Capítulo 38: Cruel Vitória? | Conto: Cruel Sedutor

XXXVIII

Cruel Vitória?

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 pessoal do RH tinha organizado uma última brincadeira para encerrar o dia e é claro, para decidir quem seria o vencedor desse fim de semana. Duas equipes estavam empatadas. A nossa equipe – Sangue Azul – e Esquadrão Selvagem. O fim de semana foi de certa forma bem revelador. Não pensei que me divertiria tanto em uma confraternização. Na verdade não pensei que fosse me divertir com nada nesse fim de semana e eu posso dizer que me diverti de várias maneiras diferentes. Todas as equipes estavam preparadas para essa gincana. O casal do RH, Benny e Laura estavam no pequeno palco prontos para dizer as regras do jogo que definiria a equipe vencedora.

- Vocês gostaram do fim de semana? – perguntou Benny no microfone. Todos bateram palmas e gritaram animados. O sol estava quente. Ninguém diria que ele daria as caras especialmente depois da chuva com o qual amanhecemos.

- como temos duas equipes empatadas em primeiro lugar eles serão os únicos a participarem dessa gincana – falou Laura pegando um papel com um sorriso no rosto.

Havia uma mesa em cima do palco com um grande pano cobrindo-a. Acho que ninguém adivinhava o que viria a seguir. Benny se aproximou da mesa e puxou o pano revelando armas de paintball.

- prontos para o paintball? – gritou Benny fazendo todos se agitarem.

- as duas equipes irão entrar na floresta para um jogo final de Paintball, mas a vitória não virá para a equipe que durar por mais tempo no jogo. Cada equipe tem que recuperar um membro do seu time que foi sequestrados e colocados dentro da floresta.

Olhei em volta e percebi que todos da minha equipe estavam lá. Eles disseram que um de nós foi sequestrado, mas estávamos todos lá.

- mas não se enganem. Os sequestrados estão sendo protegidos por guardas aos quais vocês te quem derrubar. A regra é simples – falou Laura – se levar um tiro está fora de jogo.

- mas todo mundo da nossa equipe está aqui – falei olhando para Cory. Senti algo me puxando para trás e um capuz ser colocado em meu rosto – eu e minha grande boca – falei sentindo meus braços serem puxados para trás e amarrados.

Não conseguia ver nada com o capuz na cabeça. Sejam lá quem fosse que estava me levantando pela floresta ele estavam me carregando. Conseguia os ouvir quebrando os galhos com os pés e as folhas e galhos passando por nós enquanto nós entravamos floresta adentro. Depois de alguns minutos fui colocado no chão contra uma árvore e senti uma corda sendo passada por mim me amarrando a árvore. Quando finalmente estavam preso a árvore o capuz foi retirado da minha cabeça e foi quando eu o vi parado olhando para mim. O palhaço com a máscara de longos cabelos negros, buracos no rosto, um pentagrama e duas longas mãos saindo da cabeça.

Senti uma forte dor no estômago e tentei me soltar. Olhei em volta e vi que havia outros quatro palhaços além daquele. Um dos palhaços tinha um moicano colorido e seu rosto pareciam peças de quebra-cabeça costuradas em sua face. Do seu lado estava o que parecia ser uma pessoa toda de preto com uma máscara de corvo com um longo bico com detalhes em dourado. Do lado direito estava de pé um homem com roupa branca com suspensório e uma máscara de palhaço sorridente com grandes lábios rasgados e grandes olhos azuis. Seus olhos eram negros ao seu lado estava um palhaço caveira com o rosto da ‘Doña Muerte’ com cabelos coloridos que iam até quase os pés.

- Socorro! – comecei a gritar tentando me soltar começando a me contorcer tentando me soltar.

- o que está fazendo! – falou o palhaço com um pentagrama no rosto retirando sua máscara. Era Judy.

- o que? – falei olhando para Judy.

- é apenas uma brincadeira – falou ela rindo.

- eu sabia que essa era uma ideia idiota – falou outro policial tirando a máscara com lábios cortados. Era o Policial Crawley. Ele trabalhava em nosso distrito. Ele estava no grupo ‘Os Vikings’ que não estava competindo na brincadeira assim como Judy.

