A
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LONGE DE CASA capítulo um
s luzes do aeroporto brilhando lá em baixo. Eu
estava ansioso para chegar porque estava longe casa e meu passado não me
perseguiria; não me mesmo jeito que na cidade grande onde todos sabiam sobre a
vida de todos, mas não conheciam os outros de verdade. Eu não conhecia nem os
vizinhos da minha rua direito e olha que eu morei lá desde que me entendo por
gente. Pelo o que eu tinha ouvido todos eram companheiros onde meu pai morava,
os donos das fazendas vizinhas se ajudavam e se conheciam muito bem. Eu precisava
disso na minha vida precisava conhecer um outro lado da vida que eu nunca tinha
tido contado.
Quando a aeronave posou eu
esperei até que ela encontrasse um lugar para parar e abrir a porta. Eu sentia
um frio na barriga ao olhar para fora. Estava tudo escuro. Logo a aeronave
abriu as portas e eu desci já sentindo a mudança do clima. Nunca tinha sentido
tanto frio na minha vida. Uma brisa fria passou cortando pelo meu rosto. Eu
fiquei lá de braços cruzados e a boca temendo esperando minhas malas saírem do
jatinho. Logo trouxeram minhas duas malas e uma mochila.
- obrigado – falei colocando a
mochila nas costas.
- foi bom te conhecer – falou
Robert.
- eu também acho e eu agradeço
muito pela conversa que nós tivemos.
- não a de que – falou ele.
- boa viagem de volta amanhã –
falei pegando as duas malas de rodinhas e puxando enquanto me dirigia para
dentro do aeroporto.
Quando cheguei perto um homem me
indicou a portão de desembarque e eu passei por ele. Já dentro do aeroporto eu
pensei que o clima ficaria um pouco mais aconchegante, mas estava pior do que
nunca porque tinha ar-condicionado.
Eu olhei para os lados e não
encontrei ninguém que eu reconhecesse. O relógio marcava 23h58min. Eu soltei as
malas e peguei meu celular e disquei o número do meu tio. O telefone chamou
umas duas vezes e ele atendeu.
- alô – falou ele.
- tio? Sou eu o Mike, já estou
aqui no aeroporto.
- estamos aqui de fora, vem
andando e nós vamos te ver assim que sair.
- ok – falei pegando com
dificuldade as malas. Meus dedos estavam começando a ficar duros porque o frio
estava mesmo de matar.
Eu andei por vários corredores
enormes seguindo as indicações no alto. Depois de muito andar eu vi a saída. Ao
chegar perto senti o frio cortante do vento passando pelo meu rosto e meus
dentes começaram a se bater.
Eu olhei para um lado depois para
o outro e em meio algumas pessoas vi dois homens vindo em minha direção. Eu
olhei bem e vi que era meu tio e meu primo. Eu fiquei envergonhado. Fazia cinco
anos que não os via e quando decidia vir era só para dar trabalho. Meu tio era
parecido com meu pai, mas seus cabelos eram de um loiro mais claro e ele usava
uma barba no rosto, provavelmente por causa do clima frio e meu primo era como
eu, com cabelos negros e com uma barba no rosto, mas seus olhos eram claros, um
azul quase branco igual ao do meu tio. Meu primo agora era um homem feito tinha
28 anos se não em engano, nem parecia o garotinho que eu vi cinco anos atrás.
Os dois estavam com calça jeans e
camisa xadrez enfiada por dentro da calça, botas e cowboy e cintos com grandes
fivelas. Típicos fazendeiros.
Eles vieram na minha direção e eu
não consegui esconder o sorriso de felicidade de vê-los. Eles chegaram perto de
mim.
- oi – falei olhando para eles,
mas para minha surpresa eles passaram direto por mim.
- o que? – falei alto – não eram
eles. Eu olhei para trás e os dois homens continuaram andando – que vergonha –
falei para mim mesmo vendo eles se afastarem. Eu olhei mais um pouco e percebi
que eram eles sim.
