H
|
Capítula Trinta e Três
RANDOLPH
omens
são canalhas e esse é o maior clichê de todos. Dizem que está no instinto, mas
eu digo que está no caráter ou na falta dele. Ed estava segurando a cabeça de
Tabitha enquanto ele movia sua cintura lentamente fazendo com que ela engolisse
todo seu membro e ela o fazia sem reclamar. Em choque com o que estava vendo
acabei paralisado e o pior é que não consegui desviar o olhar. Edgar olhou para
mim e lambeu os lábios parecendo não se importar com a minha presença e
percebendo que talvez eu estivesse incomodando eu consegui recuperar os
sentidos e dei alguns passos para trás e sai de lá o mais rápido possível. Voltando
ao salão eu procurei não transparecer em meu rosto o que tinha acabado de ver
então olhei em frente e de longe Sam percebeu pela minha expressão e pelo meu
rosto pálido que tinha algo de errado comigo.
- o que aconteceu? – perguntou Sam assim que me aproximei do balcão –
não encontrou o terno?
- não – falei colocando as duas mãos o balcão e respirando fundo.
- mas eu encontrei – falou Ed me assustando. Ele chegou logo atrás de
mim com um terno dos anos 20 igual a que eu vestia – venha comigo até o
banheiro Kai. você pode se trocar lá.
- okay Ed – falei seguindo-o.
Assim que entramos no banheiro Ed fechou a porta. Comecei a tirar a
minha roupa e Ed ficou lá me observando. Não sei se ele ia simplesmente ignorar
o que eu tinha visto, mas eu não ia tocar no assunto. Não era da minha conta.
Ed me entregou o terno quando eu fiquei apenas de cueca e eu comecei vestindo a
parte de baixo. Quando estendi o braço para pegar a parte de cima Ed não me entregou
e me encarou pensativo.
- a gente precisa conversar sobre o que você viu… - falou Ed lambendo os
lábios.
- não. Não precisamos.
- claro que precisamos Kai. Você faz parte da família…
- para com essa palhaçada de família. Você estava recebendo um boquete
de uma funcionária. você com certeza não sabe o significado de família.
- você vai me ouvir! – falou ele vindo para cima de mim com raiva – você
vai ouvir o que eu tenho a dizer e de boca fechada, okay? Eu cansei de ser
acusado!
- tudo bem! Fala logo – falei me escorando na pia do banheiro e olhando
para ele eu cruzei os braços.
- olha Kai… - falou Ed jogando o terno para mim e colocando uma das mãos
na cabeça e respirando fundo – eu estou puto por todos acharem que eu sou um
canalha, okay? Agnes e eu discutimos ontem, sabia que eu passei a noite e o dia
inteiro aqui?
- na verdade não sabia. Não conversei com as garotas desde comecei a
trabalhar aqui.
- pois é – falou ele rindo sarcástico e sabe qual foi o motivo da briga?
– falou ele dando uma volta mostrando o banheiro – esse lugar: ∫corpio ♏ PeppermiπT. Nós brigamos por porra nenhuma. Agnes sempre odiou esse lugar pela
POSSIBILIDADE e eu traí-la e eu nunca o fiz. As amigas colocam coisas na cabeça
dela e até os meus amigos não acreditam quando eu digo que nunca fiz nada –
falou ele ofegante – e sabe o que ela me disse ontem? ‘Sou eu ou aquele lugar’.
Ela quer que eu venda o lugar que eu lutei para conseguir ou ela vai dar
entrada no divórcio.
- poxa Ed eu nunca imaginei que a briga de vocês por causa da casa de
burlesco fosse algo tão sério…
- pois é – falou ele rindo – e sabe o que eu vou fazer? Vou vender. A
minha família vai vir sempre em primeiro lugar.
- então porque você fez aquilo o que eu acabei de ver?
- eu estou puto Kai! Puto pra caralho. Sabe o duro que eu dei pra
construir esse lugar? Foram anos de empenho. O meu suor e meu sangue estão
nesse lugar, em cada tijolo que foi usado para erguer as paredes que sustentam
esse teto – falou ele com os olhos úmidos claramente emocionado - já que eu fui
acusado, julgado e condenado por algo que nunca fiz eu pensei: Que se foda! Já
que vou jogar desistir do meu sonho por algo que nunca fiz eu acho que tenho
imunidade pra fazer o que eu quiser. Tabitha foi a primeira a chegar hoje. Ela
sempre foi tão empenhada e ela sempre deu risada das minhas piadas sem graças e
quando eu percebi minha boca estava no meio das pernas dela.
