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CORAÇÃO ELÁSTICO capítulo trinta e nove
noite passada foi reveladora. Devia me sentir
culpado pelo o que aconteceu porque eu sei dentro de mim que não fiz o que fiz
pensando no trabalho ou no plano. Fiz por puro prazer. Fiquei atraído por
Rupert e me entreguei a ele por completo. O mais estranho de tudo é que todo
esse tempo pensei que tinha encontrado a felicidade com Gray e nunca pensei que
pudesse sentir com outro homem que eu sentia por ele. Me sentia da mesma forma
com Rupert. Me senti relaxado e estranhamente reconfortado em seus braços.
Estava deitado de lado pensativo. O relógio do meu celular marcava pouco
mais das nove horas da manhã de sábado. Havia algumas ligações de Gray. O
recado que eixei com Holly foi diferente d oque fiz. O combinado era eu ir para
meu apartamento, mas acabei em um hotel com Rupert. Sentia o corpo dele
pressionado no meu. Sua perna carinhosamente jogada sobre as minhas e seus
braços me envolvendo. Ele ainda dormia. Sentia sua respiração na minha nunca e
um ronco bem baixinho.
O quarto estava pouco iluminado, mas eu estava sem sono. Tinha tanta
coisa em minha cabeça naquele momento. Já tinha dormido o que precisava durante
a noite e estava a mais de uma hora acordado apenas pensando. Não tinha coragem
de me mover ou me levantar porque era gosto sentir Rupert daquele jeito em mim
e eu não queria acordá-lo. Estávamos os dois de cueca com o cobertor cobrindo
até a cintura. A mão esquerda de Rupert estava jogada por cima de mim e
repousava em meu peito me pressionando para trás.
Peguei meu celular novamente e o destravei vendo as cinco ligações de
Gray da noite passada. Havia também uma mensagem no meu aplicativo. Gray
perguntava onde estava, se algo tinha acontecido e que hora eu chegaria em
casa. A última mensagem dele foi ás sete da manhã – ESTAREI DE PLANTÃO HOJE
CEDO – junto a mensagem o símbolo de um coração.
Ignorei as ligações e as mensagens dele e coloquei o celular de volta no
criado mudo. Rupert suspirou atrás de mim e mexeu seu corpo me abraçando mais
forte.
- bom dia – falou ele quase que cochichando.
- bom dia – falei sentindo ele deslizar sua mão de meu peito até minha
barriga subindo até a minha cintura. Ele levantou um pouco o corpo e deu um
beijo na minha bochecha.
- como você dormiu? – perguntei sentindo ele acariciar minha barriga e
minha cintura.
- nunca dormi tão bem na minha vida – falou ele subindo a mão pela meu
braço – e você?
- dormi bem. Apesar de ter acordado cedo, dormi bem.
- e você ficou deitado aqui comigo todo esse tempo?
- sim. Você disse que nunca tinha passado a noite com outro homem antes
e eu não quis estragar pra você.
- obrigado – falou ele me puxando me fazendo deitar de costas. Ele
colocou a mão no meu peito e desceu até minha barriga – muitas noites como essa
irão acontecer agora que estamos namorando.
- eu não disse sim para seu pedido – falei olhando nos olhos dele.
- não faça eu me humilhar – falou Rupert acariciando meu rosto – a noite
não foi boa para você? Eu fiz algo que você não gostou.
- você foi maravilhoso – fale levando a minha mão até o rosto dele
puxando-o para perto do meu para que pudesse beijar seus lábios. Um selinho
demorado – o problema não é você. Sou eu. Vou acabar te decepcionando. Sabe… eu
não sou a pessoa que você pensa que sou. Se você se envolver comigo você se
decepcionar ao descobrir.
- não vou não – falou ele limpando o canto da minha boca com o dedo. Estava
sujo com sua baba.