- tio Roger – gritei e o homem loiro
e o outro de cabelos pretos voltaram dando gargalhadas.
- sabia que era vocês – falei
começando a rir – vocês me deram um susto, eu pensei eu tinha pagado um mico.
- foi ideia do meu pai – falou
meu primo rindo e estendendo a mão e eu apertei.
- foi um teste para saber se você
nos reconheceria – falou meu tio me dando um abraço apertado – senti sua falta
– falou ele encostando a barba gelada em mim, eu gemi de frio quando ele fez
isso – parece que você está com frio? – falou ele rindo.
- parece? Meus dedos estão quase
congelando. – falei mostrando minhas mãos.
- usa minha blusa – falou meu
primo Leo tirando um blusão que usava e colocando em mim.
- mas você não vai ficar com
frio?
- eu já estou acostumado – falou
ele – você vai precisar se acostumar – falou ele com um sorriso – aqui em
Shelbyville é igual ao deserto, de dia e um calor infernal e de noite um frio
assassino.
Eu peguei minha mochila e meu tio
pegou uma mala e meu primo pegou outra nós saímos andando em direção ao carro
deles, mas tinha uns 10 parados e eu não sabia qual era.
- qual é o carro de vocês?
- Aquele Ecosport.
- bom eu perguntei esperando que
me dissessem só a cor ou talvez apontassem, por que eu não sei nada sobre
carros.
Os dois deram risadas.
- aquela – falou meu tio
desligando o alarme.
- é um carro grande – falei
colocando minha mochila no porta malas.
- precisa ser porque a estrada
que vamos andar não é para qualquer carro.
Depois que eles guardaram tudo
nós entramos no carro. Tio Roger e Leo na frente e eu atrás.
- quanto tempo ainda vamos ter de
viagem até chegar em casa?
- aqui é o centro – falou meu tio
colocando o cinto de segurança – nós moramos a duas a uma hora do centro e
depois que chegamos na área rural andamos 30 minutos por estrada de chão até as
fazendas.
- ok – falei colocando o cinto de
segurança. Enquanto eles falavam comigo eu pude perceber o sotaque deles. Eles
tinham o sotaque de “caipiras” era diferente porque nunca tinha ouvido ninguém
com esse sotaque. – estou tão cansado – fale bocejando.
- você vai ver o quarto que
preparamos para você – falou meu primo – acho que vai gostar.
- eu vou ter um quarto só para
mim?
- é claro, ou achou que
colocaríamos você em um colchão na sala ou no sofá cama?
- sinceramente foi o que eu
achei.
- bom se quiser nós podemos fazer
isso – falou meu primo rindo – nós podemos colocar o cachorro na sua cama e
você dorme na sala.
- não obrigado, prefiro a cama –
falei rindo.
Eu olhei pela janela e mesmo
escuro eu fiquei olhando sem piscar vendo a cidade. Eu olhava atentamente como
um cachorro que sai para passear pela primeira vez, estava excitado para
conhecer os lugares, as pessoas, saber como era a vida delas. Era sempre bom
mudar de ares.
Depois de uma longa viagem
chegamos a uma área mais afastada onde quase não tinha civilização e ele virou
a esquerda em uma longa estrada asfaltada.
- estamos chegando à estrada de
terra – falou meu primo.
Depois de alguns quilômetros
viramos para a esquerda outra vez e finalmente chegou à estrada de terra. Ela
era instável com subidas e decidas às vezes e tudo o que se via era pasto,
árvores e vacas de montão.
Depois de pouco mais de 30
minutos de viagem começamos a passar por várias fazendas. Todas tinham o
sobrenome das famílias na entrada e um pouco mais longe as casas enormes e
rusticas: Os Johnson foi o primeiro depois foram Os Hughes em seguida Os
Russell, Os Meyer, Os Evan e Os Morgan.
