Capítulo 39: Cruel Fato | Conto: Cruel Sedutor

XXXIX

Cruel Fato

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N

aquele fim de noite de domingo fiquei o resto do dia dentro do meu quarto até o momento de ir para o ônibus para poder ir embora. Graças ao bom Deus fui sorteado para me sentar ao lado de Judy. Uma boa parte da viagem nós ficamos em silêncio. Eu cochilei uma boa parte da viagem e quando estávamos quase chegando Judy quebrou o silêncio puxando conversa comigo.

- o que achou do fim de semana? – perguntou ela baixo quase como um sussurro. O ônibus estava em completo silêncio.

- foi divertido – falei me lembrando das gincanas e da festa.

- eu também achei. A festa foi a melhor parte – falou ela rindo.

- Sim. Uma boa parte pelo menos.

- como assim? Não gostou da festa toda?

- É que eu gostei de quando jogamos aquelas brincadeira picantes.

- eu gostei mais quando fui para o quarto com Vince e Blacke – falou ela rindo – você também parece ter se divertido muito com Cory e Ricky.

- um pouquinho – falei sentindo meu estômago revirar ao lembrar do vídeo que tinha recebido. Fico imaginando se aquele vídeo vaza e Roger o veja quando for adulto. O que ele iria pensar de mim?

- ter ficado na mesma cabana que Clyde foi ruim?

- até que não – falei balançando a cabeça negativamente – nós estamos sendo adultos quanto a nossa separação. Tivemos uma conversa sincera hoje cedo e esclarecemos tudo.

- fico feliz que tudo acabou bem.

- eu também – olhei para o lado de fora e vi que já estávamos em Orlando.

 Era bom estar de volta. No domingo cheguei em casa por volta dás dez horas da noite ainda puto e bolado pelo o que Cory e Ricky tinham feito comigo. Tentei deixar aquilo de lado e apenas seguir com minha vida, mas era difícil pensar que aquela chantagem talvez continuasse. Na segunda feira me vesti para o trabalho e desci as escadas chegando á cozinha. Era Nick que estava fazendo o café da manhã. Minha mãe e meu pai ainda estavam dormindo.

- bom dia! – falou Nick fazendo panquecas e colocando-as em um prato á minha frente enquanto me sentava á mesa.

- essas são suas famosas panquecas sem glúten?

- exato – falou Nick sorrindo e se sentando a mesa para comer – como foi o fim de semana? Quando você chegou eu já estava dormindo.

- foi bom – falei forçando um sorriso me lembrando do que tinha sido bom e o que tinha sido péssimo nesse fim de semana – e Roger? Ele acordou a noite?

- não – falou Nick – ele é um anjo.

- ainda bem. Eu pensei em te acordar quando cheguei para poder coloca-lo no berço, mas eu abri a porta e vocês dormiam profundamente. Decidi deixar vocês em paz.

- não tem problema – falou Nick mordendo um pedaço de panqueca olhando para mim – você está bem?

- estou – falei respirando fundo.

- me conta Stan. Você pode me contar. Tem a ver com Clyde?

- não, mas eu conheci alguém nesse fim de semana. Um policial de um outro distrito que foi transferido para o nosso.

- que bom – falou Nick – espero que ele seja alguém legal – falou Nick engolindo a panqueca – e voltando ao assunto… porque você está assim?

- assim como?

- estranho…

- quer mesmo saber?

- sim. Pode me contar qualquer coisa – falou Nick largando o garfo e limpando a tomando um gole do suco de laranja.

- eu fui pra cama com o Cory nesse fim de semana.

- Okay – falou Nick pensativo – você é solteiro.

- e com o Chefe de Polícia Roderick.

- bem, eu acho que…

- ao mesmo tempo – falei confessando logo de uma vez – foi divertido – falei coçando a cabeça – mas eles…

- você foi pra cama com os dois? – meu irmão alterou o tom de voz de ‘compreensivo’ para ‘decepcionado’.

