Capítulo 20: DIA 14 — 18h38min ás 21h31min | Conto: Crônicas de Perpetua: Homem Proibido — Livro Um

Capítulo 20

DIA 14 — 18h38min ás 21h31min

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E

stava sentado no chão com as pernas dobradas observando a neblina sob o gigante cemitério á minha frente. Anita ainda chorava e era consolada por Clint. Mark, Ted e Mike cavaram um buraco para poder enterrar Misty próximo a água. Eu não consegui ver o corpo. Não quis vê-la morta. Estava por termos descoberto tanto e chegado tão longe e perder Misty antes de chegarmos a Eternia. As vezes sinto que não vale a pena viver para sempre se não puder ser com meus amigos. Nós estamos juntos desde o começo e não sei se suporto perder mais ninguém.

-  terminamos – falou Ted se aproximando de onde eu estava sentado. Olhei para trás e vi uma cova rasa e um pequeno monte de terra. Era Misty enterrada naquela cova malfeita. Não havia muita terra com o que trabalhar e o que eles fizeram foi com a mão.

- precisamos ir – falou Mark – vai escurecer daqui a pouco e precisamos aproveitar o máximo a luz do sol.

- eu não quero! – falou Anita ainda chorando – a culpa foi minha. Ela queria ficar com Will, mas eu não deixei.

- precisamos ir Any! – falou Clint chamando ela com um apelido carinhoso – a culpa não foi sua.

- eu não quero! – falou Anita empurrando Clint que se levantou e olhou para nós.

- eu não sei o que fazer!

- faça alguma cosa – falou Mike olhando para mim e me ajudando a fiar de pé.

- converse com ela – falou Ted.

- tudo bem – falei me aproximando de Anita que estava de joelhos próxima a Misty.

- Anita nós precisamos ir.

- a culpa foi minha!

- não. a culpa não foi sua, não foi de ninguém – falei me abaixando e ficando na altura dela. Segurei seu rosto de limpei suas lágrimas com meus dedões – nós somos sortudos por estarmos vivos. Pelo visto cada um de nós tem uma fraqueza. A fraqueza de Misty é a água.

- mas a culpa…

- pare de dizer que a culpa foi sua. Não foi. Todos sabíamos o que estávamos arriscando quando decidimos sair em busca dessa cidade perdida.

- ele está certo – falou Rose – ninguém te culpa. Se Tenho certeza que ela não te culparia.

- essa dor vai passar – falou Mark – minha noiva morreu nos meus braços pouco antes de Mike me encontrar. No começo achei que não suportaria a dor, mas se tem um médico que cuida bem das feridas é o tempo e pelo o que sabemos nós temos todo o tempo do mundo.

Anita olhou para mim e então nós nos abraçamos. Anita me abraçou forte e eu a abracei com a mesma força mostrando para ela que eu estaria ali para o que der e vier. Anita e eu nos levantamos e nós começamos a caminhar pelo cemitério. Não estou falando de um cemitério com começo, meio e fim. De todos os lados tudo o que se via era cemitério. Estávamos caminhando em silêncio por uns quinze minutos e parecia que não havia fim. Havia milhares de lápides sob a terra marrom. Haviam algum capim e grama em algumas delas, mas elas não pareciam ter sido cuidadas já que a maioria das lápides estavam cheias de terra, teia de aranhas e várias estavam pela metade e quebradas.

- olha eu ia ficar calada, mas ninguém mais está achando estranho esse cemitério interminável? – perguntou Melly parando de andar.

- precisamos continuar – falou Mike.

- ela está certa! – falei parando e jogando minha mochila no chão – vocês não estão curioso para saber porque esse cemitério está aqui? – olhei para Mike e ele apertou os lábios.

- okay, eu vou ver se acho algo no diário que encontrei – Mike jogou a mochila no chão e pegou o diário que havia encontrado no mesmo buraco que o mapa. Eu me aproximei de Ted e dei um beijo na boca dele. Apenas um selo.

- eu não sei o que faria se tivesse sido você – falou Ted respirando fundo.