- a próxima é nossa – falou meu
tio. Nós andamos alguns quilômetros e em seguida meu tio diminuiu a velocidade
e o farol iluminou a entrada: Os Fabray. Tinha o esqueleto da cabeça de um
touro pendurado na entrada. Logo que o carro passou pela entrada e em seguida
foi em direção a garagem.
Nós então saímos do carro e eu
peguei a mochila e eles pegaram as malas.
- onde estão os animais?
- estão lá no fundo – falou meu
tio quando entramos na casa. – temos porcos, vacas, touros, carneiros, ovelhas
e cavalos – falou ele colocando minha mala na sala.
- por falar nisso, seu cavalo
está lá no estábulo – falou meu primo.
- tinha me esquecido dele – falei
animado.
- agora está muito frio, mas
amanhã você pode vê-lo – falou meu tio.
Eu então reparei na casa e ela
era feita toda de madeira o chão, as paredes, os móveis. Os móveis e as portas
tinham sido talhadas a mão e a decoração era impecável e dava dó de pisar no
chão porque até ele parecia uma obra de arte.
- gostou da casa? – perguntou meu
tio.
- sim é muito bonita. Ela está
bem diferente de quando eu vim aqui na última vez.
- está sim passamos por uma
reforma – falou ele.
- ficou muito linda.
Meu primo chegou com a segunda
mala e colocou no chão.
- bom Mike – falou meu tio –
agora que chegou eu quero te dizer umas coisas que precisa saber.
- ok – falei prestando atenção.
- olha não sei se você costuma
dizer isso, mas as pessoas da cidade grande nos chamam de caipiras, eu
particularmente não em importo, mas nunca chame alguém disse e nem se refira
alguém.
- ok – falei.
As fazendas que passamos são de
famílias que moram aqui a anos e todos nós nos conhecemos e somos amigos, você
vai conhece-los no tempo que estiver aqui, faça amizade com eles e os filhos
deles, são todos gente de bem, só tente ficar fora de confusão quando estiver
na cidade nada de brigas ok?
- ok, nada de brigas. Essa vai
ser fácil.
- Meu filho vai te levar para
passear por algumas coisas que tem aqui, bares, festas, feiras todos tem muita
dança Country e eu pedi que ele te apresente aos amigos deles.
- entendido – falei.
- nós compramos roupas para você,
porque você não vai ficar andando por ai com roupas de cidade grande. Compramos
botas, cintos, calça jeans, camisas e até chapéus.
- ok, vai ser bom mudar meu
estilo.
- bom – falou meu tio – essas são
as regras de fora, agora eu vou dizer as regras da minha casa.
- ok – falei curioso.
- olha eu sei que você é gay e eu
convivo com isso desde que descobrimos, mas enquanto estiver dentro dessa casa
não quero que fale sobre homens ou traga eles aqui. Não queremos ficar mal
falados pelos vizinhos, eu sei que você é judeu, gay e não sei mais o que, mas
enquanto estiver aqui você tranza com mulher como deus nos fez, acredita em
jesus e come carne de porco.
- tudo bem – falei sentindo minha
animação inicial sendo cortada e logo o sorriso do meu rosto desapareceu e fui
inundado por um sentimento de tristeza, se eu soubesse que não poderia ser eu
mesmo nunca teria vindo para cá. Sempre pensei que meu tio me aceitasse como
sou, mas parece que era tudo fingimento dele com o meu pai.
- pai ele vai levar a sério –
falou Leo rindo.
Meu tio deu um passo até mim e
colocou a mão no meu ombro
- é brincadeira filho – falou ele
para mim rindo.
- você quase me matou – falei
sentindo duas lágrimas caindo do meu rosto – não era um choro de tristeza e sim
de alivio.
- não precisa chorar – falou meu
tio me abraçando e rindo da minha cara.
- desculpa – falei abraçando ele
– você me assustou mesmo. Eu pensei tipo: “preciso voltar para casa.”.
