Capítulo 17: DIA 1187 — 25h52min ás 14h76min | Conto: Crônicas de Perpetua: Homem Proibido — Livro Um

Capítulo 17

DIA 1187 — 25h52min ás 14h76min

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erdão talvez fosse a palavra mais adequada para o momento em que estávamos vivendo. Nós nos lembrávamos de tudo. Benjamin era meu pai, Anita era minha irmã e Brenda era nossa mãe. Nós sofremos abusos durante toda a nossa infância e adolescência e ela o protegeu. Ela nos traiu. Os dois nos traíram. Deveriam ser nossos pais as pessoas  que deveriam nos amar mais do que qualquer outra coisa no mundo, mas ao invés disso eles usaram nossos corpos como brinquedos. Como se não fossemos nada mais do que algo criado para o prazer. Anita estava chorando enquanto saiamos da floresta e chegávamos onde estavam as rosas.

- pare de chorar – falei olhando para Anita.

- não sei como você consegue lembrar de tudo e ainda sim não sentir – falou ela parando quando chegamos ao rio vermelho.

- eu senti. Durante anos. Acho que acabei ficando dormente ou anestesiado. Nada mais consegue me machucar.

- eu não sei se vou aguentar – falou ela com o rosto inchado.

- sim, você vai – falei passando a mão no rosto dela limpando dias lágrimas.

Olhei para minha mão e observei suas lágrimas. Esfreguei dois dedos e levei elas até minha boca e as lambi. Tinha um gosto amargo exatamente o gosto da água do rio. Não me espantaria que as águas desse rio fosse feito com nossas lágrimas. Não é atoa que eu chorei por tantos anos. E também Anita.

- o que nós fazemos agora? – ela respirou fundo tentando se controlar.

- eu acho que devemos descer o rio e voltar para a mansão. Com sorte nós vamos encontrar o restante odo pessoal na mansão.

- eu também – falou ela mostrando o primeiro sinal de esperança desde que lembramos de tudo – mas eu acho que sei porque esse lugar conhece nossos medos – falou ela olhando em volta e andando na direção oposta á cachoeira.

- onde você via Anita?

- vem comigo Kyle – falou ela estendendo o braço – eu sei porque esse lugar conhece tanto a gente: os monstros, a vegetação e todo o resto.

Segurei na mão de Anita e nós caminhamos por um longo tempo. A paisagem parecia não mudar. Nós caminhávamos a quase dez minutos e a floresta parecia ser a mesma dos dois lados.

- Acho que não vamos chegar a lugar nenhum. O cara da cadeira de rodas – Will – disse que andou nessa direção por dias e não encontrou nada.

- você não reconhece esse lugar Kyle? Essas rosas? – falou ela arrancando uma delas. Ela furou os dedos e o sangue escorreu. Haviam muitos espinhos, mas ela não se importou e me parece que a ferida curou ao longo do caminho.

- não. Eu não me lembro.

- eram as mesmas rosas que mamãe cultivava. Toda vez que papai… Benjamin saia de casa ela ia até o jardim e plantava uma. E você sabe o que ele fazia antes de ir para o trabalho, não sabe?

- sim – falei respirando fundo – depois que voltou do exercito meu pai arranjou um trabalho como mecânico e antes de ir para o trabalho ele sempre passava no meu quarto ou no da minha irmã. Ele ficava conosco por uns trinta minutos no máximo e depois ordenava que nós tomássemos banho – agora eu me lembro. O jardim dela tinha rosas vermelhas.

- esse é o nosso jardim Kyle, só que maior – falou ela parando e olhando para a frente.

A nossa casa estava a alguns metros. A nascente do rio vinha debaixo da casa como se fossem lágrimas. A casa estava por cima de grossas raízes que pareciam alimentar toda a floresta.

- a casa sabe de tudo – falei me aproximando – quando a bomba caiu a casa ficou de pé e a vegetação cresceu com nossas memórias. É por isso que tudo aqui nesse lugar gira em torno de nós. A casa era como se fosse o coração de toda a vegetação. Os monstros não nos machucavam por que eram nossos monstros. A árvore deixou apenas Anita e eu pegar maçãs porque é a árvore de nosso jardim. Ela tem tentado nos manter aqui, seguros.

- obrigada – falou Anita se aproximando da casa e subindo alguns degraus tocando nela. A casa pareceu ranger como se estivesse respondendo.

- será que dá pra entrar nela?

