O FIM DO COMEÇO capítulo vinte e seis
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ntes que a porta da aeronave
fosse fechada Roman entrou.
- Mike… -
falou Roman vindo até mim me vendo chorando – eu gosto muito de você para
terminar, mas eu não posso mais fingir.
- eu sei –
falei limpando os olhos – porque você acha que eu estou chorando?
- sinto
muito – falou ele se sentando na minha frente.
- você não
me ama mais – falei com o coração doendo.
- ontem eu
sai para beber pensando em tudo o que tinha acontecido com você, comigo e pelo
o que eu fiz com você no domingo e no meio daquele bar eu conheci alguém e por
mais que eu odeie admitir ele me fez esquecer você, por alguns instantes
enquanto eu conversava com ele no bar eu me esqueci completamente dos problemas
que carregava comigo.
- quer dizer
que ontem…
- não. Nós
apenas nos conhecemos e conversamos, mas eu quero me encontrar com ele outra
vez.
- quer dizer
que acabou tudo entre nós?
- sinto
muito.
Eu olhei
para fora da janela por alguns segundos.
- porque
você disse que me ama?
- eu não
sabia como ter essa conversa com você, mas quando seu pai me ligou dizendo que
você ia embora eu vi a chance de me despedir e de abrir o jogo, mas ao te ver
eu não consegui. Eu gosto muito de você e não queria te magoar.
- eu percebi
que você tinha um toque diferente e não vi o brilho no sue olhar, eu te conheço
o suficiente para saber que você estava apreensivo e pelas experiências que eu
tive “dar um tempo” é um jeito educado de dizer que acabou.
- sinto
muito Mike, eu te amava muito, mas o que aconteceu foi como atirar um balde de
água fria no fogo. Apagou a chama da nossa relação.
- a imprensa
acabou com a nossa relação. Talvez nós estivéssemos destinados a ficar juntos
por muito tempo, mas a mídia acabou com nossa vida. Eu não devia ter levado na
brincadeira quando disseram que todos iriam conspirar contra mim. Deviam me
levar mais a sério. Eu sei que o erro foi meu e eu não posso culpar ninguém por
isso.
- Eu espero
que possamos terminar como amigos e que se nos encontrarmos um dia nós possamos
ter a liberdade de falar um com o outro mesmo que estivermos com outras pessoas.
- concordo –
falei esticando a mão para ele e ele apertou. – amigos.
- amigos –
falou ele com um sorriso.
Eu então
fiquei sem graça por alguns segundos e não consegui esconder minha feição de
tristeza.
- não fique
triste – falou ele com um meio sorriso pra mim tentando me animar. – você é
jovem e vai encontrar alguém que te ame.
- e se eu
morrer jovem? E se eu morrer e perceber que perdi a chance de amar e valorizar
alguém que me amou de verdade?
- se você
morrer jovem vai embora com a certeza que alguém te amou muito e de verdade e
que você marcou a vida dessa pessoa para sempre.
- desculpa
ser tão depressivo assim é que muita coisa aconteceu.
- não tem
problema. Muitas pessoas têm essa preocupação e o medo de envelhecer sozinhos,
e isso muitas vezes atrapalha no relacionamento com outras pessoas.
- mas eu não
sei o que fazer… eu nunca fiquei muito tempo solteiro, para dizer a verdade eu
nunca fiquei solteiro desde o colegial.
- esse é o
problema – falou Roman – você precisa ficar um tempo sozinho sem procurar por
ninguém. Deixe acontecer como aconteceu entre nós dois. Ao natural. Não fique
preocupado se vai arranjar um namorado ou fique saindo aos sábados para
conseguir um. Cuide de sua vida, vá para festas para dançar e se divertir e se
você conhecer alguém que te interesse durante esse tempo, ótimo.
- você está
certo. Eu preciso parar de me preocupar tanto.
- exato –
falou ele – agora eu acho que é melhor eu sair porque se não logo vão me
expulsar.
- ok.
- quer um
beijo de despedida? O nosso último beijo?
- quero –
falei me aproximando dele e nós nos beijamos de língua.
- foi muito
bom ter te conhecido Mike – falou ele beijando meu rosto.
- obrigado
por ter entrado na minha vida Roman. – falei dando um selinho na boca dele.
- boa viagem
– falou ele.
- obrigado –
falei apertando a mão dele.
Ele então se
virou e saiu da aeronave.
