RITUAL capítulo três
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stávamos
todos de volta a empresa. Gray estava com um curativo na testa devido a queda
de quando eu o derrubei. Eve, Morgan e ele estavam reunidos na sal de
conferencias com Dylan, Lisa e os pais deles explicando a situação. Eu estava
na copa tomando um copo de água vendo pelas paredes de vidro a conversa deles.
Os pais de Dylan o abraçaram em certo momento, talvez felizes por não serem
drogas.
- gravidez na adolescência é sempre difícil – falou Holly chegando a
copa e ficando ao meu lado vendo a cena.
- pois é, mas fico feliz por não serem drogas e parece que os pais de
Dylan também ficaram. Aparentemente eles preferem ser avós do que filho de um
viciado – falei terminando meu copo d’água.
- o que aconteceu com Gray? Porque ele está com um curativo na testa? –
perguntou Kiff chegando a copa também.
- nosso zagueiro aqui o derrubou – falou Holly dando um empurrão de leve
em mim – ele fez isso pra impedir Gray de machucar uma garota grávida.
- espera, eu pensei que estávamos proibidos de sair do escritório –
perguntou Kiff confuso.
- e nós estamos – falei respirando fundo – quando eles terminarem com o
cliente eles provavelmente vão brigar – falei pensando no dia que tive. Minha
cabeça doía um pouco, mas a ressaca já tinha melhorado.
- Morgan e Gray? – perguntou Holly.
- eu acho que eles ainda se amam – falou Kiff.
- como se ama alguém que te traiu? – perguntei tentando entender a
resposta.
- você simplesmente ama – falou Holly – se foi amor em primeiro lugar
você nunca deixa de amar. Você pode se afastar, pode odiar, mas você ama.
- acho que vou chorar – falou Kiff brincando com Holly.
Nesse momento todos saíram da sala. Eu vi Gray, Eve e Morgan se
despedindo dos garotos e dos pais e eles foram para o elevador. Os clientes se
forem e foi como tudo aconteceu. Eve, Morgan e Gray entraram novamente na sala
e pelos movimentos que faziam os três discutiam sobre alguma coisa.
- eu não disse? – falei saindo da copa deixando Holly e Kiff para trás.
Fui para a minha sala e me sentei na cadeira. Olhei para o porta retrato na
minha mesa e vi novamente aquele casal que não conhecia. Um casal de modelos
contratado que agora era minha família aos olhos de quem os via.
O relógio no meu computador marcava quase quatro horas da tarde eu não
tinha comido nada. Estava sem fome. Fazia uns vinte minutos que Eve, Morgan e
Gray estavam na sala de conferência discutindo e foi então que eu vi Eve se
levantar de sua cadeira e entrar na minha sala.
- o que foi? – perguntei para Eve quando ela abriu a minha porta.
- precisamos de vocês na sala de conferências.
- OK – falei indo até a sala. No caminho Eve chamou Kiff e Holly.
Nós três entramos na sala de conferencia e eu vi que Gray estava sentado
irritado e Morgan carregava a mesma expressão. Eu não ligava para o que eles
decidissem. Desde que eu tivesse um emprego eu estava feliz e esse era um
emprego que eu gostava.
Quando Eve entrou na sala ela fechou a porta e olhou para nós.
- então – falou ela pensando nas palavras – nós estávamos discutindo
sobre a decisão que tomamos ontem.
- qual decisão? – perguntou Kiff se fazendo de bobo.
- a decisão de que vocês não deveriam sair do escritório para fazer
trabalho de campo como Gray, Eve e eu fazemos.
- e o que decidiram? – perguntou Holly.
Nesse momento Gray tomou a palavra.
- decidimos que se vocês quiserem vocês podem ir – falou Gray irritado.
Ele não queria dar o braço a torcer.
- se Griffin não estivesse lá hoje não sei o que teria acontecido. uma
garota grávida podia sair machucada e provavelmente o bebê também teria se
machucado – falou Morgan.
Holly e Kiss comemoraram e não esconderam que estavam felizes com a
noticia.
- você não parece muito feliz Griffin – falou Eve percebendo que eu não
tive reação.
- não… eu estou. Estou sim.
- você não parece – falou ela insistindo.
- alguma coisa aconteceu? – perguntou Morgan.
- não é nada eu estou bem. Fico feliz por poder sair e fazer o trabalho
que vocês fazem é que… a culpa foi minha. Eu devia ter percebido antes. Eu só
descobri na última hora.
- Gray… - falou Morgan dando o sinal com a cabeça para que ele fizesse
algo.
- obrigado – falou Gray olhando para mim – eu… eu teria machucado aquela
garota e o bebê se você não estivesse lá então… você entendeu – falou Gray
tentando ser gentil, mas não descendo do posto de arrogância em que ele estava.
