Capítulo 08: DIA 7 — 14h03min ás 15h49min | Conto: Crônicas de Perpetua: Homem Proibido — Livro Um

Ira

Capítulo 8

DIA 7 — 14h03min ás 15h49min

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A

 caminhada naquela floresta cheia de musgos e trevo de quatro folhas foi a melhor parte de toda nossa caminhada. Nós comemos as maçãs e o restante do cereal que não havia desaparecido junto com a bagagem. Nós estávamos sentados no chão mesmo. As folhas verdes já estavam em um tom mais fraco e muitas delas estavam secas no chão. A terra não estava tão marrom e parecia mais avermelhada. As árvores ao redor de onde estávamos começavam a perder as folhas. Aquela era a terceira parte da floresta. Uma floresta mais seca e escassa. Se você olhasse para o lado direito a floresta estava verde. Do lado direita ela estava seca. Era incrível a transição. Nós estávamos bem no meio onde as folhas caiam lentamente de se secavam ao tocarem o chão.

- nós não podemos ficar aqui pra sempre? – perguntou Anita tomando um longo gole de água da garrafa de Dorothy.

- até que não é uma má ideia – falei respirando fundo. Pela primeira vez eu concordava com Anita. Ela estava sempre querendo ficar para trás e voltar de onde viemos e pela primeira vez senti que ela estava certa. Senti um certo desconforto e um frio na barriga.

- você mesmo disse dezenas de vezes que não deveríamos voltar – falou Teddy chamando minha atenção.

- eu sei, mas é que ali está tudo seco  -falei olhando para o lado da floresta que parecia mais um cemitério de árvores.

- mas ali está tudo verde – falou Ted apontando.

- então porque não voltamos para lá?

- porque a vida não se resume em voltar. Se resume em seguir em frente. Você tem que aproveitar as coisas boas da vida – como a floresta verde – isso te ajudar a passar pelas dificuldade – como a floresta seca que vamos enfrentar – falou Ted apontando.

- acho que você está certo – falei rindo – você é tão inteligente.

- só um pouco – falou ele passando o braço por trás de mim e me puxando junto dele. Me sentia bem quando ele fazia aquilo. Sentia sua respiração em mim.

- vocês me dão vontade de vomitar – falou Misty zombando de Ted e eu.

- não liga pra ela, eu acho vocês fofos – falou Dorothy – é tão bom estar apaixonado.

- concordo – falou Rodolfo mordendo um pedaço da maçã – eu sinto falta desse sentimento.

- você não é apaixonado por mim? – perguntou Dorothy dando um empurrão leve em Rodolfo.

- claro que sou amor, é brincadeira.

- tudo o que eu queria era uma maca bem gostosa e um chuveiro com sabonete de maracujá e um creme de pêssego para a pele – falou Lucy se escorando em uma das árvores pensativa.

- nem me fala – falou Rose pegando uma pedra e jogando longe.

A pedra voou por alguns metros e em seguida ouve um resmungo.

- que droga! – falou uma voz masculina.

- vocês ouviram isso? – perguntei me levantando.

- sim – falou Ted segurando em meu braço – não faça nenhuma loucura Kyle. Por favor. Eu te imploro – falou Ted lambendo os lábios sendo um cara protetor.

- você não está sendo um pouquinho dramático?

- me dá a arma Kyle! – falou Ted autoritário. Ele realmente não queria que eu fosse usado como escudo humano.

- tudo bem – falei respirando fundo – eu não vou lá.

- obrigado – falou Ted pegando a arma e indo na frente junto com Rodolfo. Eles seguiram tentando fazer silêncio, mas os galhos e as folhas secas que quebravam a medida que eles pisavam. Ted tinha uma ficção séria. Ele estava fortemente bronzeado pelo sol e sua roupa estava suja. Ele não usava mais o terno. Ele havia deixado ele para trás. Rodolfo e Ted se foram e desapareceram descendo pelo morro onde Rose tinha jogado a pedra.

