E
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FICOU SABENDO O QUE ACONTECEU COM GRAY
FORBES? capítulo dezoito
stava
deitado em uma praia deserta. O sol era forte e batia em meu rosto enquanto o
som das ondas se quebravam bem próximos a mim. Era como se eu estivesse no
paraíso. Ao redor não havia nada. Nada além de mim e a linda praia a qual eu
estava. Sabia que não pertencia aquele lugar, mas não me importava. Tudo o que
eu queria fazer era ficar deitado lá com meus caros óculos escuros. Costumava
ter sonhos sem sentido especialmente quando passava por algumas situações
estressantes durante o dia. Estava vivendo um dilema entre amor e ódio e não
sabia bem como deveria me sentir com tudo isso.
As ondas continuavam a se quebrar bem próximo de mim. Era como se a cada
segundos elas se quebrassem cada vez mais perto até que uma delas foi alto o
suficiente para me acordar. Meu coração batia forte. O suor escorria no meu
rosto. Era como se uma explosão tivesse me acordado e eu pensei que tinha sido
isso até que eu percebi que era só um sonho.
O relógio próximo da minha cama marcava pouco mais das oito horas da
noite. Tinha dormido a tarde toda e estava entrando noite a dentro. Me sentei
na cama e liguei o ar condicionado do quarto. Não sabia como seria o dia de
amanhã, mas isso não me preocupava agora. Nem depois de ter dormido o que eu
sentia tinha desaparecido. Foi preciso apenas lembrar o nome de Gray para me
lembrar do fatídico dia.
Levantei-me da cama e fui até a cozinha. Meu celular estava em cima da
mês. Nenhuma ligação perdida e nenhuma mensagem. Confesso que esperava que Gray
tivesse mandado alguma coisa como um pedido de desculpas, mas parece que ele
era tão cabeça dura quanto eu. Seria difícil continuar quando nenhum de nós
dois estava disposto a admitir o erro.
Em um relacionamento é difícil ceder.
Olhei para a porta do apartamento e vi que tinha um papel enfiado
debaixo da porta. Puxei esse papel e vi que estava preso em alguma coisa. Abra
porta do apartamento e vi que tinha uma embalagem de papel. Quando eu a abri vi
que tinha comida lá dentro. Peguei o bilhete e o abri.
“Caso você esqueça de comer”
Estava escrito em uma bonita letra assinado por Rachel e Oliver. Meus
vizinhos. Olhei novamente dentro e vi que era comida mexicana. Percebi então que
o barulho que me fez acordar foi alguém batendo na porta.
Peguei a embalagem e fui até os meus vizinhos e bati na porta. Não demorou
para que Oliver abrisse a porta.
- olá – falou Oliver sorrindo – amor ele está aqui – falou Oliver para
Rachel que apareceu em seguida.
- eu só vim agradecer a comida – falei forçando um sorriso.
- espero que goste de comida mexicana – falou Rachel.
- adoro – falei respirando fundo – eu só vim mesmo agradecer. Eu estava
mesmo precisando comer algo.
- nós estávamos pensando – falou Oliver olhando para a Rachel – o que
você acha de nós sairmos qualquer dia desses para um jantar?
- seria ótimo. Eu vou adorar.
- acho que você não entendeu – falou Rachel – estamos falando sobre um encontro
duplo. Oliver e eu moramos aqui tanto tempo e não temos nenhum amigo. Temos colegas
no trabalho, mas não temos amigos. Eu tenho notado que aquele médico tem
passado muito tempo com você… posso deduzir que vocês estão namorando?
- sim. Deduziu certo – falei confirmando mesmo sem ter certeza do que
seriamos dali pra frente.
- ótimo. Podemos marcar alguma coisa para a próxima semana então -falou Oliver.
- sim. Eu vou falar com Gray e eu aviso vocês.
- OK – falou Rachel.
- obrigado outra vez pela comida.
- por nada – falou Rachel.
- boa noite – falou Oliver
- boa noite – falei respondendo.
Voltei para meu apartamento e coloquei a comida em cima da mesa em
seguida fui até o banheiro e lavei o meu rosto tentando acordar de vez. Não sei
nem o porque de eu ter levantado. Podia ter continuado deitado e talvez tivesse
até dormido. É sexta-feira a noite e eu não tenho que ir trabalhar amanhã.
Graças a Deus. Eu nunca tinha ficado tão feliz na vida por se sexta-feira.
