Capítulo 11: Cruel Proposta | Conto: Cruel Sedutor

  

XII

Cruel Proposta

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M

inha cabeça doía. Minha bunda começava a ficar dormente. Fazia mais ou menos duas horas que eu estava sentado em uma cadeira na sala do detetive DeLarosa esperando por noticias, mas ninguém me dizia nada. Havia uma certa correria pelo escritório. Policiais subindo e descendo escadas. Eu vi Vince, Judy e Blacke entre esses policiais, mas nenhum deles veio me dizer o que tinha acontecido. Todas as seis televisões que haviam naquele andar estavam ligadas e todos assistiam ao noticiário. O que era apenas uma brincadeira e uma histeria coletiva parece ter se torando algo mais sombrio.

‘Peguei Vocês’ era a frase escrita do lado de fora do prédio juntamente com a enorme cara de um palhaço sorridente. Me inclinei para frente e fechei os olhos respirando fundo. Era tarde. Muito tarde. Passava a da meia noite e tudo o que eu queria era dormir. Estava cansado pra caralho, havia sido um dia estressante. Me levantei da cadeira em um pulo e respirei fundo passando as mãos em meus cabelos. Olhei para o elevador que chegava ao andar e vi Mya acompanhada do detetive DeLarosa e policial Clyde.

- Stan! – gritou Mya ao me ver. Sai da sala e corri rapidamente em direção ao ela e nós nos abraçamos.

- você está bem? – estava preocupado com ela. Só eu sei o desespero que ela sentiu após as luzes terem se apagado.

- estou sim. Estou. Só estou um pouco cansada.

- tu também – falei abraçando-a novamente.

 -você está bem? – perguntou Clyde colocando a mão no meu ombro e apertando.

- estou sim – falei olhando para Clyde e em seguida para o detetive DeLarosa.

- vamos pra minha sala – falou o detetive indo na frente.

Ao entrarmos ele fechou a porta.

- e então? Descobriram como fizeram aquilo? – Me sentei ao lado de Mya, Cory se sentou na nossa frente e Clyde ficou de pé.

- conversamos com o dono do prédio e ele disse que autorizou uma companhia a estar refazendo a pintura do prédio. Eles deveriam começar os serviços apenas na próxima semana.

- mas quem foram às pessoas que fizeram aquilo? Como entraram no apartamento de todo mundo?

- nós colhemos depoimentos e algumas pessoas disseram que viram pintores andando pelos corredores. Apenas os apartamentos que passaram o dia todo vazio é que foram pintados. Assim como o de vocês.

- e vocês não tem nenhuma pista de quem vez aquilo? Ou a quem  deixou aqueles bilhetes com aquele conto de terror?

- como vocês mesmo sabem o prédio de vocês não tem câmeras, mas nós olhamos as filmagens dos prédios em frente e realmente mostra uma vã estacionando em frente ao prédio de vocês e cinco pessoas de uniforme saíram dela. Infelizmente eles forma espertos e usavam bonés o tempo todo. Eles tomaram cuidado para não olharem para as câmeras como se soubessem exatamente onde cada uma delas estava. Não sabemos dizer nem se eram todos homens ou se havia mulheres no meio.

- que droga – falei segurando na mão de Mya. Ela apertou forte minha mão.

- é verdade? – perguntou Mya olhando para o detetive.

- o que? – perguntou Cory.

- a história da ‘Amy Babona’

- é só uma lenda urbana adaptada – falou Clyde. Não é real. Eles só queriam assustar vocês e todo mundo do prédio. Eles escolheram a dedo um prédio que não haviam câmeras e estudaram também onde as câmeras dos prédios em volta estavam posicionada.

- eu entendo – falei apertando mais forte a mão de Mya – vai ficar tudo bem Mya.

- eu sei que vai – falou ela me abraçando. Ela precisava daquilo.

- o prédio já está liberado e a tinta na parede de todos os apartamentos foram apagadas.