- desculpa – falou meu tio rindo
– mas você vai ter que se acostumar com as brincadeiras
- e o senhor vai ter que se
acostumar ao meu sentimentalismo exagerado – falei limpando os olhos.
- queremos que você fique a
vontade – falou Leo – colocamos na parede do seu quarto fotos e pôsteres de
homens vestidos de cowboys sem camisa e alguns até sem cueca, não foi fácil
encontrar, mas está lá para que se sinta em casa.
- mal posso esperar para ir para
meu quarto então, só faltou colocarem um cowboy de verdade na minha cama –
falei rindo.
- ai você vai ter que encontrar
sozinho – falou meu tio pegando a mala e rindo.
Nós subimos as escadas e logo
chegamos ao meu quarto. Tinha guarda-roupas, cama de casal e até um banheiro
enorme.
- vou me sentir em casa – falei
colocando a mochila em cima da cama.
- esperamos que sim – falou meu
tio.
- obrigado.
- eu quase me esqueci – falou meu
tio – amanhã seu primo vai ensinar algumas coisas para você ajudar aqui na fazenda.
- tudo bem – falei sorrindo.
- não se preocupa eu vou te pagar
como eu pago as outras pessoas.
- não precisa tio, eu trabalharei
para pagar a estadia e a alimentação.
- até parece que eu cobro de você
por estar aqui. Eu vou te pagar porque assim você tem seu dinheiro e não
precisa se estressar trabalhando para outra pessoa.
- sendo assim eu aceito – falei
com um sorriso no rosto.
- amanhã é cedo primo – falou Leo
– ás 05h00min eu te acordo.
- mas eu vou dormir só três
horas?
- ninguém disse que a vida aqui
seria fácil – falou ele rindo.
- ok então.
- você quer comer algo? –
perguntou meu tio.
- não obrigado, eu comi algumas
coisas no avião e não estou a fim de comer agora. Vou tomar um banho e depois
vou me deitar.
- não precisa se preocupar com o
frio da noite é só ligar o aquecedor.
- vou sim - falei
- boa noite – falou ele fechando
a porta.
Eu então tranquei a porta e fui
para o banheiro tomar um banho quente. Tinha uma banheira no banheiro e eu
decidi ficar um pouco de molho e logo eu comecei a cochilar e decidi tomar o
banho no chuveiro.
Depois do banho tomado e os
dentes escovados eu arrumei minha cama e logo me deitei apenas com a luz do
abajur acesa. Eu fiquei pensando em várias coisas e pessoas. Pensei em Roman e
em Felix. Afinal eu tinha tido um amor que transcendeu os anos e durou até o
dia que a morte nos separou. Eu admito que ainda doía pensar em Roman, imaginar
que nesse momento ele poderia estar com outra pessoa. Nesse momento ele estaria
esquentando alguém com seu corpo do mesmo modo que ele costumava me esquentar
quando o clima estava frio.
Era uma droga, sempre que
terminava um relacionamento eu me sentia um lixo e ficava pensando nas coisas
que eu poderia ter feito para melhorar e que o fim não acontecesse. eu pensei a
mesma coisa quando Felix morreu. Talvez se eu tivesse insistido um pouco mais
ele tivesse criado coragem e deixado á esposa. Pode parecer egoísmo porque ele
tinha uma filha, mas ao mesmo tempo eu pensava em como Felix era infeliz no
casamento. Talvez ele tivesse partido desse mundo um pouco mais feliz, mas eu
pensava também que podia ter sido pior, eu poderia não tê-lo conhecido.
Eu fiquei pensando sobre todas
essas coisas que aconteceram no passado e sobre as coisas que tinham acontecido
naquele dia. Eu fechei os olhos por alguns instantes e pensei: “tenho que
colocar o celular para despertar”, “tenho que colocar o celular para
despertar”, “tenho que colocar o celular para despertar”... e foi assim que eu
dormi e não coloquei o celular para despertar.
Sabe aquele momento que você
acorda calmamente e de repente se lembra de algo e abre os olhos?