Gray tinha dito que me levaria para jantar hoje, mas parece que os
planos estavam cancelados. Ainda bem que Rachel e Oliver tinham se lembrando de
mim. Eles tentavam cultivar a amizade e nas últimas semanas eu os tinha
ignorado. Estava envergonhado. Ainda dentro do banheiro ouvi o interfone
tocando enquanto secava meu rosto em uma toalha. Sai do banheiro correndo e
atendi depois do terceiro toque.
- pois não?
- desculpa incomodar Sr. Blake, mas você te uma visita.
- quem é?
- é a Morgan.
- OK – falei respirando fundo – pode deixar ela subir.
O que diabos Morgan estava fazendo no meu apartamento? Ela também não
tinha gostado nada do que eu tinha dito sobre Alicia.
Dei uma olhada em volta do apartamento para ver se tinha algo de Gray,
mas não encontrei nada. Fui até meu quarto e vi que havia um terno e um par de
sapatos de Gray em cima da poltrona. Abri o guarda-roupas e guardei junto com
as outras roupas dele.
Vendo aquelas roupas de Gray no meu apartamento eu chego a pensar que
talvez tenhamos ido rápido demais, Não existe uma fórmula para o amor. Nós
gostamos de achar que sim, mas isso não é verdade. Hoje em dia pessoas tem
filhos antes do casamento. Pessoas vivem juntas por anos sem se casar. Acho que
quando o casal se gosta ele dá certo em qualquer situação. Existem pessoas que
se conhecem por anos e nunca dão certo. Tem pessoas que descobre o amor de suas
vidas em alguns dias… era difícil saber a qual grupo Gray e eu pertencíamos.
Ouvi batidas na porta mais rápido do que eu gostaria. Guardei as roupas
de Gray e fechei a porta do guarda roupas a porta do meu quarto e fui atender
Morgan.
Quando abri a porta eu vi que Morgan escondia algo atrás das costas.
- olá – falou Morgan sem graça.
- oi.
- posso entrar? – falou ela olhando volta – não tem ninguém com você?
- não. Quem estaria aqui?
- eu só estou tentando puxar assunto Griffin porque eu trouxe isso e eu
quero saber se você quer dividir – falou Morgan mostrando uma garrafa de vinho.
- pode entrar – falei saindo da frente.
Morgan entrou e eu fechei porta. Ela foi até o armário da cozinha e
tirou de lá duas taças.
- como você está?
- estou ótimo – falei me sentando no sofá.
- eu não. Tive um dia horrível e eu quero beber pra esquecer.
- o que aconteceu?
- você estava certo – falou Morgan colocando vinho nas duas taças –
acontece que Alicia é acompanhante de luxo e ela saiu com um cliente que foi
além da conta e bateu nela.
- como vocês sabem? Vocês ligaram no número?
- não. Eu contei para o pai dela tudo o que tínhamos descoberto e o pai
dela perguntou. Ela não teve coragem de mentir para o pai – falou Morgan vendo
a embalagem de comida mexicana e abrindo-a colocando em cima da mesa.
- sinto muito por eles.
- eu também – falou Morgan vindo até o sofá e me entregando uma das
taças. Em seguida ela trouxe uma caixa com tacos doces – pelo menos parece que
a família estará unida novamente.
- nada como uma tragédia para nos dar perspectiva – falei tomando um
gole da taça.
- pois é. O pai expulsou Alicia de casa e nunca a perdoou por não ser a
filha que ela queria, mas ele colocou
tudo de lado quando a filha mais precisou. Ele deve se arrepender de todo esse
tempo. Ela teve que fazer sexo com estranhos para poder pagar a faculdade –
falou Morgan tomando um gole enorme do vinho. Ela parecia realmente abalada
pela revelação que ela teve.
- pois é. As vezes eu odeio estar certo – falei tomando outro gole da
minha faça.
- então… - falou Morgan colocando a taça em cima da mesa – vamos falar
sobre Gray – falou ela olhando sério pra mim.
Aquilo me assustou. Será que ela sabia de alguma coisa?
- o que tem ele? – perguntei curioso e com medo da resposta.
- você não ficou com raiva dele né? Você sabe que Gray é imbecil sempre
que pode. É o jeito dele.
- eu sei.
- além do mais tem uma coisa sobre Gray que você não sabe.
- o que é? – perguntei fingindo que não sabia.