- eu também não sei o que faria – falei respirando fundo.

- achei! – falou Mike animado com o diário na mão – esse lugar é conhecido como ‘Cemitério dos Hereges’.

- Cemitério dos Hereges? – perguntou Rose assustada – o que isso significa?

- Aqui no diário está marcado o ano de 2103. Aqui diz que a neta da ditadora Sheikh Hasina se casou com um primo de Kim Jong-un e ambos tentaram governar o mundo. Uma espécie de Nova Ordem Mundial onde existiria apenas um país, um líder e uma moeda. Além do mais aqui diz que apenas uma religião era permitida e que todos eram obrigados a acreditar.

- quem é Sheikh Hasina? – perguntou Clint.

- uma das maiores ditadoras. Uma das mais mortais – falou Mike.

- e quem são essas pessoas nesse cemitério? – falei de braços abertos?

- pessoas que lutaram contra a ditadura que eles tentaram criar. Eles nunca foram aceitos como sendo os líderes e por mais que eles tivessem um grande exército ao lado deles a oposição também tinha um grande poder de fogo. A guerra durou treze anos e no dia 16 de Maio de 2117. Chetana Hasina e seu marido Hyeon Jong- hyon foram queimados vivos no continente Mu.

- eles morreram? – perguntou Clint – eu pensei que todos eram imortais.

- não. eles não morreram – falou Mike – durante vinte anos eles botavam fogo nos corpos amarrados para comemorar a derrota e a queda da ditadura. Depois disso eles foram acorrentados, amordaçados e jogados em covas que foram preenchidas com cimento. O lugar é desconhecido até hoje.

- ai diz quantas pessoas tem nesse cemitério?

- sim – falou Mike engolindo em seco – tem pouco mais de dezessete milhões de pessoas.

- como eles puderam fazer isso? – perguntou Mark indignado – a bomba acabou com 98% da população então isso significa que restaram cerca de cento e vinte e dois milhões de pessoas no mundo inteiro. Um casal maluco aparece e com uma guerra mata mais dezessete milhões?

- vai entender – falou Ted – dinheiro e poder acabam com qualquer pessoa.

- quantas pessoas restam no mundo? – perguntei curioso.

- só saberemos isso quando chegarmos a Eternia – falou Mike guardando o diário – precisamos ir. Precisamos seguir em linha reta até sairmos desse lugar.

- então vamos! – falei pegando de volta minha mochila.

Nós continuamos a caminhar, mas dessa vez podia-se notar o medo no olhar de todos. Mesmo nas maiores crises existiam pessoas gananciosas por poder e dinheiro. Rodolfo e Dorothy andaram perto de Anita. Ela ainda estava triste com o que tinha acontecido com Misty. Mike, Ted e Mark caminhavam um pouco mais a frente. Lucy, Melly e Clint caminhavam ao meu lado. Todos seguiam em silêncio. O chão era estranhamente húmido e não ouvia-se o som de animais ou insetos. O sol começou a se por e ficou escuro enxergar. Mark, Ted e Mike estavam com uma lanterna agora iluminando o nosso caminho.

- eu não aguento mais andar – falou Lucy se sentando em uma das lápides.

- você é maluca! – falou Rose.

- o que é?

- se sentando nessa lápide – falou Rose – não tem medo de fantasmas?

- eu não acredito nessas coisas.

- considerando o mundo em que estamos eu acho que você deveria reconsiderar isso – falou Mark.

- tudo bem – falou ela se levantando e olhando o nome na lápide – desculpa senhora… - Amanda Oliveira – falou ela se levantando. – eu não achoo que exista fantasma – falou Lucy – só pra ficar registrado.

Nesse momento ouvimos o som de um uivo. Um  longo e arrepiante ouvi que nos fez ficar em silêncio. Todos olhamos um para o outro e Ted lambeu os lábios.

- Acho que fantasma são os menores dos nossos problemas.

- será que os caixões da FEMA foram usados? – perguntou Melly.