Quando eu disse isso a porta da frente se abriu e de lá escorreu mais água vermelha. Era a forma da casa de mostrar que não havia nada lá dentro. De dentro da água vi uma criatura que parecia uma mistura de homem com sapo. No inicio eu me assustei, mas percebi que era apenas mais uma das criaturas que habitavam o planeta.

- o que diabos é isso? – perguntou Anita se aproximando de mim.

- acho que é uma Kappa. É um monstro marinho da cultura japonesa.

- então eles existem? – perguntou Anita parecendo um pouco assustada.

- eu não sei se existiam antes, mas com certeza eles existem agora – lambi os lábios e meu coração bateu mais rápido ao me lembrar de Ted e de Mike. Eu sentia falta dos dois, mas em especial Rodolfo e Dorothy.

- precisamos ir – falou Anita.

- acho que não precisamos caminhar – falei segurando na mão dela – podemos pular no rio e ele nos levará onde queremos.

- Okay – falou Anita segurando bem forte na minha mão.

Nós contamos até três e pulamos dentro do rio. A casa percebeu que estávamos dentro do rio e as janelas se abriram e de lá de dentro saiu uma grande porção de água. A casa meio que começou a se agitar e isso fez com que o rio se agitasse. Nós afundamos e não conseguimos ficar de mãos dadas. O rio nos jogou correnteza abaixo com todas as forças e não demorou para nos aproximarmos da cachoeira. Nós fomos jogados cachoeira abaixo e quando eu consegui sair da água eu vi Anita sentada na beirada com as mãos afundadas na areia. Ela tinha os olhos fechados e parecia estar tomando sol.

Eu tossi vomitando toda a água que tinha engolido e pouco a pouco as dores de ser arremessado contra as pedras foram passando. Os ossos milagrosamente quebrados iam se curando. Eu consegui ficar de pé e olhei na direção da mansão no alto da colina.

- precisamos ir.

- vamos! – Anita deu um pulo.

- você parece bem mais animada.

- só um pouco – falou ela correndo na minha direção – me carrega!

Anita pulou nas minhas costas e eu segurei em suas pernas. Nós subimos a colina vagarosamente na esperança de que encontrássemos alguém lá no alto. Estava cansado de vagar a esma ao lado de Anita.

- finalmente! – falou Anita pulando das minhas costas no chão.

- de nada – falei respirando fundo – você não é nem um pouquinho leve, sabia?

- vem logo Kyle! – correu Anita em direção a mansão circulando a enorme fonte e chegando até as escadas que levavam a porta da frente. Corri na direção de Anita quando vi ela abrir a porta e entrar na mansão.

- Anita! Anita! – gritei por ela. Quando cheguei a mansão vi Anita parada no saguão olhando para todos os lados.

- tem alguém? – gritou Anita.

- ninguém respondeu? – caminhei na direção dela.

- não – falou ela parecendo deprimida – será que todos eles se foram?

- não – falei passando a nas teclas de um piano de calda que tinha no saguão – não parece que alguém vem a esse lugar a um bom tempo.

- Talvez eles tenham encontrado uma forma de atravessas as colinas. Talvez tenhamos ficado longe muitos anos.

- se acalma Anita!

- vamos olhar os calendários que Mike havia feito – falou ela correndo até a cozinha e olhando em um calendário oque estava na geladeira.

- e então? – me aproximei dela – em que ano estamos?

- esse calendário não faz sentido. Estão em páginas aleatórias com números aleatórios.

- eu não entendo – falei dando a volta no balcão – os calendários de Mike deveriam estar aqui.

- esse relógio também não está marcando as horas – falou ela me mostrando um relógio digital – está marcando vinte e seis horas e vinte e três minutos.

Fui até as prateleiras e comecei a abrir uma a uma. Não havia comida. Haviam apenas poeira e teias de aranha. De dentro de uma delas saiu um morcego que me fez dar um pulo de susto.

- encontrou alguma coisa?

- não – falei pegando uma cadeira e puxando para olhar nas prateleiras em cima do balcão – é como se ninguém tivesse estado nessa casa antes de nós.

- será que nós voltamos no tempo? Antes de Mike chegar aqui?

- eu não sei – falei abrindo o armário – tem alguma coisa aqui.

- o que é?

- não sei, parece ser uma caixa – fiquei na ponta dos pés e estiquei o  braço dentro do armário tentando pegar. Havia muita poeira e estava bem escuro.

- cuidado Kyle!

