POMPÉIA
capítulo vinte e quatro
N
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ão sei
por quando tempo eu fiquei desmaiado, mas eu abri os olhos devagar e senti
minha cabeça girar. Era como se eu tivesse sacudido minha cabeça e agora ela
doesse eu visse todo o mundo girar. Eu abri os olhos e estava deitando em um
quarto. Eu olhei em volta e não reconheci de onde. Não era o quarto da casa do
meu pai e não era do meu apartamento. Não era um quarto de hospital obvio…
então… onde eu estava?
Eu
me sentei na cama e olhei em volta. Eu me levantei e fui andando até a janela,
mas não reconheci onde eu estava. Eu estava em um prédio. Em um dos andares
mais altos.
-
que bom que acordou – falou uma voz entrando no quarto.
-
eu me virei e era meu pai Stephen.
-
pai – falei indo até ele e dando um abraço – que saudades pai.
-
você está bem filho? Ele te machucou?
-
não, eu estou bem.
-
ainda bem que Adam me ligou – falou ele se sentando na cama – eu não sei o que
faria se ele tivesse feito alguma coisa com você.
-
Adam te ligou?
-
sim. Ele disse que você estava em perigo, eu então mandei a policia até sua
casa na mesma hora, mas eu nunca imaginei que fosse o Roman. Pensei que fosse
outra pessoa.
-
onde nós estamos agora?
-
em um hotel no centro de San Diego.
-
eu desmaiei?
-
sim. Agora já são 09:24 da manhã.
-
puxa, eu acho que estava cansado.
-
e muito. Eu nem me atrevia te acordar mais cedo.
Eu
fiquei em silêncio por alguns instantes e tentei me lembrar de tudo o que tinha
acontecido.
-
meu pai Larry…
-
sim. Ele está bem! Ele está na delegacia. Vanessa e Adam também. Eu ainda não
conversei com nenhum deles desde que cheguei. Eu pedi que a ambulância
trouxesse você para cá ao invés de um hospital. Eu peguei um jato e vim direto
para cá assim que cheguei.
-
que bom – falei respirando fundo – e Roman?
-
aquele bastardo estava com uma arma. Ele ai te matar. Por sorte a policia
chegou primeiro.
-
ele morreu?
-
não. Está no hospital.
Eu
dei um abraço nele.
-
espero que ele fique bem – falei abraçando ele forte – você sabe sobre a tal
fábrica de manequins?
-
sim. Larry me contou.
-
porque fizeram isso?
-
talvez nunca saibamos o motivo – falou meu pai.
-
porque estamos aqui?
-
porque a imprensa está lá fora. Ela está eufórica atrás de você.
-
eles já sabem de tudo?
-
sim. Todo o plano de Roman vazou na imprensa.
Eu
estava tranquilo. Finalmente tudo aquilo tinha acabado. Tudo o que eu queria
era voltar para minha vida, meu marido, minha família e voltar a escrever meus
livros. Eu finalmente tinha a paz que tanto queria.
-
filho, eu vou precisar sair o dia todo. Será que você vai ficar bem aqui
sozinho?
-
acho que sim.
-
pode ligar para seu pai ou Adam virem ok?
-
ok – falei abraçando e dando um beijo no rosto dele.
Nós
então saímos do quarto e eu fui até a sala.
-
o senhor vai demorar?
-
não. Eu só preciso ir até o centro. Vou conversar com algumas pessoas, dar
algumas entrevistas, mas logo estarei de volta.
-
ok – falei com um sorriso.
Ele
então pegou o celular e colocou no bolso.
-
sabe… – falou ele pegando as chaves do carro com um sorris – vamos precisar
trocar a porta do quarto do seu apartamento – falou ele olhando para mim –
depois que você trancou Adam dentro do quarto ele arrebentou a porta.
-
eu imaginei mesmo que ele ia quebrar. – falei.
-
pois é – falou ele pegando na maçaneta da porta…
-
ele te contou foi?
-
foi. Ele me disse que teve que arrebentar a porta.
-
mas o senhor não disse que veio direto do aeroporto para cá?
Quando
o disse isso meu pai fechou aporta que tinha acabado de abrir.