- não vou te contar os detalhes, mas Gray tinha uma irmã chamada Valeria
que foi estuprada quando tinha por volta dos quinze anos – falou Morgan
pausando e pensando nas palavras – a irmã dele ficou depressiva e acabou se
suicidando. Gray se culpa porque acha que não fez o suficiente pela irmã. Esse
caso da Alicia deve ter mexido muito com ele.
- deve ser isso então – falei tomando um gole da minha taça – e como ele
ficou quando Alicia contou a verdade?
- furioso – falou Morgan – ele pareceu furioso por Alicia ter mentido
sobre ter sido estuprada.
- e você? O que acha sobre isso tudo?
- acho que ninguém deve mentir sobre estupro – falou Morgan pegando a
taça e tomando outro gole do vinho. Ela finalizou a taça e pegou a garrafa
enchendo novamente – existem algumas coisas que são inadmissíveis pra mim.
Mentir sobre estupro é uma dessas coisas.
Morgan disse isso e meu celular tocou. Peguei o celular e vi que era
Gray que estava ligando. O relógio marcava quase oito e meia da noite e só
agora ele estava ligando? Não. Obrigado. Rejeitei a ligação e coloquei o
celular em cima da mesa.
- pode atender – falou Morgan.
- não é nada importante – falei pegando a garrafa e colocando mais vinho
na minha taça – o que você ia dizendo?
- nada importante – falou ela pensativa – eu só estava desabafando –
falou ela sorrindo para mim.
Mais uma vez o meu célula tocou. Era Gray novamente.
- pode atender -falou Morgan se
levantando – eu vou te dar privacidade para atender.
- não precisa – falei rejeitando a chamada e desligando o celular.
- tudo bem – falou ela se sentando novamente – e você? Como está?
- depende do que você está falando. No momento eu estou dividido em umas
cinco partes e cada uma se sente de um jeito. Você vai ter que ser bem mais
específica.
- a parte que eu quero saber eu ainda não fui apresentada.
- e que parte é essa?
- Sei que talvez você fique com raiva da Holly por causa disso, mas eu
preciso dizer que ela me contou sobre as cartas quem você vem recebendo.
- será que ninguém sabe mais guardar um segredo? – falei irritado por
Holly ter contado para Morgan.
- não fica com raiva da Holly. Ela só me falou porque está preocupada
com você e além do mais você não precisa me contar se não quiser.
- tudo bem -falei me levantando e
indo até o ciado mudo ao lado da porta. Tinha algumas cartas jogadas lá dentro.
Peguei uma delas e levei até Morgan.
- você ainda não leu? – perguntou Morgan vendo a carta sendo jogada em
cima da mesa.
- essa é só uma das várias cartas que recebi, mas eu abri uma delas a
algumas semanas atrás.
- o que elas dizem? – perguntou Morgan.
- dize quem meu pai tem câncer.
Morgan arregalou os olhos quando eu disse aquilo.
- eu sei – falei rindo – eu também fiquei surpreso quando li isso só que
essa não é a parte que me surpreendeu.
- e qual parte foi?
- a parte que diz que o câncer é inoperável e meu pai tem provavelmente
seis meses de vida e como ele tem se comportado todos esses anos eles estão
pensando em liberá-lo da prisão perpétua. Eles estão pensando em soltá-lo por
piedade.
Morgan não teve reação ao me ouvir dizer aquilo ou pelo menos fingiu.
- é irônico. Ele não teve piedade quando bateu no meu irmão Christopher
deixando ele todo machucado no chão da cozinha. Eu nem reconheci o rosto dele
quando o encontrei. Ele mal respirava – falei me lembrando novamente do
passado.
- eu sinto muito – falou Morgan.
- acredite se quiser, mas não acabou . como eu sou o único parente do
meu pai vivo a prisão gostaria que eu fosse até Nebraska para ajudar na
liberação dele. Eles querem que eu testemunhe na audiência que eles farão para
liberar meu pai. É justo eles mandarem uma carta assim para mim afinal ele é
meu pai só que acho que eles esqueceram que
nesse caso eu também fui vítima.
- o que você vai fazer?
- nada – falei me escorando no sofá – tudo o que posso fazer é esperar
que quando eles mandem a carta dizendo que ele morreu eu tenha dinheiro o
suficiente para fazer o funeral -falei
rindo.