- sim, mas ontem eles…

- pelo amor de Deus Stanley – falou Nick me repreendendo – me desculpa se eu vou soar como papai e a mamãe, mas porque diabos você faria uma coisa dessas com você mesmo?

- eu queria me divertir Nick, mas essa não é a questão. Cory e Ricky…

- como assim? Você me conta uma coisa dessas nessa naturalidade e diz ‘eu queria me divertir’?

- você que perguntou – falei com raiva por ele me interromper e não me deixar falar do vídeo.

- porque você está fazendo isso consigo mesmo Stan? Ficando com esses caras que só querem seu corpo… espera… - falou ele franzindo a testa – desde que você perdeu a virgindade quantas vezes você usou preservativo?

- bem… uma vez no começo, mas na metade pro final acabamos fazendo sem.

- já chega – falou Nick se levantando e segurando em meu braço me fazendo levantar.

- o que está fazendo? Está me machucando.

- você vai vir comigo pro hospital – falou Nick pegando a chave do carro ainda me segurando.

- não. Eu tenho que trabalhar.

- cabalar o caralho! Você vai para o hospital. Eu vou fazer um exame de sangue me você pra podermos saber se por acaso você não pegou alguma coisa desses caras.

 Nick me soltou e nós seguimos até a garagem. Eu entrei no carro e coloquei o cinto de seguranças e Nick abriu a porta da garagem e colocou o cinto com a cara fechada.

- eu não vou nem perguntar onde foi que eles gozaram porque eu sei que vou surtar… - falou Nick seguindo viagem até o hospital onde ele estava trabalhando.

- sei que você está chateado, mas é o meu corpo.

- não me venha com essa de ‘meu corpo, minhas regras’. Você precisa ser responsável. Sabe quantas doenças existem por ai?

- esquece… - falei virando a cara com raiva de Nick. Ele não estava disposto a conversar então não diria nada sobre o vídeo.

Nós chegamos ao hospital e Nick me colocou sentado na recepção em uma cadeira e me deixou lá plantado por quase uma hora e meia. Eu pensei em ligar para o trabalho e avisar que não iria, mas isso significaria ligar para o Delegado Roderick e eu não estava muito afim de falar com ele. Enquanto aguardava Nick meu celular tocou e eu vi que era uma ligação de Frank.

- Oi Frank – falei dando o primeiro sorriso desde que tinha descoberto sobre as filmagens de Cory e Ricky.

- Stan, está tudo bem com você?

- sim, está.

- porque não veio trabalhar hoje?

- estou no hospital…

- aconteceu alguma coisa? – perguntou Frank preocupado.

- não. Estou no hospital onde meu irmão trabalha. Ele disse que quer fazer uma bateria de exames em mim. Alguns exames de rotina.

- beleza, você me deixou preocupado – falou ele rindo – eu te vejo amanhã?

- acho que você me vê hoje. Depois que sair daqui vou trabalhar. Não quero dar motivo para levar bronca.

- ótimo. Vou estar na rua quando chegar, mas nos vemos no fim do dia na academia.

- combinado.

- Beijo.

- beijo Frank.

Desliguei o celular e vi meu irmão Nick caminhando na minha direção já com a roupa e o jaleco. Ele parou na minha frente e pareceu pensativo. Acho que no fundo ele queria me dar um sermão e eu tenho certeza de que ele o faria.

- venha! – falou Nick me fazendo levantar e segui-lo pelos corredores do hospital até chegarmos em uma sala onde ele me colocou sentado em uma maca e pegou o que precisava para retirar o meu sangue. O tempo todo ele estava calado e com a cara feia. Ele pegou a agulha e amarrou uma elástico no meu braço me fazendo apertar os lábios enquanto tirava o sangue em pequenos tubos de ensaio.

-vai ficar com cara feia pro resto da vida? – falei desafiando Nick.

- você tem que se valorizar Stan – falou meu irmão calmo tirando meu sangue.

- eu me valorizo.

