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Capítulo Vinte e Três
EU SOU DEUS
bri os olhos devagar. A noite passada eu tinha sido
bem tratado pelo Doutor Marshall, que também é meu pai. Minha mão continuava
repousada em seu peito. Respirei fundo me lembrando da noite passada. Tentei
sentir o cheiro do homem que tinha cuidado de mim na noite passada, e dessa vez
senti. Ao contrário do dia anterior, dessa vez meu pai estava deitado comigo.
Era muito bom tê-lo junto comigo.
Olhei
no relógio e ele marcava quase dez da manhã. Meu pai geralmente trabalhava ás
oito.
- pai! – falei passando a mão na
barriga dele tentando acordá-lo.
- o que foi? – perguntou ele
acordando assustado.
- o senhor está atrasado para o
trabalho.
Ele olhou para o relógio.
- não tem problema – falou ele
com um sorriso – eu sou o cirurgião-chefe, isso me traz alguns benefícios.
- não tem cirurgias hoje de
manhã?
- não – falou ele beijando meu
rosto – hoje só vou trabalhar depois que fizer um almoço bem gostoso pra você.
- o senhor não precisa fazer isso.
Eu mesmo faço meu almoço todos os dias.
- porque? Não quer almoçar com o
pai?
- claro que quero. Só não quero
te atrapalhar.
- não atrapalha – falou ele se
sentando na cama.
Me sentei junto com ele e deitei
minha cabeça em seu ombro.
- no que está pensando –
perguntou meu pai.
- não é nada.
- pode dizer. Não esconda nada de
mim.
- será que as pessoas nos
aceitariam?
- como assim? – perguntou meu pai
surpreso.
- será que as pessoas aceitariam
se soubessem o que fazemos?
- você pensa em contar? – perguntou
meu pai parecendo desesperado e muito surpreso.
- Não, é só que se por acaso eu
comentar com a Amy, que é uma amiga muito próxima…
- Oliver – falou meu pai
segurando meu rosto entre suas mãos – você não pode contar pra ninguém. É
sério. As pessoas nunca nos aceitariam. Você não pode contar para ninguém. Nem
para sua melhor amiga.
- tudo bem, eu não conto.
- Ok – falou ele parecendo mais
tranquilo.
- o senhor nunca pensou mesmo
nisso? Quer dizer, eu gosto muito do senhor e não teria problema em contar para
ninguém.
- eu nunca pensei nisso. Ninguém
pode saber. Eu sou médico, isso pode destruir toda a minha carreira e acabar
com a minha reputação e além do mais ninguém nos aceitaria.
- desculpa insistir nesse
assunto, é apenas uma hipótese, se o senhor não fosse médico o senhor pensaria
em assumir?
- talvez – falou ele se
levantando – não vamos falar sobre isso – falou ele se levantando – eu vou
tomar um banho – falou ele se dirigindo pelado para fora do quarto.
Achei estranho aquela conversa.
Eu sei que existe tabu em torno disso e que deveria ficar em segredo. Eu não
tenho problema que fio que me
segredo, mas por algum motivo achei estranho o modo que meu pai tratou esse
assunto.
Me levantei e também tomei um
banho. Quando sai do banheiro, vesti minha roupa e meu pai estava na cozinha
fazendo o almoço.
- o cheiro está bom – falei me
sentando a mesa.
- finalmente você vai comer minha
comida já que na noite passada tive que jogar tudo fora.
- pois é – falei respirando
fundo.
Ficamos em silêncio por alguns
segundos. Meu pai foi até a geladeira e pegou alguns tomates, cebolas e
pimentão amarelo. Ele colocou o avental e pegou uma faca.
- sabe Oliver – falou meu pai
cortando tomates – eu estava pensando… quando estivermos na cama…
- pode falar pai.
- OK – falou ele respirando fundo
– não se sinta ofendido com o que vou dizer.
- não vou. Pode dizer.
