Continuem comentado e votando. Adoro a interação de vocês. Um abraço <3
XLV
Cruel Criação do Culto ‘Parte Um’
DOIS ANOS ATRÁS — JUNHO DE 2015
Casey e eu estávamos dentro do taxi. Nenhuma
palavra era dita, até porque não sabíamos o que dizer. A policia corrupta de
Orlando não nos ajudou em nada e ainda encobriu o crime de seu colega policial.
Casey tinha curativos em seu rosto e em seus braços estava Caylee que agora
dormia profundamente. Ela finalmente estava em paz. Quando o taxista chegou ao
estacionamento do apartamento de Casey por volta das onze horas da noite eu
disse para Casey que ela podia ir embora que eu pagava a corrida. Quando sai do
taxi olhei em volta e vi que não havia ninguém em volta. Subi as escadas
devagar para ir ao apartamento de Casey e quando passei em frente ao
apartamento da vizinha que havia nos ajudado ela abriu a porta.
- você me assustou! – falei olhando para ela.
- e então? – perguntou Loretta – deu tudo certo?
- A policia não nos ajudou em nada – falei
cabisbaixo com raiva e triste. Uma mistura de sentimentos.
- você quer entrar para conversar? – perguntou
Loretta.
- não, obrigado. Só quero esquecer tudo isso.
- você tem certeza? – perguntou uma voz masculina
logo atrás de Loretta. Um homem de olhos castanhos e cabelos bem penteados para
olado.
- quem é você?
- meu nome é Gerald Smith – falou ele estendendo a
mão – Loretta é minha esposa.
- prazer Sr. Smith.
- Loretta me contou tudo o que aconteceu. Ela me
mostrou o vídeo de como os policiais agiram quando chegaram aqui. Aquilo não
foi certo.
- não foi mesmo! – falei me lembrando do rosto dos
três policiais e da médica que havia ajudado em tudo – eles não fizeram nada
pra ajudar. Na verdade foi o contrário. Eles fizeram de tudo para atrapalhar.
Apagaram todas as evidências.
- isso não pode ficar barato! – falou Gerald
abraçando a esposa – Eu me coloco no ligar da sua irmã. Se fosse filho nosso eu
não sei o que faríamos – falou Gerald olhando para a esposa.
- vocês têm filhos? – perguntei curioso.
- não – falou Gerald – infelizmente Loretta e eu
não podemos ter filhos, mas nós adoramos crianças.
- eu também sempre quis ter um filho – falei
olhando para minha mão direita com apenas três dedos.
- onde você more? – perguntou Loretta.
- em Coala. Fica á umas duas horas daqui.
- Os meus pais moram em Coala – falou Gerald –
Loretta e eu vamos direto vamos para lá.
- na verdade nós passaremos o feriado de Ação de
Graças em Coala com a família de Loretta – falou Gerald com um sorriso no rosto
– talvez nós possamos nos encontrar.
- quem sabe – falei forçando um sorriso. Eu não
tinha motivos para sorrir de verdade
NOVEMBRO DE 2015 — Feriado de Ação de Graças
Coala, Florida
Estava de pé há algumas horas. Fui dormir tarde na
noite passada. Nick e eu ficamos até tarde assistindo televisão e jogando Banco
Imobiliário com alguns amigos de Nick do hospital. Minha mãe estava fazendo o
almoço de ação de graças. O Peru já havia sido recheado e estava assando a
algumas horas. Fui até o molho e coloquei a ponta do dedo e provei.
- hummm, Delicia! – falei levando até a boca.
- proibido provar antes da refeição – minha mãe
falou sorrindo com a colher em pinho me ameaçando.
- bom dia! – falou meu irmão Nick descendo as
escadas coçando os olhos.
- boa tarde, né? – falou minha mãe na cozinha
tomando um gole de sua cerveja.
- onde está meu pai? – perguntei pegando o
refrigerante e colocando um em um copo de gelo.
- foi buscar a Casey e a Caylee no aeroporto.
- chegamos! – falou meu pai abrindo a porta e colocando
a mala de Casey no chão.
- olá! – falou Casey com um sorriso entrando.
- oi maninha! – fui até Casey e dei um abraço nela
– como está a minha sobrinha?
- está linda! – falou ela com um sorriso mostrando
Caylee com seus lindos olhos azuis babando e esperneando.
- onde está minha netinha? – perguntou minha mãe
limpando as mãos no avental – me dê ela! Quero pegá-la nos braços.
Casey entregou Caylee para minha mãe e nós
caminhamos até a cozinha. Peguei uma cerveja para Casey, mas ao se sentar no
balcão ela recusou.
- não, obrigada – falou ela apertando os lábios –
eu não bebo mais.
- você parou de beber?
- sim, desde aquele dia… - Casey diminuiu o tom de
voz ao dizer aquilo.
Eu havia prometido a Casey que nunca mais tocaria
naquele assunto e prometi não contar para nosso irmão ou para os nossos pais.
Me surpreende que tenha sido ela a pessoa a tocar nesse assunto. Claramente ela
estava precisando desabafar.
- se você quiser conversar sobre isso…
- não precisa. Aquilo é passado – falou Casey
pegando o meu copo de refrigerante e tomando um gole.
- okay – falei forçando um sorriso para ela. Não
tinha vontade de sorrir.
- Stanley o seu celular está tocando! – gritou Nick
descendo as escadas com uma cerveja na mão.
Sai correndo pela cozinha, passei pela sala e subi
as escadas e peguei o telefone ainda tocando. Era um número desconhecido.
- alô?
- Stanley? – falou uma voz feminina do outro lado.
- é ele. Quem está falando?