Morgan não riu e tenho certeza de que ela achou a piada mórbida e fora
de hora.
- ou talvez eu doe o corpo dele para a ciência.
Antes que Morgan pudesse dizer alguma coisa o celular dela tocou. Morgan
levou um susto e pegou o celular para ver quem era.
- É Gray – falou Morgan atendendo o telefone.
- o que foi Gray? Espero que não esteja ligando para dizer que não vai
poder ficar com as crianças nesse fim de semana porque vai trabalhar.
Quando ela disse que era Gray eu fiquei curioso para saber o que ele
diria já que tentou me ligar várias vezes e eu não atendi. Morgan não tinha um
sorriso no rosto, mas eu pude perceber a mudança na expressão dela.
- quem esta falando? – perguntou Morgan ansiosa.
Aquilo foi estranho. Quem estaria ligando do celular do Gray?
- sim. Aqui é Morgan Provoost você pode me dizer por favor quem é você?
Depois de alguns segundos Morgan se levantou bruscamente do sofá e
derrubou as nossas taças de vinho porque esbarrou na mesa. As taças não
quebraram porque caíram na mesa, mas isso fez com que o vinho tinto caísse pelo
chão em cima do carpete branco.
- ok, ok. – falou Morgan apressada indo até a porta – eu estarei
chegando em cinco minutos.
- o que foi Morgan? –perguntei levantando as taças.
- era uma enfermeira do hospital onde Gray trabalha.
- o que ela queria?
- ela disse que Gray acabou de dar entrada com paciente – falou ela
nervosa.
Aquelas palavras foram como um soco no estômago.
- o que aconteceu com ele? – perguntei sentindo meu coração acelerar
rapidamente. Era como se eu engasgasse com as palavras.
- ela não me disse – falou Morgan pegando a chave do carro dela – eu vou
para o hospital.
- eu vou com você – falei seguindo Morgan para fora do meu apartamento.
Nem me preocupei em trancar.
Morgan e pegamos o elevador e ao chegarmos no subsolo corremos através
do estacionamento até chegar no carro dela. Morgan aprecia bem nervosa e eu me
sentia da mesma forma. Já dentro do carro de Morgan eu liguei o meu celular
novamente e vi que havia seis ligações perdidas do celular de Gray. Porque eu
não atendi? O que aconteceu? Essas eram perguntas sem respostas e aquilo estava
me matando. Morgan dirigiu rapidamente pelas ruas desviando dos carros e
buzinando a esmo. Para nossa sorte ela estava no meu apartamento. Ele fica bem
mais perto do hospital onde Gray trabalha.
Milhões de coisas passavam pela minha cabeça. Eu senti minha boca ficar
seca e meus braços ficarem fracos porque a última vez que me ligaram pedindo a
ir a um hospital sem dizer o motivo foi quando meu irmão morreu.
- liga pra Eve – falou Morgan.
- OK – falei pegando meu celular e ligando para Eve. O telefone chamou
até cair na caixa de mensagens, mas eu tentei novamente e dessa vez ela
atendeu.
- oi Griffin – falou Eve atendendo.
- Eve você precisa ir para o hospital onde Gray trabalha.
- o que? Porque?
- alguma coisa aconteceu com ele.
- o que?
- eu não sei. Morgan e eu estamos chegando.
- tudo bem eu vou sair daqui agora.
- você avisa Kiff e Holly por favor?
- claro.
- até daqui a pouco – falei desligando o celular.
Segundos depois de eu ter desligando o celular eu vi as luzes do
hospital ao longe. Um coração em vermelho sob o nome Coração Sagrado de Maria
estava iluminado naquela noite sombria e estranhamente gelada. Isso ou era só
meu nervosismo deixando meus nervos a flor da pele.
Morgan virou a esquerda finalmente entrando na área do hospital e
estacionou o carro na entrada da
emergência. Nós dois pulamos fora do carro ao mesmo tempo e corremos para
dentro do hospital. Minha boca estava seca e tenho certeza de que eu estava pálido
quando vi que havia um rastro de sangue da entrada até os boxes.
Corri mais a frente de Morgan seguindo o rastro porque de uma forma
estranha eu sabia que aquele era o sangue de Gray e aquele rastro me levaria
até ele.
Mais atrás de mim Morgan parou de correr e olhou para uma enfermeira.
- onde está o Gray?