Foi o que aconteceu comigo. Eu
abri os olhos assustado e peguei meu celular, assim que eu olhei eu levei um
susto o relógio marcava 09h43min. Eu levantei de uma vez e fui para o banheiro
lavar o meu rosto e escovei meus dentes. Eu vesti uma das roupas que meu tio
tinha me comprado. Uma camisa listrada no tom vermelho a calça jeans azul por
dentro da calça, mas decidi não usar o chapéu porque me incomodava muito.
Ei desci as escadas e fui até a
cozinha e meu tio estava em pé na porta olhando para fora e gritando com meu
primo.
- cuidado se não ele vai fugir –
gritou meu tio.
- tio me perdoa – falei indo até
ele – eu esqueci de colocar meu celular para despertar.
- não se preocupa – falou meu tio
– o Leo queria te chamar, mas eu disse para ele deixar você dormir, você estava
muito cansado.
Eu então fui até a porta e fiquei
ao lado dele e tive a primeira visão do território.
- obrigado – falei olhando até
onde minha vista alcançava – isso tudo é de vocês?
- sim – falou ele passando o
braço por trás de mim – tem mais onde você não pode ver.
- você é o que mais tem terras
por aqui?
- o segundo. O que mais tem
terras por aqui são os Morgan, mas eu tenho muita coisa, dentro das minhas terras
tem uma floresta.
- o senhor vai destruí-la? – de
todas as perguntas que poderia fazer eu fiz logo a mais ofensiva, mas eu me
preocupava com a natureza apensar de ter vivido tão longe dela durante 22 anos
da minha vida.
- não. Justamente por isso eu comprei,
para preservá-la. É bom um lugar lá, direto Leo e os amigos vão ao rio, pescar,
tomar banho e às vezes até acampam a próxima vez que eles forem você vai com
eles, tenho certeza que você vai gostar. É igual à água que usamos, é tudo das
chuvas. Tem reservatórios que coletam a água das chuvas. É ela que nós usamos.
- vou ficar ansioso para ir –
falei vendo Leo tirando os cavalos do estábulo.
- vai lá para ver seu cavalo –
falou meu tio – posso te dar um beijo? – perguntou meu tio
- pode – falei sentindo ele me
dar um beijo no rosto e um abraço.
- obrigado por ter vindo, eu
estou muito feliz.
- também estou feliz por estar
aqui.
- vai lá – falou ele dando um
tapa na minha bunda e eu fui andando. Agora eu sabia que ele era realmente
irmão do meu pai porque os dois tinham o mesmo senso de humor e as mesmas
brincadeiras.
Eu andei pelo capim e passei
pelos porcos no chiqueiro, as galinhas, galos e vários pintinhos e cheguei a um
enorme espaço onde os cavalos ficavam soltos durante o dia.
- quer ajuda? – me ofereci apenas
por oferecer porque a única ajuda que eu daria era se fosse de tapete para os
cavalos.
- entra ai – falou ele.
- eles não vão me morder?
- o mais perigoso primo é se eles
te derem coices, mas não vai acontecer se você não ficar atrás deles.
- tem certeza?
- se quiser acariciar o seu
cavalo vai ter que entrar.
- tudo bem – falei pulando a
cerca e pisando no chão com as botas.
- fique ai que eu vou trazê-lo.
Leo foi para o estábulo e eu
fiquei lá com aqueles cinco cavalos me encarando como se eu fosse uma apetitosa
refeição… ou no mínimo um ótimo e macio lugar para dar coices.
Leo então saiu do estábulo
segurando o arreio de um cavalo preto como eu tinha visto na foto.
- primo, esse é seu cavalo –
falou ele parando e o cavalo ficou lá parado olhando para mim e depois para
qualquer outro lugar – vem aqui.
Eu então comecei a ir na direção
deles com passos curtos. Eu então fiquei ao lado de Leo.
- pode acaricia-lo.
- tem certeza? Ele não vai me
estranhar?