- É Loretta Fleming. Lembra-se de mim?
- infelizmente sim – falei me lembrando da situação
em que nos conhecemos – sem ofensas.
- sem problema – falou ela tentando ser carismática
– Meu marido e eu estamos em Coala para o feriado de ação de graças. O que você
acha de nos encontrarmos?
- eu não sei Loretta. Tudo aquilo ficou para trás.
A última coisa que eu quero é me lembrar disso.
- você sabe o que acontece com um pedófilo que
escapa impune? – perguntou Loretta – ele continua cometendo seus crimes. Você
não se sente mal em pensar que ele continua solto fazendo mais e mais vítimas?
- eu me sinto péssimo. Eu tenho raiva, eu tenho
ódio no meu coração. Na verdade pensar naquele noite me deixa com medo.
- medo do que?
- Medo do que eu sou capaz de fazer. Medo do que eu
seria capaz de fazer se tivesse o poder de fazer algo.
- Meu marido e eu estamos Shopping Paddock Mall.
Venha até Aqui para conversarmos.
- tudo bem. Chego em dez minutos – desliguei o
telefone e olhei em volta. Desci as escadas e fui até minha mãe dizendo que
encontraria um amigo no shopping.
- quer que eu te leve? – perguntou Nick.
- Não precisa Nick. Vou pegar um taxi. É pertinho
daqui.
- o almoço deve ficar pronto entre duas e três
horas – falou minha mãe – não demore muito.
Ao chegar no shopping fui até a praça de
alimentação e vi o casal sentado em uma mesa. Eles não estavam comendo e nem
tomando nada. Eu me verem os dois se levantaram e vieram até mim. Apertei a mão
de Loretta e em seguida apertei a mão de Gerald. Por algum motivo ele apertou
minha mão direita com os dedos. Ele virou minha mão e ficou olhando.
- Ectrodactilia – falei sentindo Gerald apertar
minha mão.
- fascinante – falou ele lambendo os lábios –
sente-se.
Sentei-me e Gerald foi até uma das lojas e comprou
três águas com gás e trouxe três copos de vidro. Ele colocou um pouco de água com gás para
cada um de nós e em seguida sentou-se.
- como você está? – perguntou Loretta.
- ótimo – falei tomando um gole da água com gás.
- Gerald e eu temos pensado muito no que aconteceu
naquela noite.
- pra ser sincero eu tenho tentado esquecer que
aquela noite existiu.
- e como isso tem resultado? – perguntou Gerald.
- eu não tenho conseguido dormir, tenho pesadelos e
minhas fobias estão ficando cada vez mais graves – falei me lembrando de
algumas delas e sentindo repulsa.
- Loretta e eu não conseguimos tirar da cabeça o
que aconteceu com sua sobrinha. Nós temos sobrinhas.
- várias – falou Loretta – nossos amigos tem
filhos…
- e nós ficamos imaginando o que faríamos no seu
lugar – falou Gerald completando a frase.
- eu não vou mentir. Eu também tenho pensado muito
no que feria se pudesse colocar a mão em cada um daqueles desgraçados.
- exato! – falou Gerald – Loretta e eu queremos
ajudar.
- ajudar em que?
- a fazê-los pagar – falou Gerald – mas nós não
podemos fazer nada por você. Você é que deve agir afinal ela é sua irmã.
- caso eu levasse a sério toda essa coisa, porque
vocês me ajudariam? O que vocês ganhariam com isso?
- nada – falou Loretta – tudo o que queremos é te
ajudar.
- eu sou Psiquiatra Stanley – falou Gerald – eu
nunca esqueci a nossa conversa naquela noite. A força que havia em sua voz, a
raiva… eu estava certo.
- sobre o que?
- você disse que sofre de fobias, certo?
- Sim. De algumas.
- transforme os seus medos e suas frustrações no
medo daqueles que fizeram sua irmã e sua sobrinha sofrerem.
- você fala igual a meu psiquiatra. Dr. Dorsey.
- ele está certo – falou Gerald – a maioria dos
psiquiatras diz isso em um sentindo figurado, mas eu digo em um sentido amplo.
Literal. Transforme os seus medos em sua força. Eu cansei de trabalhar com
pessoas que não querem mudar. Você não é como eles. Percebo que você tem o
potencial para ser um líder.
- mas isso ia dar muito trabalho. Levaria muito
tempo para planejar. Eu nem sei como vou descobrir quem é esse cara.
- você é um garoto esperto. Tenho certeza de que
vai descobrir como fazer isso.
- Nem sei por onde começar – estava frustrado.
Estava sentindo a mesma coisa que senti naquela noite de Junho. Toda a raiva.
- Pelo começo – falou Gerald com um sorriso – você
precisa ser forte – falou Gerald colocando o cotovelo do braço esquerdo em cima
da mesa com o braço levantado como se fossemos disputar uma queda de braço.
- tudo bem – falei colocando meu cotovelo do braço
esquerdo na mesa e segurando na mão dele.
- se precisar de qualquer coisa é só nos ligar –
falou Loretta com um sorriso se levantando – nós faremos qualquer coisa por
você – falou ela segurando na mão do marido.
- qualquer coisa – falou Gerald apertando minha mão
quando me levantei.
Aquela era a primeira vez que alguém colocava
confiança em mim daquela forma. A minha vida toda senti como se não fosse capaz
de nada só por causa da minha mão. Era como se Loretta e Gerald não ligassem
para minha mão e vissem o meu verdadeiro eu. Talvez fosse por isso que aqueles
policiais pensaram que seria fácil manipular Casey e eu. Não mais.