- OK – falei tentando aceitar o elogio.
- o que vocês acham de sair hoje pra comemorar? – perguntou Morgan.
Sempre que terminavam um trabalho Eve, Morgan e Gray saiam para
comemorar. Mesmo odiando uns aos outros eles faziam isso. Era um ritual.
- combinado – falou Eve.
Nesse momento Holly, Kiff e eu nos levantamos para sair da sala.
- vocês vão? – perguntou Morgan para nós três.
- nós podemos? – perguntou Kiff.
- claro – falou Eve – vocês fazem parte do time agora. Se vocês vão sair
do escritório para sujar as mãos com o trabalho pesado então vocês também podem
comemorar.
- topamos – falou Holly.
- eu não topo – falei me lembrando da noite passada – eu ainda estou de
ressaca da noite passada com Kiff e Holly.
- você não precisa beber – falou Morgan - existe mais de uma maneiras de
se divertir.
Eu ia negar, mas eu vi na expressão de Morgan que ela precisava de mim.
Ela não queria ir ‘sozinha’.
- tudo bem, mas eu não prometo ficar a noite toda.
Depois dessa conversa voltei para minha sala contando os minutos para
que o expediente terminasse. Havia alguns clientes em que trabalhávamos por
meses. Algumas investigações levavam tempo e quando não tínhamos clientes como
os Fairbanks nós trabalhávamos nesses casos de longa duração.
Quando chegou o fim do expediente todos foram embora do escritório com
exceção dos que iriam para essa comemoração. Eu estava tão cansado e queria
arranjar uma desculpa para não ir. Sai da minha sala em direção a sala de
Morgan tentando arranjar uma desculpa na cabeça. O ambiente estava escuro com
exceção de algumas luzes. Cheguei até a sala dela e abri a porta
- olha Morgan… - falei entrando na sala.
- nem pensar – falou Morgan se levantado – você não vai cancelar. Nós
inclusive já estamos indo.
- beleza – falei calando minha boca. Até porque eu não tinha desculpa
nenhuma.
Morgan e eu saímos da sala dela e ao passarmos na copa vimos Kiff e
Holly.
- nós já estamos indo, querem uma carona? – perguntou Morgan.
- eu vou pra casa me arrumar antes – falou Holly.
- não gente – falou Morgan tentando animar todo mundo – é pra ser uma
comemoração após o trabalho. Nada de ir pra casa porque se eu for pra casa eu
não vou querer ir então vocês também não vão. Vamos indo – falou ela com a
chave do carro na mão. Holly e Kiff concordaram.
Já no estacionamento nós esperamos por Gray e Eve que foram em carros
separados. Estávamos os quatro no carro e Morgan foi a primeira a sair do
estacionamento. Já estava escuro e agora a cidade era iluminada como uma colcha
cravejada dos mais belos diamantes.
- onde vamos? – perguntou Holly.
- The Corner Blvd, um bar e restaurante que sempre vamos pra comemorar
algo relacionado ao trabalho – falou Morgan tentando ser animada.
- eu queria ir pra casa – falei cortando a graça dela.
- por favor Griffin, se anime – falou Morgan.
- eu só não vejo sentido em comemorar.
- quando fundamos a Pegasus a nove anos atrás nós queríamos uma empresa
onde os clientes sentissem acolhidos. Muitos deles vem com problemas e nós
somos a solução. Quando Gray, Eve e eu resolvemos nosso primeiro caso nós fomos
até o The Corner Blvd comemorar e nessa época nós éramos uma pequena empresa em
um prédio qualquer. Éramos só nós três. Nós comemoramos sempre e só crescemos
de lá pra cá se vocês querem realmente fazer parte da equipe vocês tem que participar
desse ritual. Sei que é supersticioso, é bobo, mas eu não estou preparada para
acabar com isso.
Nós três ouvimos o que Morgan disse e parece que Holly e Kiff estavam
bem animados, mas ainda sim eu queria ir pra casa. Eu estava muito cansado. Nem
tinha me recuperado da noite anterior e já estava saindo novamente. A noite
parecia escura e fria pra mim. Eu não conseguia parecer tão animado quanto
Morgan, mas eu tentaria ficar nem que fosse uma hora nessa comemoração.
Assim que chegamos ao tal bar e restaurante o manobrista estacionou o
carro de Morgan e fez o mesmo com Gray e Eve. O ambiente parecia ser agradável
e a melhor parte de todas é que não tinha pista de dança. As pessoas
conversavam e só. Podia se sentar á mesa ou ficar no balcão. Havia comida,
bebida e muitas pessoas.