- que caixões? – perguntou Clint.

- você não sabia? A FEMA tinha milhares de caixões. O governo nunca se pronunciou sobre e a FEMA fingia que eles não existiam. Ninguém sabia para o que eram. Era como se eles estivessem se preparando para algo.

- eu me lembro – falou Rose – diziam coisas sobre ‘illuminatis’ e essas coisas.

- sim – falou Melly – algumas pessoas diziam também que o governo criava helicópteros negros sob demanda. Centenas, milhares foram feitos caso precisassem.

- você está começando a soar como uma conspiracionista – falou Clint rindo.

- veja só onde estamos. Parece que a conspiração era real – falou Melly.

- você tem alguma teoria sobre algum mapa que nos mostre como chegar nessa cidade? – perguntou Dorothy.

- não – falou Melly triste – bem que eu queria. Faz anos que não durmo no chão.

- nós podemos armar as barracas agora se você quiserem – falou Mike.

- não – falou Dorothy – eu não quero dormir em um cemitério – falou ela segurando na mão de Rodolfo.

- eu também não quero – falou Clint – eu sou supersticioso e sou imortal. Não quero passar nenhuma noite sequer nesse cemitério.

- mas esse lugar é imenso – falou Mark.

- vamos andar mais um pouco – falou Teddy – podemos andar mais algumas horas para vermos se sairmos daqui.

- pode ser – falou Lucy.

- tomem cuidado – falou Mike – está escuro e pelo ouvi pode ser que não estejamos sozinhos aqui.

- Deus me livre – falou Melly eu morro de medo de lobos.

Nós continuamos a caminhar e a Lua apareceu lá no alto. Ela estava brilhante e era gigante. A cena era no mínimo assustadora: noite de lua cheia e um bando de pessoas caminhando em um cemitério. Uma perfeita cena de filmes de terror. Nós continuamos a caminhar e parecia que aquele lugar não tinha fim. Os galhos e folhas secas que quebravam sob nossos pés enquanto atravessávamos aquele cemitério. Nós caminhamos e Lucy acabou ouvindo o som de algo e ficou para trás apontando a lanterna para o lado direito do cemitério.

- Lucy? – falei olhando para trás.. Ela olhava atônita na direção da lanterna. O que está fazendo? – falei voltando e indo na direção dela.

- eu não sei, achei ter ouvi passos.

- Lucy? Kyle? – falou Ted ao longe vendo que nós tínhamos ficado para trás – o que estão fazendo?

- Lucy ouviu passos.

- sim, provavelmente nossos passos – falou Mark.

- provavelmente – falou Lucy apontando a lanterna para mim e nesse momento vi um vulto passando por trás de Lucy.

Eu me assustei e segurei no braço de Lucy.

- o que foi? – perguntou ela assustada.

- eu vi um vulto – falei com o coração batendo disparado.

- você vem ou não? – gritou tio Rodolfo.

- tem alguma coisa na floresta! – gritei olhando para eles.

- não tem nada aqui – falou Mike – vocês só estão assustados.

Nesse momento um grande vulto veio correndo na nossa direção e parou a alguns metros de distância ficando entre nós e o pessoas que estavam mais a frente. Era um lobo gigante, mas estava de pé sob duas patas e ele tinha três articulações nas pernas. Ele tinha longos dentes e olhos esverdeados que brilhavam com a luz da lanterna. Ele estava babando e olhava com raiva.

- lobisomem! – gritou Lucy segurando na minha mão.

Ao ouvir dizer aquilo a criatura olhou para o alto e voltou um uivo.

- corram! – gritou Mike.

Lucy e eu começamos a correr para o lado direito do cemitério e ao longe vimos o que parecia ser uma grande floresta. Lucy e eu estávamos de mãos dadas e ouvimos sons de tiros. A arma estava com Ted e paramos e olhamos para trás. Quando eu parei senti o lobisomem correndo na minha direção e vindo até mim. Ele estava furioso e veio na minha direção. O meu reflexo foi colocar as duas mãos na direção do lobisomem para proteger meu rosto e quando eu fiz isso ele foi jogado para trás como se alguma força que saiu doo mim o tivesse empurrado.