Rupert levou sua mão até minha barriga e olhou para mim
- posso te perguntar o que são essas cicatrizes na sua cintura?
- não gosto de falar sobre isso – falei me virando de costas para ele.
Rupert moveu seu corpo deixando bem junto do meu e retirou o cobertor deixando
nas nossas pernas. Ele levou as pontas dos dedos até meu braço e deslizou até
que chegou na minha cintura.
- eu sou psiquiatra – falou ele dando um beijo no meu ombro enquanto
tocava as minhas cicatrizes com os dedos – não há nada que eu não tenha ouvido
– falou ele dado um beijo carinhoso na minha nuca – eu sei que foi você quem
fez isso consigo mesmo eu só pensei que talvez você quisesse me contar o
motivo. Pode se sentir a vontade contar qualquer coisa pra mim.
- sabe quando você falou que não queria ser tirado no armário ao força?
- sim.
- fizeram isso comigo e quando você tem um pai como o meu… é difícil de
aguentar.
- então foi por isso que você se cortou?
- não. Eu aguento a dor, mas o que eu não aguentei foi meu pai ter
batido no meu irmão até mata-lo dizendo que ele não deveria ser como eu.
- você sabe porque se cortou? – perguntou Rupert..
- sim. Acabei de te contar.
- não estou dizendo o seu motivo. Estou dizendo o que te levou a tomar a
atitude.
- não.
- A dor externa é uma dor visível. Quando você se corta você consegue um
dor que pode ser tratada e controlada. É bem diferente do que acontece aqui –
falou Rupert colocando a mão no meu coração – e aqui – falou ele colocando a
mão na minha cabeça – quando você está machucado nesses lugares é muito difícil
de tratar porque muitas vezes não sabemos o que nos feriu e quando sabemos na
maioria das vezes nós nos recusamos acreditar que estamos machucados.
- então eu fiz certo em me cortar?
- não – falou Rupert – de maneira nenhuma. O certo seria você ter
conversado com alguém. Todas as pessoas do mundo sofrem traumas, mas o trauma
que abala algumas pessoas as vezes não tem efeitos em outras. Todos esses
traumas que sofremos durante a vida deixa marcas que causam prejuízos
emocionais.
- então eu fui fraco.
- não – falou Rupert respirando fundo – Em minha experiência pessoal eu
pude observar que algumas pessoas podem ser mais sensíveis que outras a
traumas, mas isso não é sinônimo de fraqueza. Isso varia de um ser humano para
o outro.
- esse é seu diagnóstico? – perguntei levando minha mão até o braço dele
e puxando-o para que ele me abraçasse.
- não. Se você fosse meu paciente eu te diria que você não pode se
culpar por coisas que você não tem o controle. Esse pouco tempo que passei com
você eu percebi que você é uma pessoa boa e faz de tudo para agradar os que
estão á sua volta e quando comete um erro ou algo dá errado você se culpa. Você
tem que parar de se culpar por coisas que não deveria estar arrependido. Não sei
o que aconteceu exatamente entre você, seu pai e seu irmão ,mas com certeza
você não deveria se culpar. Parede ficar aceitando merda de outras pessoas. Se
imponha. Diga o que tem em mente, se expresse e parede guardar o que sente para
si mesmo porque você pode acabar desenvolvendo alguma doença. O estado de
espirito e emocional de uma pessoa influência e muito no que acontece no seu
corpo. Você precisa ouvir seu corpo conversar com você porque algumas vezes uma
dor física pode significa uma ferida emocional.
- é como se você me conhecesse a vida inteira – falei pensando na
situação que estava vivendo. Tudo o que Gray jogou em cima de mim eu aceitei
com um sorriso no rosto. Por mais que tenha me magoado as coisas que ele fez e
as decisões que ele tomou por nós dois eu fiquei calado.
- eu sou muito bom no que faço – falou Rupert dando um beijo no meu
rosto e em seguida se sentando na cama.