- vocês estão bem? – gritou Rose.

- Sim! – gritou Teddy – podem vir. É um cara!

Nós corremos e ao chegarmos na beirava vimos que havia um rio lá em baixo. Era um terreno inclinado. Rose se agachou e jogou a mochila dela que desceu morro abaixo enquanto ela escorregava.

- é fácil pessoal! Venham! – falou Rose escorregando.

Anita, Dorothy e Misty se agacharam e foram descendo se segurando em galhos secos e em alguns troncos de árvores mortos. Olhei em volta e vi que o rio desaparecia dos dois lados. Lá do alto dava pra ter uma ideia do tamanho da floresta. Era enorme e todas as árvores estavam mortas, mas havia um detalhes. Do outro lado do rio haviam rosas. Rosas vermelhas plantadas no chão. O ‘cara’ ao qual Teddy se referiu estava sentado em uma cadeira de rodas.

- venha Kyle! Eu seguro você! – falou Teddy subindo um pouco.

Eu joguei a minha mochila e Teddy a pegou. Eu me agachei e desci escorregando as mãos até que Ted me pegou lá em baixo.

- obrigado – falei ficando de pé tirando a sujeira das mãos batendo-as na minha roupa. Olhei em volta e percebi que a floresta era tão seca quanto lá no alto.

- quem é você? – perguntou Rodolfo olhando para um homem que tinha um corte do lado no rosto. Ele parecia cansado como nós.

- meu nome é Willard Rogers. Eu não sei como cheguei assim – falou o homem de cabelos curtos e barba no rosto- e vocês? – perguntou o homem desconfiado.

- o mesmo que você – falou Rodolfo – não temos ideia de como chegamos aqui. Nós acordamos em uma cabana. E você?

- aqui mesmo nessa floresta. Estava caído no chão e quando acordei eu usei todas as minhas forças para conseguir voltar para minha cadeira.

- quem faria uma coisa dessas com um deficiente? – perguntou Misty.

- eu não sei – falou Ted – mas pode ter sido a mesma pessoa que fez isso conosco.

- vocês viram o rio? – falou Anita chamando nossa atenção. Ela estava agachada com a mão dentro da água. Nós nos aproximamos e ela pegou um pouco da água com a mão e deixou escorrer.

- é sangue? – perguntou Dorothy percebendo que a água era vermelha.

- mão parece – falou Lucy se abaixando e pegando um pouco com a mão e levando até a boca. Ela deu um gole e lambeu os lábios – está uma delícia.

Anita fez o mesmo e cuspiu a água.

- delícia? Tem gosto amargo. Não tem gosto de sangue, mas é amarga – falou Anita se levantando com o estômago enjoada.

- do que você está falando? Está maravilhosa! – Lucy continuou a beber e o restante foi até o rio e se ajoelhou pegando a água e levando até a boca ninguém pareceu reclamar.

Eu me ajoelhei e peguei um pouco de água com a mão e dei um gole cuspindo em seguida.

- que nojo! – falei me levantando – tem gosto amargo.

- eu não sinto esse gosto amargo! – falou Ted olhando para mim.

- eu sinto! – falou Will .

- você também não conseguiu beber essa água?

- Não. Tem gosto amargo para mim.

- o que será que deixou ela assim para vocês? – perguntou Rose tomando um pouco de água. Percebi que ela se sentia mal por Anita, Will e eu não conseguirmos beber.

- deve ser o mesmo motivo pelo qual Anita e Kyle foram os únicos a conseguirem pegar as maçãs daquela árvore – falou Lucy – talvez Will também conseguisse pegar as maçãs.

- vocês tem maçãs? – perguntou Will – eu estou faminto.

- sim, temos – falei indo até a mochila e pegando uma maçã. Will pegou ela da minha mão e começou a comer ferozmente.

- nossa eu nunca comi uma maçã tão gostosa – falou Will mastigando um grande pedaço que ele havia mordido.

- você está aqui a quantos dias?

- a sete dias – falou Will.