- meu deus – falei colocando as duas mãos no rosto – não foi só um
boquete?
- ela chegou para trabalhar as duas, ela veio ensaiar uma nova
coreografia – Falou Ed respirando fundo – eu apareci de repente enquanto ela
dançava, ela se assustou, eu disse que ela estava maravilhosa, nós fomos ao meu
escritório, nos beijamos, fodemos a tarde toda e o que você acabou de ver foi a
ela tentando tirar as últimas gotas do que sobrou do meu esperma – falou ele parecendo
arrependido.
- que droga Ed – falei com raiva.
- você vai contar para a Agnes. Não vai?
- claro que não. Isso não é da minha conta. Só não vou dizer ‘minha boca
é um túmulo’ porque toda vez que eu digo isso eu conjuro uma maldição que me
faz contar pra minha pessoa que cruza meu caminho.
- eu vou resolver isso Kai – falou Ed se aproximando de mim e me dando
um abraço.
- você precisa – falei abraçando ele.
- vou fazer uma oferta a Randy, ele sempre mostrou interesse nesse
lugar.
- não faça isso – falei olhando para Edgar – esse lugar é seu bebê.
- eu preciso. Não posso perder minha esposa.
- você quer perder suas bolas? Porque é isso que vai acontecer se você
vender esse lugar – falei respirando fundo e colocando a mão no ombro dele –
seja homem Ed. Chame um advogado e de entrada nos papéis do divórcio antes
dela.
- mas eu não quero perde-la – falou ele franzindo a testa.
- Agnes também não – falei colocando a mão no rosto dele e dando dois
tapas de leve – isso é um jogo de poder meu bom amigo. Se você deixar ela
ganhar agora, você está fodido – passei por Ed indo em direção a porta.
- você está certo – falou Ed olhando para mim – vou ligar para o Carter
agora mesmo e pedir para ele organizar a papelada.
- faça isso – falei abrindo a porta do banheiro.
- valeu mesmo Kai – falou Ed parecendo contente por ter desabafado.
- Não foi nada Ed – falei dando dois passos para fora do banheiro e
voltei a olhar para ele que já estava com o telefone no ouvido – só pare de
foder a Tabitha. Você foi considerado culpado por apenas um crime que você não
cometeu e isso te dá apenas um passe livre e você já usou.
- okay, fica tranquilo Kai. Não vai acontecer de novo.
A Casa abriu e eu fiquei de apresentar Kakau para Sammy, mas deixei isso
mais para o fim da noite. No momento eu precisava de Kakau junto de Randy.
Precisava que alguém além de mim percebesse que ele era um Stalker maluco que
tinha me comido uma vez e agora queria me comer de novo. Não podia levar esse
problema a Cory a menos que eu tivesse 100% de certeza e eu pretendia confirmar
isso hoje a noite.
- Merda! – falei voltando ao balcão trazendo pratos e talheres da mesa dois.
- o que foi? – perguntou Beverly pegando com Sammy algumas latas de
Blade, Swamp Red e Miller.
- minha vizinha é professora e um dos alunos dela desapareceu. Ela me
entregou alguns cartazes para eu deixar aqui, mas acabei esquecendo no carro do
meu companheiro.
- ele trabalha aqui perto? – perguntou Sammy.
- sim. ele é delegado. Trabalha no distrito aqui em frente.
- Se você quiser eu cubro a sua área enquanto você busca pelos cartazes
– falou Beverly.
- você faria mesmo isso – falei animado.
- claro – falou ela com um sorriso.
- você é um anjo – falei pegando as duas mãos dela e dando um beijo –
prometo que não demoro.
Assim que sai da Scorpio Peppermint atravessei a avenida indo até a
delegacia e vi que por ser pouco mais de meia noite ela estava silenciosa e
escura. Os policiais deveriam estar dormindo, fazendo as rondas na rua, e os
poucos que estavam de plantão na delegacia provavelmente estavam tirando um
cochilo esperando algum chamado. Fui direto até o estacionamento que estava
escuro e olhei para os dois lados sentindo uma brisa gelada passar por mim.