- não parece – falou ele lambendo os lábios e tirando as luvas e colocando um curativo no meu braço – ficando com duas pessoas ao mesmo tempo sem usar preservativo. Você tem que dar valor ao seu corpo. Eu não estou dizendo que você não pode se aventurar de vez em quando, mas não assim. Você acabou de passar por algo traumático. Você fez uma reconstrução anal depois de ser violentado – falou ele indo até a porta e trancando-a.

- o que está fazendo?

- eu vou precisar ver o seu ânus. Para saber se por acaso tem alguma ferida.

- não vai não – falei dando um pulo da maca.

- não torne isso mais difícil do que é – falou Nick colocando outras luvas – você fez uma cirurgia e pelo o que parece você não seguiu as ordens médicas de ‘ir devagar’. Foi isso que eu te disse.

- Não. Nick você não vai olhar o meu cu – falei engolindo em seco.

- Usar essa palavra para descrevê-lo só torna isso mais difícil para nós dois. Tira sua roupa de baixo e se deite na cama – falou Nick virando de costas.

- porque você está fazendo isso comigo?

- porque te amo – falou Nick respirando fundo – a culpa é minha Stan. Eu deveria ter te dado mais conselhos. Você é jovem, perdeu a virgindade recentemente, se apaixonou recentemente e você está meio perdido nesse mundo. Se sair se entregando para todos eles não vão te respeitar. Você precisa respeitar seu corpo e seu espirito porque se você não der valor ao seu porque, porque eles dariam? Sexo é subestimado. Hoje em dia é tratado como algo normal e sem importância, mas é importante. Você precisa pensar bem com quem você faz. Precisa entregar seu corpo para alguém que mereça você.

- eu sei Nick. Eu errei, Okay? Não precisa ficar jogando na minha cara – falei engolindo as lágrimas que chegaram a escorrer do meu rosto. Eu tirei a minha calça, minha cueca, meu tênis e me deitei na maca de costas para Nick.

- não precisa chorar! – falou Nick se virando e ao chegar perto de mim ele ajeitou minhas pernas deixando-as dobradas – eu sou seu irmão e o que estou dizendo a você é o que eu disse a Casey e é o que vou dizer a Caylee e ao Roger quando eles forem maiores.

- É que… eu não sei por que eu fiz isso. Foi bom, mas eu sinto um vazio aqui dentro sabe. Como se eu estivesse preso entre duas portas e não soubesse por qual delas entrar e quando eu finalmente decido ela está trancada.

- você passou por muita coisa ultimamente. A maioria das pessoas não suportaria a dor que você passou. Tudo bem tomar algumas decisões estúpidas, mas você não pode pensar só em você quando toma essas decisões. Você pensou em Roger?

- Não – falei engolindo o choro enquanto sentia Nick me tocando.

- Pois é. Imagina se por acaso você conhece um homem por ai e leva ele pra casa e no fim das contas ele não é a pessoa que você pensou que era e ele faz algum mal para Roger.

- Eu me mataria – falei lembrando do rostinho de Roger.

- exato – falou Nick se levantando e tirando as luvas – pode vestir sua roupa

- Okay- falei me levantando e vestindo a roupa limpando o rosto que estava molhado.

- você precisa usar a regra do três sempre que for tomar uma decisão.

- o que isso quer dizer?

- eu sempre uso a regra do três para tomar qualquer decisão – falou Nick limpando a mão com álcool em gel e em seguida colocando em minhas mãos – eu penso: como vou me sentir daqui a três dias se eu fizer isso? Bem? Tranquilo? Sem importância? Okay – falou Nick se escorando no balcão e cruzando os braços – em seguida eu penso em como vou me sentir em três meses: eu deveria ter pensado duas vezes? Deveria ter dito não? E por fim eu penso em como vou me sentir daqui a três anos. Estarei arrependido ou orgulhoso do que fiz? Se todas as respostas forem boas você diz sim, agora, se você achar que tem dúvidas é porque a resposta provavelmente deve ser não. Não faça aquilo com o qual você pode se sentir arrependido em três anos.

- eu me sinto um idiota – falei abaixando a cabeça.