- exatamente como nós – falou Rose.

- eu acordei no meio da floresta e tenho me virando comendo flores e figos. Era a única árvore que eu consegui alcançar. Eu peguei alguns para viagem, mas faz pouco mais de um dia que eu não como nada. Essa floresta é seca e não tem nada aqui que dava pra engolir. Eu dei sorte por encontrar vocês.

- você por acaso viu algum… animal? – falei tentando disfarçar.

- vocês também viram aquelas coisas? – perguntou Will.

- que coisas? – perguntou Lucy curiosa.

- uma homem com rosto de touro.

- sim. Nós vimos – falou Misty se juntando a conversa – um deles matou um cara que estava conosco. Um canalha.

- sério? Eles parecem tão dócil – falou Will pedindo por outra maçã e eu dei mais duas a ele.

- eles não te atacaram? – perguntou Ted.

- não. quando eu os vi pela primeira vez eu me assustei muito e um deles até pareceu bravo comigo, mas eu joguei um figo para um deles e eles agiram como se fossem de estimação. Ele comeu e se abaixou para que eu fizesse carinho. Essas coisas são inofensivas.

Todos se entreolharam. A história de Will se parecia muito com a minha. As criaturas não me atacavam também. Talvez nós tivéssemos algo em comum.

- eles também não me atacam – falei me olhando em volta. Deixei o resto do pessoal conversando e caminhei em direção ao rio. Olhei para a água e vi aquela coisa vermelha e amarga escorrendo. Olhei para o outro lado e imaginei que deveríamos continuar em frente.

- nós precisamos atravessar para o lado de lá – falei olhando para as rosas plantadas no chão.

- não podemos – falou Will chegando perto de mim com a cadeira de rodas – eu já andei quilômetros dos dois lados do rio. Não tem como passarmos. Não há ponte.

- do lado de lá tem rosas e pedras – falei chegando o mais perto que pude da água. Todas as rosas tinham pedras pequenas em volta delas. E cada uma das rosas tinha vários espinhos. Eu com seguia ver mesmo de longe porque não era como os espinhos normais. Eram longos e pareciam afiados. Eram como agulhas. Era curioso que elas estivessem do lado de lá, mas não estivessem do lado onde estávamos. Como se estivessem lá por algum motivo.

- talvez consigamos atravessá-lo nadando – falou Lucy.

- eu não sei nadar – falou Anita.

- eu não posso nadar – falou Will. Você acha que se essa fosse uma opção eu já não teria tentado?

- você estava sozinho – falou Teddy – Rodolfo e eu podemos te levar para o lado de lá e depois eu volto para pegar a sua cadeira.

- e quem não sabe nadar? – perguntou Anita.

- você vem comigo! – falei segurando na mão da Anita – nós vamos juntos. Eu te protejo.

- tudo bem – falou ela arrumando os cabelos e segurando forte na minha mão.

Ted e Rodolfo se prepararam. Tiraram as roupas ficando apenas de cueca. Eles pegaram Will da cadeira e conseguiram leva-lo até a água. Não parecia ser muito fundo. Eles caminharam por um certo tempo e finalmente afundaram e se seguraram em uma pedra. O rio não era violento e as águas eram calmas apesar de ter um gosto amargo. Ted e Rodolfo caminharam atravessando o rio segurando em algumas pedras. Will ajudava da forma que podia. Lucy e Rose seguraram na mão uma da outra e foram logo em seguida. Dorothy foi ao lado de Misty. Eu olhei para Anita e ela parecia assustada.

- vai ficar tudo bem. A gente pode sair daqui.

- se dependesse de mim eu voltava pra cabana – falou Anita engolindo em seco olhando para o rio. Ted, Rodolfo e Will haviam acabado de chegar.

- eu sei e te entendo, mas precisamos seguir em frente.

- deixa de ser idiota, você só está repetindo o que o seu namorado de disse – falou Anita puxando a mão.