Morgan sentou-se em uma mesa com assento em estofado vermelho que tinha
formato de ‘U’. sentei-me ao lado de Morgan e Holly se sentou ao meu lado. Kiff
veio logo após Holly. Gray se sentou do outro lado de Morgan e Eve veio logo em
seguida.
- e então? Vamos beber o que? – perguntou Morgan.
- eu vou beber refrigerante – falei levantando a mão e pedindo ao garçom.
Kiff e Holly pediram cerveja. Eve, Morgan e Gray pediram algumas bebidas
afrodisíacas. Nada contra o ritual de Morgan, mas tudo o que eu queria era que
aquela noite acabasse logo. Refrigerante seria a única coisa que eu colocaria
na boca. Não gostava de comer a noite. Não tinha esse costume e eu sempre me
sentia mal se o fizesse.
- e então Gray? Se sente melhor? – perguntou Holly sobre o machucado
dele na testa.
- estou sim – falou Gray – só tenho a agradecer Griffin por essa
lembrança – falou ele apontando para o machucado.
Nesse momento vi Morgan o repreendendo.
- eu estou brincando – falou Gray sorrindo pra mim. Acho que os dois
copos de bebida que ele tomou o deixaram menos tenso do que ele parecia ser.
Mesmo assim eu não confiava nele – Griffin é um cara legal. Me impediu se fazer
uma coisa horrível.
- acho que alguém tem fraco pra bebida – falou Kiff vendo o quanto Gray
estava alterado.
- ele sempre foi assim – falou Morgan – todo o casamento. Não aguenta
bebida – falou ela rindo.
- é engraçado como vocês se dão tão bem – falou Holly para Eve e Morgan.
Eu dei um empurrão na Holly para que ela percebesse a baboseira que
tinha dito.
- como assim? – perguntou Eve.
Holly não respondeu nada e apenas tomou um gole da cerveja dela tentando
disfarçar. Eve olhou para Holly, para mim, para Kiff e em seguida olhou para
Morgan.
- você contou pra eles? – perguntou Eve chateada.
- você não pode me culpar por dizer a verdade além do mais eles não vão
te julgar. Eu costumava ser sua melhor amiga e eu não te julgo.
Eve olhou para nós novamente e em seguida pegou o copo de bebida e o
virou de uma vez levantando a mão para o garçom trazer outro.
- acho que eu vou no banheiro – falou Gray se levantando com dificuldade
– não venha atrás de mim Griffin – falou Gray antes de ir para o banheiro.
- eu sinto muito Griffin -falou
Morgan pelo comentário. Kiff e Holly apenas davam risada.
- sem problema Morgan.
- quer saber? Nada mais de bebida pra ele – falou Morgan chamando o
garçom para que ele levasse o copo de Gray. Quando o garçom chegou Morgan pediu
para que ele colocasse água com gás toda vez que Gray pedisse alguma bebida.
Quando Gray voltou do banheiro o garçom fez exatamente o que Morgan pediu e o
pior é que ele nem percebeu. Menos mal.
A noite não estava tão ruim quanto eu esperava. Passaram-se quase duas
horas e nós conversávamos bastante. Acho que eu era o que menos falava alguma
coisa. Eu não queria falar sobre mim. Estava cansado de falar sobre mim.
- tem um homem olhando pra cá – falou Holly interrompendo a conversa de
Eve.
- acho que ele está olhando pra você Holly – falou Kiff.
- acho que sim – falou Holly arrumando o cabelo.
- e o Josh? – perguntei para Holly.
- o que tem ele?
- ele não vai ficar com ciúmes.
- não sei – falou Holly – não estou pensando no Josh, estou pensando em
mim mesma.
O homem que olhava na direção da mesa era alto, tinha olhos verdes e
usava uma roupa social. Parecia que estava vindo de um longo dia de trabalho
assim como nós.
- eu não acho que ele esteja olhando para você Holly – falou Gray
olhando para mim. Dando a entender que o homem olhava para mim.
- me deixa em paz Gray – falei tomando um gole do meu refrigerante – e
você está certo, ele não está olhando para Holly. Está olhando para Morgan.
- eu? – perguntou Holly surpresa.
Quase que ao mesmo tempo um garçom trouxe uma bebida.
- o cavalheiro lhe mandou essa bebida – falou o garçom colocando a
bebida na frente de Morgan, junto da bebida tinha um papel com o nome Jake e o
número de telefone dele.
- eu disse.
- você não vai ligar para esse palhaço, vai? – perguntou Gray.
- porque eu não deveria? – perguntou Morgan olhando o papel e tomando um
gole da bebida. Ela levantou o copo agradecendo e de longe o homem fez o mesmo.