ABRIL DE 2016
Orlando, Florida — Dia da Mentira
Era tarde a de abril. Decidi visitar Casey mais
cedo esse ano. A única coisa ruim de visita-la em abril é que ela estava
ocupada com o trabalho na Universal Estúdios. As férias dela eram apenas em
junho, mas quis sair um pouco de casa. Meu irmão e minha família estavam me sufocando
com o assunto da cirurgia. Faltava menos de um ano para ela acontecer e tudo o
que eu queria era não falar sobre ela. Casey queria deixar Caylee com uma babá
para que eu tivesse o dia livre para conhecer Orlando, mas disse que eu mesmo
cuidaria de Caylee.
Peguei um Uber com Caylee e fomos até o Lago Eola.
Havia um parque lá e ao chegarmos Caylee saiu correndo na direção das outras
crianças que brincavam na areia.
- Cuidado Caylee! – gritei me sentando em um banco
na sombra. Na minha mochila eu retirei meu caderno de desenhos e meu lápis
preto. Coloquei os lápis de cores do meu lado e Eu o apontei o lápis preto
antes de continuar a desenhar. Olhei para Caylee e ela estava subindo no
escorregador. Ao chegar no alto ela se sentou e escorregou batendo os pés na
areia. Desviei o olhar e voltei a desenhar.
Uma mulher se sentou apo meu lado e eu não dei
muita importância. Continuei a faze meus rascunhos e então a ponta do lápis se
quebrou.
- merda! – falei procurando pelo apontador.
- com esse lápis você vai conseguir um melhor
resultado – falou a garota ao meu lado chamando minha atenção. Ela estava com
um lápis esverdeado na mão – é um Lápis 8b. É melhor para desenhos como o seu.
- obrigado – falei pegando o lápis – eu sou Stanley
Anthony – falei apertando a mão da garota que usava rabo de cavalo e tinha um
largo sorriso.
- eu sou Julie Harrison falou ela com um sorriso.
- obrigado pelo lápis Julie.
- o que você está desenhando? – perguntou ela se
inclinando um pouco.
- são só alguns rascunhos – falei mostrando para
ele meus desenhos.
- nossa, você desenha bem – falou ela pegando as
folhas e passando uma a uma – você tem o dom.
- obrigado – falei pegando de volta as folhas.
Vi que ela tinha uma mochila e em sua mão um livro
da História da Arte. Ela pegou a garrafa que tinha consigo e tomou um gole de
água.
- você estuda arte?
- sim – falou ela com sorriso confirmando – Na
Universidade de Orlando – e você?
- na verdade eu não moro aqui. Moro em Coala. Só
estou aqui em Orlando visitando minha irmã e minha sobrinha – falei apontando
para a garotinha brincando com o que pareciam ser duas amigas que ela havia
feito.
- ela é uma gracinha! – falou Julie.
- e você? Mora aqui mesmo em Orlando?
- sim. Na verdade toda essa coisa de arte é de
família. Minha mãe e meu pai tem um Ateliê onde eles fazem de tudo. Esculturas,
roupas, pinturas… qualquer tipo de artesanato. Na verdade daqui a uma semana
haverá uma exposição deles daqui a duas semanas. Se você quiser vir.
- na verdade só vou ficar por mais sete dias, mas…
- falei pegando outros rascunhos meus que estavam dentro da minha mochila – eu
estava desenvolvendo essas roupas para o dia das bruxas – falei mostrando os
rascunhos – você disse que sua família tem um ateliê e você acha que pode fazer
para mim essas máscaras e essas roupas?
- pro Halloween? – perguntou Julie rindo – não está
um pouco longe?
- é que eu levo o Halloween muito a sério – falei
levando na brincadeira – então… você acha que consegue fazer pra mim? Nós
podemos bolar um plano de pagamento.
- eu faria sim – falou Julie olhando os três papéis
com cuidado – mas não precisa me pagar. Na verdade será perfeito. Estou
precisando fazer alguns trabalhos extracurriculares e você já fez os desenhos e
isso significa uma boa parte concluída. Seria perfeito.
- sério? Ótimo – falei estendendo a mão.
- mas eu preciso de um longo prazo. Não será fácil
fazê-las, eu gosto de caprichar.
- tudo bem, não tem problema. Minha família está
pensando em vir passar o Quatro de Julho aqui em Orlando. Você acha que até lá
já fez pelos menos algumas?
- sim. Algumas sim. Não posso prometer todas.
- Não tem problema. Só algumas é o suficiente. Me
passa seu telefone e a medida que for fazendo por ligar e me perguntar alguma
coisa.
Julie e eu trocamos contato e depois de mais ou
menos uma hora que estávamos lá decidi levar Caylee embora para casa. Fui até o
parque e peguei Caylee nos braços e levei até Julie.
- oi fofa! – falou Julie segurando na pequena mão
da Caylee.
- diz ou pra tia Julie – falei me sentando no banco
deixando Caylee de pé com o dedo na boca.
- oi – falou Caylee envergonhada.
- ela é tão bonitinha – falou Julie respirando
fundo como se estivesse triste.
- o que foi?
- não é nada – falou Julie forçando um sorriso e se
levantando. Eu segurei no braço dela.
- pode me contar.
- eu não quero falar sobre isso.
- eu tenho certeza de que você quer – falei
forçando um sorriso – olha eu não quero me intrometer, mas eu sei por
experiência própria que muitas vezes guardar algo no peito é auto destrutivo.
Desabafar ajuda.
- não é nada… - falou Julie se sentando – é que
Caylee me lembrou de quando eu era criança, onde não havia problemas e tudo com
que tínhamos que nos preocupar era brincar.