- como você fez isso? – perguntou Lucy espantada.

- eu não sei – falei caído no chão. A força foi tão grande que eu também fui jogado para trás.

- vem Kyle! – falou Lucy segurando na minha mão e nós corremos agora para frente olhando para o lado para ver se encontrávamos Mike, Ted e os outros. Conseguíamos ver a luz das lanternas agitadas enquanto eles corriam.

- precisamos ir até eles! – falei parando e olhando para Lucy.

- será que vai dar tempo? – perguntou Lucy apontando a lanterna em volta do cemitério. Ouvimos agora três ou quatro ouvis ao mesmo tempo. Aquilo nos fez arrepiar.

- tem que dar – falei apontando a lanterna – vamos?

- como eu sinto falta do tempo em que os lobisomens eram caras gostosos sem camisas – falou Lucy começando a correr e eu segui atrás dela.

- Kyle?! Lucy! – todos estavam gritando e procurando por nós.

- estamos aqui! – gritei correndo e sentindo uma presença atrás de nós. Enquanto corríamos olhei para trás e vi um vulto de olhos esverdeados correndo na nossa direção. Antes que pudesse olhar para frente eu tropecei em um pedaço de lápide caído no chão e bati a cara com toda força. Eu me contorci de dor no chão e virei meu corpo. Meu nariz estava quebrado e sangrando.

- Kyle! – gritou Dorothy quando viu que o lobisomem estava em cima de mim preparado para me matar e me dilacerar foi quando ouvi passo até mim  e então um baque. Era Mark. Ele tinha em sua mão um pedaço de madeira que ele usou para bater no lobisomem que urrou raivoso.

- levanta! Vamos! – falou Mark me dando a mão me ajudando a levantar. Ted andou na minha direção junto com Mike que segurou em minha mão. Ted apontou a arma para o lobisomem e atirou quatro vezes no rosto do monstro que caiu para trás.

- você está bem? – perguntou Mike.

- estou – falei tirando a mão do rosto – acho que quebrei o meu nariz.

- Melly! – gritou Clint.

Todos olhamos para trás e vimos outro lobisomem se aproximar de Melly e dar uma patada com duas grandes garras no rosto de Melly. Seu rosto começou a sangrar e ela cuspiu sangue. Os arranhões ficaram em seu corpo e a criatura foi por cima de Melly e a empurrou no chão mordendo na altura de seus intestinos e começou a comer e estripar.

Ted pegou a arma e começou a atirar na criatura, mas agora já não saiam mais balas. Ele então jogou a arma no chão e Mark se aproximou batendo nas costas da criatura com aquele pedaço de madeira, mas ela apenas olhou para Mark com raiva para poder ataca-lo e Mark recuou assustado. Eu tentei ir até Mark, mas Mike me segurou. Foi então que eu empurrei Mike e fui até Mark.

- Kyle! – falou Ted – o que está fazendo?

- eu posso ajudar – falei levantando as mãos e fiz um gesto para frente tentando empurrar a criatura como fiz a alguns minutos atrás, mas nada aconteceu.

- o que está fazendo? – perguntou Mark assustado.

- eu não sei, deu certo antes.

A criatura olhava para Mark e eu e parecia estar em posição de ataque esperando apenas que qualquer um de nós fizesse algum movimento, mas Mark e eu estávamos apenas lá parados enquanto o lobo ofegante com os enormes dentes a mostra nos encarava.

- Melly está viva? – perguntou Anita.

Eu me movi um pouco e inclinei tentando ver e vi Melly destroçada no chão.

- não, ela morreu – falei com raiva – eu respirei fundo e mais uma vez movi os braços e o lobo foi arrastado para trás como um pequeno empurrão.

- como você fez isso? – perguntou Mark.

- eu não sei – falei respirando fundo e novamente fazendo o gesto com a mão.

- você tem super poderes! – falou Rose.