- o que? Espera! – falei engolindo em seco – isso é parte do jogo?

- sim – falou Judy – O pessoal do RH achou que seria uma forma legal e divertida de lidar com os ataques de palhaço tornando as lembranças divertidas.

- aqueles filhos da puta – falei respirando aliviado e começando a rir – eles bem que poderia ter me dito.

- peguem as armas – falou o palhaço com peças de quebra cabeças entregando as armas de paintball para os outros palhaços.

- relaxa Stan. Tudo o que você precisa fazer é ficar ai até alguém te salvar – falou Judy voltando a colocar a máscara.

- onde você conseguiu essa máscara? É a original?

- não. A original está sendo guardada como evidência. Eles compraram na internet – falou Judy olhando para mim através da máscara – depois que os assassinatos viraram notícia uma empresa fez várias delas para o Halloween.

Quatro fantasiados se foram e Judy ficou a uns oito metros de distância de mim olhando em volta.

- Benny e Laura que me aguardem – falei respirando fundo aliviado por estar em uma brincadeira. Uma das melhores notícias que tive.

Os quatro policiais fantasiados de palhaço se foram cada um para um lado para poderem cobrir mais território paras quando os membros aparecessem. Olhei me volta e vi que a uns metros de distância estava o eletricista que fazia reparos na delegacia também amarrado em uma árvore. Vi que haviam mais pessoas fantasiadas de palhaço lá. No total eram dez palhaços para conseguirem eliminar o máximo de pessoas.

Longos vinte minutos se passaram até que ouvi alguma ação. Ouvi passos pela floresta e gritos enquanto duas pessoas passaram correndo e junto a elas dois palhaços dando tiros de tinta. Um deles foi atingido e na brincadeira ele caiu no chão.

- eu morri! – falou um membro do outro grupo de levantando e tirando sua máscara de proteção.

Em seguida vi quatro pessoas correndo na minha direção e dois palhaços vieram por trás de mim e atiraram em três dos quatro homens. Mas antes de ser atingindo um dos homens conseguiu atingir um dos palhaços que levantou a mão rindo e bateu na mão do policial ajudando ele a se levantar.

- vocês levam isso a sério – falei vendo a forma que o policial se jogou no chão.

- claro – falou Clyde tirando a proteção dos olhos. Era ele.

- é você…

- parece decepcionado – falou ele respirando fundo.

- não…

- se acalma… Frank, Cory ou Ricky devem aparecer a qualquer momento.

O policial que não foi atingido voltou correndo pelo outro lado e um dos palhaços foi atrás dele. Os outros dois atingidos eram Lola que trabalha no TI e Jerry, o policial ruivo.

- eu queria saber de quem foi a ideia de vestir eles de palhaços – falou Jerry rindo.

- o pessoal do RH é assim – falou Lola – acham que resolvem qualquer coisa com brincadeiras e gincanas.

- vamos! – falou Clyde – se não vamos atrapalhar um dos salvadores de Stanley quando chegarem – falou Clyde saindo com Lola e Jerry

- Socorro! Estou aqui! – gritei alto tentando chamar a atenção de alguém da minha equipe.

Nesse momento vi que de longe um homem saiu de trás de uma árvore. Parecia ser um membro da minha equipe. Ele olhou de um lado para o outro e veio caminhando na minha direção quando alguém de longe deu um tiro que acertou o chão fazendo com que ele caísse de lado no chão.

Era o palhaço com os lábios expostos. Ele veio correndo na minha direção, mas ao convés de apontar para o sujeito no chão ele apontou para mim a arma de tinta.

- eu não acho que seja permitido atirar nele! – falou o homem com o rosto coberto. Era Frank, reconheci pela voz rouca.

- você que ir perguntar para o casal do RH? – falou o Policial Crawley rindo – ele ou você.

- Okay! Eu me rendo – falou Frank levantando as mãos.