Me virei para o outro lado e vi Rupert caminhar até o banheiro. Ele
fechou a porta e em seguida ouvi a água do chuveiro caindo em seu corpo. Ele me
deu muito o que pensar. Continuei deitado na cama enquanto ele tomava seu
banho. Depois de alguns minutos ele saiu enrolado na toalha.
- vai tomar um banho – falou ele secando os cabelos com outra toalha.
Levantei da cama e fui até o banheiro. Fechei a porta e pulei para
debaixo do chuveiro. Enquanto me ensaboava e deixava a água quente cair em meu
corpo fiquei pensando na minha relação com Gray. Uma confusão acontecia em
minha mente. A química entre Rupert e eu era inevitável. Era forte e até palpável.
Depois do banho me enrolei na toalha e sai do banheiro. Rupert agora
estava enrolado em um roupão vermelho vinho na sacada fumando. Vesti a minha
roupa e calcei os meus tênis. Ele parecia pensativo na sacada enquanto fumava.
Estava de costas. Podia sair de lá e desparecer como fiz da outra vez, mas ao
invés de disso eu caminhei até onde ele estava. Abri a porta de vidro e ao
chegar na sacada eu o abracei por trás e deitei minha cabeça em seu ombro.
Fechei os olhos e fiquei lá apenas abraçando-o.
- você já vai? – perguntou Rupert percebendo que eu estava vestido.
- sim. Preciso ir.
- Eu vou daqui a pouco. Vou para casa e pedir o divórcio.
- não precisa fazer isso. Não faça isso por mim.
- o que eu disse sobre se culpar por coisas que você não fez? Vou pedir
o divórcio e é minha decisão. É claro que tem a ver com você, mas eu vou fazer
isso por mim. Já é hora de eu parar de viver a minha vida baseado no que as
pessoas pensam de mim.
- você vai ficar hospedado aqui?
- sim. Vou ter uma longa conversa com minha mulher e em seguida vou
pegar minhas coisas e vou ficar hospedado aqui por um tempo até decidir o que
farei em seguida – falou Rupert com o cigarro entre os dedos.
- eu já vou indo então. Te vejo em breve – falei soltando-o.
- espera – falou Rupert se virando para mim segurando em minha mão
quando me afastei um pouco. Ele me fez parar.
- o que foi?
- tenho medo de deixar você ir. A última vez que virei as costas pra
você eu nunca mais te vi. Você saiu correndo e nunca mais voltou. Literalmente.
Tenho medo de nunca mais te ver. Tenho medo de que tudo isso seja só um sonho
de que nunca mais vai acontecer.
Soltei a mão de Rupert e voltei para dentro do quarto. Peguei o celular
de Rupert e voltei até onde ele estava. Fiquei parado de frente para ele e
comecei a digitar algo em seu celular em seguida mostrei a ele.
- o que é isso? – perguntou Rupert pegando o celular.
- meu endereço – falei me aproximando dele e levando minha mão até o
rosto dele – Hoje eu vou ter um dia cheio e corrido. Não vou ter tempo para
nada. Se eu não voltar aqui hoje não é porque eu não quero te mais te ver é
porque eu não tive tempo. Se você quiser pode aparecer hoje no meu apartamento.
Moro no décimo primeiro andar. Apartamento 22. Vou deixar seu nome na portaria.
- ontem você não quis me dizer onde morava… – falou Rupert perplexo –
porque mudou de ideia?
- acho que estou começando a me apaixonar por você – falei aproximando o
rosto do dele e dando um selinho em sua boca. Dei outro selinho e em seguida me
atrevi novamente a colocar a língua me sua boca. Rupert a chupou com vontade e
eu fiz o mesmo com ele. Rupert me envolveu com o braço esquerdo me mantendo bem
junto dele.
- eu vou aparecer – falou ele dando um beijo na minha bochecha bem
próximo da minha boca.