- todo mundo se sente um idiota uma vez na vida. O que todo mundo não tem é um irmão como eu para dar conselhos.

- obrigado Nick – falei me aproximando dele e abraçando-o.

- vai ficar tudo bem – falou ele me abraçando forte e me afagando – ouça tudo o que eu te disse e reflita. Não deixe que entre por aqui – falou ele puxando minha orelha esquerda – e saia por aqui – falou ele puxando a orelha direita.

- não vai – falei respirando fundo sentindo um grande peso ser tirado de mim.

- vou pedir para o laboratório fazer um hemograma completo e vou pedir para que eles o façam hoje.

- obrigado Nick. De verdade. Significa muito saber que você me ama o suficiente para não bater palmas para as coisas erradas que faço.

- não por isso. Irmão mais velho serve para isso – falou ele sorrindo – quer o resto do dia de folga?

- não precisa. Vou trabalhar.

- tem certeza? Eu não posso te dar um atestado por ser seu irmão, mas posso pedir para outro médico.

- não precisa. Vou trabalhar.

- quer uma carona?

- precisa não. Vou pedir um Uber.

- te amo – falou meu irmão quando nós saímos da sala e chegamos á recepção do hospital.

Pedi por um Uber que me deixou na delegacia por volta dás nove horas e quarenta minutos. Chegando no segundo andar apenas forcei um sorriso e balancei a cabeça afirmativamente para meus colegas e fui até a minha sala. Passei pela sala de Cory no caminho da minha e ele acenou com um sorriso e eu forcei um sorriso e acenei para ele. Havia muito trabalho em minha mesa e acabei me ocupando por toda a manhã. Na hora do almoço dei uma escapada do grupo que ia ao restaurante para não ter que me sentar na mesma mesa que Ricky e Cory. Ao invés de ir ao habitual restaurante onde todos os policiais comiam fui ao um restaurante no lado oposto.

Assim que sai do restaurante para ir embora vi quando uma viatura da policia fez barulho próximo a mim e eu vi que era Fran que estava dirigindo. Ao seu lado estava Lana. Eu me aproximei da viatura e sinalizei para os dois.

- o que está fazendo aqui? – perguntou Lana – não foi almoçar com o pessoal?

- não. Hoje estava com vontade de experimentar algo diferente e o pessoal preferiu ir lá mesmo.

- vou estacionar – falou Frank.

- Okay – falei me afastando e Frank estacionou o carro e os dois saíram da viatura.

Eu me aproximei dos dois e cruzei os braços.

- chegou bem em casa? – perguntou Frank pegando minha mão.

- cheguei sim – falei sentindo-o dar um beijo nas costas da minha mão.

- eu queria beijar sua boca, mas estou em serviço então me perdoa.

- não tem problema – falei rindo – eu também queria te beijar, mas você teria que me prender.

- exato – falou Lana rindo.

- como está sendo o dia? Tranquilo?

- só o de sempre – falou Lana – recebemos uma chamada para uma confusão no trânsito.

- houve um acidente – falou Frank – nada sério, ninguém chegou a óbito.

- que bom.

- Stanley… - falou Frank lambendo os lábios – você topa sair para jantar comigo?

- hoje?

- não – falou Frank – eu vou ver certinho o dia que eu posso, mas será essa semana.

- topo sim – falei pressionando os lábios.

- eu falei que ele diria sim! – falou Frank rindo olhando para Lana.

- vocês apostaram?

- olha pra ele Stan – falou Lana rindo – Frank é um bobão. Eu não achei que você realmente ia aceitar.

- eu também te adoro – falou Frank rindo para Lana.

- acho que vou voltar para a delegacia. Não quero me atrasar.

- vai lá – falou Frank colocando uma mão em meu ombro e com a outra ele apertou minha mão – te vejo mais tarde.

- até mais – falei apertando a mão de Lana.