Quando olhei de volta para o carro de Cory tive a impressão de ver um vulto se
encolher atrás do carro. No mesmo instante eu parei.
- quem está ai? – assustado eu dei alguns passos para o lado e percebi
que parecia ser uma pessoa pequena que se levantou. Ela foi saindo da escuridão
e percebi que ela estava com uma arma na mão apontando para mim.
- não se mova garoto – falou uma senhora baixinha de cabelos curtos com
uma ficção meiga. Parecia ter os seus 50 e poucos anos e percebi pelo sotaque
que ela não era desse país.
- não precisa atirar. Pode levar o que você quiser.
- ela não vai atirar – falou um homem saindo do outro lado do carro. Um
homem de olhos azuis e cabelos loiros.
- você é Kai? – perguntou a senhora.
- sim, sou eu.
- nós temos te observado Kai – falou a mulher guardando a arma em sua
bolsa – não se preocupe. Nós não vamos te machucar.
- quem são vocês – perguntei assustado.
- eu sou Luke Cohen – falou o rapaz estendendo a mão – essa senhora
meiga é Chun Li.
- Chun Li? – perguntei apertando a mão do rapaz e depois eu apertei a
mão dela – eu já ouvi falar de você.
- tenho certeza que sim – falou a senhora com um sorriso – posso apostar
que já ouvir falar também da minha filha. Ellen Li.
- sim – falei confuso – na verdade me disseram que ela tinha fugido com
um cara chamado Luke Cohen – falei olhando par o homem.
- nós temos te observado Kai Winchester – falou Chun Li – aquelas
pessoas são más.
- aquelas pessoas? – perguntei olhando para Chun Li.
- sim. As pessoas de Moracea Lane. As pessoas daquela rua fariam
qualquer coisa para guardar um segredo. Inclusive deportar uma senhora para o
seu país de origem e mandar um rapaz para cadeia por um crime que não cometeu –
falou ela olhando para Luke.
- isso é verdade? – perguntei olhando para Luke.
- tudo o que sei é que um dia acordei com policiais derrubando a porta
da minha casa. Eles não tinham mandado nem nada. Eles disseram que receberam
uma denuncia anônima e o pior de tudo é que encontraram droga escondida na
garagem da minha casa. Droga que não era minha.
- eras muita droga? – perguntei curioso.
- O suficiente para me fazer sumir por um tempo – falou Luke respirando
fundo – por sorte meu irmão mais velho é advogado. Do contrário eu ficaria
preso por muito mais tempo.
- como vocês dois se encontraram? – perguntei olhando para Chun Li.
- a Sr. Agnes e o Sr. Ed me deram muito dinheiro e disseram que eu
deveria voltar meu país de origem, mas eu me recusei. No dia seguinte a
imigração recebeu uma ligação com o endereço da minha casa. Uma denuncia
anônima. Eles me deportaram de volta para o Vietnã. Eu sabia que tinha algo de
errado. Sabia que minha Ellen Li não largaria os estudos para fugir com nenhum
garoto. Eu consegui voltar a esse país e consegui descobrir onde Luke estava.
Para a minha surpresa ele estava preso.
- alguma coisa aconteceu naquele lugar Kai – falou Luke olhando para mim
– e algo me diz que Ellen Li nunca deixou aquela rua e está lá até hoje.
- como vocês me conhecem? Porque vocês tem me vigiado?
- a única pessoa que confiamos naquela rua é Leroy Riverty – falou Luke.
- o loiro? – perguntei jogando verde para ter certeza de que eles
conheciam mesmo Leroy.
- não. o cara todo tatuado – falou Luke confirmando com a cabeça – você sabia
que o antigo delegado desse distrito – falou ele olhando para a delegacia – morava
na mesma casa que você e seu marido, atual delegado, vivem?
- sério? – perguntei surpreso.
- sim – falou Luke cruzando os braços – algumas semanas depois de eu ir
preso e Chun Li ter sido deportada o antigo delegado perdeu o emprego e foi
preso por corrupção. Isso significa que já sabemos quem pode ter plantado as
drogas na minha casa.