- se por acaso você pensar melhor e decidir que não quer pedir o
divórcio você não precisa aparecer para se explicar. Se você não aparecer hoje
a noite eu vou saber o que significa.
- já te escolhi meu anjo – falou Rupert acariciando minha bochecha com o
dedão – você é minha motivação.
- te vejo a noite – falei dando um último selinho em seus lábios antes
de soltá-lo. Peguei meu celular em cima do criado mudo e sai do quarto.
Ao sair do hotel chamei por um taxi. A Pegasus ficava aberta até ás duas
no sábado então decida ir direto para lá. Trabalhar no sábado era opcional para
mim, mas precisava conversar com Morgan. Precisava conversar com Eve ou com
Holly… precisava conversar com alguém sobre o que estava acontecendo. Morgan
estava certa. Aquele tinha sido um jogo perigoso e uma decisão burra de Gray.
Ele me jogou de bandeja nos braços do Lobo para proteger os próprios filhos e
eu acabei gostando. Aquilo com certeza não tinha nada a ver com negócios. Era
pessoal.
Ao chegar na Pegasus olhei para a fonte com o enorme cavalo alado feito
ode vidro. O sol refletia nele. Fui até o elevador e assim que cheguei no
sétimo andar levei um susto ao dar de cara com Gray.
- Gray? – perguntei assustado.
- ele está aqui – gritou Gray para Morgan e Eve que estavam na sala dela
preocupadas com algo. Talvez com o meu desaparecimento.
- pensei que estaria de plantão hoje – falei assustado.
- sim, mas estava preocupado com você. Pensei que o plano tinha dado
errado. Você desapareceu – falou Gray se aproximando e dando um selinho na minha
boca. Percebi no rosto dele que ele sentiu um gosto diferente na minha boca,
mas ele não disse nada.
- onde você estava Griffin. está tudo bem? – perguntou Morgan chegando.;
- estou sim falei caminhando para ir a copa.
Gray estava atrás de mim e ele segurou meu baço.
- espera – falou Gray me fazendo parar. Ele se aproximou de mim atento –
o que diabos é isso no seu pescoço? – perguntou Gray passando o dedo no
hematoma que Rupert tinha deixado. Doeu um pouco.
- deixa eu ver – falou Eve dando a volta – isso está parecendo um chupão
– falou Eve vendo.
- na verdade é uma mordida.
- quem te mordeu? – perguntou Morgan.
- Rupert – falei sendo direto.
- OK – falou Gray parecendo pensativo. Ele não demonstrou reação e
percebi que ele não tinha lidado com aquilo como ele achou que lidaria.
- você conseguiu coletar informações ontem além do que você disse a
Holly? – perguntou Eve.
Pensei em contar a ela que a sua irmã Alegra era amiga e psicóloga de
Rupert, mas decidi manter isso só para mim.
- não. foi só aquilo.
- espera… - falou Gray rindo – se você não descobriu nada porque foi pra
cama com ele? E porque diabos deixou ele te marcar? Ele deu uma mordida em você
e você me aparece uma hora dessas… é quase onze horas da manhã. O que diabos
ficou fazendo ontem a noite e hoje?
- você está bravo comigo? Foi você quem disse que eu podia tranzar com
ele se ele quisesse afinal eu preciso proteger seus filhos.
- não vamos brigar – falou Morgan percebendo que alguns funcionários
perceberam a agitação.
- OK – falei respirando fundo – é até bom você estar aqui Gray porque eu
preciso fazer um exame.
- que exame?
- a camisinha estourou então vou precisar fazer um hemograma completo.
Gray não disse nada e percebi que ele ficou chateado ao perceber que a
ideia que ele teve acabou se tornando real.
- eu vou pegar minha maleta. Está lá no carro – falou Gray entrando no
elevador.
- você está bem? – perguntou Morgan me levando para a sala dela. Eve
entrou e fechou a porta.