- não é isso. Tem algo a mais Julie – falei olhando
para ela – pode me dizer – falei esticando a mão para Julie – confie em mim.
Julie olhou para minha mão e em seguida segurou na minha mão.
- a minha colega de quarto foi estuprada.
- porque quem? – perguntei curioso.
- Christopher Mirasolo – falou Julie – ele fica
perambulando a noite próximo a biblioteca assediando as estudantes. Minha amiga
Amélia ficou até mais tarde na última sexta feita e ele agarrou ela e a
estuprou atrás da biblioteca – Julie parecia triste ao relatar aquilo – eu não
sei por que Amélia ficou até Tarde…
- não é culpa dela – falei apertando forte a mão de
Julie – a culpa é do pervertido que a estuprou.
- eu sei, mas Amélia não teve coragem de dizer a
ninguém. Ela se sentiu envergonhada.
- como você sabe o nome do estuprador se não foram
a polícia?
- nós o vimos no noticiário – falou Julie - Christopher
Mirasolo já foi preso outras vezes
tentativa de estupro, mas o juiz o liberou por ter sido a primeira má conduta.
Na segunda vez ele saiu em seis meses por bom comportamento. Ela um homem de
cabelos curtos, ruivos que usa um cavanhaque.
- eu sei como ela está se sentindo – falei
mostrando a minha mão – com vergonha de mostrar ao mundo sua vulnerabilidade –
Nossos braços agora estavam dispostos como se fossemos disputar queda de braços
– eu sei como isso funciona – falei olhando para Caylee – Amélia apenas se
poupou da humilhação de ir à polícia relatar o que aconteceu e ter que sair de
lá com a frustração de que ele continuaria solto. Como você mesma disse. Ele
fez isso outras vezes e foi solto. Eu sei que o que sentem agora é medo. O medo
que esse canalha inventou em vocês através desse ato pervertido. Vocês precisam
ser forte. Precisam usar esse medo contra ele.
Julie estava com os olhos cheios de lágrimas e uma
delas escorreu por seu rosto. Ela lambeu os lábios e continuou segurando minha
mão.
- faça a fantasias – falei ainda segurando a mão
dela – nos vemos em julho.
4 DE JULHO DE 2016
Orlando, Florida — Dia da Independência
Era um dos feriados que mais levava pessoas ás
ruas. A esse ponto todos tinham bandeiras nos altos de suas janelas, nos gramados,
nos carros e em suas mãos balançando de um lado para o outro. A luz já brilhava
lá no alto. No estacionamento do prédio de Casey carros tocavam musicas e um
pequeno palanque havia sido colocado. Tudo estava enfeitado em azul, vermelho e
branco. A animação era grande. Todos estavam lá de fora sentados no gramado
olhando para o alto esperando pela queima de fogos que ocorreria em mais ou
menos uma hora.
Toda minha família estava com uma cerveja na mão.
Até mesmo Casey. Ela provavelmente havia superado o terrível trauma. Era bom
para ela. Estava orgulhoso dela. Era exatamente por isso que não queria que
Casey tivesse algo a ver com o meu plano. A última coisa que eu queria é que
ela relembrasse todo o terror daquela noite, toda a impotência. Ela não era tão
forte quanto eu. É por isso que faria aquilo. Eu era a força que faltava em
Casey.
- quer uma cerveja irmão? – perguntou Nick ao meu
lado.
- não, obrigado – falei olhando em volta procurando
por Loretta e Gerald Smith. O casal que era vizinho de Casey. Depois de muito
procurar vi Loretta acenando para mim a alguns metros de distância. Eles usavam
roupas azuis com bonés vermelhos. Seus calçados eram brancos. Eram basicamente
uma bandeira ambulante.
- olá – falei me aproximando e apertando a mão de
Loretta e de Gerald.
- é bom ver você de novo – falou Gerald.
- eu digo o mesmo – falei olhando para Loretta com
um sorriso.
- e então? – perguntou Gerald – conversou com a
essa garota… a… Julie?
- Sim. Ela disse que fez algumas fantasias e eu
pedi que ela levasse até o Lago Eola. Na verdade estou indo para lá agora –
falei olhando a hora no celular – você conseguiu o endereço do Christopher
Mirasolo?
- sim – falou Gerald – não foi fácil descobrir onde
ele mora. Nos sites da superfície não havia nada então decidi dar uma olhada na
Dark Web e o site dos Anonymous divulgou uma lista com o endereço de infratores
sexuais que estavam a solta. Christopher Mirasolo estava na lista.
- ótimo – falei respirando fundo – vamos?
- claro – falou Loretta.
Meu irmão Nick olhou para trás e Loretta e Gerald
deram as mãos e acenaram para ele.
- Feliz Quatro de Julho! – gritou meu irmão.
- pra você também – gritaram os dois em coro
seguindo até onde estava o carro deles.
- Nick! – falei me aproximando – vou encontrar com
uma amiga no Lago Eola. Eu volto em mais ou menos duas horas.
- não vai assistir a queima de fogos com a gente? –
Nick pareceu chateado.
- me desculpa, mas eu prometi que assistiria com
ela. Meses atrás.
- tudo bem – falou meu irmão me abraçando – feliz
quatro de julho.
- pra você também Nick.
Loretta, Gerald e eu seguimos em seu carro até o
Lago Eola. O lugar estava cheio de gente de todas as partes da cidade de do
país. Prontos para ver a queima de fogos. Quando estávamos chegando Julie me
mandou uma mensagem dizendo que não havia estacionamento próximo ao Parque do
Lago Eola. Nós nos encontraríamos em frente a uma lanchonete chamada Thirsty River.
- mudança de planos – falei apertando no Google
Maps – Julie me mandou a localização de onde iremos nos encontrar.