- deixa de ser medroso primo, é
só acaricia-lo, ele vai sentir que você é o dono dele.
- como isso é possível se ele
acabou de me ver?
- você tem cachorro primo?
- tenho.
- é a mesma coisa. Quando você
tem um cachorro ele acha estranho no começo, mas com o tempo ele vai percebendo
que você é o dono dele e não vai fazer o mal.
Eu então coloquei a mão
vagarosamente nele.
- sou eu cavalinho não precisa
ficar com medo.
Assim que eu encostei ele fez um
barulho e bateu os cascos no chão.
- ele vai se irritar comigo –
falei afastando a mão e dando um passo para trás.
- não se assuste primo, ele sente
seu medo você tem que ser confiante – falou Leo – você já escolheu um nome para
ele?
- eu andei pensando em um…
- qual?
- Sombra.
- ok – falou Leo olhando para o
Sombra – Sombra esse é o Mike seu dono.
Eu então me aproximei e dessa vez
não hesitei eu apenas coloquei a mão na crina dele e alisei. Eu dei uma risada
e um sentimento me possuiu.
- Sombra você é o cavalo mais
bonito daqui – falei – sem querer ofender – falei olhando para os outros
cavalos – não precisam vir atrás de mim só porque eu disse isso.
- ele é muito bonito mesmo –
falou Leo – o único cavalo aqui que é todo preto.
- ele é lindo mesmo a luz do sol
faz os cabelos dele brilharem – falei acariciando ele.
- quem te deu?
- meu chefe… meu ex-chefe, ele me
deu de aniversário.
- ele escolheu bem.
- deve ser porque eu sou o único
da família que tem os cabelos e os olhos escuros. Combina comigo.
- então, quando vai montá-lo?
- eu vou que, fazer o que? –
perguntei assustado.
- monta-lo. Ou você acha que vai
apenas fazer carinho nele?
- eu nunca montei antes, ele
ficou nervoso só porque só porque fiquei ao lado dele, imagina o que ele vai
fazer se eu subir nele?
Meu primo rei bastante
- vocês da cidade grande são
medrosos demais.
- você diz isso por que nunca viu
um metrô de perto – falei rindo.
- aquilo sim dá medo – falou Leo.
- bom, quem sabe eu monto nele
depois de umas 60 aulas.
- eu vou te ensinar – falou ele –
hoje não porque seu trabalho hoje vai ser com os porcos.
- eles mordem?
Leo riu outra vez.
Nós saímos daquele cercado e
deixamos os cavalos lá e fomos até o chiqueiro. Nós ficamos um tempo vendo os
porcos lá, inclusive um enorme e preto que mais parecia um javali.
- tem certeza que aquilo é um
porco? Parece que um adolescente vestiu uma fantasia e se jogou na lama.
- talvez, mas o caso é que você
está encarregado de entrar lá todas as manhãs para dar comida. Hoje cedo eu sei
pouca comida, só para que quando você acordasse você pudesse ter o prazer de
entrar lá.
- por falar em trabalho onde
estão as vacas?
- estão pastando, mas para sua
sorte você não vai precisar cuidar dela porque temos dois empregados para
cuidar. eles cuidam das vacas, touros, ovelhas e carneiros. Eles também estão
sempre andando em volta para ver se alguma cerca foi arrancada durante uma
tempestade ou algum animal tentou entrar.
- tipo, raposas?
- isso.
- não me diz que aqui tem cobra
porque eu tenho pavor.
Ele deu uma risada.
- não é isso que eu venho ouvindo
todos esses anos…
- você entendeu – falei rindo e
olhando para os porcos.
- aqui tem cobras grandes, mas as
perigosas são as pequenas. Isso é inevitável o que você deve fazer é checar
todos os dias antes de colocar os sapatos se não tem nenhuma dentro porque as
pequeninas são as perigosas.
- podia ter me avisado isso ontem
– falei sentindo uma coceira no pé.