- estou – falei me sentando na cadeira – tudo ocorreu bem. Eu conquistei
a confiança de Rupert só que tem um problema nisso tudo.
- qual? – perguntou Eve.
- eu fiz por prazer. Eu fiz e gostei.
- eu disse que essa seria uma péssima ideia – falou Morgan colocando a
mão na testa pensativa.
- eu não quero mais fazer parte disso eu estou desistindo.
- você não pode fazer isso – falou Morgan – se você desistir isso tudo
pode ter sido em vão e eu não acho que Gray vai conseguir superar isso. Talvez
não seja possível salvar o relacionamento de vocês.
- você não entendeu Morgan – falei olhando para ela – eu desisto de
capturar Roger, mas eu não vou parar de ver Rupert.
- o que você está dizendo? – perguntou Eve.
- Gray me magoou muito quando disse que eu podia faze sexo com outro
homem. Que tipo de amor é esse? Eu nunca na minha vida permitira que Gray
fizesse sexo com outras pessoas e só de pensar nisso meu estômago revira.
- você precisa de um tempo para pensar Griffin.
- não tenho o que pensar – falei para Morgan – Eu não fiz sexo com
Rupert eu fiz amor. Eu gostei de sentir ele me tocar, gostei dos beijos dele,
gostei de quando ele me mordeu no pescoço de como ele deslizou a mão por meu
corpo e disse que eu valei a pena.
Nesse momento Gray abriu a porta da sala e entrou.
- vou tirar seu sangue – falou Gray.
Morgan e Eve saíram da sala em silêncio. Me levantei da cadeira e me
sentei na mesa de Morgan. Gray tirou a seringa e em seguida veio até mim. Ele
amarrou uma borracha no meu braço e enfiou a agulha começando a coletar meu
sangue
- sabe… - falou Gray olhando para mim – enquanto você estiver tranzando
com Rupert eu acho melhor nós tranzarmos de camisinha também. Para a minha
segurança sabe?
Quando Gray disse aquilo eu o empurrei. Isso fez com que a agulha
rasgasse em meu braço e um monte de sangue escorresse por meu braço. A Seringa
ficou pendurava e eu a joguei no chão.
- ficou louco Griffin? – perguntou Gray querendo se aproximar, mas não
deixei.
- como você pode dizer uma coisa dessas? É tudo o que você pensa? Você?
Seus filhos? Sua segurança? E eu? Onde fico nisso tudo? Você percebe que eu fiz
sexo com outro homem e ele gozou dentro de mim e tudo o que você preocupa e que
só devemos usar preservativo? Você acha mesmo que eu vou pra cama com você
depois disso? Você acha que eu vou beijar sua boca depois do que aconteceu? Eu
estou com nojo de você.
- relaxa você está exagerando. É só um plano.
- que plano. Tudo tem limite Gray – falei bravo – existe uma linha em
tudo na vida que não devemos cruzar e você me empurrou além da linha do limite
e agora que estou do outro lado eu não quero voltar.
- do que você está falando?
- não foi negócios Gray. Eu gozei! – falei tentando controlar minha voz
– e não estou me referindo ao orgasmo e a ejaculação. Eu gozei enquanto ele
tocava meu corpo. Gozei a cada beijo que ele dava em minha boca. Não foi trabalho.
Fiz porque fiquei atraído por ele. Você me jogou nos braços dele e Rupert me
segurou forte e me fez sentir amado, protegido e priorizado. Ele me tirou do chão.
Ele não me colocou nem abaixo e nem acima dos filhos. Ele tem três filhos sabia?
E ele me tratou no mesmo patamar porque pra ele eu sou tão importante quanto.
Ele não está disposto a sacrificar nem os filhos nem a mim porque eu tenho
certeza que a ideia de me dividir com outra pessoa é insuportável para ele então
não Gray. Nós não vamos tranzar de camisinha e nem sem camisinha porque eu não
sou traidor.