- você não pertence aquele lugar Kai – falou Chun Li colocando a mão em
meu rosto – vejo em seus olhos que você passou por muita coisa, perdeu pessoas
que são importantes em sua vida.
- você está certa – falei respirando fundo.
- tudo o que peço é que nos ajude a descobrir o que aconteceu com Ellen
Li – falou Luke olhando para Chun Li que nesse momento pegou uma foto da filha
na bolsa e me entregou. Engoli seco ao ver a foto daquela jovem. Ela parecia
ter tanto potencial – nós dois merecemos justiça Kai. Tem algo de muito podre
no reino das Figueiras. Aquele lugar precisa ser exposto e precisamos da ajuda
de alguém de dentro. Alguém que tenha a confiança deles. Se nós aparecermos por
lá, não sei do que aquelas pessoas são capazes de fazer para manter esse
segredo.
- como vocês entraram em contato com Leroy?
- eu fui até ele – falou Chun Li.
- sei que nós nos arriscamos, mas nós nos prevenimos – falou Luke
pegando o celular e me mostrando uma foto de Chun Li vestida de freira. Ela
inclusive estava usando óculos escuros – ela chegou de Uber e foi embora de
Uber. Não fez contato visual com ninguém.
- eu entendo – falei olhando para os dois – vocês podem contar comigo. Sempre
soube que havia alguma coisa de errado nessa história sobre a fuga da garota
com o cara da casa vazia.
- muito obrigado Kai – falou Luke apertando forte minha mão.
- te agradeço muito meu rapaz – falou Chun Li se aproximando. Me
inclinei e ela deu um beijo no meu rosto.
- preciso pegar uma coisa no carro e voltar para o trabalho – falei
apertando os lábios.
- nós já vamos – falou Luke – a gente mantem contato com você.
- como? – perguntei confuso.
- a gente te observa. Vamos estar onde você estiver – falou Chun Li
acenando enquanto ela e Luke caminhavam através do estacionamento. Depois de
pegar os cartazes no carro voltei para a Scorpio Peppermint. Deixei os cartazes
com o anfitrião e pedi que ele entregasse para os clientes que estivessem indo
embora. A caminho do balcão vi Kakau conversando Sam.
- olha só – falei me juntando aos dois – parece que não vou precisar
apresenta-los.
- você é muito divagar Kai – falou Kakau rindo – esse gatinho aqui está
querendo me conhecer e você só deixa pro ‘fim da noite’?
- desculpa Kai, mas eu tive que te dedurar – falou Sammy rindo.
- me desculpa se eu não saio te oferecendo por ai como um biscate.
- a propósito… Randy disse que você não tirou seu descanso de 15 minutos
– falou Kakau olhando para mim.
- isso não é da conta dele.
- eu só estou dando o recado – falou Kakau tomando um gole da margarita
que Sammy fez pra ela – ele disse que gostaria que você tirasse o descanso
sentado á mesa junto com ele.
- viu só? Ele está ou não dando em cima de mim? O que você achou Kakau?
Eu servi vocês dois a noite toda e ele está sempre me elogiando, perguntando
como foi meu dia e eu tenho certeza que ele fica olhando minha bunda.
- posso ser sincera? – perguntou Kakau tomando outro gole.
- claro.
- em nenhum momento ele fez nenhum comentário inapropriado ou sequer
olhou pra sua bunda e pra dizer a verdade ele disse que o negócio dele é mulher
e que não está interessado em você.
- você perguntou a ele? – perguntei bravo.
- claro. É a coisa adulta a se fazer. Pergunta logo de uma vez e para de
palhaçada.
- você é das minhas – falou Sam rindo e acariciando o rosto de Kakau.
- é claro que ele vai dizer que o negócio dele é de mulher, mas se o
negócio dele é mulher porque então ele… você sabe… me comeu junto com o Cory? –
Sam deixou uma das canecas que ele segurava cair no chão ao ouvir aquilo.
- você está bem? – perguntou Kakau.
- sim, estou – falou Sam pálido olhando para mim.
-não parece – falei preocupado com ele – você está pálido.
- não é nada – falou Sam forçando um sorriso – minha taxa de açúcar deve
ter baixado – falou ele pegando os cacos de vidro e jogando na lixeira – então…
- falou ele tentando ficar sério – você disse que Randy e você já… fizeram
sexo?