-
é engraçado – falou ele olhando para mim – estava tudo perfeito. Se eu tivesse
ido embora sem abrir minha grande boca você teria mesmo acreditado não é?
-
como assim?
Ele
colocou as chaves em cima do balcão novamente.
-
agora me diz, porque eu tinha que falar sobre a porcaria da porta – falou meu
pai Stephen.
-
o que está dizendo?
-
o meu plano era perfeito – falou ele arrumando a gravata – Você era a cartada
final. Precisava de você para me eleger presidente.
Eu
senti um calafrio quando ele disse aquilo. Comecei a me lembrar de alguns fatos
da minha vida e tudo se encaixou.
“-
por isso que gostaria que aceitasse esse presente – falou ele me entregando um
molho de chaves. Eu peguei as chaves e fiquei sem entender.
-
o que é isso?
-
você está vendo aquele prédio do outro lado da rua?
-
sim.
-
eu comprei para você um apartamento no 13º andar.”
Eu
respirei ofegante.
“-
você é aquele político corrupto?
-
não – falou ele – eu sou governador.
-
governador?
-
sim, do estado de New Hampshire.
-
o que? – falei – tipo, governador… governador?
-
sim.
-
é por isso que você tem tanto poder? Conseguiu parar o metrô? Sempre anda com
guarda-costas?
-
sim, e é por isso que eu precisei voltar na semana passada, eu não pude ficar
muito tempo longe. Ninguém sabe que estou aqui. Apenas meu assessor Terry. Se
outra pessoa souber e essa história vazasse meio mundo estaria aqui agora na
sua porta querendo saber do filho abandonado do governador de New
Hampshire...Seria a notícia do ano – falou ele com um sorriso.”
Eu
me lembrei do que Scott tinha me dito
“Mike
olhe para si mesmo seis meses atrás e olhe agora. Você passou de garoto normal
da cidade grande para uma celebridade que se deixa ser manipulada facilmente.
Você Mike… Manequim é um apelido para descrever pessoas que são manipuladas.
Você é o Manequim de Roman e você nunca foi mais do que isso para ele.”
-
é você – falei entendendo tudo – você me deu o apartamento, você tem me
manipulado todo esse tempo.
-
verdade – falou ele – não me entenda mal. Gosto de você, mas precisava escolher
entre ser mais um na multidão ou o novo presidente desse pais.
-
Você mandou Scott transar comigo.
-
sim.
-
porque você fez isso?
-
simples, eu não sou seu pai.
Aquelas
palavras sim me surpreenderam de verdade.
-
mas você… porque veio atrás de mim? Porque não me deixou em paz? Porque me
escolheu?
-
porque você é filho da minha namorada, só que não é meu filho.
-
ela te traiu?
-
Lembra quando eu disse que tive que tomar uma decisão difícil quando te
abandonei? é verdade. Eu sabia que você não era meu filho, mas te considerava
meu filho. Cuidei de você por um tempo como se fosse meu filho. Foi então que
te abandonei em Nova Orleans.
-
se eu não sou seu filho porque veio atrás de mim?
-
porque eu quero muito ser o presidente do mundo livre. Sabia que nós dois
seriamos noticias. Os repórteres de encontrariam e eu sabia que a história do
filho abandonado seria uma pedra no meu sapato. Precisava te preparar para isso
porque você saberia da história cedo ou tarde. Eu queria muito ser presidente,
mas pensei me você também. Você perderia sua privacidade sem nem saber o porque
então decidi que você devia saber a verdade por mim e não por um programa de
fofoca qualquer e além do mais a história do filho abandonado reencontrar o pai
renderia alguns votos.
-
você fez tudo isso para ganhar votos?
-
não tudo. Você precisa acreditar quando digo que realmente queria te preparar
para tudo isso.
-
todas as pessoas na minha vida são falsas?
-
não. Roman foi contratado pelo meu chefe de campanha para te seduzir e fazer
você aceitar o que viria a seguir. Em seguida mandei Roman partir seu coração.
Mandei Scott tranzar com você para que o vídeo vazasse. Você seria noticia e eu
também.
-
eu confiei em você. Eu te perguntei se você havia me procurado para ter votos
ou se é porque queria me conhecer.
-
eu queria te conhecer também. Era um desejo meu.