- eu não quero voltar lá – falei olhando para o detetive.

- eu também – falou Mya – foda-se o dinheiro do deposito. Eu não quero passar mais nenhuma naquele lugar.

Antes que qualquer um dos dois pudesse dizer algum coisa eu ouvi passos em direção da sala e vi o delegado Hugo Thornton caminhando até nós. O detetive Cory DeLarosa se levantou e o recebeu com um aperto de mão. Clyde fez o mesmo.

- então é verdade? – perguntou o delegado olhando para mim – você mora naquele prédio?

- sim senhor.

- eles estão bem? – perguntou Hugo olhando para Cory.

- sim. Fisicamente estão em perfeito estado já mentalmente… - falou o detetive hesitando.

- eles não querem voltar ao prédio – continuou Clyde – será que podemos fazer alguma coisa por eles?

- sim. Acabei de falar com o prefeito e ele me disse que estará realocando todos os moradores que não se sentem seguros para o Hotel Cécille.

- que bom – falou Mya rindo pela primeira vez. Eu apertei a mão dela mostrando que estava ali por ela.

- eu vou leva-los até o Hotel e você busca as coisas dele – falou Cory para Clyde que concordou.

Nós nos levantamos e o delegado ficou me encarando.

- o hotel fica a três quadras daqui – falou ele nos acompanhando quando saímos da sala de Cory e caminhávamos até o elevador – não precisa vir trabalhar amanha. Tire o dia para descansar – falou ele colocando a mão no meu ombro e no de Mya como se estivesse mostrando que estava ao nosso lado.

- sim senhor.

Nós descemos o elevador e Cory levou Mya e eu até o Hotel Cécille. Ao chegarmos Cory fez o nosso registro enquanto Mya e eu esperávamos sentados em um sofá no enorme saguão. O Hotel Cécille era um dos mais famosos hotéis de Orlando mesmo não sendo um hotel cinco estrelas. Ele era um patrimônio cultural. O prédio tinha mais de cem anos e isso atraia muitos turistas interessados em sua história.

Enquanto esperávamos reconheci alguns moradores do nosso antigo prédio que foi atacado. Algumas pessoas estavam passando pelo mesmo que Mya eu. Não queríamos passar nem mais uma noite naquele lugar.

- prontinho - falou o detetive se aproximando com uma chave. A do quarto 706 – coloquei vocês juntos. Espero que não se importem.

- sem problema – falou Mya pegando a chave.

- o quarto de vocês fica no sexto andar. Vocês têm direito a cinco refeições por dia incluindo o café da manha, lancha da tarde e lanche noturno. Nenhum valor será cobrado e a prefeitura arcará com as despesas.

- obrigado – falei pegando minha chave e entregando a de Mya.

- acho que vou pra casa – falou Cory olhando para o relógio – Clyde deve chegar logo com suas coisas. Vocês vão ficar bem?

- vamos sim – respirei fundo – Obrigado por tudo.

- obrigada – Mya também parecia aliviada.

- por nada. Tenham uma boa noite.

- você também.

- vamos – falei segurando na mão de Mya enquanto caminhávamos em direção ao elevador.

Assim que o elevador começou a subir olhei para Mya e ela parecia tensa. Ela segurava forte a chave. Olhei para frente e percebi que Mya olhou para mim. Eu também era um poço de tensão. Nós ficamos nos olhando por um longo tempo enquanto o elevador subia vagarosamente.

- Booo! – falei para Mya e nós dois caímos na gargalhada. Mya caiu sentada no chão do elevador rindo.

- me desculpa – falou Mya rindo – sei que não devia rir, mas… eu não sei o que fazer.

- eu sei – falei limpando meus olhos tentando parar de rir – aquilo realmente aconteceu? – limpei a garganta e me sentei no chão do elevador ao lado de Mya.