- sim. no dia em que nos conhecemos. Eu sinceramente me arrependo
daquela noite, mas eu posso dizer com certeza que Randy não teve dificuldade
nenhuma em ficar duro por mim.
- não estou me sentindo bem – falou Sam parecendo tonto.
- Sam! – falou Beverly aparecendo e ajudando Sam a ficar de pé.
- eu estou bem – falou Sam respirando fundo – eu preciso aplicar uma das
minhas dosas adora – falou Sam lambendo os lábios.
- ele está bem? – perguntei preocupado.
- Sam tem diabetes tipo 1. Ele precisa aplicar insulina a cada 4 horas,
mas ele deve ter esquecido.
- Sam seu idiota! – falou Ed aparecendo e ajudando Beverly a colocar Sem
sentado em uma cadeira – eu disse pra você não se esforçar tanto – Ed pegou a
bolsa que Sam carregava e pegou uma das doses e aplicou em Sam.
- vai ficar tudo bem! – falou Kakau passando a mão nos cabelos de Sam
que começou a rir.
- esse é um péssimo primeiro encontro – falou ele respirando fundo.
- tá brincando? O melhor de todos! Deixei o cara caidinho por mim.
Literalmente – falou Kakau fazendo todos rirem.
- o que aconteceu? – perguntou Randy chegando preocupado e dando a volta
no balcão – você está bem Sammy? – Randy se agachou para ficar na altura dele.
- estou sim Randy – falou ele olhando para Randy.
- ele só esqueceu de tomar a insulina – falou Ed.
- cara você é otário, sabia? – falou Randy rindo e se levantando – está
querendo se matar de trabalhar? Senhor Edgar Rogers eu vou denunciar esse
lugar. Esta tentando escravizar os funcionários?
- bem que eu tento – falou Ed rindo.
Nesse momento Juniper entrou no palco vestida de colegial sexy dublando
Britney Spears. Não preciso nem dizer qual música e nem que os ‘daddys’ da Casa
babaram enquanto ela os provocava ao estilo Lolita. Assisti a apresentação de
Juniper por alguns poucos segundos e voltei a minha atenção a Sam.
- bom, já que você está bem Sam acho que vou tirar o meu descanso – falei
caminhando em direção a cozinha. Passei pelo corredor, o depósito e cheguei até
o lado de fora. Graças a Deus daquela vez não tinha ninguém se beijando ou
pagando boquete. Tinha apenas a noite escura e o chão molhado. Parece que tinha
caído uma chuva que tinha deixado o clima mais gelado. Ali era um bom lugar
para ficar sozinho e eu precisava ficar sozinho um pouco para pensar.
Especialmente depois de ter conhecido Chun Li e Luke Cohen. Me sentei no degrau
perto da porta e senti um grande alivio por estar sentado. Respirei fundo e
senti a porta se abrir atrás de mim.
- Kai? você está ai? – era a voz de Randy.
- pelo amor de Deus – falei me levantando.
- que bom que eu te encontrei – falou Randy descendo os degraus deitando
a porta se fechar atrás dele.
- mas que desgraça… - falei com raiva.
- o que foi? – perguntou ele ficando de frente para mim.
- cara, porque você não me deixa em paz?
- porque você está tão nervoso? – perguntou Randy com um meio sorriso –
fica calmo, eu só queria.
- tira a mão de mim seu velho pervertido – falei batendo a mão no braço
dele. A expressão de Randy mudou depois que fiz aquilo. Ele ficou sério e
pareceu bravo – eu tenho nojo da sua cara seu velho nojento.
- porque você está me tratando assim moleque? Tudo o que eu estou tentando
fazer é me aproximar de você.
- e tudo o que eu tenho feito é tentar me afastar de você! Será que você
não percebeu? – falei gritando – olha onde eu vim tirar o meu descanso? Em um
beco frio e escuro. Será que você não tem nenhuma puta pra você comer não? Tem
que ficar atrás de mim?
- cuidado com o que você fala moleque – Randy apontou o dedo na minha
cara com raiva vindo pra cima de mim.
- o que você vai fazer? Me bater? Você deve fazer muito isso né? Quando
não consegue uma coisa deve bancar o macho alfa e partir pra agressão. Adivinha
só? Pode quebrar a minha cara. Arrebenta ela com gosto porque esse cuzinho aqui
você nunca mais vai comer. Por mais que você queira.