- coloque a arma no chão devagar e chute pra mim – falou o policial Crawley para Frank que lentamente começou a se abaixar. Quando ele chegou ao chão Frank apertou o gatinho dando um tiro na perna do palhaço bocudo.

- filho da mãe – falou o policial tirando a máscara do rosto – boa jogada – falou ele apertando a mão de Frank – ele é todo seu – falou o palhaço apontando para mim e começando a andar pela floresta

- meu salvador! – falei com um sorriso.

Frank se aproximou e tirou a máscara do seu rosto.

- é agora que eu beijo a donzela em perigo? – falou ele comum sorriso apertando os lábios e esfregando o bigode no meu rosto. Ele sabia que aquilo me fazia cócegas – nesse caso seria o meu ‘Príncipe em Perigo’ – falou ele tocando seus lábios no meu e dando um selinho.

- olha! – falei olhando para o lado. Alguém da outra equipe havia chegado até o eletricista para salvá-lo – rápido Frank. Só vale se você me salvar.

Frank deu a volta na árvore soltando as amarras e me soltando da árvore.

- rápido! Desamarra meus pés e minhas mãos.

- não há tempo – falou Frank me pegando no ombro e saindo correndo.

- haaaaaaaaaaaaa! – comecei a gritar rindo enquanto Frank corria eufórico pela floresta – você é maluco!

- três noites com você nas Bahamas, essa é minha motivação – falou ele se desviando de uma árvore correndo entre as folhas e a terra molhada. Já dava pra ver as piscinas do Resort.

Frank parou a alguns metros e me colocou de volta no chão.

- o que está fazendo! Vamos perder!

- Temos que ganhar com estilo – falou ele me pegando no colo e caminhando calmamente para fora da floresta e pisando na grama.

Todos começaram a gritar e a bater palmas enquanto Frank me levava até o palco onde estava Benny e Laura. Frank me colocou no chão e levantou os braços com um sorriso no rosto.

- eis aqui os nossos vencedores! – falou Laura anunciando enquanto eu dava alguns pulos com cuidado. Minha mão e meus pés ainda estavam com as abraçadeiras de plástico.

Vi quando os outros membros da nossa equipe e da equipe concorrente voltaram e já estavam comemorando. Todos os participantes com máscaras de palhaço estavam com os rostos de fora batendo palmas. Eu dei uma risada e Frank pegou a tesoura que Benny entregou a ele e retirou as abraçadeiras me deixando livre.

- Precisamos da equipe toda aqui para pegarem seu prémio.

Cory, Clyde, Ricky, Lola, Jerry e Lana subiram ao palco e Laura entregou um envelope para cada um de nós. Ele continha uma passagem de havia para as Bahamas e um cartão com as reservas do hotel.

- espero que todos vocês tenham se divertido nesse fim de semana - falou Benny – o prefeito agradece a participação de todos e esperamos poder deixar tudo de ruim que aconteceram nos últimos meses. Essa é uma hora era pessoal – todos bateram palma e agitaram ao ouvirem aquelas palavras. Era bom finalmente poder deixar tudo aquilo para trás. Passar três noites nas Bahamas ajuda.

- vocês tem o restante do dia de folga! – falou Laura – o ônibus vai nos levar de volta a civilização ás sete horas da noite. Estejam todos lá.

Todos começaram a se espalhar e eu fiquei um pouco para trás lendo o que estava escrito na passagem e o cartão com o nome do hotel onde ficaríamos hospedados.

- nem acredito que vamos pras Bahamas – falou Ricky chamando minha atenção.

- pois é – falei olhando para ele e fechando o envelope. Cory logo parou lá na frente e esperou enquanto Ricky e eu nos aproximávamos. Ao nos aproximarmos Cory caminhou ao meu lado direito e Ricky no esquerdo.

- eu também estou feliz por ter ganho.

- imagina o que nós podemos fazer lá – falou Cory me dando um empurrãozinho com o ombro.

- pois é… - falei tentando dar continuidade naquele assunto.

- nós temos o resto do dia livre – falou Ricky animado – depois do almoço nós podemos fazer um joguinho de Verdade ou Consequência. Só nós três. O que vocês acham?