- ele não é meu namorado! – falei olhando para Teddy que nadava de volta para poder pegar a cadeira de rodas de Will. Eu segui Anita. Ela se sentou em uma pedra.

- eu não estou me sentindo bem. Estou com vontade de vomitar.

- eu sei. Eu sinto a mesma coisa. Não o tempo todo, mas eu sinto.

- e quando você sente esse frio com esse enjoo?

- quando eu penso que quando sairmos desse lugar eu nunca mais veja Teddy – falei vendo-o sair da água.

- vocês não virão? – perguntou Ted caminhando até nós.

- sim. nós vamos.

- eu vim pegar a cadeira de Will – falou Ted pegando a cadeira e levando para perto do rio.

- vamos Anita! – falei segurando na mão dela – nada vai acontecer conosco.

Anita segurou em minha mão e eu olhei para ela.

- está preparada?

- estou – falou Anita rindo.

- prepare-se – falei rindo olhando para Anita que entendeu o que eu queria – três, dois, um e… já!

Anita e eu corremos em direção ao rio e chutamos a água até chegar na parte funda. Quando fizemos isso foi como se o rio ganhasse vida própria nós sentimos uma grande onde nos levantar e então o rio se agitou. Eu segurei forte em uma pedra e a correnteza começou a ficar cada vez mais forte.

- não me solta! – gritou Anita sentindo a água entrar em sua boca. Ela tentava respirar, assim como eu.

- Kyle! – gritou Ted desesperado. Eu apertava meus olhos olhando para onde conseguia e percebi que todos estavam desesperados para nos ajudar, mas não havia como. O rio estava com raiva de nós. Ele não queria que Anita e eu estivéssemos lá. Ou talvez nós é que não queríamos estar naquele rio.

Minha mão começou a soltar a pedra e senti a mão de Anita se soltando da minha. Eu não ia soltá-la. Ou nós dois iriamos ou nós dois ficávamos. Em certo momento eu engoli um bocado daquela água amarga e foi quando minha mão escorregou e Anita e eu fomos sugados pela correnteza.

Todos se desesperaram. Rodolfo, Rose e Ted começaram a correr descendo o rio enquanto Anita e eu éramos puxados. Eu via a floresta seca de um lado e a floresta seca com rosas do outro. Anita soltou minha mão e eu afundei. Não sabia nadar. Talvez aquele fosse meu fim. Não havia criaturas, não havia machucados que se curavam. Era apenas obra da natureza. Morrer afogado. Estar em um lugar maluco como aquele  e morrer afogado.

- Kyle! – gritou Anita quando eu voltei para a superfície. Eu tosse e olhei em volta – cachoeira;! – gritou Anita – cachoeira!

Ouvi um som alto e senti um gelo na alma. Havia uma cachoeira a poucos metros. Fui arremessado com força em uma pedra e bati o lado esquerdo do corpo. Vi que Anita tentava se segurar em um tronco que estava caído dentro do rio, mas ao passar por ele ela escorregou a mão no galho seco e passou direto.

- Kyle! - girou Teddy chamando minha atenção.

Eu afundei uma última vez e ao voltar para a superfície vi quando Anita desapareceu no horizonte. Fui chegando cada vez mais perto da queda de água e quando vi o quão alto estávamos eu fechei meus olhos. Senti meu corpo deslizar e em seguida cair em queda livre. Imaginei a quantidade de pedras que existiam lá embaixo.

Senti meu corpo atingir a água e então uma forte dor ao atingir as pedras lá embaixo. Meu corpo foi arrastado e quando abri os olhos ainda embaixo da água eu vi Anita. Ela estava de olhos abertos olhando para mim. Nossos corpos giraram dentro da água e nossas mãos se tocaram. Nós fomos arrastados rio adentro e juntos chegamos a superfície. Eu respirei fundo e tossi segurando forte a mão da Anita. A água nos jogou cada vez mais para as margens da floresta que a essa parte era como qualquer floresta: com árvores verdes e muito bonitas.