- eu não quero… - falou ele com raiva.
- quer sim e caso você esteja se perguntando: sim. Você é bom de cama.
Não vai acontecer de novo porque eu não quero.
Você é bom fodedor, tem um cacete gostoso e meu pau mela só de lembrar a
forma que você me fodeu… - Randy moveu o braço e meteu um tapa com toda a força
na minha cara. Um tapa tão forte que me desequilibrou e me fez apoiar o braço
na lixeira que estava ao meu lado.
- me respeita que eu sou seu pai… moleque! – falou Randy com o braço
tremendo se segurando para não me bater de novo. A boca dele tremia e ele
estava ofegante – não toque mais nesse assunto… esqueça que esse dia aconteceu…
Meu rosto ardia e assim como Sam eu comecei a me sentir tonto. De
repente os rostos que não apareciam em meus sonhos, em minhas lembranças
começaram a aparecer. Era ele. Randy. Quando criança ele era chamado de Dolph. Agora
eu lembro do nome completo do meu pai. É Randolph. Randolph Gideon De la Croix.
- você é meu pai?! – aquela pergunta me fez responder, porque eu sabia
quem ele era – Você é meu pai!
- eu descobri… - falou ele abaixando o braço – aquele dia em que eu te
ouvi tocar piano. Foi como se uma venda tivesse sido tirada de meus olhos. Era
você. Quais a chances? – falou ele dando um meio sorriso – você foi para um lar
adotivo e deveria ter um nome diferente. Nunca imaginei que você seria o meu
Kai, mas naquele dia quando você começou a tocar, o jeito que você dedilhava as
teclas eu me lembrei do seu olhar, os trejeitos, as manias, a personalidade… eu
me lembrei de você.
Nesse momento eu corri até a lixeira e vomitei tudo o que tinha comido
durante o dia. Tudo o que fizemos naquela noite com Cory me veio a cabeça e eu
senti meu estômago doendo e novamente outra vez minha garganta ardeu e mais um
monte de comida e suco gástrico atravessou minha garganta e caiu lixeira
adentro. Meus olhos ardiam e eu senti a mão dele tocar meu ombro.
- tira a mão de mim – falei olhando para ele enquanto passava o braço
limpando minha boca – não toque em mim! Está me ouvindo? Se você tocar em mim
eu juro que te mato!
- meu Kai! – falou Randy rindo – você sempre foi valente. Sempre cuidou
dos seus irmãos enquanto sua mãe e eu estávamos nos metendo em confusões.
- confusões? vocês estavam se drogando, traficando, se prostituindo pra
pagar as dividas, sendo negligentes… - falei sentindo as lágrimas escorrerem
pelo meu rosto – vocês roubaram a minha infância. A gente podia ter tido uma
vida normal. Podíamos ter sido criança.
- vamos conversar meu filho… - Randy deu um passo na minha direção
tentando segurar no meu braço.
- não me chama de filho. Eu não tenho pai – falei chorando – eu não
tenho família, está me ouvindo? Você não é nada meu. É só um velho nojento,
asqueroso que destruiu a minha vida. Tinha uma razão para eu não gostar de você
e agora eu sei o que é. É a minha memória celular. Eu não me lembrava, mas
minhas células sabiam muito bem quem você era.
- por favor, Kai – falou Randy apertando os olhos limpando as lágrimas.
- não adianta chorar. Quando o Wilbur chorava e você e minha mãe estavam
drogados demais para se importar eu é que tinha que cuidar dele, brincar com
ele, acalmá-lo até ele dormir.
- muito tempo passou desde que tudo isso aconteceu. Eu paguei pelo meu
crime, agora sou um homem diferente, sabia que sua mãe agora é assistente
social? – meu pai estava com os olhos vermelhos e se aproximou.
- que ela se foda! – falei com raiva. Eu babava de ódio – foda-se você e
ela. Eu queria que vocês dois estivessem mortos. Quando vocês tiveram aquela
overdose eu devia ter deixado vocês morrerem. Só não deixei vocês morreram por
causa da Mercy e do Brian. Se fosse por mim vocês estariam sentados do lado do
Diabo há muito tempo.