Ao chegar à delegacia voltei ao trabalho atualizando alguns arquivos de novos e antigos detentos. Depois de alguns minutos que havia voltado vi da minha sala quando a porta do elevador se abriu e de lá saíram Ricky, Vince, Blacke e Cory. Blacke e Vince foram para suas mesas e em seguida voltaram para o elevador. Eles iriam para as ruas. Cory e Ricky caminharam em direção á minha sala e eu engoli em seco com raiva.

- não foi almoçar hoje? – perguntou Ricky entrando na sala. Quando Cory entrou ele fechou a porta e os dois sentaram-se à mesa á minha frente.

- eu fui almoçar com uma amiga – falei mentindo sem olhar para os dois. Eu simplesmente continuei olhando para o programa com o qual eu trabalhava.

- o que você acha de sair mais cedo hoje? – falou Roderick chamando minha atenção.

- por quê?

- porque se você quiser sair mais cedo hoje Cory e eu também podemos sair e quem sabe nós três não acabamos juntos?

- vocês apagaram o vídeo?

- não – falou Ricky – mas se você quiser apagar é só pegar meu celular – falou ele disfarçadamente por baixo da mesa tocando o pé com sapato entre minhas pernas.

- você parece perdido ai – falou Cory se levantando – deixa eu te ajudar.

As paredes eram de vidro e Cory deu a volta na mesa e ficou ao meu lado inclinado como se me ensinasse algo no computador. Ele se inclinou e pegou o mouse e começou a movê-lo aleatoriamente.

- pega no meu pau – falou Cory baixo

Eu não fiz nada.

- pega – falou Cory de novo – eu sei que você quer. Ninguém nunca me chupou com tanta vontade – falou ele chegando mais perto ainda. Eu levei a mão direita lentamente até o meio das pernas dele e apertei seu membro que estava duro. Senti nojo de mim pra ser sincero. Ricky continuava a apertar o pé entre minhas pernas.

- conseguiu arrumar? – perguntou Ricky.

- sim – falou Cory voltando a posição normal e dando a volta na mesa se sentando. Vi que nesse momento Clyde passou pela minha sala caminho da copa. Ele olhou de relance para nós e voltou a olhar para frente.

- nós apagamos o vídeo – falou Cory.

- sério? Obrigado.

- ainda não – falou Ricky – mas podemos apagar se você for ali no banheiro e fizer outro vídeo onde seu rosto não aparece.

- é só filmar seu cuzinho piscando e rebolando – falou Cory – usa as mãos para deixar ele bem aberto.

- pra te motivar… - falou Ricky pegando o celular e me mandando uma mensagem. Era o caralho dele. Ele o mostrava e batia punheta e dizia meu nome. Em seguida recebi uma mensagem de Cory com o mesmo teor sexual. Eles estavam achando aquilo engraçado. Eles não perceberam que a graça acabou para mim no momento em que me filmaram?

- eu não acho que posso fazer isso aqui no trabalho.

- deixa de ser bobo – falou Ricky se levantando cadeira. Cory fez o mesmo.

- um rabo gostoso desse tem que ser mostrado – falou Cory – ai nós apagamos seu vídeo porque teremos outro e nesse não terá seu rosto.

- obrigado Stan! – falou Ricky quando abriu a porta da sala e os dois saíram. Cory foi para sua sala e Roderick para a dele. Lambi meus lábios e lembrei-me do que meu irmão falou. Aquele vídeo não podia vazar. Precisava fazer de tudo para que ele fosse apagado.

Peguei meu celular e me levantei para ir ao banheiro, mas assim que me levantei da cadeira Clyde veio em direção a minha sala com um arquivo nas mãos.

- Stanley eu posso conversar com você?

- sim Policial Holloway – falei me sentando.

Clyde fechou a porta e se sentou na cadeira onde Ricky estava e colocou o arquivo em cima da mesa.

- você cometeu alguns erros nesse arquivo – falou ele me mostrando – a idade desse detento é a mesma de outros cinco ou seis que eu acabei de verificar – falou ele passando duas folhas – e alguns desses crimes são de outros detentos acho que você fez uma confusão.