- estamos
prontos para a viagem? – perguntou ele com um sorriso.
- estamos
sim, prometo que ninguém mais vai atrapalhar.
Ele então fechou
a porta na aeronave. Depois de alguns minutos eles disseram que iriam decolar e
eu apertei meu cinto.
Já no céu
foi permitido que eu ligasse o celular. Eu mal liguei e recebi várias mensagens
dizendo que meu pai tinha me ligado. Logo eu retornei para ele.
- alô –
falou ele atendendo.
- oi pai –
falei quando ele atendeu – Aconteceu alguma coisa? O senhor me ligou várias
vezes.
- você está
bem? O Roman me contou que vocês terminaram de vez. Eu fiquei sem entender
nada, aqui de fora vocês se amavam e depois terminam?
- decidimos
terminar pai, na verdade Roman é que terminou comigo.
- ele disse.
- é melhor
pai, se não vai dar certo é melhor desistir do que ficarmos juntos e sofrendo.
- então você
está bem?
- estou sim
pai. Apesar de muito triste e depressivo.
- quer que
eu dê um soco na cara dele? Ainda dá tempo é só me dizer onde ele mora.
- não
precisa pai – falei rindo – eu vu esquecê-lo. Eu ainda o amo, mas uma hora ou
outra eu vou esquecê-lo. Dói quando eu penso nele, mas eu vou superar isso.
- eu você só
precise de alguém que faça você esquece-lo. – falou meu pai.
- eu não
quero namorar pai. Quero ficar um bom tempo solteiro curtindo a minha companhia
para que eu possa fazer o que eu quiser, quando quiser sem precisar dar
explicações.
- ótimo –
falou meu pai.
-
engraçadinho.
- é sério
filho, se quiser conversar com alguém é só me ligar ok? Sobre qualquer coisa.
se estiver se sentindo sozinho e não quiser conversar com meu irmão pode saber
que estou aqui para você.
- obrigado
pai.
- vou
desligar agora e deixar você descansar porque a viagem é longa.
- abraço pai.
- um abraço
e um beijo – falou ele desligando.
Depois que
eu desliguei eu encostei a cabeça no banco para trás e fechei os olhos.
Confesso que algumas lágrimas ainda caíram por Roman antes que eu finalmente
caísse em sono profundo. Meu único momento de paz.
Eu estava
tento um sonho muito bom antes que eu sentisse uma mão gelada no meu ombro.
- Sr.Fabray?
– falou uma voz masculina.
Eu abri os
olhos assustado.
- desculpe
incomodá-lo.
- não têm
problema – falei me esticando e logo eu me assustei do lado de fora da janela
eu vi uma tremenda tempestade – meu deus.
- a
tempestade está muito forte e infelizmente vamos ter que pousar e esperar que a
tempestade diminua.
- quantas
horas já viajamos?
- três
horas.
- eu dormi
durante três horas?
- temo que
sim – falou ele com um sorriso – mas infelizmente não podemos continuar viagem
até que a tempestade pare.
- não, tudo
bem, mas onde vamos pousar?
- em
Oklahoma.
- o musical?
- não –
falou ele rindo – a cidade mesmo.
- nunca
estive em Oklahoma – falei.
- é uma
ótima chance para conhecer a cidade, nada te impede de sair do aeroporto.
- quem sabe
– falei me arrumando na poltrona.
- O
aeroporto já autorizou o pouso, pode colocar os cintos por gentileza?
- ok, será
que dá tempo de trazer um refrigerante pra mim?
- claro – falou
ele indo por alguns segundos e logo voltou com uma latinha de Pepsi cola.
- obrigado –
falei logo abrindo e tomando um gole.
Ainda bem
que eu tinha dormido, quer dizer, apagado porque eu morria de medo de
tempestades, especialmente quando estava dentro de um avião tão pequeno.
Logo nós
pousamos e taxiamos. O comissário de bordo disse que eu podia deixar minhas
coisas lá mesmo e que já podia sair, um funcionário estava com um enorme guarda-chuva
me esperando do lado de fora e assim que sai ele me levou pela tempestade até o
portão de saída.
Pelo o que
eu percebi assim que cheguei ao saguão do aeroporto Vários voos tinham sido
cancelados. O comissário de bordo disse que me ligaria assim que fosse
autorizado o voo novamente. O aeroporto era enorme e tinha uma porção de
pessoas irritadas, outras cansadas e algumas que não pareciam se importar. Eu
passei por elas e procurei algum lugar em que eu pudesse passar o tempo porque
sair do aeroporto não era uma boa ideia porque o tempo estava realmente ruim. A
tempestade parecia que nunca iria acabar.