- Deus o que fizemos de errado! – falou Mya olhando para cima – tudo o que queria era ser independente e viver minha vida e olha onde acabei?

- eu entendo. Eu queria uma vida cheia de aventuras, mas acabei dentro de um filme de terror.

Quando o elevador parou no sétimo andar um casal que ia entrar no elevador se assustou ao nos ver sentados no chão. Eu me levantei e segurei na mão de Mya e a ajudei a levantar.

- tenham uma ótima noite – falei para o casal enquanto corríamos pelo corredor procurando nossos quartos.

- é aqui – disse Mya parando.

Ao entrar no quarto nós fomos direto para a cama. Duas camas de viúvo. Uma do lado esquerda e a outra do lado direito no outro canto. Depois de um tempo deitada Mya foi para o banheiro. Eu por outro lado continuei lá deitado encarando o teto. O dia tinha sido exaustivo e não demorou para que eu cochilasse. A cama era tão gostosa. Bem mais confortável do que a que eu costumava dormir. Os lençóis pareciam ser nuvens.

- Stanley? – falou um homem batendo na porta me acordando. Desorientado eu me levantei e fui até a porta e abri.

- Clyde? – perguntei confuso. Esqueci que ele traria minhas coisas. Limpei meus olhos e bocejei. Estava com muito sono.

- vim trazer as coisas de vocês – falou ele entrando e colocando minha mochila e uma mala em cima da cama.

- obrigado – falei abrindo a mochila – de quem é essa mala?

- minha.

- e as coisas da Mya?

- estão na mala com algumas suas. Ela tinha mais coisas do que você.

- garotas – falei brincando.

- onde ela está?

- no banho – falei abrindo a mala – depois eu te devolvo ela.

- não se preocupe com isso.

Assim que abri à mala a primeira coisa que vi foi um presente. Um embrulho cinza. Era o presente que tinha comprado para Clyde. Na hora pensei que tinha estragado tudo. Se ele fosse inteligente – e ele era – iria captar a mensagem na hora. Decidi fingir que o presente era algo normal e apenas o coloquei em cima da cama enquanto tirava as roupas

- fica tranquilo que eu não mexi em nada. Encontrei esse presente em uma gaveta e na gaveta de baixo havia um celular – falou ele tirando do bolso dele – a tela já estava quebrada?

- sim – falei engolindo em seco. Era o celular que encontrei na cena do crime de Krista. Para minha sorte ele estava descarregado á semanas – obrigado por pegar nossas coisas – Peguei o celular e joguei dentro da mala.

- por nada – falou Clyde olhando em volta – é um bom quarto.

- eu não gosto muito de hotéis – falei me sentando na cama – eu gosto de cozinhar e aqui não posso – passei as duas mãos no lençol da cama – mas eu vou ficar bem. Logo Mya e eu encontramos outro lugar para morar. Amanhã mesmo eu já vou correr atrás.

- faz isso – falou Clyde com um meio sorriso – vai dar tudo certo. Isso foi só um susto. Uma pegadinha muito sem graça.

- muito sem graça mesmo – falei concordando e rindo.

- e mais uma coisa… - falou Clyde – eu vi que no seu apartamento tem algumas coisas para gatos…

- é verdade! – falei assustado – o Chester! É o gato que Mya e eu compramos.

- infelizmente eu não o encontrei. Ele deve ter fugido com toda a gritaria. Você sabe como gatos são assustados.

- será que tem chances dele aparecer?

- talvez sim. Vou voltar lá amanhã a tarde dar uma olhada para ver se alguém o encontrou ou se encontro ele perdido.

- seria um grande favor Clyde.

- isso não é anda – falou ele piscando um dos olhos e batendo as duas mãos e esfregando elas – está tudo entregue – ele lambeu os lábios – te vejo amanhã no trabalho?

- na verdade não. O delegado Thornton me deu folga.

- te vejo na sexta então – Clyde saiu do quarto.