Nós nos desviamos um pouco do caminho, mas logo
chegamos a uma rua paralela á avenida que levaria ao parque Eola. A rua estava
quase que deserta. A multidão se concentrava no Parque.
- é ela bem ali! – falei apontando para uma garota
parada na calçada em frente à lanchonete que estava fechada para o feriado. Ela
tinha uma mala na mão direita.
Gerald estacionou o carro e eu sai olhando em
volta.
- olá Stan! – falou Julie com um sorriso me dando
um abraço.
- é bom te ver – falei com um sorriso.
- o Lago Eola está lotado então achei melhor nos
encontrarmos aqui – falou ela olhando para trás – eu trabalho aqui nessa
lanchonete como garçonete.
- sem problema, esses daqui são Loretta e Gerald.
Uns amigos meus.
- prazer – falou Julie apertando as mãos deles.
- E então? – falei esfregando as mãos – posso ver
as fantasias?
- cinco delas estão prontas – falou Julie abrindo a
mala e me entregando as máscaras. Uma por vez. Ela entregou uma para Loretta e
outra para Gerald. Ela ppegou duas em seus mãos.
- ficaram perfeitas Julie! – falei com um sorriso
mostrando a mascara de um palhaço com um largo sorriso e o cérebro exposto –
esse daqui é o Expertão – falei mostrando.
- eles tem nomes? – perguntou Julie.
- claro – falei apontando para a máscara de Loretta
– esse é o Arlequim – em seguida apontei para a máscara na mão de Gerald – essa
é a Garota Sado.
- e essas? – perguntou Julie mostrando as duas
máscaras em suas mãos – a da mão esquerda é o Lábios Rasgados a da direita é a
Cabeça de Vento.
- eles têm roupas? – perguntou Loretta.
- sim – falou Julie me entregando as máscaras. Ela
pegou um vestido xadrez que era da Garota Sado e uma roupa na cor da pele que
era do Arlequim. A roupa do espertão era completamente preta com um colarinho
branco. A da Cabeça de Vento era um longo vestido preto que ia até as canelas –
espero que tenha gostado, deu um trabalho para fazê-las – falou Julie.
- Julie, ficaram perfeitas – falei dando um abraço
nela.
- obrigado por confiar em mim para fazê-las. Até o
Halloween eu entrego o restante.
Nós guardamos todas as roupas e máscaras e Gerald
pegou a mala e levou até seu carro.
- o que vocês acham de estrearmos elas hoje? –
falei olhando em volta.
- do que você está falando? – perguntou Julie.
Eu me aproximei dela e segurei em seus ombros.
- nós descobrimos onde Christopher Mirasolo mora –
falei olhando fixamente para Julie.
- mas o que podemos fazer com ele? Ele está solto!
- Exato. Está preparada para transformar o seu medo
em coragem? – segurei na mão de Julie que olhou para baixo e depois olhou para
mim – A Garota Sado é perfeita para você. Ela expressa todas as suas vontades
reprimidas. Toda a dor, todo o amor e todos os sentimentos que você tem se
privado.
- Estou pronta – falou Julie respirando fundo.
Nós entramos dentro do carro de Gerald e seguimos
viagem. As ruas estavam praticamente desertas. Quem não estava enfurnado dentro
de casa estava em um dos pontos turísticos comemorando a Independência do Nosso
País. Hoje vamos comemorar a independência. Depois de uns vinte minutos de
viagem chegamos a rua onde Christopher Mirasolo morava. Estava deserta. Havia
algumas pessoas na rua, mas a maioria estava dentro de casa.
- vamos estacionar o carro naquele terreno ali
atrás – falei apontando para Gerald.
Nós demos a volta e Gerald estacionou o carro no
terreno baldio. Na verdade pare que estavam construindo algo lá. Havia uma
placa com o nome da construtora. Nós saímos do carro e eu abri a mala
entregando a roupa da Garota Sado para Julie. Peguei a máscara do Lábios
Rasgados junto com a roupa de veludo roxa e entreguei para Gerald. Peguei a
máscara da Cabeça de Vento e entreguei para Loretta junto com o longo vestido.
- essas são as fantasias de vocês – falei pegando a
máscara do Espertão e a roupa preta – essa não é a fantasia que fiz para mim,
mas por hoje serve.
Uma vez que estávamos todos vestidos Gerald pegou
uma caixa de metal e a abriu tirando de lá algumas facas. Cada um de nós pegou
uma. Gerald pegou um bastão de beisebol. Eu estava tão nervoso quanto os
outros. Respirei fundo e olhei para trás.
- vocês estão prontos?
- sim – falou Julie parecendo animada, mas sua voz
demonstrou que ela estava ansiosa. Gerald balançou a cabeça positivamente. A
máscara de Lábios Rasgados representava a profissão de Gerald: Psiquiatra.
Conversar com os outros. Sua voz era sua arma. Sua boca era seu instrumento de
trabalho. A palhaça Cabeça de Vento tinha uma expressão forte apesar do nome.
Escolhi essa máscara porque Loretta era forte por mais que parecesse ser fraca.
O rosto de sua máscara era cheio de cicatrizes. Cicatrizes que Loretta
carregava por dentro por não poder procriar que era seu maior desejo.
A minha máscara foi feita para outra pessoa. Não
tinha dono por enquanto, mas eu a usaria, pois era a máscara que achei mais
adequada para aquela ocasião. Nós caminhamos pelo terreno baldio chegando á rua
e olhamos de um lado para o outro. Estava deserta. A casa de Christopher estava
com a luz da sala acesa. Nós chegamos a calçada e demos a volta na casa.