- tudo bem – falei conseguindo tocar a caixa com a ponta dos dedos. Puxei a caixa e um bicho pulou na minha direção guinchando. Parecia ser um rato ou uma ratazana. A caixa não tinha nada dentro e eu me desequilibrei e cai da cadeira com tudo no chão. Minha cabeça batei forte e o rato gigante com olhos verdes saiu correndo pela cozinha até chegar ao saguão.

- Kyle!  Você está bem? – Anita se ajoelhou vendo um pouco de sangue sair da minha cabeça.

- sim – falei apoiando os cotovelos – acho que sim.

- você bateu com força até quebrou o piso – falou ela vendo um buraco formado na cerâmica. Eu me sentei e olhei para o buraco que tinha feito.

- o que é isso? – falei batendo a mão no piso – parece oco.

- é sim – falou Anita enfiando dois dedos no buraco que se formou – e parece que tem alguma coisa aqui.

Bati no pisco com a mão fechada e percebi que era apenas uma parte dele que era oca e eu tinha batido a cabeça exatamente na parte oca do piso.

- precisa de um curativo? – perguntou Anita procurando por algo que fosse pesado o suficiente para quebrar o piso.

- não, daqui a pouco o corte desaparece.

- encontrei – falou ela pegando um faca enferrujada – vai ter que servir.

- cuidado, pode ser que saia uma aranha gigante dai.

Anita ficou de joelhos e bateu o cabo da faca com força conseguindo aumentar o buraco. Pouco a pouco o buraco foi ficando do tamanho ideal para se colocar a mão dentro. Anita tentou colocar a mão, mas ainda não era grande o suficiente.

- espera! – falei me levantando e pegando a cadeira. Com força bati um dos pés dela próximo do buraco e um grande pedaço se quebrou.

- perfeito! – falou ela enfiando a mão e sentindo algo – parece ser um caderno ou um livro… algo de papel.

- tira logo.

- é grande – falou ela puxando.

- cuidando para não rasgar.

- merda! – falou ela sentindo o papel se rasgando. Ela voltou com a mão e com calma conseguiu tirar de lá o que parecia ser um grande mapa dobrado – rasgou um pedaço, mas nada que prejudique – falou ela colocando em cima da mesa.

- Abre! – ajudei ela a abrir o mapa. Depois de desdobrar e desdobrar lá estava um mapa do nosso mundo. Era um mapa diferente. Não era como eu costumava me lembrar. Haviam nove continentes descritos nesse mapa: Hiperbórea, Atlântida, Mu, África, Ásia, Oceania, Sambala, Antártida, e Lemúria. O continente Europeu e Americano não existiam nesse mapa.

- o que diabos é isso? – perguntou Anita.

- acho que é o mapa do nosso mundo. Do planeta terra.

- mas nosso mundo não é assim – falou ela apontando para o alto – e aqui diz Planeta Perpetua.

Olhei para o mapa e procurei por alguma assinatura ou alguma informação e no canto inferior esquerdo encontrei um pequeno texto.

‘Esse mapa foi redigido em 2245 pelo professor Edmund Lane. Esse é o mapa oficial do antigo Planeta Terra que agora se chama Planeta Perpetua. Após o ataque da bomba e de centenas de anos de evolução é assim que se encontra o nosso planeta. O Professor Edmund viajou todo o planeta com cerca de cinquenta ajudantes que estiveram ao seu lado durante toda a jornada que iniciou em 2228 e terminou em 2243’.

É o nossos planeta. Alguns dos países que conhecia no ano de 2017 já não existiam mais e novos país haviam se formado como o ‘Spharica’ e o ‘Aequius’. A Rússia, Brasil e o Japão eram alguns exemplos de países que já não existiam mais. Metade dos Estados Unidos haviam desaparecido do mapa.

- é assim que nossos planeta está – fale olhando para Anita – nosso continente agora é o Lemúria.

- olha isso – falou Anita apontando para a escala de cores – aqui diz que existem zonas de segurança onde novas civilizações estão sendo formadas.

Anita estava certa. Haviam alguns pontos em todo o mundo onde os sobreviventes estavam começando suas vidas e havia um lugar como esse a cerca de oito quilômetros de onde nós estávamos. Um lugar chamado ‘Cidade de Eternia’.

- nós podemos ir para lá – falei olhando para Anita.

- mas e os outros? – perguntou ela confusa – o mapa estava enterrado aqui então significa que eles são sabem sobre isso.

- como nós fazemos para voltar? – perguntei sentindo meu coração bater rápido. Eu estava aflito. Queria ver os outros novamente.