-
eu nem sou seu filho.
-
quer saber quem é seu pai de verdade?
-
quem?
-
Roman.
-
O-o que?
-
Roman e eu éramos amigos desde os tempos do colégio. Ele é obviamente gay, mas
o desgraçado tinha que provar para si mesmo que gostava de homens. E tinha que
fazer isso com minha namorada… sem camisinha – falou ele rindo.
-
Roman é meu pai?
-
biologicamente sim – falou Stephen.
Foi
então que me lembrei de um encontro que tive com Roman.
“Ele
tirou os óculos escuros que usava quando disse isso. Ele olhou profundamente
nos meus olhos. Ele tinha uma expressão de felicidade no rosto. Ele colocou a
mão no meu ombro esquerdo e olhou para mim de cima em baixo.
-
eu só queria te ver – falou ele colocando a mão no meu rosto.
-
para com isso – falei me afastando – eu estou casado. Eu não gosto mais de
você.
-
eu sei, me desculpa – falou ele – você entendeu errado, eu não quero nada com
você, eu só queria pedir perdão por tudo o que eu te fiz.
-
ok, eu te perdoo.
-
sério? – perguntou ele com um sorriso.
-
sim, porque isso é tão importante para você?
Ele
então em deu um abraço e beijou meu rosto.”
-
você sabia que ele era meu pai e deixou que eu transasse com ele?
-
inicialmente eu não sabia. É claro que eu sabia que você não era meu filho, mas
quando descobri que seu pai era Roman já era tarde demais. Você estava morando
com seu tio Roger.
-
não acredito – falei ansioso.
-
sei que é difícil de acreditar Mike, mas em meio toda essa estratégia politica
existe um homem que realmente te considerou um filho… um homem que te considera
um filho – falou Stephen vindo até mim.
-
não encosta em mim – falei me levantando.
-
tudo bem.
-
quero ir ao hospital. Quero saber de Roman está bem.
-
antes de tudo quero que saiba que não sabia que era Roman que estava em sua
casa. Ele é meu amigo apesar de tudo.
-
OK, só me leve ao hospital.
-
tudo bem – falou ele pegando a chave.
No
caminho fiquei pensando em tudo o que tinha descoberto. Tinha vivido toda minha
vida sendo manipulado. As pessoas ao meu redor sendo manipuladas e sendo
feridas por minha causa. Scott uma das vitimas que mais sofreram por minha
causa.
-
por favor o senhor pode me emprestar seu celular? É urgente!
-
sim – falou Stephen pegando o celular e me entregando.
-
obrigado – falei discando o número de Adam.
O
telefone chamou algumas vezes e ele logo atendeu.
-
oi Mike? Tudo bem?
-
Adam, vá agora para o hospital onde Roman está.
-
o que? Porque?
-
vai agora e o mais rápido que você conseguir.
Eu
desliguei o telefone e entreguei para o taxista.
Logo
que chegamos ao hospital Stephen parou o carro e segurou meu braço.
-
espero que um dia acredite em mim. Sei que te machuquei, mas no fundo eu te
considero.
-
quem sabe um dia eu acredito – falei saindo do carro e rapidamente entrando no
hospital.
-
por favor, eu gostaria de saber o estado de Roman Pearce Orth IV.
-
sim – falou ela olhando algo no computador.
-
ele está no quarto vinte e seis, mas não estamos no horário de visitas – falou
ela.
-
obrigado – Eu ignorei o que ela disse e fui em direção aos elevadores como se
fosse para o subsolo, mas eu apertei o segundo andar e assim que cheguei ao
nadar procurei o quarto vinte e seis e abri a porta rapidamente. Roman estava
deitado na cama dormindo.
Meu
coração acelerou. Eu cheguei perto dele e segurei a mão dele. Ele estava
inconsciente. Minhas lágrimas caíram assim que segurei a mão dele. Eu fechei os
olhos e engoli o choro. Se ele morresse eu queria estar lá segurando sua mão.
Tudo o que nós passamos juntos passou pela minha mente. Claro que pra mim era
perturbador pensar que eu tinha feito sexo com meu pai, mas era como se o
passado não importasse.
Foi
quando senti a mão dele apertar a minha. Roman então abriu os olhos.