- vamos pelas portas do fundo – falei chegando no
quintal. Era uma bagunça. Parecia um lixão.
- Haaa! – gritou Julie ao ver um rato gigante
passar pelas pernas dela.
Todos nós olhamos para Julie e em seguida vimos a
luz da cozinha acender.
- droga! – falei tentando me esconder.
- quem está ai? – perguntou Christopher abrindo a
porta dos fundos e olhando em volta.
Nesse momento Julie deu alguns passos até que
Christopher a viu.
- quem é você? – perguntou ele sério olhando para
Julie com aquela máscara de Garota Submissa e Sadomasoquista. Julie levantou as
duas mãos mostrando que não tinha nada além das luvas. Em seguida ela levou as
duas mãos até o vestido e começou a levantá-lo lentamente.
- é isso ai gostosa! – falou Christopher admirando
Julie apertando o volume que tinha em sua calça.
Gerald aproveitou que ele estava distraído e bateu
com o bastão na cabeça dele fazendo Christopher cair no chão ainda acordado.
- que porra é essa?! – perguntou ele assustado
enquanto Loretta e eu o levantamos e o arrastamos para dentro da casa. Gerald e
julie entraram e fecharam a porta.
Loretta e eu arrastamos Christopher até a sala e o
colocamos na poltrona. Gerald se aproximou e bateu com o taco nas pernas de
Christopher que gritou.
- quem são vocês? – perguntou Christopher chorando.
- seu pior pesadelo – falei me aproximando dele e
com a mão aberta dei um tapa em sua cara – minha putinha! – falei me afastando
quanto Loretta enfiou a faca no ombro de Christopher.
Julie parecia assustada observando a tudo com a
faca na mão. Me aproximei e enfiei a faca na perna esquerda de Christopher e
depois na direita. Ele gritou exatamente no momento em que a chuva de fogos
começou.
- socorro! – gritou Christopher enquanto Loretta e
Gerald davam facadas a esmo em Christopher. Era facada atrás de facada. Ele
tentava se defender com as mãos, mas tudo o que recebia era facada entre seus
dedos e nos braços.
- parem! – gritei olhando para Julie – ele é todo
seu.
Julie se aproximou e viu de Perto Christopher chorando.
A expressão de medo. O medo que Amélia sentiu agora era dele. A aflição e a
angústia que ele proporcionou a suas vítimas agora era dele.
- é com você Julie! – falei me aproximando dela –
esse é seu momento.
Julie empunhou a faca e levou até o pescoço de
Christopher apertando com toda a força e deslizando de um lado para o outro
cortando sua garganta. O sangue começou a jorrar e foi nesse momento que vi a
silhueta de um homem que havia entrado pela cozinha. O homem parecia ter uma
arma nas mãos. Ele entrou de fininho.
- Corre! – gritei correndo até a porta da sala e
abrindo-a.
- parados! – falou o homem. Era um policial!
Todos nós começamos a correr para fora da casa, mas
o policial não atirou.
- que droga! – falou Julie enquanto nós corríamos.
- aqui! Aqui! – falou um homem enquanto nós
corríamos. O vizinho do outro lado da rua estava com a porta aberta chamando
por nós – venham aqui! – falou ele.
Nós quatro corremos em direção á casa ainda de
máscaras e assim que entramos o homem fechou a porta. Olhei pela janela e
parecia que o policial ainda estava dentro da casa de Christopher.
Olhei para trás e vi dois homens. Eles pareciam ser
um casal. Nós quatro ainda estávamos de máscara, mas não parecia que eles
estavam assustados.
- nós não vamos te machucar! – falei levantando as
duas mãos e mostrando a faca. Todos fizeram o mesmo.
- vocês fizeram? – perguntou o homem.
- o que? – perguntei confuso.
- mataram aquele desgraçado?
Todos nós nos entreolhamos. Dei dois passos a
frente e tirei a minha máscara.
- sim. Nós o matamos – falei respirando fundo –
vocês não se importam?
- se importar? – falou o homem sem barba – esse
desgraçado homofóbico pinchou um monte de coisas na porta da nossa casa na
semana passada.
- eu o reconheci na internet – falou o homem de barba
– ele é um estuprador.
- meu nome é Stanley Anthony – falei estendendo a
minha mão para o homem de barba.
- meu nome é Harry Duncan – falou ele apertando a
minha mão.
- eu sou Paul McCaffrey – falou o homem sem barba
apertando minha mão – e vocês três? Quem são? – perguntou Paul olhando para os
três mascarados.
- isso não vem ao caso – falei levantando a mão
impedindo que eles dissessem alguma coisa – vocês nos viram entrar na casa? –
perguntei curioso.
- nós fomos a policia e denunciamos esse babaca ai da
frente dizendo que ele tinha destruído nosso jardim e que estava nos
importunando, mas a policia disse que precisava de provas do contrário eles não
poderiam fazer nada.
- como vocês se sentiram? – falei estendendo minha
mão. Paul estendeu a mão e segurou a minha.
- impotentes! – falou Paul.
- é por isso que eu vi vocês entrando na casa dele
– falou Harry mostrando a câmera em suas mãos – eu estou tentando adquirir
provas em vídeo para a policia tomar alguma providência.
- e você acha que a policia ia fazer alguma coisa?
– falei soltando a mão de Paul e estendendo para Harry.
- não – falou ele lambeando os lábios sem expressão
– eles nunca fizeram – falou ele levantando a camiseta mostrando a cicatriz de
uma facada – nem quando eu fui espancado na rua eles fizeram algo. Nem se deram
o trabalho de investigar.