- até sexta – falei fechando a porta. Ele levantou a mão dando tchau com um sorriso.

Uma vez que a porta estava fechada me apoiei nela e respirei fundo. O relógio marcava quase uma da manhã e eu ainda estava de pé. Depois que Mya saiu do banheiro foi a minha vez. Depois de um longo banho quente e relaxante cai na cama e eu praticamente desmaiei ali mesmo.

Quando acordei naquela quinta feira era mais de dez da manhã. Minha cara estava inchada e meu corpo doendo. Tinha dormido além da conta. Depois de tirar uma água do joelho peguei meu celular e vi uma mensagem de Mya dizendo que tinha ido para o trabalho. ‘PS: a comida do hotel é MARAVILHOSA’. Eu dei risada. Quando se tratava de comida Mya era expert.

Depois de tomar o café da manhã decidi ir até a imobiliária Blackstone que ficava em frente à delegacia para procurar por algum apartamento para alugar. Ao entrar na imobiliária Quinn saiu da recepção e veio na minha direção já dando um abraço.

- como você está? – perguntou Quinn preocupada.

- estou bem.

- Vi ontem na TV o que aconteceu. Vocês devem ter levando um grande susto.

- foi tenso. Devo admitir – falei acompanhando Quinn até recepção.

- mas que bom que vocês estão bem. Conversei com a Mya hoje e ela contou que vocês estão no Hotel Cécille – Quinn fez uma certa careta ao dizer o nome do hotel. Percebi que ela quis esconder – vocês estão bem?

- sim. Porque não estaríamos?

- nada. Esquece – falou ela me abraçando – que bom que vocês estão bem e seguros.

- eu também.

- veio apenas me visitar? Posso pedir para minha supervisora quinze minutos para conversarmos.

- na verdade não precisa – falei colocando as mãos no balcão – hoje eu vim como cliente. Queria conversar com um dos corretores. Vou procurar um apartamento para Mya e eu morarmos.

- ótima ideia sair logo daquele hotel – falou ela pegando o telefone – e eu sei exatamente qual corretor vou chamar – falou Quinn piscando. Em seguida ela teve uma breve conversa com Paul. Disse que um cliente especial estava à espera dele.

Ao me ver Paul deu um sorriso e já veio com a mão estendida e me cumprimentou.

- eu sabia que seria questão de tempo – falou ele rindo.

- você viu o que aconteceu ontem no noticiário?

- sim – falou Paul colocando a mão nas minhas costas indicando o caminho – por aqui – falou ele caminhando ao meu lado – sinto muito pelo o que aconteceu.

- eu também. Conversei com minha amiga e decidimos não voltar para aquele lugar. Eu me lembrei de você e decidi dar uma olhada no que você teria para me oferecer.

- vamos dar uma olhada – falou Paul se sentando em sua mesa. Me sentei de frente para ele enquanto ele digitava alguma coisa no seu computador – quanto você e sua amiga pagam de aluguel atualmente?

- quinhentos e cinquenta dólares.

- nessa faixa de preço os apartamentos que tenho ficam muito longe do centro, mas se vocês estiverem dispostos a pagar um pouco mais eu tenho esses daqui – falou ele virando o computador. Era um apartamento como dois quartos, banheiro social e cozinha americana com uma sala. Com certeza melhor do que o Mya e eu dividíamos.

- é bonito esse – falei apontando para um ficava a um quilômetro de onde estávamos.

- esse daqui está atualmente por oitocentos dólares o aluguel, mas como você e sua amiga passaram maus bocados ontem eu posso tentar negociar com o dono R$ 750,00 dólares. Pesaria muito para vocês?

- sinceramente? Não – falei rindo – eu estou ganhando um pouco a mais do que quando cheguei aqui então posso cobrir a parte de Mya caso ela não consiga pagar a metade exata.