- não se preocupe, nessa época
não aparece, quando estiver chovendo é que é perigoso porque algumas gostam de
lugares secos e quentinhos.
- vocês já encontraram alguma
dentro de casa?
- sim, uma na sala, uma no
armário da cozinha e meu pai certa vez encontrou uma dentro da bota dele.
- vou fazer disso uma rotina.
Checar meus calçados vai ser minha meta de vida todos os dias, vou sacudir as
cobertas os lençóis…
- não se preocupa com isso agora
primo, se preocupe em alimentar os porcos.
Ele então pegou um balde de
lavagem e me entregou. Ele abriu o cercado e eu entrei. A lama estava grudenta
e eu tentei andar sem chamar a atenção, mas toda vez que um deles vinha em
minha direção eu desviava do caminho.
Eu vi que meu tio estava agora ao
lado de Leo rindo de mim. Eu então respirei fundo e lembrei o que Leo tinha me
dito sobre confiança e eu fui sem medo até lá e joguei a lavagem e todos os
porcos vieram de uma vez nas minhas pernas para comer e eu me assustei,
cambaleei e cai de costas na lama.
- bem vindo a fazenda primo –
falou ele dando um grito.
- isso é o que? – falei me
levantando – um ritual de iniciação?
- mais ou menos – falou meu tio.
- agora estou cheio de lama –
falei pegando o balde me sentindo nojento.
- não é só lama que tem ai não –
falou meu tio rindo.
- preciso de um banho falei
chegando na saída e meu tio pegou o balde.
- tem uma ducha do lado da casa,
se lave lá.
- e se alguém aparecer?
- não vai. – falou meu tio – vou
pegar sua toalha.
Eu então fui até o lado esquerdo
da casa e tirei minha roupa ficando apenas de cueca. Eu abri e a água caia e
tirei toda a sujeira de mim. Meu tio me trouxe um sabonete e minha toalha de
depois de um banho tomado eu me enrolei na toalha e fui para o meu quarto me
trocar. Eu vesti outra muda de roupa. Estranhamente, aquele ocorrido me fez
ficar feliz.
Essas eram minhas preocupações
agora: cobras, lama, porcos, galinhas, cavalos, floresta… nada mais de vídeo de
sexo ou pessoas me enganando para conseguir algo e eu não tenho vergonha de
dizer que preferia mil vezes rolar na lama com os porcos do que ter que passar
outra vez pelo o que eu passei no último ano.
Depois de vestido outra vez eu
decidi ligar para meu pai. o telefone chamou várias vezes até que ele atendeu.
- bom dia filho – falou ele.
- bom dia pai.
- Está animado! – falou meu pai.
- e muito pai.
- está gostando dai?
- estou aqui a menos de 12 horas
e já não quero mais voltar.
- passou pelo ritual de
iniciação?
- o senhor sabia? – falei rindo.
- mas é claro – falou ele rindo
do outro lado da linha.
- pai eu já dei um nome para o
meu cavalo.
- qual?
- Sombra. Pai ele é lindo, todo
preto com os olhos castanhos bem escuro e eu consegui acaricia-lo.
- sério? Mas que menino corajoso.
- o senhor criou um valente.
- Vanessa mandou um abraço.
- ela dormiu essa noite ai?
- sim.
- manda um abraço para ela e para
o Adam. Agradece o Adam o presente e diz que eu adorei.
- digo sim – falou meu pai.
- pai… - falei hesitando pro
alguns segundos.
- o que foi filho?
- o Roman por acaso foi ai?
Meu pai suspirou.
- filho, esquece ele.
- eu sei, eu sei… só estou
curioso.
- não ele não veio aqui, filho
você foi para a casa do seu tio para se esquecer dos problemas daqui não quero
que fique ai sofrendo pro um homem que não te quer mais.
- eu sei pai, me desculpa
chateá-lo.
- tudo bem, só me promete que não
vai ficar pensando nele.
- eu prometo;
- já sinto sua falta filho.