- olha aqui – falou Anita virando um pedaço do mapa ao contrário – tem uma coisa escrita a mão.

Dei a volta e nós dois lemos juntos.

Anotação do dia 20 de agosto de 2247. Professor Edmund Z. Lane.

Estou deixando esse lugar para viver em Eternia. Para aqueles que chegarem até aqui eu digo que é inútil procurar uma saída pelas cavernas. A única forma de sair dessa mansão e chegar ao outro lado é procurar por um túnel marinho que existe dentro do lago após a queda da cachoeira. Uma vez que encontra-lo a correnteza irá suga-lo. A viagem vai durar dez minutos. Vocês vão morrer, mas se estão vivos e lendo esse texto vocês vão ressuscitar. Não é atoa que o nome do nosso planeta é ‘Perpetua’ uma palavra do latim que em nossa língua significa ‘Eterno, Para Sempre’.

- é isso! – falei animado – eles estão procurando a anos nesses túneis e cavernas, mas a saída daqui está no lago. Esperei por uma resposta, mas Anita não disse nada – Anita, você ouviu o que eu disse?

Olhei em volta e percebi que estava sozinho. Ela estava ao meu lado em um segundo e no outro havia desaparecido.

- Anita?

Sai da cozinha e caminhei até o saguão, mas ela não estava lá. Olhei em volta e então ouvi um grito no andar de cima. Rapidamente subi os degraus correndo. Era a voz de Anita gritando. Corri pelos corredores abrindo porta por porta gritando pelo nome de Anita. Em uma dessas portas eu vi um vulto preto que virou para mim e veio na minha direção. Tinha olhos vermelhos e uma boca cheia de dentes. Ao se aproximar ela abriu a boca e engoliu a minha cabeça. Foi então que eu senti um puxão na nuca e imaginei que fosse Anita, mas quando olhei para trás eu vi Anita desmaiada no chão e Calíope ao seu lado com um sorriso no rosto. Eu estava sem fôlego. Olhei para Lucy e ela estava tão estupefata quanto eu.

Eu estava na caverna. Aquilo tudo tinha sido uma espécie de visão. Eu nunca sai de lá. Quando acordei da primeira vez havia sido parte da visão.

- o que você viu? – perguntou  para Lucy.

- eu não sei – falou ela respirando fundo – mas você estava lá. Nós estávamos na Universidade e todos estavam correndo – ela respirou fundo – e você?

- tudo o que eu precisava – falei me levantando e olhando para Anita.

- o que aconteceu com ela? – perguntou Lucy.

- ela desmaiou assim que vocês abriram o baú – falou Calíope.

- Anita! – falei batendo no rosto dela – Acorda!

Anita começou a se mover e parecia sonolenta ela se moveu e abriu os olhos. Quando me viu ela me encarou por alguns segundos e então me abraçou. Ela teve a mesma visão que eu. Nós nos abraçamos forte e agradecidos or tudo ter sido uma visão.

- dezessete minutos se passaram – falou Lucy.

- precisamos ir – falei ajudando Anita a se levantar.  Nós três saímos correndo.

Nós corremos com todas as nossas forças segurando um na mão do outro assim que passamos pela entrada da caverna percebemos que o sol estava se pondo. Olhamos para Misty e ela estava de lado com os braços cruzados.

- desculpem – falou Misty.

Olhei para a direita e vi Ted e Mike de braços cruzados. A expressão deles era de raiva. Dorothy e Rodolfo também estavam lá. Eles também não pareciam contentes com a nossa visita á caverna.

- Ted, eu…

- não quero nem ouvir – falou Ted bravo – apenas vamos embora – falou ele.

- não! – falei gritando – não, nós não vamos embora.

Todos olharam para mim. Anita também pareceu surpresa.

- não tem problema Kyle! – falou Mike – vamos apenas em bora.

- eu sei porque meu corpo rejeita Ted. Eu sei porque toda vez que nós vamos pra cama eu sangro.

Ted pareceu surpreso ao ouvir aquilo.

- você é o advogado que defendeu o meu pai quando minha mãe resolveu denunciá-lo pelos abusos.

- do que você está falando? – perguntou Lucy.

Ao me ouvir dizer aquilo Dorothy e Rodolfo mudaram a expressão.

- Ted, lembra que você disse que começou a pegar casos que não queria pra poder ganhar dinheiro? O caso do meu pai foi um desses. Você o defendeu e o juiz o absolveu.