- viu só? – falou Paul – não é tão caro assim se pensar na segurança e na comodidade – Ele virou o computador de volta para ele – eu só peço cinco dias de prazo para eu poder conversar com o dono. Te dou a resposta na terça ou quarta da semana que vem. Pode ser?

- pode sim. Perfeito.

- você quer ir visitar o lugar agora? Podemos ir no meu carro.

- sim. Podemos.

Me despedi de Quinn e Paul disse para ela segurar as ligações dele que dentro de uma hora ele estaria de volta. Nós entramos no carro dele e seguimos viagem para esse apartamento que não ficava muito longe dali.

- vocês passaram um grande susto ontem – falou Paul parando no sinal vermelho.

- nem me diga. Na hora eu lembrei do que você disse sobre me mudar para um lugar mais seguro. Na hora que você me disse não levei a sério, mas quando aquelas luzes se apagaram eu devo dizer que me arrependi de não ter te ouvido.

- viu só? Eu sou bom com os conselhos. Espero que ouça maus conselhos mais vezes.

- vou sim. Prometo – falei cruzando os dedos.

Quando chegamos ao prédio nós subimos de elevador até o quarto andar e ao chegarmos Clyde abriu a porta.

- seja bem vindo ao seu novo lar – falou ele abrindo a porta.

- é bem maior do que nas fotos.

- é mentira o que dizem sobre fotos deixarem maior – falou ele fechando ao porta ao entrar.

- é totalmente mobiliado?

- sim. Por isso achei interessante esse imóvel para você Não posso prometer que o preço será reduzido, mas se eu conseguir seria um achado para você e sua amiga Mya.

- seria perfeito – falei me sentando no sofá. Paul se sentou ao meu lado.

- o que acha?

- perfeito. É mobiliado, é no centro o preço é acessível. Não sei como agradecer – falei apertando os lábios.

- não precisa – falou ele com um meio sorriso.

- obrigado pelas reservas no Duncan’s. Esse foi outro favor que você me fez que nunca terei como agradecer.

- na verdade tem uma maneira – falou Paul.

- eu faço qualquer coisa. É só dizer.

- venha jantar comigo e com Harry no sábado.

- Sim. Eu irei. Eu e Mya.

- não digo um jantar no restaurante. Na nossa casa. Só você, Harry e eu. Dê alguma desculpa pra sua amiga e venha jantar conosco. Em nossa casa.

Aquele pareceu um pedido diferente. Não entendi muito bem o que ele queria dizer com ‘jantar’. Tinha minhas suspeitas, mas talvez eu estivesse errado.

- e o seu marido? Ele não vai se importar de eu atrapalhar o jantar de vocês?

- Na verdade não. Eu falei de você pra ele e nós combinamos que seria legal você aparecer no sábado.

- seu marido é chef, não é?

- sim. Ele é.

- meu sonho é ser chef. Talvez ele possa me dar algumas dicas de como seguir esse sonho.

- viu só? Você tem que ir. Será perfeito. Você aparece e assiste enquanto ele cozinha. Eu – é claro – como não mando muito bem na cozinha assisto enquanto vocês dois cozinham e mais tarde Harry pode assistir enquanto eu como. Ele faz questão de assistir – Paul disse isso com um meio sorriso. Senti meu coração bater forte e em seguida engoli em seco. Respirei fundo rapidamente e sorri para Paul. Ele realmente tinha dito o que eu achei que tinha? – o que você acha?

- acho que pode ser – falei engolindo em seco – eu posso conversar com Mya.

- Perfeito – falou Paul se levantando do sofá – vou avisar Harry que você aceitou.

- Okay – falei me levantando. Meu corpo tremia.

- então ficamos combinados? Na quarta feira da semana que vem eu te dou uma resposta.

- combinado.

O caminho de volta á imobiliária foi silencioso. Eu não pude evitar de ficar sem graça com aquela proposta. Se é que era realmente uma proposta. Ainda estava em duvida por mais explícito que estivesse. Nós seguimos viagem e Paul fazia breves comentários sobre o trabalho, sobre o restaurante do marido entre outras coisa.