- eu topo – falou Cory – e você Stanley? A fim de se divertir um pouquinho?

- acho que não. Estou um pouco cansado da noite passada – falei sem graça – mas vocês dois podem ir se divertir.

- acho que entre nós dois não vai dar certo – falou Ricky coçando a barba.

- e porque não?

– Digamos que Cory e eu não ‘combinamos’ – ele deu certa ênfase à palavra ‘Combinamos’.

- sério? Mas eu fiquei sabendo que vocês dois foram dormir juntos no quarto do Cory depois que nós terminamos.

- sim – falou Cory – mas nós dois tínhamos companhia lá – falou Cory apertando os lábios e olhando para a esquerda. Segui seu olhar e percebi que ele olhava para Benny do RH.

- a ta… - falei achando aquilo estranho e me senti um pedaço de carne – mas eu não estou muito afim hoje.

- se por acaso você quiser, estamos aqui – falou Cory dando um tapa na minha bunda. Ele e Ricky se afastaram e eu respirei fundo engolindo em seco ao saber que eles tinham ficado com Benny dos Recursos Humanos e eu na mesma noite. Pareceu que eu era um pedaço de carne e ao me deixarem tinham partido para o próximo.

- desculpa pela brincadeira! – falou Laura do RH chamando minha atenção.

- que susto – falei rindo – sobre as fantasias? Não tem problema.

- o novo psicólogo do nosso distrito disse que tratar as tragédias com naturalidade e comédia ajudava a aliviar a tensão e com o tempo isso transformaria as horríveis lembranças e memórias irrelevantes.

- pra ele é fácil dizer, ele não estava lá – respirei fundo ao dizer aquilo – por falar nisso, quem é o novo psicólogo da policia? Eu o conheço? – perguntei enquanto caminhava ao lado de Laura chegando ao meu chalé.

- Acho que não. Como você sabe o Dr. Henry Parker fazia parte daquele culto macabro e atualmente está preso na penitenciária aguardando julgamento então tiveram que contratar um novo psicólogo e para que o mesmo erro não fosse cometido duas vezes eles tiveram que passar por um longo processo de entrevistas e análise por profissionais da área. Ele foi escolhido na semana passada e começou a trabalhar na última quinta feira – Dr. Rufus Snyper – se por acaso você quiser conversar com alguém ou precisar de tratamento seria uma boa conversar com ele.

- não, obrigado. O último me estuprou e tentou me matar.  Imagina o que esse não vai fazer? – eu dei risada disso, mas Laura não achou muito engraçado. Na verdade ela fez carena e ficou sem graça. Pensando bem era uma piada de humor bem negro se parasse para analisar.

- enfim… - falou Laura – parabéns por ter vencido – falou Laura indo.

Fui para dentro do chalé e tomei banho para poder almoçar fui até meu quarto e tomei banho para poder almoçar. Quando cheguei lá de fora a maioria já estava sentada almoçando. Coloquei minha comida e olhei em volta. Frank estava sentado na mesma mesa que Cory, Ricky, Vince e Lola. Eu não queria me sentar perto de Cory e Ricky então olhei em volta e vi Clyde sentado á mesa com Lana, Jerry e Judy. Eu também não queria me sentar com Clyde. Seria no mínimo constrangedor ficar perto do meu ex o tempo todo. Depois de um tempo vi Blacke sentado junto o policial Crawley e o policial Luís.

- posso me sentar com vocês? – perguntei me aproximando da mesa.

- claro –falou Blacke – puxa uma cadeira e se sentar.

- porque não quis se sentar com Frank? – perguntou Blacke.

- seria um pouco constrangedor – falou sem graça – me sentar lá com Cory e Ricky.

- entendo – falou Blacke rindo percebendo porque seria constrangedor.

- e eu não quis me sentar com Judy porque ela está sentada com Clyde e eu não quero ficar perto dele o tempo todo.

- você é bem vindo aqui – falou Blacke – já conhece o Policial Crawley?

- conheço sim – falei apertando a mão dele – você era um dos palhaços no paintball.