Eu encontrei
então um bar onde tinha algumas pessoas bebendo e conversando. Eu me sentei
junto ao balcão e logo pedi uma bebida. Logo o barman me entregou uma cerveja.
Eu tomei um
gole e fiquei observando o local. Várias pessoas transitavam para lá e para cá
procurando informações de seu voo e eu fui me distraindo com aquilo e quando
percebi já tinha tomado quatro drinks e havia se passado 1 hora e trinta
minutos. Ainda bem que eu bebia devagar se não estaria caindo para os lados.
Como se por
maldade divina por todos os lados que eu olhava eu via namorados, maridos,
esposas se beijando, conversando. Que ódio. Aquilo me deixava triste, faz tempo
que eu e Roman não namorávamos e agora tínhamos terminados. Eu sentia como se
todos os amantes do mundo soubessem que eu estava solteiro e estivessem
esfregando na minha cara o amor deles.
Depois de
mais 30 minutos observando o que acontecia um homem que aparentava ter quarenta
e poucos anos se sentou ao meu lado deixando um lugar vago entre nós. Eu olhei
para ele e ele sinalizou a cabeça e eu fiz o mesmo e continuei tomando minha
cerveja em paz.
Eu então
percebi pelo canto do olho que ele não parava de olhar para mim. Ele me
encarava descaradamente. Eu olhava para ele e ele de repente virava o rosto e
quando ele olhava eu fazia o mesmo.
Nós ficamos
nessa brincadeira por um bom tempo até que finalmente ele puxou conversa
comigo.
- dia
chuvoso – falou ele com um sorriso no rosto.
- bastante –
falei.
Ele alisou o
queixo liso com a mão esquerda e tomou um gole da sua bebida.
- então,
viajando para onde? – perguntou ele.
- para o
Tennessee e você?
- Los
Angeles. É onde eu moro.
- nossa, lá
o clima é tão diferente daqui.
- verdade –
falou ele com um sorriso – estou acostumado ao sol e a praia. Por isso eu estou
voltando. Não aguento mais. Ele então se sentou no banco ao lado do meu.
- de férias?
- não,
viagem a trabalho – falou ele pegando um cartão no bolso da camisa e me
entregando. Seu nome é Matthew e ele é um massagista.
-
massagista? – perguntei olhando para ele.
- sim, e
acredite, eu sou bom no que faço.
- legal – falei
colocando o cartão no bolso.
- posso te
pagar o próximo drink?
- porque
você acha que vai ter um próximo?
- porque eu
duvido que você vai se levantar e me deixar aqui com cara de idiota.
- eu pensei
nisso, mas você me pegou – falei estendendo a mão direita para ele – Mike –
disse isso e ele apertou minha mão.
Eu paguei os
drinks que eu tinha tomado e pedi o próximo.
- então,
Mike… saindo de férias?
- sim… mais
ou menos, eu vou ficar bastante tempo fora digamos que eu me cansei da cidade
onde moro.
- fugindo
dos problemas? – perguntou ele tomando um gole da cerveja dele.
- mais ou
menos.
- deixou
alguém para trás? Família, namorado…
- família
sim, namorado não – falei rindo.
- porque
está rindo – perguntou ele rindo comigo.
- não é nada
é que meu namorado entrou no avião, literalmente, apenas para terminar o namoro
antes de viajar.
- puxa… ele
é um babaca por ter feito isso.
- não. Na
verdade ele usou uma desculpa boba de que tinha conhecido alguém mais a verdade
é que ele não gostou de ter sido chifrado. Ele tem o gênio forte, ele não
gostou nada do que eu fiz. Eu devia ter adivinhado que ele terminaria comigo.
- quer dizer
então que…
- sim. Eu
trai ele – falei tomando outro gole e em seguida olhando para ele – então? Não
vai se levantar e ir embora?
- que nada –
falou ele.
- tem
certeza?
- sim. –
falou ele terminando a cerveja dele e em seguida eu terminei a minha.
- acho que
vou parar por aqui – falei.
- então…
Mike… quem sabe não podíamos ir para algum lugar? – falou ele. – está chovendo
tanto e está um tédio nós podíamos passar o tempo junto e fazer algo que acabe
com esse tédio.