Eu me arrastei para fora do rio e puxei Anita. Nós ficamos lá deitados e olhamos um para o outro. Aquela dor que senti ao atingir as pedras lá embaixo já não existia mais. Era como se nada tivesse acontecido. Me forcei a ficar sentado e tossi vomitando. Saiu apenas água que aquela altura não era mais vermelha. Antes da cachoeira a água parecia sangue, mas uma vez que a água caia ela estava como qualquer água. Sem gosto amargo. Volitei quase meio litro de água e vi que Anita fez o mesmo. É como se nós tivéssemos nos afogado, mas não tivéssemos morrido.

- você está bem? – falei olhando para ela.

- estou! E você? – falou ela finalmente parando de vomitar e se levantando. Ela esticou o braço e me deu apoio enquanto me levantava. Olhei para trás e vi a enorme cachoeira que fazia um barulho estrondoso.

- Kyle! – falo Anita chamando a minha atenção.

Olhei para ela, mas Anita parecia pequenina diante daquela enorme mansão. A uns trinta metros no alto de uma colina havia uma enorme mansão. Era branca e as luzes pareciam estar acesas. Talvez houvesse alguém vivendo lá.

- Kyle! Anita! – gritou uma voz masculina lá no lato. Olhamos para trás e vimos algumas figuras lá em cima – vocês estão bem?

- sim! estamos bem! – gritei alto. Anita e acenou junto comigo.

- nós vamos arranjar uma maneira de descer até ai.

- venham rápido! – gritei o mais furte que pude.

- o que você acha que devemos fazer? – Anita parecia apreensiva e ao mesmo tempo parecia curiosa.

- acho que devemos ficar aqui e esperar pelos outros – falei indo até o chão e me sentando. Lambi os lábios e passei a mão no rosto tirando a água.

- tudo bem – falou Anita se sentando ao meu lado. Ele se inclinou e deitou a cabeça em meu ombro. Repousando-a.

- pelo menos não é a cabana – falei respirando fundo olhando para aquela enorme mansão á nossa frente.

- obrigada! – falou Anita.

- pelo o que?

- por não ter soltado a minha mão.

- eu prometi que não soltaria.

- obrigado por não ter dado ouvidos a mim. Eu sei que deveríamos ter saído da cabana. Foi a coisa certa a se fazer. É que diante da dificuldade eu sempre acho mais fácil evita-la.

- eu também sou assim Anita. Exatamente como você. Eu fujo das brigas. Sempre fugi.

- você não fugiu de mim – falou ela com um sorriso.

Nós ficamos lá sentados por mais de uma hora. O sol se moveu por uma longa distância e nós acabamos nos secando com o vento. Anita acabou deitando no meu colo. Ela parecia cansada e bem íntima de mim. Eu não me sentia mal perto dela. Eu geralmente não gostava de ser tocado ou de ser muito próximo a pessoas desconhecidas, mas sentia que Anita era como eu. Ela era um pouco fechada e havia se sentindo um pouco mais livre comigo.

- como se chama sua irmã? – perguntou Anita.

- minha irmã? – falei pensativo – eu não me lembro.

- sério?

- sim. eu não me lembro. Eu sinto que minha mente está se apagando assim como o restante. E você? Está sentindo como se sua vida não fosse real?

- as vezes. Por mais que eu não consiga me lembrar de nada eu não consigo me esquecer da Misty. Eu sei que nós somos muito amigas, mas é como se Los Angeles não fosse real. Como se minhas memória tivessem sido plantadas.

- sério? Eu me sinto da mesma forma.

- talvez tenham sido os alienígenas – falou Anita. Talvez eles tenham apagado nossa memória.

- acho pouco provável. Eles tem mais o que fazer do que inserir sondas anais e apagar as memórias dos humanos.

- será que nós somos mutantes? – perguntou Anita.

Eu estiquei meu braço e me concentrei em uma pedra. Eu tentei movê-la com a força da minha mente, mas nada aconteceu.

- acho que não – falei rindo.