- eu mesmo – falou ele rindo – Phillip Crawley, mas pode me chamar de Phill.

- Okay Phill – falei pegando um pouco da salada e levando até minha boca.

- para quando é a viagem que vocês ganharam? – perguntou Phill.

- para daqui a duas semanas – falei pegando o suco de laranja de Blacke e tomando um gole.

- eu queria ter ganhado. Seria maravilhoso – falou Phill – fazer o que.

Olhei em direção a Cory e Ricky e eles conversavam e olhavam para mim. Como se estivessem falando de mim. Continuei a comer e Blacke pediu um suco para mim.

- obrigado – falei pegando o suco agradecendo Blacke – quer provar do meu?

- claro – falou Blacke pegando meu copo com suco de melancia e tomando um gole.

Voltei a almoçar e olhei novamente em direção à mesa procurando por Frank e quando olhei para Cory ele acenou para mim. Eu forcei um sorriso e acenei de volta para ele.

- quer saber… - falei respirando fundo – você quer a minha passagem?

- o que? – perguntou Blacke surpreso.

- não. Estava só brincando! – falou Phill. Pode curtir a sua viagem.

- é sério. Eu não estou muito afim de viajar. Agora eu tenho um filho e não posso ficar viajando sem ele.

- eu não me sinto bem aceitando.

- não precisa se sentir mal – falei pegando o envelope que estava em meu bolso e colocando em cima da mesa – é seu.

- eu não posso aceitar Stanley.

- é sério. Eu realmente não posso ir. Se você não quiser eu vou jogar fora – falei arrastando o envelope na direção dele.

- tudo bem – falou Phill pegando o envelope – eu não sei como agradecer.

- Se divirta bastante – falei sorrindo.

- obrigado cara – falou Phill  apertando minha mão.

- só me faz um favor?

- o que?

- não comenta com ninguém que eu te dei, beleza? Você também Blacke! – falei olhando para ele.

- minha boca é um túmulo – falo0u Blacke e fui concordou.

- obrigado – nós três voltamos a almoçar e eu evitei de ficar olhando na direção de Cory e Ricky.

Por mais que eu quisesse ir com Frank para as Bahamas eu não queria ir para o meio de uma ilha ficar com Ricky e Cory. Eles estavam me incomodando com todos aqueles olhares e aqueles convites. Ontem a noite foi divertido, mas eu estou começando a ficar realmente chateado com eles.

Depois do almoço fiquei conversando com Blacke e com Phill e depois da sobremesa todos decidiram dar um mergulho. Quando cheguei à área das piscinas Frank estava lá. Próximo a ele estavam Jerry, Vince, Cory e Ricky.

- Stanley! – gritou Frank chamando minha atenção.

- oi – falei acenando e me aproximando me agachando.

- vem pra cá – falou Frank passando a mão no rosto tirando a água do bigode e tocando minha mão.

- acho que não. Estou um pouco cansado e vou dormir um pouco.

- por favor. Venha! – falou ele fazendo bico.

- eu realmente queria, mas eu estou realmente cansado. Enquanto conversava com Frank vi Cory sair da piscina e se deitar na cadeira de praia. Ele colocou os óculos escuros no rosto e pegou o celular.

- tudo bem então – falou ele com um sorriso mandando um beijo.

Mandei um beijo de volta e me levantei passando pela grama e chegando ao chalé. Ao entrar fui param eu quarto e tranquei a porta me deitando na cama. Peguei meu celular e liguei para casa. Uma chamada de vídeo. Meu irmão atendeu.

- Como está tudo ai! – falou Nick com atendendo. Ele estava deitado em sua cama.

- está tudo ótimo Nick E ai em casa? Como está Roger? Dando muito trabalho?

- só um pouco – falou Nick mostrando que Roger estava deitado na cama com ele. Ele se remexia e fazia sons de bebê babando.

- que fofo – falei rindo – tio e sobrinho curtindo a tarde de domingo?

- isso mesmo – falou ele com um sorriso.

- tira uma foto de vocês dois e me manda.