Minhas pernas tremeram quando cheguei ao box onde Gray estava. Levei a
mão e puxei as cortinas e vi um homem deitado na maca gritando de dor. Haviam
três médicos em volta dele.
Sentia da mesma forma que me senti quando meu irmão morreu. Aquela
assistente social que tentava me explicar o que tinha acontecido. Ela não
precisava me dizer o que eu já sabia.
- Gray? – falei vendo os médicos usar jargões enquanto analisavam o corpo dele deitado sob a maca.
- quem é você? – perguntou uma médica olhando para mim – enfermeira tira
ele daqui. Eu ainda não conseguia ver seu rosto. Só as suas pernas. Eu
reconhecia os tênis que ele usava naquela tarde.
Nesse momento Morgan chegou ao meu lado e ficou lá parada olhando para
aquela cena do mesmo jeito que eu.
- vamos precisar leva-lo a cirurgia – falou um outro médico.
- vocês não podem ficar aqui –falou uma enfermeira tentando nos tirar,
mas eu consegui desviar do seu braço e dois passos mais a frente eu vi Gray.
- ainda não – falou Gray.
Como era bom ouvir a voz dele e saber que estava vivo.
Os médicos saíram da frente eu pude ver Gray deitado.
- posso falar com eles antes de ir?
- pode – falou um dos médico. Só agora pude perceber que esse médico era
Scott Clarke. O chefe do departamento de cirurgia e pai de Alicia – você
precisa ser rápido. Você sabe mais do que ninguém que precisa retirar essa bala
de você o quanto antes.
Morgan estava novamente ao meu lado e a enfermeira inclinou a maca um
pouco até que Gray ficasse em um ângulo de noventa graus.
Arregalei meus olhos ao ver que Gray tinha um ferimento do lado esquerdo
logo abaixo do peito. Tinha muito sangue sexo. Já não sangrava porque eles
tinham controlado o sangramento. Os olhos de Gray pareciam confusos e ele gemia
de dor, mas tentava não fazer.
- o que aconteceu? – perguntou Morgan para Scott.
- ele reagiu a um assalto – falou Scott olhando para Morgan e depois
para Gray.
- eles tentaram levar meu carro – falou Gray com dificuldade. Ele tremia
como se estivesse com frio, mas tentava controlar. Ele tinha um pouco de sangue
na boca e no rosto, mas a maior ferida estava logo abaixo do peito – eu achei
que conseguira detê-los.
- você é idiota? – perguntou Morgan – em algum momento dessa loucura
você pensou nos seus filhos? Quer mesmo que eles cresçam sem um dos pais?
- sei que foi errado, mas eu não pensei – falou Gray olhando para Morgan
e depois para mim – Eu só tomei uma decisão e acontece que eles tinham uma arma
então eu levei um tiro e eles levaram meu carro.
- nós vamos precisar leva-lo a cirurgia para retirar o projetil.
Enquanto todos conversavam eu fiquei apenas parado a alguns metros de distância.
Eu não conseguia me mover ou dizer nada. Meu coração parecia grande demais para
meu corpo. Não consegui esconder o medo nos meus olhos. Gray olhou para mim e
me encarou por alguns instantes e percebeu que eu estava congelado. Meus olhos
estavam arregalados e meu rosto estava pálido. Minhas mãos tremiam porque não
sabia como lídar com aquilo. Eu estava assustado.
- não precisa ficar com medo, eu estou bem – falou Gray esticando a mão
na minha direção tentando sorrir – eu vou ficar bem – falou Gray me chamando
com a mão esticada.
Dei três passos na direção de Gray e segurei a mão dele com a minha mão
esquerda. Sua mão estava gelada. Ele me puxou me fazendo chegar perto dele.
- sei que agora você está provavelmente assustado, mas eu preciso que
acredite no que eu digo: eu vou ficar bem – falou ele olhando para mim
segurando minha mão em seu peito como ele fazia quando estávamos só nós dois na
minha cama – meu coração ainda está batendo – falou Gray me fazendo sentir seu
coração.
- estou sentindo – falei nervoso sentindo algumas lágrimas caírem dos
meus olhos. Engasguei um pouco com o choro que queria sair, mas consegui
segurar e me controlar. Era bom ver que ele estava vivo, mas era ao mesmo tempo
aterrorizante vê-lo naquela situação.
- A bala não atingiu nada importante – falou Gray tentando me acalmar –
se tivesse eu não estaria aqui conversando com você.