- seu sem graça – falou ela rindo.

Nós ficamos por alguns minutos em silêncio observando a grande mansão no alto da colina. Do lado direito atrás de nós surgiu na floresta um vulto correndo em nossa direção. Assustada com o barulho Anita se levantou do meu colo e sentada olhou na mesma direção que eu.

- Kyle?! – falou Teddy ofegando correndo na nossa direção.

- Teddy! – falei me levantando e indo até ele. Teddy me deu um abraço forte ao me ver.

- graças a Deus você está bem – ele me soltou e passou a mão por meu corpo, por meu braço – você está bem? Não quebrou nada?

- não. Eu estou bem.

- eu também estou bem – falou Anita.

- como é possível? – perguntou Dorothy.

- eu não sei – falei olhando para trás – nós caímos nas pedras, mas não nos machucamos.

Vi Rose se aproximar empurrando a cadeira de rodas de Will. Enquanto se aproximava Rose olhou para o lado e viu a grade mansão. Acho que ela havia sido a primeira a vê-la. Ela pareceu maravilhada e perplexa.

- olha o que encontramos – falou Anita apontando em direção a mansão e todos olharam. Todos ficaram boquiabertos ao verem aquela gigante mansão no meio da floresta.

- vocês entraram lá? – perguntou Misty.

- não. decidimos esperar vocês – falei respirando fundo sentindo Teddy apertar minha cintura. Ele estava junto a mim e não parecia querer me soltar. Havia o que parecia ser uma colina que não era muito alta. Não havia árvores próximo a mansão lá no alto dessa colina.

- nós precisamos ter certeza de que vamos entrar lá – falou Rodolfo – vocês sabem  oque acontecia quando estávamos naquela cabana.

- o que acontecia? – perguntou Will.

- nós dormíamos vinte e quatro horas. Ficávamos acordados apenas uma hora por dia.

- e vocês não sabem o motivo?

- Não. Não sabemos – falou Lucy. Ela estava carregando a minha mochila. Ela tirou do braço e colocou no chão – Rodolfo está certo. Precisamos ter certeza de que entrar nessa mansão é uma boa ideia.

- tem alguém que acha que entrar na mansão é uma má ideia? – perguntou Teddy olhando em volta. Ninguém levantou a mão. Nem mesmo Anita que era sempre a primeira a desistir de qualquer ideia que fosse.

- acho que todos concordamos que queremos ir até a mansão – falou Rose.

Nós ficamos encarando aquela mansão. As luzes estavam acesas e apesar de ser uma linda e extravagante mansão ela parecia assombrada. Acho que todos estavam iludidos pela sua beleza. Inclusive eu. Tudo o que queríamos era um lugar para dormir e algo para comer. Talvez haja comida nessa mansão.

- uma vez que nós entrarmos não terá mais volta. Seja lá o que tiver lá dentro – falou Teddy segurando em minha mão.

- tudo bem – falou Dorothy pegando na mão de Rodolfo. Anita pegou na minha mão que pegou na mão de Misty. Rose pegou na mão de Will e em fila nós caminhamos em direção a mansão. Todos pareciam decididos. Acho que todos nós levávamos a sério ao ditado que diz que ‘a esperança é a última que morre’. Nós passamos pelo inferno e estávamos sempre otimistas sempre que encontrávamos algo seja uma árvore assassina ou uma mansão assustadora no meio da floresta no alto de uma colina. Seja lá o que nos espera naquele lugar é melhor tomar cuidado. Nós tínhamos um escudo humano e uma arma sem balas que continuava a disparar.

Obrigado a todos por lerem. Estou feliz por ter voltado. Eu alterei um pouco as coisas em 'Homem Proibido'. Ele será dividido em algumas partes. A Primeira parte foi o 'Limbo', A segunda foi a 'Violência' e essa parte que vocês acabaram de ler faz parte da 'Ira'. Espero que vocês estejam gostando do mistério e na história. Um abração e um beijão a todos. Desculpem os errinhos se houver.