- já tirei – falou ele rindo – vou colocar em um porta de retrato.

- me envia essa foto, por favor.

- mando sim.

- obrigado – falei respirando fundo não conseguindo disfarçar meu descontentamento.

- Irmão está acontecendo alguma coisa?

- não Nick. Está tudo bem.

- tem certeza?

- sim. Só estou um pouco cansado. Ontem à noite ficamos acordados bebendo e jogando e eu dormi muito pouco noite passada.

- se tiver algo te incomodando pode me contar.

- tem não.

- certeza?

- absoluta – falei forçando um sorriso para que Nick desistisse de me perturbar – vou desligar. Vou deixar vocês dois se divertindo.

- te amo – falou Nick.

- também te amo. E eu te amo também Roger.

- ele também te ama – falou Nick mostrando Roger pouco antes de desligar.

Coloquei o celular de lado na cama e respirei fundo encarando o teto. Seria legal estar lá fora na piscina, mas me sentia profundamente incomodado com Cory e Ricky que pareciam obcecadas com a noite passada. Começo a pensar que as pessoas que escolhi para sexo a três foram às pessoas erradas.

Meu celular vibrou na cama e eu peguei para ver de quem era a mensagem. Ao desbloquear o teclado vi que era uma mensagem de Cory. Era um vídeo. Ao abrir o vídeo reconheci a cama onde estava. Franzi a testa e percebi que era eu fazendo sexo oral em Cory. Em seguida eu me inclinava para o lado e fazia sexo oral para Ricky.

- eles gravaram!? – falei dando um pulo e me sentando na cama.

- Quando vamos ter mais disso? – perguntou Cory em uma mensagem.

- você gravou? – perguntei surpreso.

- Na verdade foi Ricky, mas ele me mandou – escreveu Cory.

- vocês precisam apagar! – escrevi com letras maiúsculas.

- Você não pode fazer isso com a gente. Você está dando o fora em nós e o vídeo é a única coisa que temos para lembrar – Cory escreveu essa mensagens com algumas mãozinhas como se estivesse implorando por algo – por favor! Podemos ir para seu quarto?

- Não. E apague o vídeo, por favor, Cory – escrevi lambendo os lábios e me levantando.

- Se você ficar conosco a gente apaga. Dessa forma não precisaremos de nada pra se lembrar da sua boca gostosa mamando os nossos caralhos! – escreveu Cory com algumas carinhas dando risada e em seguida a cara de um demônio – relaxa! Esse vídeo só fica entre Ricky e eu – escreveu Cory.

Desisti de conversar com Cory e fui até Ricky. Mandei uma mensagem para ele dizendo oi e alguns minutos depois ele respondeu perguntando se eu estava pensando em ir para a piscina.

- eu não sabia que vocês tinham me gravado – mandei a mensagem sendo direto.

- relaxa. Só vai ficar entre nós – respondeu Ricky.

Senti-me sem chão. Ricky era o delegado do meu distrito. Pensei que ele fosse uma pessoa mais séria. Eu não dei permissão para eles me gravarem. Eu me sentia violado. Se aquele vídeo vazasse eu seria destruído. Era tudo o que as pessoas iam se lembrar de mim: o garoto que fez um vídeo de sexo. O rosto deles não aparece. Era apenas o meu.

- É sério! – escrevi para Ricky com raiva – E se alguém roubar o celular de vocês? Ou se vocês compartilharem na nuvem e algum hacker roubar o vídeo?

- Se Cory e eu formos ai você mesmo ode apagar os vídeos – falou Ricky.

Eu não respondi. Apenas desliguei o celular e me aproximei da janela da sacada sem saber o que fazer. Sentia como se tivesse sido violado como aconteceu com aqueles oito homens. Não tinha pra quem pedir ajuda. Ricky era o delegado e Cory o detetive do meu distrito. Voltei a sentar na cama e abaixei a cabeça apoitando as mãos e os cotovelos nas pernas. Eu não sabia o que fazer.

Obrigado a todos pelos comentários e pelos votos. Vocês são dezzz!!!