- também sinto a sua falta pai.
- quando quiser ligar, pode ligar
ok? De manhã, de tarde, de noite ou de madrugada, quando sentir vontade.
- ligo sim.
- manda um abraço para o seu tio
e para seu primo.
- mando sim pai.
- um beijo filhão.
- beijo pai.
Assim que eu desliguei eu desci
as escadas e voltei ao trabalho. Durante todo aquele dia eu aprendi muita
coisa. Meu primo me levou até o meio do pasto para ver as vacas e me apresentou
aos dois peões que trabalhavam para eles.
Eu limpei o celeiro e o estábulo.
Meu primo me ensinou a pentear os cabelos dos cavalos de modo que não os
machucasse e eu também peguei os ovos das galinhas sem irrita-las. No fim do
dia eu estava morto de cansado e quando olhei no relógio não era nem 20h00min.
Meu tio fez o jantar e logo
depois de comer eles assistiram televisão e me chamaram para assistir com eles,
mas tudo o que eu queria era cair na cama e assim que tomei um banho e escovei
os dentes foi o que eu fiz.
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Já adorei as intrigas, vem segundo capítulo <3mi
ResponderExcluirQue reviravolta na vida do Mike.Que amor é esse o do Adam.
ResponderExcluirTomara que o próximo conto seja logo.
ResponderExcluirTadinho do Mike...Adam canalha. :'(
ResponderExcluirO mike merece ser feliz de verdade... o Félix bem que poderia estar vivo!! Soa mulher e heterossexual. . Gosto bastante dos seus contos. XOOOO PRECONCEITO! !!
ResponderExcluirobrigado pelo comentário!!! fico feliz de saber que não tem preconceitos.
ExcluirFelix está vivo. Ele mora na Colômbia. Foi dito no Capítulo 76: Pompeia
Abraços.
Desculpa, eh que estou relendo o conto denovo... fiquei louca atras do seu blog.. achei esses dias.. fica com Deus!!..
ResponderExcluirsem problemas!! um abração ;)
ExcluirSempre Vou estar comentando
Excluir☆ass Alanis
Essa fanfic e maravilhosa
ResponderExcluircara. você escreve muito bem. tem ideias ótimas e fora da caixinha normal. tem reviravoltas emocionantes e que dá vontade de continuar a ler, sem parar.
ResponderExcluirmas você peca muito nos detalhes. essa é uma das minhas histórias preferidas da vida. tem de tudo. humor, drama, ação, terror... eu acho que você deveria tentar reescrevê-la. os detalhes pecam muito e atrapalham um pouco a leitura. eu li ela direto e deu pra perceber algumas coisas fora do lugar, tipo. em um cap o Mike tem 19 anos, no outro ele tá fazendo aniversário de 21, nesse mesmo, passou dois dias do aniversário dele e ele tem 23 anos.
em um cap ele fala que o Adam foi o primeiro homem que ele disse eu te amo, depois ele fala pro Roman, que ele foi o primeiro homem que ele disse eu te amo. depois ele fala que só amou o Félix na vida inteira, depois ele fala que só o Félix amava ele, e ele não sentia nada, e que eles nunca tiveram nada, mesmo tendo um cap inteiro só deles transado.
em um cap fala que ele trabalhava com o Adam há dois anos, depois ele tava completando quatro anos.
eu sei que escrever uma história longa assim, os detalhes se perdem e a gente esquece. mas eu gosto muito dessa história, por isso queria falar alguma coisa.
agora sobre a história AAAAAAA, a falta de confiança do Mike me irrita muito. todo mundo faz de tudo por ele, mas se vem alguém e fala alguma coisa do contrário ele acredita que aquela pessoa traiu ele. ele faz mil e uma burradas, mas fica com raiva das pessoas quando elas ficam com raiva deles, como se eles não pudessem ter raiva dele.
acho que a fazenda vai fazer bem ele. espero!
NÃO PARE DE ESCREVER!