- é exatamente por isso que nós estamos aqui –
falei soltando a mão dele e apontando para meus três companheiros – para fazer
aquilo que ninguém mais quer.
Nesse momento ouvimos alguém bater na porta. Nós
paramos de falar e ficamos em silêncio. Esperamos alguns segundos e novamente
uma forte mão bateu na porta.
- policia! Abram!
Loretta foi até a janela e olhou para o homem.
- ele está sem uniforme! – falou Loretta.
- ou ele não é policial ou não está em serviço –
falei colocando minha máscara.
- o que você vai fazer? – perguntou Julie.
Não respondi a Julie e aproximei da porta e a abri.
O homem tinha uma arma em sua mão e apontou para mim.
- larga a faca! – falou o policial de cabelos e
barba ruivos. Ele realmente não estava usando uniforme – devagar, coloque-a no
chão.
Desobedecendo ao policial eu larguei a faca
que caiu no chão fazendo barulho. Ele ficou me encarando e eu fiquei lá com a
máscara encarando-o. Ele parecia confuso com tudo aquilo, mas eu por outro lado
havia entendido porque lee estava lá.
- chegamos primeiro que você! – falei com as mãos
para trás.
- do que está falando?
- você não está de uniforme. Entrou na casa de um
infrator sexual que está na rua apesar de cometer crimes. Você veio fazer o
mesmo que nós, mas nós chegamos primeiro. Sai da minha posição e fiquei de lá
apontando para dentro da casa – entre!
Mesmo cauteloso o ruivo entrou na casa apontando a
arma para os mascarados e para Harry e Paul. Ele respirou fundo e então eu olhei
para Julie, Loretta e Gerald que se abaixaram e largaram as facas e o bastão de
beisebol.
- confia em nós agora? – perguntei olhando para o
homem.
- tira a máscara! – falou ele olhando para mim.
Tirei a minha máscara e o homem lambeu os lábios
pensativo. Ele com certeza não sabia o que fazer.
- você tem duas opções: matar a todos nós. Nós
somos, quatro, cinco… seis. Você tem que cuidar de seis corpos. Mas você terá
um pouco de trabalho para explicar porque matou seis pessoas quando nem estava
em serviço. Porque estava na casa de um condenado? Fazendo justiça com as
próprias mãos? Tenho certeza de que a policia vai ficar do seu lado. Ela adora
resolver esses casos. Ou talvez eles só de demitam e te joguem atrás das grades
acabando com a sua carreira. Por causa de que? Um pedófilo estuprador que
escapou da prisão por ter bom comportamento?
- qual a segunda opção? – perguntou o policial.
- qual o seu nome? – perguntei esticando min há
mão.
O homem se aproximou e segurou em minha mão.
- Jerry Rodriguez. Sou policial.
- prazer Jerry. Eu sou Stanley Anthony.
- porque vocês fizeram aquilo? – perguntou Jerry –
porque mataram ele?
- porque ele merecia. Precisa de mais do que isso?
- ele mereceu – falou Jerry – eu conheci uma de
suas vítimas… uma garota de sete anos. Cega – falou Jerry engolindo em seco ao
dizer aquilo – ser policial me frustra às vezes porque por mais que eu seja
pago para aplicar a lei eu não posso ou não consigo. A gente prende e a justiça
solta. É frustrante – falou ele abaixando a arma.
- não existe isso aqui – falei me aproximando de
Jerry ainda segurando sua mão até que nossos braços tomaram a posição de ‘queda
de braço’ – nós somos fortes porque temos um objetivo.
- você são malucos! – falou Jerry.
- não – falei balançando a cabeça – nós só queremos
justiça para minha sobrinha, Caylee – falei respirando fundo.
- do que você está falando?
- você conhece o policial Frank? Lana? Roderick?
- sim. Eles são do meu distrito – falou Jerry
confuso.
- um policial do seu distrito abusou da minha
sobrinha quando ela tinha oito meses de idade. Ele espancou minha irmã. Eu não
sei o nome dele, mas sei o nome das pessoas que ajudaram a encobrir tudo. Frank
Affleck. Lana Tucker, Roderick Maddox e a médica Krista Gallardo.
- eu não sei quem ele é – falou Jerry – muitos
policiais foram transferidos para outros distritos no ano passado.
- mas você pode nos ajudar a descobrir quem é esse
policial!
- mas será difícil descobrir quem foi. Ele pode
estar em qualquer distrito.
- você quer ajudar ou não?
Jerry largou a minha mão e virou as costas. Ele
parou, respirou fundo e então olhou para mim.
- eu ajudo vocês! – falou Jerry apreensivo. Percebia-se
em sua voz a impotência de ser um policial e muitas vezes não poder prender os
caras maus.
- você é humano Jerry – falei tocando o braço dele –
você é alto e forte e durão, mas eu sei que no fundo você é o mais humano entre
todos – falei sorrindo para ele – Eu tenho a fantasia perfeita para você –
falei me referindo a fantasia de Arlequim que era da cor da pele clara. Uma
fantasia de palhaço ‘nu’. Um palhaço que não tem medo de demonstrar ser humano.
5 DE JULHO DE 2016
Orlando, Florida — Meia Noite e Vinte
e Cinco Minutos
Todos nós tiramos nossas fantasias e nossas máscaras.
Gerald trouxe o carro até a casa de Harry e Paul e estacionou o carro. Harry e
Paul nos ofereceram cerveja, refrigerante e alguns aperitivos que eles haviam
feito para comemorar a independência do país. Estávamos todos na sala, sentados
no sofá e na poltrona. Todos estavam em silêncio. Acho que eu deveria ser o
primeiro a dizer alguma coisa.