- estava pensando que… quando
estivermos na cama, talvez fosse melhor você não me chamar de pai ou papai. Me
chame apenas pelo nome. Do mesmo jeito eu não vou te chamar de filho eu te
chamo de Oliver. Pode ser?
- OK. Pode ser.
Aquela conversa na cama com meu
pai tinha me perturbado um pouco. Sei que pode parecer bobeira, mas eu conhecia
um pouco o amor. Uma pessoa deve estar sempre disposta a fazer algo pela outra.
Um homem que não quer ter filhos, deve estar disposto a mudar de idéia caso se
case com uma mulher que queria ter filhos.
Uma mulher que não quer se casar
deve mudar de idéia caso encontre um homem que proponha casamento. Um casal
deve estar sempre cedendo. Mesmo que nunca aconteça.
Eu estaria disposto a assumir meu
romance com meu pai. Mesmo que aquilo significasse ter que mudar de cidade e
começar a vida em outro lugar, mas meu pai não estava disposto a fazer o mesmo.
Pelo o que meu pai disse, assumir para alguém nosso romance era como o fim do
mundo.
Eu estaria disposto a contar para
Amy sobre meu romance com meu pai, mas meu pai não queria que ninguém soubesse.
Era como se ele mesmo não aceitasse o que estava acontecendo entre nós. Era
como se ele tivesse vergonha. É como se ele me quisesse, mas ao mesmo tempo ele
estava relutante.
É como se ele me quisesse mais
como homem do que como filho. Aquilo me perturbava um pouco porque eu precisava
mais de um pai do que de um homem. Sei que nós não tivemos a relação entre pai
e filho, mas nós poderíamos ter no futuro. Como meu pai é também meu amante eu
pensei que o nosso amor se completasse, mas ele estava escolhendo um dos dois.
Agora ele me diz que quer um filho fora do quarto e um amante na cama. Quanto
tempo vai levar para que ele queira um amante fora da cama também?
Apesar de tudo eu estava disposto
a ceder um pouco. Quem sabe ele não mude de idéia no futuro.
Durante o almoço nós comemos em
silêncio.
- está gostoso?
- muito – falei sem olhar para
ele.
- que bom. Eu sei que não sou um
ótimo cozinheiro, mas fiz o meu melhor.
- não precisa se preocupar, está
muito saboroso.
- você ficou com raiva pelo o que
eu disse?
- não senhor.
- tem certeza? Estou te achando
muito distante desde a hora em que comentei sobre…
- eu estou bem – falei forçando
um sorriso – não estou bom raiva.
- que bom. Não quero que faça
nada que não queira. Você é meu filho além de tudo. Só não quero que seja meu
filho no quarto.
- tudo bem – falei continuando a
comer sem olhar para ele.
Percebi que meu pai queria dizer
mais alguma coisa, mas ele desistiu e continuou a comer.
Eu realmente não estava com raiva
dele eu só estava pensativo. Pensando sobre tudo o que tinha acontecido desde o
dia em que cheguei naquela casa.
Depois que nós comemos eu me
levantei e lavei as louças. Meu pai ficou sentado na cadeira me observando por
um tempo e depois ele se levantou e foi se arrumar para ir ao trabalho.
Depois de alguns tempo ele desceu
as escadas.
- estou indo para o trabalho –
falou ele olhando para mim ainda na pia.
- até mais – falei olhando para
ele e forçando um sorriso.
Ele não respondeu e se foi.
Terminei de lavar as louças e decidi ir novamente ao lago. Talvez o “Troy”
tivesse deixado outro recado para mim. Dessa vez peguei uma caneta, um pedaço
de papel e me fui.
O lago estava mais cheio ainda. O
sol estava forte e isso foi um convite para os turistas e os estudantes da
cidade que aproveitavam suas férias. Passei por uma área gramada e por algumas
folhas no chão e finalmente cheguei ao meu local de encontro com Jake.
Fui até a pedra e olhei atrás.