- nossa, me desculpa. Eu vou corrigi-los – falei pegando o arquivo.

- o que está acontecendo com você? Geralmente você é tão cuidadoso. É a primeira vez que você comete erros tão grotescos.

- não é nada – falei forçando um sorriso – deve ser o fim de semana. Estava tão cansado. Não deveria ter vindo trabalhar hoje.

- acho que não é isso – falou ele respirando fundo – eu te conheço bem. Você não costuma dormir tarde quando tem que trabalhar no outro dia. Esses erros são erros de concentração. Você não está focado.

- não é nada Clyde – falei sério olhando para o computador. Ele deve ter percebido a raiva e a indignação na minha voz.

- aconteceu alguma coisa com Roger?

- não. Ele está ótimo, eu estou ótimo e tudo está bem. Para de ser paranoico. Eu vou corrigir os meus erros e te aviso quando terminar.

- é sobre a brincadeira que o RH fez no fim de semana? Porque eu achei que fui uma grande palhaçada fazerem algo como aquilo tão cedo. Especialmente com você.

- por favor, Clyde. Não venha até aqui me dizer que está preocupado comigo depois de tudo o que fez comigo tentando tirar Roger de mim.

- eu sabia que tem alguma coisa de errado com você – falou Clyde calmo – você sempre tenta afastar as pessoas usando insultos quando tem algo de errado e você não quer falar – falou ele cruzando os braços – eu não saio dessa cadeira enquanto não em disser o que está acontecendo.

Respirei fundo e coloquei as duas mãos na cabeça pensativo. Eu precisava tirar aquilo do meu peito. Tentei contar para meu irmão hoje mais cedo, mas ele não me deu ouvidos e ficou me interrompendo até que eu desisti.

- não é nada Clyde…

- pode contar. Vai ficar tudo bem. Ficará só entre nós dois – falou ele com aquela voz calma tentando me persuadir.

Talvez Clyde pudesse me dar algum conselho sobre o que fazer. Não tinha com quem conversar e nem a quem recorrer. Roderick era a maior autoridade.

- tudo bem – falei lambendo os lábios – mas você te quem prometer não contar pra ninguém.

- fica tranquilo. Eu não conto.

- Okay – falei me remexendo na cadeira – sabe o fim de semana… a noite de sábado para domingo?

- sim. – falou Clyde – a noite da festa?

- exato – falei lambendo os lábios – eu nem sei como dizer isso…

- apenas diga de uma vez, droga! – falou Clyde interessado com a feição séria no rosto.

- Ricky e Cory me filmaram fazendo sexo oral neles e agora estão usando os vídeos para me chantagear tentando conseguir mais sexo – respirei fundo e me senti tonto. Clyde não demonstrou reação. Ele manteve a expressão séria. Quando ele se levantou da cadeira e saiu da sala eu o vi em câmera lenta. Ricky estava próximo a Judy conversando com ela sobre algo e Clyde foi para cima dele e deu um soco em seu rosto derrubando-o.

- Clyde! – gritou Judy vendo Clyde em cima de Ricky dando soco após soco em seu rosto. Cory se aproximou dos dois para separá-lo e Clyde segurou no pescoço de Cory e o pressionou contra a parede da minha sala me fazendo acordar do meu transe.

Eu me levantei da cadeira e sai da minha sala quando o policial Luís e o policial Phill seguraram Clyde que estava com a mão sangrando. Cory estava próximo à parede com as mãos no pescoço tentando entender o que estava acontecendo enquanto Ricky se levantava com o rosto machucado e o olho inchado.

- seus desgraçados! – falou Clyde tentando se soltar das mãos de Phill e Luís.

Enquanto Judy entregava um lenço para Ricky que estava com o nariz sangrando. Eu estava parado de fora da minha sala e Cory olhou para mim engolindo em seco e lambendo os lábios. Ele não disse nada por alguns segundos e apenas ficou me encarando. Em seguida moveu os lábios sem emitir som, mas consegui ler os seus lábios: ‘Você Está Fodido’.

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