- como você sabia que não era pra você? – perguntou Kiff para mim.
- quando o garçom trouxe os dois últimos pedidos de Morgan o homem
perguntou o que ela estava bebendo. Faz uns trinta minutos que ele está olhando
nessa direção – falei terminando de beber o meu refrigerante – você aprende a
notar os detalhes quando seu trabalho é
ver o que não está lá.
- de onde eu te conheço? – perguntou uma mulher parando em frente a
nossa mesa com um vestido azul acima do joelho com um copo de bebida na mão.
Todos olharam para mim e eu percebi que ela estava falando comigo.
- está perguntando pra mim? – perguntei olhando para o rosto da mulher.
Eu congelei ao ver quem era.
- sim. Eu acho que te conheço de algum lugar – falou ela com um sorriso.
Para minha sorte ela não parecia se lembrar de mim.
- você deve estar me confundindo com alguém – falei pigarreando e
tomando um gole da bebida antes de perceber que já tinha acabado.
- não – falou ela tomando um gole da bebida dela. Ela estava com os
mesmos cabelos loiros escuros e com o mesmo corte que ia até abaixo do ombro –
eu tenho certeza que te conheço, mas eu não consigo me lembrar. Está na ponta
da língua.
- quer saber? Acho que vou embora – falei olhando para o celular
disfarçando. Ela estava prestes a se lembrar de onde me conhecia e isso não era
bonito.
- já está indo Griffin? – perguntou Holly.
- Griffin? – falou a mulher se lembrando – Bruce? É você mesmo?
Todos se entreolharam e depois olharam para mim.
- Sou eu – falei arrependido por ter ido com eles naquele lugar – é bom
te ver também Sadie.
- e você é? – perguntou Morgan para a mulher.
- muito prazer – falou a mulher estendendo a mão e apertando a mão de
Morgan – sou Sadie Frances.
- Morgan Provoost – falou ela sorrindo de volta para Sadie – de onde
você conhece o Griffin?
- da nossa cidade natal. Omaha no Nebraska. Nós crescemos na mesma
cidade e estudamos no colegial. Lembro dele porque ele era o gênio que pulou
duas séries no colegial porque foi aceito em Harvard.
- Nebraska? – perguntou Morgan confusa – eu pensei que você tivesse
nascido e crescido em Washington.
Quando entrei na Pegasus eu menti sobre onde tinha vindo. Disse que
tinha vivido em Washington.
- é que eu estudei o colegial em Nebraska – falei tentando contornar a
mentira que tinha contado. Levantei a mão e pedi o garçom que trouxesse uma
batida de frutas.
- é bom ver que conseguiu se dar bem na vida – falou Sadie.
- você também parece que se deu bem – falei tentando mudar de assunto.
- não se engane – falou ela mostrando a aliança, eu casei com um homem
rico, quer dizer… nem todos somos gênios, certo? – falou ela rindo e dando um
gole da bebida. Como se estivesse orgulhosa de onde estava, mas não se
orgulhasse tanto de como tinha chegado aqui – vou deixar vocês em paz – falei
ela se virando para sair, mas antes ela olhou novamente para mim – e eu sinto
muito pelo seu irmão, eu nunca o esqueci…
- até mais Sadie! – falei interrompendo ela tentando soar mais alto do
que ela. Sadie deu um sorriso e se foi.
- isso foi estranho – falou Kiff.
- eu não sabia que você tinha irmão – falou Eve.
- verdade você nunca o mencionou – falou Morgan – ele vive aqui em Los
Angeles?
- na verdade ele já faleceu – falei tomando um gole da minha bebida. Não
gostava de lembrar do meu irmão.
- sinto muito – faloi Morgan – como ele se chamava?
- Christopher – falei tomando outro gole da minha bebida.
- porque ela te chamou de Bruce? – perguntou Holly.
Respirei fundo antes de responder.
- meu nome é Bruce. Griffin é meu nome do meio. Meu nome é Bruce Griffin
Blake, mas eu não gosto de Bruce então por favor, continuem me chamando de
Griffin.
- você sabia disso? – perguntou Eve para Morgan.
- Claro. Eu o contratei – falou Morgan tomando um gole da sua bebida.
- como seu irmão faleceu? – perguntou Gray.
- acidente de carro – como eu queria que aquela bebida nas minhas mãos
fosse alcóolica – ele era novo. Na época tinha vinte e seis anos… vamos falar
sobre outra coisa – falei pegando o copo da bebida de Morgan e dando um grande
gole.
- tudo bem Bruce – falou Gray me provocando.
Eu não via a hora daquela noite terminar e a pior parte dela foi ter
encontrado Sadie. Eu realmente não gostava de lembrar do passado. Eu detestava
Bruce.
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