- não necessariamente – falou Mike – a física quântica pode explicar isso.

- não importas o que seja – falou Mark – você acha que consegue matar essa coisa?

- eu não sei – falei respirando fundo.

- você precisa tentar – falou Clint – essa coisa matou a Melly.

- eu vou tentar – falei respirando fundo e me concentrando. Eu fechei os olhos e contei até três eu movi as mãos com todas as forças, mas não deu certo. O lobisomem se sentiu ameaçado e veio para cima de mim. Ele me derrubou no chão e todos se juntaram e começaram a chutar e bater no lobisomem. Eles gritavam desesperados enquanto batiam no lobisomem que segurava no meu pescoço com uma mão e com a outra ele tentava se livrar dos ataques. Sempre ofegante e fazendo sons estranhos.

Eu tentava usar a força da mente ou sei lá… essa força que me fazia mover as coisas sem tocar, mas não deu certo. Foi então que Rodolfo pegou o pedaço de madeira que estava com Mark e tomou distância. Ele veio correndo com toda sua força e enfiou a madeira no peito da criatura que acabou empalada. O sangue era uma gosma verde que jorrou no meu rosto. O lobo se contorceu e ouviu-se sons de uivos. A criatura caiu de lado e eu senti meu pescoço ser degolado enquanto as garras da criatura eram apertadas contra meu pescoço.;

- não! – gritou Rodolfo.

- Kyle! – gritou Ted se ajoelhando vendo enquanto eu engasgava com o meu próprio sangue.

- façam alguma coisa! – falou Dorothy me vendo engasgar e lentamente falecer. A última coisa que senti em minha mão foi segurar na camisa de Ted. Eu queria dizer algo como ‘eu te amo’, mas não conseguia. A escuridão tomou conta da minha visão. Ouvi uma voz grave em minha cabeça. Não entendia o que era tudo o que sei é que senti meus pulmões enchendo de ar e então eu parei sentado.

- Kyle! – falou Lucy – ele acordou. Eu estava ofegante e respirando fundo. Sentia como se tivesse corrido uma maratona.

- que bom que você voltou! – falou Anita me abraçando. Eu estava sentado no chão do cemitério. O céu estava negro e eu sentia um pouco de dor na garganta. Passei a mão e senti uma cicatriz.

- o que aconteceu? – falei respirando fundo olhando para Ted.

- você morreu – falou Ted – mas voltou – falou ele me ajudando a levantar me abraçando. Ele deu um selo na minha boca e Mike se aproximou e também deu um beijo na minha boca.

- e Melly? Ela já reviveu?

- não – falou Rose – ela morreu pra valer. Nós a enterramos.

- mas porque?

- eu não sei – falou Mike – aparentemente todo mundo morre um dia. Eu ainda não sei qual é a regra. Tudo o que eu sei é que você continua revivendo enquanto outros continuam morrendo – Mike tinha um sorriso no rosto. Ele estava feliz por eu estar vivo.

- precisamos continuar – falou Rodolfo se aproximando e passando o braço por trás de mim – esse lobisomens podem voltar.

Todos então se levantaram e pegaram suas mochilas. Ted me entregou um cantil com água e eu matei a minha sede. Eu sentia como se não bebesse água a anos. Nós continuamos a caminhar pelo cemitério e mais uma vez o silêncio parecia ser inquebrável. Eu não vi Melly depois que acordei. Ted disse que eles á tinham enterrado. Clint, Mark e Mike ficaram mais chateados do que os outros afinal eles ficaram muitos anos juntos.

- eu não aguento mais andar – falou Anita se sentando depois de uma longa caminhada. Ela simplesmente de escorou em uma das lápides. Essa lápide que ela se escorou se moveu e então uma fagulha de luz saiu de lá.

- o que é isso? – perguntou Rose olhando para Anita que se afastou da lapide – é uma luz?

- acho que sim – falou Mike se aproximando e aproximando a mão – está quente.

- então é fogo – falou Dorothy.