-
eu sei – falei apertando a mão dele mais forte.
-
você sabe?
-
sei sim – falei abaixando a cabeça e deitando em seu peito – você é meu pai.
-
sou – falou ele meio roco.
Nós
ficamos em silêncio.
-
se isso for um sonho, não me acorde – falou ele.
-
você está morrendo? – perguntei sem pensar.
-
o que? – perguntou ele rindo – não. Eu estou bem. O tiro passou perto do
pulmão, mas não me machucou.
-
ainda bem – falei beijando o rosto dele.
-
Mike? – falou uma voz entrando no quarto. Era Adam. – o que está fazendo aqui?
Adam
olhou para Roman.
-
ele é meu pai.
-
o que?
-
Roman é meu pai biológico. Não é Stephen. É ele.
Adam
olhou para Roman e depois olhou para mim.
-
eu nunca achei você parecido com Stephen – falou Adam.
Adam
veio até nós dois e apertou a mão de Roman.
Todo
esse tempo eu fiquei procurando a resposta para a pergunta que eu me fiz a vida
inteira… quem sou eu? Sou viciado em sexo? Sou azarado? Sou o sortudo? Ainda
não tive a resposta para a maioria das questão que me sondavam.
Meu
pai Larry apareceu no hospital com Vanessa. Gray e Xavier também vieram a
noite. Roman passaria o ano novo no hospital e depois de uma conversa com o
diretor do hospital ele tinha deixado comemorarmos lá mesmo com Roman, mas
apenas cinco pessoas.
-
Será que estamos sozinhos nesse mundo? – perguntei para Adam.
O
relógio marcava vinte três e cinquenta. Faltava dez minutos para o ano novo.
-
não sei – falou ele.
Adam,
Vanessa, meu pai Larry e eu estávamos no quarto de Roman que tinha se esforçado
um pouco para se sentar.
-
você acha que vai conseguir superar isso? – falou Adam – quer dizer… você foi
enganado e manipulado.
-
não tem o que superar – falei colocando champanhe na faça dele – eu estou feliz
por estar vivo e estar casado com você.
-
eu não ganho uma taça também? – perguntou Roman.
-
ganha, mas só representação viu? Nada de beber – falei colocando champanhe e
entregando para Roman.
-
o que você vai desejar para esse novo ano? – perguntou Vanessa.
-
um ano sem chuva – falei olhando para Adam – tudo o que eu quero é um ano
normal.
-
acho que você vai conseguir – falou meu pai Larry ficando ao meu lado de me
dando um beijo no rosto.
-
eu te amo – falou Adam me dando um beijo na boca.
-
eu também te amo – falei alisando o rosto dele – você é o amor da minha vida.
Não consigo me imaginar sem você. Não consigo me imaginar respirando sem você.
-
você também é o amor da minha vida – falou ele me dando um beijo no rosto.
Todos
nós olhamos para a televisão. A contagem regressiva para o novo ano havia
começado. A quatro anos atrás eu não diria que estaria aqui e agora com essas
pessoas. Provavelmente responderia que estaria com meu pai em casa, apenas nós
dois sozinhos e se me perguntasse onde estaríamos em dez anos eu provavelmente
responderia a mesma coisa.
-
10, 9, 8, 7…
O
engraçado de tentar adivinhar o futuro é que toda vez que você tenta adivinhar
ele te surpreende. Eu sei, O tempo passou rápido. Dizem que quando você sofre o
tempo passa mais devagar do que quando você está se divertindo, mas comigo isso
não aconteceu.
-
6, 5, 4…
O
tempo voou, por mais que eu não queira admitir eu sinto saudades de
antigamente, não do sofrimento, mas das experiências que tive e as pessoas que
eu tive contato. O ano começaria cheio, eu teria muito que dizer e muito que
ouvir, mas o melhor de tudo era que o passado agora não importaria mais por
mais que eu sentisse. Eu mudei em um ano. todos nós mudamos em um ano. somos
totalmente diferentes de quando tudo isso começou…
-
3, 2…
Mas
sabe, se você fechar os olhos parece que paramos no tempo e estamos imóveis...
é quase como se nada tivesse mudado. Não é mesmo?
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