Quando ele estacionou o carro em frente a imobiliária eu tirei o cinto de seguranças e ele fez o mesmo. Levei a mão para sair da porta, mas ele segurou no meu braço.

- espera – falou ele fazendo uma pausa – eu passei dos limites?

- Não. Não passou.

- certeza? – perguntou Paul – não quero te obrigar a nada. Foi só uma proposta. Mesmo depois que estiver lá se você disser não, será não. Quero que fique tranquilo sobre isso.

- tudo bem. Vou ficar – falei respirando fundo. É que… eu sou virgem.

- virgem? – perguntou Paul sério. Ele pareceu surpreso.

- sim. Tem algum problema?

- Nenhum. E não se preocupe. Vai ocorrer tudo bem.

- Okay – falei rindo. Eu não consegui esconder.

Sai do carro e Paul fez o mesmo. Nós nos encontramos na frente do carro e mais uma vez ele apertou a minha mão.

- te vejo no sábado?

- sim.

- envio o endereço pro seu celular.

- combinado.

Quando Paul caminhou de volta para a imobiliária olhei para o outro lado da rua e vi a delegacia. No instante que olhei vi Clyde, Judy, Vince e Lola tinham acabado de sair da delegacia para o almoço.

Ao me ver Judy acenou e eu fui até eles.

- boa tarde – falei olhando cumprimentando a todos.

- onde você estava? – perguntou Clyde – vi você saindo do carro daquele corretor.

- nós fomos ver um apartamento aqui perto. Estou pensando em mudar e fomos dar uma olhada nas opções.

- uma boa ideia – falou Judy – vamos almoçar?

- Não. Vou almoçar no Hotel mesmo, mas obrigado.

- certeza? – perguntou Clyde – se a questão for o dinheiro eu pago pra você.

- não. Não é o dinheiro – falei ansioso. Não via a hora de chegar em casa para pesquisar na internet tudo sobre sexo. Como se eu já não tivesse feito dezenas de vezes – Eu só quero descansar sabe. Pedir o almoço e comer na cama.

- você está certo – falou Lola – Precisa descansar depois do que aconteceu ontem. Eu não sei o que teria feito se fosse eu no seu lugar.

Eu apenas forcei um sorriso e concordei com a cabeça.

- acho que já vou indo então.

- vejo você amanhã? – perguntou Clyde.

- vê sim – falei nervoso. A proposta de Paul me deixou aéreo e desconexo. Era como se minha cabeça estivesse em outro lugar.

Depois de nos despedir peguei um Uber para ir para o hotel. Ao descer do taxi olhei para a faixada do enorme hotel de quatorze andares. ‘HOTEL CÉCILLE’ estava escrito em letras proeminentes em um tom bege com detalhes em marrom. Ao entrar fui direto para meu quarto e liguei pedindo o almoço. Não queria comer no restaurante. Peguei o notebook de Mya e comecei a pesquisar sobre fetiches, sexo a três e Voyeurismo. Estava ansioso com aquela proposta. Ao mesmo tempo em que estava ansioso cheio de borboletas no estômago estava com medo de que algo desse errado ou que eu não suportasse a dor.

Por fim acabei ligando para Mya e contando tudo a ela. Disse que nossos planos estavam cancelados porque tinha sido convidado para um ménage. Mya pareceu animada e não se importou em cancelar os planos. Tudo o que ela pediu foi: detalhes. Decidi não ligar para meu irmão Nick. Ele já tinha feito muito por mim e dado conselhos o suficiente e eu sabia que pra ele – como irmão – era desagradável ouvir detalhes sobre minha vida sexual. Eu estava mais do que pronto. Tinha controle da minha própria vida e queria agora controle sobre meu próprio corpo. Não passa de Sábado.

Valeu pelos comentários gente. Obrigado por lerem :)