- eu me lembro – falou Anita – quando a sentença saiu você e eu fomos para a biblioteca da um universidade e nos escondemos lá no fundo.

- isso é verdade? – perguntou Mike.

- sim – falou Ted deixando uma lágrima cair – agora eu me lembro. Eu defendi o seu pai e o juiz decidiu a favor do seu pai por falta de provas.

- claro que não havia provas. O abuso aconteceu por anos – falei respirando fundo – Anita e eu fizemos um pacto. Se o nosso pai fosse absolvido das acusações nós cometeríamos suicídio. Juntos.

- isso explica minha visão – falou Lucy – Todos na universidade correndo de um lado para o outro. Quando vocês dispararam o tiro todos pensaram que era um ataque terrorista ou algo do tipo.

- sim  – falei olhando para Anita – nós tínhamos duas armas – eu apontei a arma pra sua testa e você apontou sua arma pra minha. Nós apertamos o gatilho ao mesmo tempo. A bomba caiu ao mesmo tempo que apertamos o gatilho. Ela salvou as nossas vidas.

- Vocês são nossos sobrinhos – falou Rodolfo – Ben era meu irmão – falou Rodolfo se aproximando de mim e me dando um abraço e Dorothy se aproximou de Anita e deu um abraço nela – nós não sabíamos do abuso – falou Rodolfo chorando.

- não sabíamos de nada – falou Dorothy também chorando.

Todos agora se lembravam de tudo. A visão que eu tive colocou cada um deles em um papel de alguém da minha vida real. Foi a forma que minha mente encontrou de me contar tudo o que eu sofria no colégio. Mike nunca foi diretor do meu colégio. Foi apenas uma figura que Calíope usou para mostrar o meu passado.

Rodolfo me soltou e eu olhei para Ted que estava sentado em uma pedra chorando. O rosto dele estava vermelho e cheio de lágrimas. Ele se lembrava de tudo e sabia que o tinha feito não era certo. Ele estava arrependido e eu tinha tudo para odiá-lo dentro de mim. A traição é o pior dos sentimentos.

- eu sou um merda – falou Ted chorando – o que eu fiz com você e sua irmã não tem perdão.

- eu te perdoo – me ajoelhei na frente de Ted ficando á sua altura – eu te perdoo Ted – segurei o rosto dele entre minhas mãos.

- porque? – perguntou ele sentindo meus dedos limparem suas lágrimas.

- porque nós vamos viver para sempre. E se eu tiver que escolher entre te odiar ou te amar para sempre eu prefiro te amar. Especialmente agora que nós podemos tranzar – falei rindo.

- ei não mereço seu perdão.

- Eu cometi suicídio e a vida achou que eu merecia uma segunda chance. Quem sou eu pra negar a sua – aproximei meu rosto do de Ted e nossos lábios se tocaram. Ted e eu nos beijamos. Um beijo calmo e apaixonado. Eu cansei de guardar rancor. A Casa guardava rancor e criou uma floresta para me proteger do mundo lá fora. Não quero que o meu coração me impeça de descobrir o que tem por ai.

- você está bem? – perguntou Mike para mim.

- sim – falei me levantando e dando um beijo na boca de Mike – não poderia estar melhor – falei abraçando Mike – é bom ter vocês de volta.

- o que quer dizer com isso? – perguntou Ted se levantando. Puxei Ted e ele me abraçou. Ficamos os três abraçando pro um tempo. Esse tempo em que Anita e eu passamos sozinhos foi o pior de nossas vidas. Andar de um lado para o outro sem saber se encontraríamos todos novamente.

- Pelo menos me diga que você, Anita e Lucy qual é a caverna certa pra sair desse lugar – falou Mike rindo.

- não – falei olhando para ele – nós não encontramos qual caverna leva para o outro lado, mas eu sei como sair daqui – falei olhando para Anita.

- como? – perguntou Ted me soltando.

- é um segredo – falei rindo – e pra descobrirem esse segredo vão ter que arrancar de mim – falei me afastando dos dois. Acho que os dois entenderam o que eu queria. Já que era pra ser eterno que seja a melhor eternidade de todas.

Desculpem por ter ficado tanto tempo sem postar. Estava finalizando outra obra. Chegamos a reta final de Homem Proibido. Espero que tenham gostado do que escrevi até agora e deixem um voto e um comentário. A próxima obra que iriei escrever é 'Príncipe Impossível: Parte Dois'. Vou liberar 10 posteres dessa obra até o dia da estréia. Um abração a todos ;)