados para Troy eu decidi dar uma olhada. Talvez ele tivesse deixado. Peguei
o papel dobrado e tive uma surpresa. No pouco tempo que conversei e andei com
Abraham ele me deixou a resposta.
De um lado do papel estava
escrito.
DO QUE EU PRECISO TER MEDO?
Virei o papel e obtive minha
resposta.
DE MIM
Senti um arrepio ao ler aquela
mensagem. Olhei em volta assustado afinal aquilo tinha sido uma espécie e
ameaça. Decidi não enviar mais recados. Amassei o papel e joguei fora e decidi
ir embora. Era hora do almoço e ao chegar em casa faria algo para comer.
Ao entrar na casa notei o cheiro
de comida. Andei até a cozinha e vi que meu pai estava sentado na mesa da
cozinha.
- oi pai!
- onde você estava! – perguntou
ele se levantando.
- fui dar uma volta no lago.
- mentira – falou ele parado.
- o que? Não é mentira pai eu fui
dar uma volta no lago.
- o que você foi fazer no
hospital?
- no hospital?
- sim. Uma das enfermeiras te viu
lá hoje e comentou comigo.
- eu só…
- você tem algum amigo lá?
- amigo no hospital?
- sim. Tem algum amigo lá?
Não pai. Eu só fui fazer uma visita pro
senhor, mas como estava em cirurgia eu decidi vir embora. Não precisa ficar
nervoso por causa disso.
- eu não estou nervoso eu só –
falou ele parecendo aliviado – fiquei preocupado, talvez você estivesse doente
ou algo parecido.
- porque perguntou se tenho
amigos no hospital? Não posso ter amigos lá?
- não vamos falar sobre isso –
falou ele se sentando a mesa – vim fazer o almoço e só esperava você voltar
para comer.
- tudo bem – falei tentando
esquecer aquele assunto. Disfarcei e fingi não dar importância. Será que ele
tinha medo que eu comentasse nosso relacionamento com alguém no hospital? Eu
nunca faria isso. Só tinha feito uma suposição. Nunca comentaria com ninguém.
Comemos em silêncio, como sempre.
Meu pai parecia não ter muito assunto comigo fora da cama. Ele só dizia oi e
tchau.
Depois do almoço meu pai escovou
os dentes enquanto eu organizava a cozinha.
- estou indo para o trabalho –
falou ele descendo as escadas. Todas as vezes ele saia apressado e nem se
despedia de mim direito.
- espera! – gritei indo até ele.
- o que foi?
- até a noite Dr. Marshall –
falei me aproximando e dando um selo na boca dele. Não o chamei de pai, assim
como ele pediu.
- até – falou ele dando um selo
rápido e um meio sorriso. Ele saiu e foi de volta para o trabalho.
Meu pai era um homem bom. Gostava
muito dele e não só como pai. Se ele queria ser meu amante ele devia me tratar
como um namorado ou coisa parecida. Até eu que não tenho experiência nessa
coisa sabia que ele não me tratava como eu merecia. Ele nunca me beijava fora
da cama e nem tocava em assuntos românticos. Ele gostava de dormi em cama
separada. Desde a nossa primeira noite.
No começo achei estranho o fato
de meu estar tendo um caso amoroso com meu pai, mas acabei me acostumando, mas
meu pai só me quer na cama e quando o está fora dela ele me trata com muito
ciúmes apesar de não demonstrar carinho. É como se ele me quisesse vinte e
quatro horas por dia dentro de casa para quando chegasse cheio de tesão para
poder descarregar em mim. Estava estabelecendo uma nova regra. Nada de sexo
para meu pai. Pelo menos até ele começar a me tratar como seu namorado e não
como uma pessoa estranha que ele come só quando sente tesão.
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