- bom… - falei me levantando – eu agradeço a todos
vocês por me ajudarem a matar o desgraçado que tirou a inocência da minha
sobrinha.
- isso é uma espécie de seita? – perguntou Jerry.
- Culto! – falei olhando para ele – não é por acaso
que eu digo esse nome. É um Culto. Todos nós temos um único objetivo.
- eu faço qualquer coisa por você! – falou Julie –
o que eu fiz com Christopher… - falou ela se lembrando de todo o sangue – foi como
se eu tirasse um peso de cima de mim.
- espero um dia sentir isso – falei olhando para
Julie – eu sinceramente espero.
- nós podemos ajudar! – falou Harry.
- podemos sim! – falou Paul – você fez por nós o
que nenhuma delegacia ou policial fez: Nos proteger.
- e eu vou continuar protegendo. É isso que uma colmeia
faz.
- colmeia? Pensei que fosse um culto – falou Gerald.
- vocês já ouviram falar do termo ‘Hive Mind’? em português
quer dizer ‘Mentalidade de Colmeia’. É um termo utilizado para descrever quando
duas ou mais pessoas chegam ao mesmo pensamento ao mesmo tempo por causa das
mesmas circunstâncias, mas não se conheciam antes de disso – falei olhando em
volta – somos nós. Não nos conhecíamos antes de tudo isso acontecer, mas temos
a mesma linha de pensamento. Chegamos aqui movidos pelos mesmos sentimentos. Precisamos
descobrir o primeiro passo – falei olhando para Jerry.
- eu posso tentar conseguir as informações que você
precisa.
- não é o suficiente – falei olhando para Jerry –
eu preciso estar lá dentro.
- você pode tentar entrar na delegacia – falou Jerry
– qualquer uma. Só de estar dentro você já terá acesso a arquivos e a informações.
- ótimo – falei lambendo os lábios como podemos
fazer isso? – falei pensativo – Julie… você disse que trabalha em uma
lanchonete, certo?
- isso – falou ela tomando um gole do refrigerante
e comendo um dos aperitivos – na Thirsty River.
- você acha que consegue um emprego pra mim?
- talvez? Meu chefe é um carrancudo e não costuma
contratar.
- eu posso te dar um emprego – falou Harry – eu sou
dono de um restaurante.
- eu também posso te dar um emprego – falou Paul –
eu sou corretor.
- a questão não é o emprego. É a situação. Eu
preciso ser preso por um crime que não cometi.
- eu tive uma ideia – falou Loretta – crie uma situação
constrangedora. Vá até a lanchonete e sofra preconceito. Ameace processar e ir
a público.
- é uma ótima ideia – falou Gerald.
- eu não posso fazer isso. Julie seria demitida.
- é um risco que eu posso correr – falou Julie.
- tem certeza?
- claro! – falou Julie com um sorriso.
- onde fica essa lanchonete? – perguntou Paul.
- no distrito de Metrowest – falou Julie.
- tem uma delegacia em frente da imobiliária onde
trabalho. Ela é a delegacia do distrito de Metrowest. Seria perfeito. Estaríamos
perto um do outro.
- eu recomendo que seja um delito leve – falou o
policial Jerry – Stanley você precisa ser acusado de um crime leve até porque não
queremos que nenhum dos dois seja preso de verdade. Nem você e nem Julie.
- eu posso roubar o caixa da lanchonete e acusar Stanley.
Ele seria levado preso. Durante o interrogatório eu diria a verdade e Stanley
usa essa oportunidade para conseguir um emprego.
- perfeito! – falei respirando fundo satisfeito –
mas não pode ser agora.
- quando será? – perguntou Harry.
- daqui a oito meses. Quando eu fizer vinte e
quatro anos.
- oito meses? – perguntou Paul – será muito tempo.
- será tempo suficiente para Julie fazer as
fantasias de vocês. Até lá eu posso me preparar e pensar nos detalhes. Tudo bem
para vocês?
- por mim, tudo bem – falou Jerry. Loretta e Gerald
confirmaram. Julie, Paul e Harry também confirmaram com a cabeça.
- nós precisamos amedrontar essa cidade. Eles
precisam estar paranoicos e assustados. A policia precisa estar sem foco. Quanto
mais teorias malucas surgirem, melhor – olhei em volta para as pessoas sentadas
e percebi que meu psiquiatra estava certo o tempo todo. Eu não preciso usar o
medo contra as pessoas. Posso ajudar as pessoas a vencer os seus medos. Vou fazer
isso até que o desgraçado que estuprou minha sobrinha esteja engasgando com o
próprio sangue implorando por perdão.
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Nossa cada capítulo tá mais envolvente, eu queria saber se vai ter capítulo da outra história, tem mais uma coisa, sempre vêm na minha cabeça quando tô lendo o homem cruel de o Stanley fica com irmão dele acho que irmão dele é apaixonado por ele, eu tenho essa impressão.
ResponderExcluirkkkkkk Até eu as vezes tbm acho
ExcluirMaravilhoso ....vc é simplesmente maravilhoso tb...
ResponderExcluirValeu Juliano <3
ExcluirAgora que me toquei... gente, como não percebi antes? Essa é a Julie!
ResponderExcluirAgora tudo faz sentindo! Quero dizer... quase, ainda tem muita coisa para se esclarecida!
Amando seu conto! <3
Domingues, Lucas.
Obrigado Domingues <3
ExcluirNossa, agora eu amo a Julie <3 Toda a raiva passou <3 Pena que o Paul e o marido morreram(É o casal do ménage, né?) :/ Vai ser explicado o motivo?
ResponderExcluir-Juliano.
Sim é o casal do ménage. E sim será explicado no próximo cap rsrssr
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