Havia um papel embolado. Talvez fosse o meu, mas só saberia quando eu
respondesse. Peguei o papel e o abri.
MEU NOME É OLIVER, QUEM É VOCÊ?
Era o papel que eu tinha escrito.
- que droga – falei jogando o
papel no chão e me sentando na pedra. Talvez aquele papel nem fosse para mim.
Respirei fundo e pensei em Jake. Olhei para o papel no chão e percebi que tinha
algo escrito do outro lado. Peguei ele rapidamente e li.
EU SOU DEUS
- “eu sou deus” – li alto – que
tipo de resposta é essa? Olhei para o papel por completo e mais embaixo Havia
mais.
TENHA CUIDADO NA FESTA
Aquela mensagem foi mais estranha
que a primeira. “Tenha cuidado na festa”. Qual festa? Não entendi nada. Peguei
minha caneta e um novo pedaço de papel e comecei a escrever.
DO QUE EU PRECISO TER MEDO?
Coloquei o papel de volta no
lugar e decidi ir embora. Achei estranho aquela mensagem. Troy havia se
identificado sendo um Deus e ainda tinha me dado um aviso. Me mandou ter
cuidado na festa, mas em qual festa?
Estava indo embora e passando
próximo ao lago e senti uma tontura. Alguém havia atirado uma bola bem na minha
direção. Eu cai tonto.
- meu deus – falou uma voz
feminina vindo até mim – me desculpa.
- você está bem? – perguntou um
homem vindo até nós.
A mulher estava de biquíni e o
homem apenas de bermuda.
- eu estou bem – falei me
levantando.
- me desculpa – falou a garota de
cabelos loiros.
- ela tem pontaria ruim – falou o
homem.
- para de graça – falou a mulher
– me desculpa.
- sem problema, eu estou bem. De
verdade.
- eu me sinto mal – falou a
mulher preocupada.
- eu estou bem. não precisa ficar
preocupada.
- talvez você devesse ir ao
hospital.
- não precisa. Meu pai é médico.
- ok – falou ela com um sorriso –
sinto muito mesmo.
- OK – falei sorrindo.
- espera só um pouco – falou o
homem correndo de volta aos amigos e voltando com um papel – venha na festa –
falou ele me entregando um panfleto. Era sobre uma festa anual que sempre tinha
no lago.
- é verdade! – falei alto. Me
lembrei que sempre tinha essa festa nas férias de verão. Um monte de
adolescentes juntos para dançar, beber, tranzar e o mais importante: se
divertir.
- eu venho sim – falei guardando
no bolso.
- vem mesmo – falou a garota
tirando os cabelos de frente do rosto. O vento assoprava.
- prometo que eu venho – falei
pensando no recado que tinha lido a poucos minutos.
- a propósito – falou ela
estendendo a mão – eu sou Helena. Helena Pearlman.
- eu sou Oliver Marshall.
- muito prazer Oliver – falou ela
– vamos esperar você na festa.
- eu venho sim.
- se você não vier vamos ficar
chateados – falou o garoto estendendo a mão.
- eu venho sim…
- Troy McMallory – falou ele
apertando minha mão.
Senti um calafrio ao ouvir que o nome dele era
Troy. Seria aquilo coincidência ou ele era o mesmo Troy que vinha me deixando
recados.
- eu prometo que venho – falei me
afastando e acenando.
Fui me distanciando e alisando
minha testa que doía um pouco por causa da pancada da bola, mas minha cabeça
doía mesmo de tanta informação. Seria o Troy dos recados o mesmo Troy que havia
acabado de acontecer ou seria apenas uma coincidência? O mais incrível de tudo
é que o Troy disse para que tomasse cuidado em uma festa ao qual eu nem sabia
existir.
Estava nervoso e encabulado por
tanta informação. Fui para casa pensando em tudo isso.
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não consigo acessar o capítulo 22 :/ não está na lista :/
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