- então é isso? Você vai me trocar por ele?
- Não estou trocando. Você me iludiu e chamou de amor e eu ingênuo e
inexperiente acreditei. Na mesma época em que Rupert me beijou você também me
beijou. Eu fui beijado por vocês dois na mesma semana e agora percebo que me
entreguei ao homem errado.
- Griffin você é muito ingênuo se acha que ele te ama de verdade.
- e você é ingênuo se acha que não consigo encontrar a felicidade nos
braços de outro homem.
- Agora eu tenho mais certeza do que nunca de que Rupert está de armação
com Roger. Ele te conquistou e você caiu feito com um pato.
- eu podia até cogitar essa hipótese Gray, mas se isso for verdade porque
Rupert está com meu carro? Se ele soubesse da verdade ele nunca andaria por ai
com um carro roubado porque ele pode ser preso.
- você está tomando uma decisão idiota Griffin.
- não Gray. Você tomou uma decisão idiota quando disse “faça sexo com
ele para salvar meus filhos”. Eu fiz e agora não consigo pensar em outra coisa.
Foi bom estar nos braços de um homem de verdade. Alguém que está disposto a se
assumir para ficar comigo.
- e eu não estou? Eu deixei minha masculinidade de lado para ficar com
você. Sou visto como uma bicha pelos amigos e por todas os pais da escola da minha
filha e mesmo assim estou com você.
- nós não estamos mais junto. Você ‘estava’ comigo.
- você está certo – falou Gray respirando fundo tentando se acalmar –
vamos deixar isso tudo de lado. Essa foi uma péssima ideia. Ainda da pra salvar
nosso relacionamento.
- é ai que está o problema Gray. Eu não quero salvar – falei respirando
fundo.
- não desista de nós… não desista de mim.
- está vendo? É isso que você faz. Você me empurra e puxa. Me empurra e
puxa de volta – falei olhando para o chão e vendo o quanto de sangue tinha.
- deixa eu cuidar do seu braço.
- não Gray – falei me sentando na mesa de Morgan de novo – essa não é a primeira
vez que você me trata como lixo quando um problema aparece. Você se fecha em
seu mundo e me trata com indiferença. Eu deveria ser seu porto seguro, mas ao invés
de se agarrar em mim quando um problema aparece você me empurra, mas não solta
minha pele. Minha pele estica ao máximo e quando os problemas se resolvem você
me puxa de volta e pede perdão. A minha sorte é que minha pele é como uma
fortaleza e eu consigo te perdoar mesmo depois de tudo o que você faz. Eu
aguento toda vez que você me empurra e puxa, mas você abusou dessa vez Gray.
- nunca foi minha intenção te machucar Griff.
- também não foi minha intenção te machucar quando fiquei com Rupert. Não
foi vingança. Foi Paixão. Gostei de estar com Rupert porque percebi que não
preciso me humilhar só porque tenho medo de te perder. Se você não dá valor em
mim existem outros homens que estão dispostas a dar.
- vamos nos dar outra chance. Prometo que não vou vacilar – falou Gray
sincero – você fez muitas coisas erradas e eu sempre te perdoei.
- eu sabia que você ia jogar isso na minha cara. Você diz que me perdoou
pelos erros, mas joga eles na minha cara na primeira chance. Imagina o que não
vai fazer se nós voltarmos? A primeira dificuldade que nós tivermos você vai
olhar pra mi me gritar: Você tranzou com Rupert.
- eu sou inexperiente nesse mundo Griffin. Você é primeiro homem que
namoro.