- OK – falei tentando ficar calmo.
- Eu… - falou Gray pausando – eu só quero que saiba que eu sinto muito por
hoje…
- Shhhh! Esquece isso Gray – falei levando minha outra mão até os
cabelos de Gray. Acaricie sua cabeça lentamente e parei quando cheguei a sua
testa que eu acariciei com o dedão. Sentir seus cabelos em meus dedos foi
maravilhoso.
- eles precisam me levar para cirurgia agora, mas eu vou ficar bem. Levará
só algumas horas – falou Gray tentando suportar a dor que sentia naquele
momento.
- nós precisamos levá-lo – falou a médica e um dos médicos se preparando
para lavar a maca.
- vai ficar tudo bem – falou Gray tentando ser forte.
- sou eu quem devia estar te tranquilizando – falei limpando meus olhos.
- eu sei – falou Gray também deixando uma lágrima cair do olho direito.
Tenho certeza de que a dor que ele sentia naquele momento era grande – nós dois
não funcionamos como a maioria das pessoas.
- eu te amo – falei limpando a lágrimas da bochecha dele e me inclinando
para um beijo. Mesmo com a respiração ofegante Gray beijou minha boca e nós
mantivemos os lábios unidos o máximo de tempo que conseguimos. Era bom sentir
ele beijar minha boca novamente. Era ótimo sentir sua língua humedecendo
novamente minha boca – eu sei que devia ter dito antes – falei entre dois
selinhos. Gray manteve sua boca junto da minha. Enquanto minha mão alisava seu
rosto.
- eu também te amo – falou Gray soltando minha mão – eu ainda vou te dar
aquele abraço – falou Gray respirando fundo.
- vou esperar ansioso – falei me afastando vendo os médicos movimentando
a sua maca.
Os médicos o levaram pelo corredor. Senti uma sensação estranha em meu
corpo quando percebi que Morgan estava lá. Olhei para trás e vi que Morgan
olhava param mim fixamente. A expressão dela era indecifrável, mas com certeza
ela estava surpresa.
Morgan continuou olhando para mim sem dizer uma palavra. Eu ainda podia
sentir o beijo de Gray nos meus lábios. Eu estava um pouco sujo de sangue e
mesmo Morgan tendo presenciado aquilo eu não em arrependia. O que eu podia
fazer? Agora eu sei o que é sentir amor incondicional a uma pessoa. Não importa
o que ela faça ou o que ela diga você sempre estará lá quando essa pessoa
precisar e eu fiz isso por Gray. Meu namorado levou um tiro e o que eu devia
fazer? Recusar segurar sua mão quando ele pediu? De uma certa forma era libertador
saber que Morgan sabia.
Antes que Morgan ou eu dissesse alguma coisa para quebrar o gelo eu vi
Eve, Holly e Kiff correrem para dentro da emergência e ambos vieram ate nós.
- o que aconteceu? – perguntou Eve chegando até nós.
- Gray está bem? – perguntou Kiff.
- esse sangue é dele? – perguntou Holly
Antes que qualquer um de nós respondesse Morgan se aproximou de mim o
suficiente para dar um tapa na minha cara. Um pata doido que me fez virar o rosto. Todos ficaram surpreso com aquela
reação sem saber o porque. Claro que Eve percebeu na hora.
Mesmo com o rosto ardendo eu não fiz nada e apenas caminhei pelo
corredor deixando os três para trás. Caminhei até que cheguei em um lugar onde
pudesse sentar. Me sentei no chão e coloquei as mãos na cabeça respirando
fundo. Ficaria ali sentado até que a cirurgia acabasse e eles me dissessem que
Gray estava bem.
Olhei para Eve, Morgan, Holly e Kiff e os quatro conversavam. Vi Morgan
explicando os motivos que estarem lá. Depois de algum tempo não liguei para
nenhum deles eu só queria que o tempo passasse logo.
Não me importo com o que Morgan pensa de mim agora. Talvez amanhã, mas
hoje eu não podia me importar. Por tanto tempo eu não pude me sentir bem. Por
tanto tempo eu não pode apenas me sentar e relaxar. Quando Gray me beijou pela
primeira vez naquele aeroporto foi como se toda a tristeza e raiva que eu
sentia tivesse simplesmente derretido. Aquele simples beijo me libertou então
tudo o que vou fazer é ficar aqui sentado até que eu tenha boas noticias.
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