Assim que Dorothy disse isso eu senti calor na palma da minha mão. Eu estava tocando uma das lápides e o coro da palma da minha mão ficou na lápide.

- que merda! – falei sentindo o ardor.

Começamos a ouvir explosões e de longe víamos lápides sendo jogadas para o alto e fogo saindo de dentro das covas. Era um cemitério de fogo.

- corram! – gritou Mike e mais uma vez nós começamos a correr. As lápides começaram a ser jogadas para o alto e chamas de fogo começaram a iluminar o lugar. Foi ficando cada vez mais quente e meu comecei a suar e minha boca a ficar seca. Chegamos então a parte do cemitério que parecia uma ladeira e como estávamos correndo nós escorregamos e caímos e rolamos ladeira abaixo e só paramos lá embaixo. Para nossa sorte o fogo só estava na parte de cima. Olhei para os lados e senti uma forte dor de cabeça. Me coloquei sentado e me levantei ajudando Anita a se levantar. Em seguida ajudei Rose.

- vocês estão todos bem? – perguntou Ted se levantando e ajudando Mark.

- sim – falou Mike se levantando e ajudando Mark a ficar de pé.

- o que diabos aconteceu? – perguntou Lucy arrumando o cabelo.

- eu não sei  -falou Mark – ainda bem que saímos de lá.

- eu não sei o que é pio: lobisomens ou fogo – falei respirando fundo tentando me acalmar e limpando a terra e cemitério da minha roupa.

- tanto faz – falou Mark – você vai ficar vivo de qualquer jeito.

- o que isso quer dizer?

- nada – falou Mark irritado.

- me fala – falei me aproximando dele e empurrando-o – fala!

- porque você tem direito de viver e Melly e Misty não? – falou ele puto – porque você é o escolhido?

- eu não sou escolhido. Eu morro também.

- não parece – falou ele com raiva.

- vamos parar com isso! – falou Mike tentando controla-lo.

- você sabia que mesmo vivendo eu sinto as dores? você sabe como dói ser degolado? Porque eu sei e eu me lembro da dor. As vezes eu desejo poder morrer. Nem sempre é uma maldição.

- vamos parar de brigar! – falou tio Rodolfo.

- eu não aguento mais isso – falei avançando no tio Rodolfo e pegando um punhal eu ele trazia em sua mochila. Eu o coloquei no pescoço e quando fui atravessá-lo em meu pescoço eu não consegui mover minha mão.

- Kyle! Por favo r, não faça isso – falou Anita com a mão na boca.

- para com isso Kyle – falou Mike se aproximando com Ted.

- eu não consigo – falei tentando mover minha mão.

- isso mesmo. Não faça e apenas joga essa faca no chão.

- não. eu falo sério. Eu não consigo mover meu braço.

Ted se aproximou devagar e pegou a faca da minha mão. Apenas quando a faca foi retirada do meu braço que eu consegui mover meu braço novamente. Era como se ele tivesse sido congelado. Eu respirei fundo assustado.

- o que aconteceu? – perguntou Lucy.

- eu não sei. Não conseguia mover meu braço.

- não importa – falou Mike – vamos seguir viagem.

- okay – falei pegando a minha mochila. Mark olhava para mim, mas eu não olhei na cara dele.

Aquilo poderia dizer muito sobre mim. É obvio porque eu não consegui me matar o meu corpo está me protegendo. Ele criou uma defesa contra mim mesmo. Eu tentei uma vez e ele não vai deixar que eu o faça de novo. Eu tinha a minha resposta e por fim decidi ignorar o que Mark tinha dito ou insinuado e segui viagem. Tudo o que eu queria era sair daquele maldito cemitério.

Obrigado a todos por estarem me acompanhando. Caso você não esteja sabendo eu pretendo começar 'Príncipe Impossível: Parte Dois' e 'Sedutor Maldito: Volume Dois' assim que finalizar Homem Proibido e faltam mais ou menos três ou quatro capítulos para finalizar. Não esqueçam de deixar o seu comentário e o seu voto. Um grande abraço e um beijo.