- eu
realmente não estou afim Matt – falei para ele.
- que é
isso? – falou ele se aproximando de mim e cochichou perto de mim – meu pau está
rasgando a calça de tanto tesão – falou ele.
Eu fiquei
indignado com aquilo.
- o que faz
você pensar que eu quero tranzar com você? – falei olhando para ele.
- não vem se
fazer de santo agora. Você disse que traiu seu namorado.
- isso não
quer dizer que vou tranzar com você – falei.
- por favor
– falou ele rindo – você é daqueles gays que tem um pau em casa e mesmo assim
quando sai na rua caça um pau pra sentar
- quem você
pensa que é? – falei olhando com raiva para ele – você acabou de me conhecer
como você fala desse jeito comigo? Eu cometi um erro. E dai? Isso não me define
como uma puta.
- não
precisa ficar nervoso – falou ele.
- deixe eu
tentar adivinhar sua vida Matt – falei olhando fixo para ele – Você é um homem
com o que? Mais ou menos 40 anos? E eu sei que você é casado, eu sei disso
porque tem a marca da aliança no seu dedo. E você é casado com uma mulher
porque você fica olhando para os lados toda hora e fica controlando o volume da
voz com medo que alguém escute o que está me dizendo. Isso me diz também que
você não é gay assumido e se casou com uma mulher para não decepcionar a
família ou porque não queria ser gay. Depois de algum tempo percebeu que mesmo0
casado gostava de homens e começou a trair a esposa marcando encontro com outros
homens na internet. Depois de 15 anos de casado percebeu que cometeu um erro se
casando, mas agora tem filhos e não pode desmanchar o casamento então viaja
constantemente a “trabalho” – enfatizei fazendo aspas com os dedos – para
satisfazer seus desejos sem medo de ser pego.
- você não
sabe nada sobre mim – falou ele.
- você é o
pior tipo de pessoa que existe Matthew. Você é gay, mas acha que gays não devem
se beijar em público e não acredita no casamento gay, não gosta de gays
afeminados porque acha que eles são a vergonha da classe, então você fica com
pose de machão e acha que todo o gay que é discreto e não é afeminado, assim
como eu, pensa como você. Não. Eu não penso como você. Talvez essa pose de
machão fodedor funcione com sua esposa ou os outros como você, mas não vai
funcionar comigo. – eu me levantei - mesmo assim obrigado pelo drink – falei
pegando meu celular em cima do balcão e me afastei dele. na primeira lixeira
que eu passei eu joguei o cartão dele.
Eu tinha
ficado com muita raiva do que ele tinha me dito. Eu agora tinha mais certeza do
que nunca que eu precisava de férias ou a próxima pessoa que me tratasse como
lixo iria parar no necrotério.
Eu entrei em
uma livraria e fiquei olhando os livros por um bom tempo e finalmente, depois
de uma hora o comissário de bordo me ligou dizendo para voltar para o jatinho.
Eu pedi
informações para uma funcionária e expliquei que estava em uma aeronave
particular e ela me indicou onde devia ir. Depois de encontrar o local de
entrada. Depois que estava dentro da aeronave eu perguntei quando tempo de voo
até Shelbyville e ele me informou que levaria mais ou menos mais três horas. Eu
então chegaria por volta da meia-noite. Eu tinha que ligar para meu pai e ele
ligaria para meu tio para avisar que eu me atrasaria bastante por causa da
chuva.
- alô –
falou meu pai.
- oi pai.
- e então
filho? chegou?
- não pai.
Nós tivemos que pousar em Oklahoma por causa de uma tempestade. Agora nós fomos
autorizados a levantar voo e só vou chegar por volta da meia-noite.
- nossa, eu
vou ligar para seu tio ele deve estar te esperando.
- liga pra
ele e depois me envia o número dele por mensagem e se acontecer algo eu mesmo
ligo
- tudo bem –
falou meu pai – vou ligar para ele.
- um abraço
pai – falei desligando.
Já no ar eu
percebi que tinha muito tempo para pensar e fiquei imaginando o porque dos meus
relacionamentos darem errado? Acho que não me lembro a última vez que realmente
fiquei solteiro. Talvez eu fizesse disso uma regra: nada de homens por um bom
tempo. Não me preocupava com isso por agora porque tudo o que eu queria era paz
e sossego. Logo eu fechei os olhos e adormeci e espero só acordar quando
chegar.
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