- isso não é desculpa. Você deve me tratar com respeito. Independente de
ser um homem ou uma mulher. Você já ofereceu Morgan para outros homens pela
segurança dos seus filhos ou fez isso porque eu sou gay e achou que eu adoraria
sentar no pau de outro homem? Não sou puritano Gray, mas sexo é algo sagrado
pra mim e ver você me tratar como mercadoria me machucou. Em partes você estava
certo. Eu adorei ficar com outro homem, mas no momento que fiz isso o encanto
que tinha por você desapareceu. Eu adorei estar com Rupert, mas eu não sou um
traidor e não vou ficar com você enquanto engano um pobre coitado que está
apaixonado por mim.
- nunca imaginei que algo assim aconteceria – falou Gray engolindo seco –
se eu soubesse que você ia se apaixonar por ele eu nunca teria dito que você podia
dormir com ele.
- eu não ia dormir com Rupert. Você disse que eu podia, mas eu não ia
porque eu preservava a relação que nós dois tínhamos.
- eu não sabia o que dizer. Estava pensando na segurança dos meus
filhos.
- Acorda Gray. Você abriu uma empresa de investigação particular. Você
cria inimigos no café da manhã. A cada cliente você cria um novo inimigo. Inimigos
é que a empresa mais tem, mas você jogou toda a culpa em mim. Você me deu um
ultimato: “Capture Roger ou nós estamos acabados”.
- Tudo o que estou pedindo é mais uma chance.
- Eu posso até te dar outra chance, mas isso me machucaria. Toda vez que
você me machuca eu sinto como se você pegasse meu coração e o apertasse bem
forte. Fico danificado no processo. Quando você pede perdão eu deixo você entrar
de novo, mas não é fácil. É como se eu esticasse meu coração para você caber
dentro dele de novo. Posso ter uma pele grossa e um coração de elástico Gray,
mas a lâmina que você usou para me ferir dessa vez estava muito afiada.
- desde que o Gordon deu em cima de você no hospital você está se
achando. Está cheio de sí. Você só este terminando comigo agora porque percebeu
que pode encontrar alguém melhor.
- eu não procuro por alguém melhor ou por alguém perfeito. Sei que todo relacionamento
é cheio de surpresas. Coisas boas e coisas ruins. Na verdade estou procurando
por alguém que queira dividir esses sentimentos comigo – falei respirando fundo
– quer saber? Cansei de me explicar. Já deixei bem claro o motivo de estarmos
terminando e até você já percebeu que a proposta que fez pra mim foi uma
burrada. Eu perdi o encanto por você. Só de pensar em estar com você meu estômago
embrulha.
- isso não vai ficar assim – falou Gray.
- não me ameace Gray. Vamos deixar o resto de dignidade que sobrou do
nosso relacionamento intacto. Não estou dizendo que tudo foi ruim. Você foi
importante para mim e para a minha vida. Você foi meu primeiro e eu sei que o
que tivemos no começo foi real, mas se deteriorou.
- meu deus – falou Morgan entrando na sala – Griffin você está bem?
- estou sim.
- o que aconteceu aqui? – perguntou Morgan.
- Ele está me deixando – falou Gray se sentando em uma cadeira pensativo.
Estava decepcionado com ele mesmo. Ele provavelmente estava triste por ter
deixado nosso relacionamento chegar no ponto que chegou.
- eu disse que esse era um jogo perigoso – falou Morgan se sentando na
mesa dela do meu lado – o que vocês vão fazer?
- vou até o apartamento dele pegar minhas coisas – falou Gray se
levantando e saindo da sala.
- você está bem Griffin? – perguntou Morgan.
- não – falei respirando fundo – acha que vou precisar levar ponto? –
falei olhando para o braço. Ardia um pouco.
- não sei, mas vou te levar até o hospital para que eles cuidem desse
machucado – falou Moran pegando a chave do carro dela em cima da mesa. Ela saiu
da sala e eu a segui.
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Fiquei com medo, e não por Griffin, mas por Gray. Me passou algo terrível pela mente com o final do capítulo. E, poxa, como pode depois de tudo, principalmente do coma, essa estória terminar assim? Que decepção senhor escritor...
ResponderExcluirA.