- peço perdão de joelhos, meu filho… – Randy se ajoelhou a minha frente
e olhou para mim. Eu juntei o máximo de saliva com catarro e cuspi na cara dele
na mesma hora em que ele olhou pra mim. Meu pai fechou os olhos no impulso e ao
abrir ele me viu encarando-o com os olhos vermelhos e os lábios trêmulos.
- eu já disse pra não me chamar disso – deixei-o lá de joelhos com o
cara suja e voltei ao trabalho. Estava chorando descontrolado e quando cheguei
ao salão Ed foi o primeiro a me ver.
- Kai? o que aconteceu.
- nada! Nada aconteceu – falei olhando para ele.
- se acalma – falou ele segurando no meu braço – você está bem?
- O que aconteceu Kai? – Kakau se aproximou de mim e eu passei a mão no
meu rosto tentando limpá-lo.
- não é nada gente. Me deixa ir trabalhar.
- você não vai trabalhar desse jeito – falou Ed apertando meu ombro –
quer que eu chame o Cory?
- não. Ele está trabalhando.
- eu vou te levar em casa – falou Edgar olhando para Sam – Sam se alguém
perguntar diz que eu tive que dar uma saída.
- beleza Sr. Ed.
- foi bom te conhecer Sammy – falou Kakau dando um beijo no rosto de Sam
– a gente se vê em breve.
- me dê noticias do Kai – falou Sam parecendo preocupado comigo.
Ed segurou firme no meu braço e me ajudou a chegar ao estacionamento.
Ele me colocou no banco do passageiro e Kakau se sentou no banco de trás. Ele
colocou o cinto de segurança em mim e eu não disse nenhuma palavra. Apenas
chorei o caminho todo de volta em casa. Tinha monte de coisa se passando minha
cabeça. Era como se tudo de ruim que estava guardado atrás de uma porta em
minha mente tivesse conseguido escapar e agora eu estava encurralado em um
canto da minha mente. Refém dessas lembranças. Com raiva do que tinha
acontecido.
Quando chegamos em Moracea Lane era pouco mais de uma e meia da manhã.
Não dei um pio sequer sobre nada. Percebi que Kakau e Ed estavam preocupados
comigo. Me sentei no sofá e fiquei encarando o nada. Os dois ficaram de pé e
olharam um para o outro.
- você está bem Kai? – perguntou Kakau.
- não – falei limpando os olhos.
- o que você quer Kai? – falou Ed – é só dizer e a gente consegue pra
você.
- eu quero o meu Cory – falei chorando – será que vocês conseguem ele
pra mim?
- claro! – falou Ed pegando o celular – vou ligar pra ele.
- quer conversar? – perguntou Kakau se sentando ao meu lado.
- não – falei deixando as lágrimas escorrerem.
- o colar… - falou Kakau apontando ara meu pescoço – onde ele está?
- não sei – falei colocando a mão. Em algum momento durante a noite ele
sumiu. Talvez na própria Scorpio ou no estacionamento da delegacia – deve ter
arrebentado durante a noite… desculpa.
- não, não… sem problemas – falou Kakau segurando minha mão – esquece
isso.
Não sei por quanto tempo fiquei sentado no sofá encarando o chão, mas
ouvi o carro de Cory cantando pneu ao estacionar o carro em frente de casa. Ele
saiu do carro e Ed o esperava lá fora. Ele correu para dentro de casa e me viu
sentado no sofá. Ele se ajoelhou na minha frente e eu o abracei e comecei a chorar.
- o que aconteceu Kai? – perguntou Cory sentindo minhas lágrimas caindo
em seu ombro.
- desculpa te tirar do trabalho…
- porra, você é minha prioridade. Me diz o que você quer e eu faço –
falou Cory limpando meu rosto.
- só quero dormir junto com você.
- claro – falou Cory se levantando – Ed… meu amigo… obrigado por tudo –
falou Cory apertando forte a mão de Ed e dando um abraço nele – obrigado por
cuidar de Kai. Te devo o mundo.
- não foi nada meu camarada – falou Ed olhando pra mim – melhoras Kai.
- obrigado Ed.
- obrigado por tudo Kakau – falou Cory dando um beijo no rosto dela.
- se precisarem de alguma coisa é só me dizer – falou Kakau se
inclinando e me dando um abraço.
Cory acompanhou Ed e Kakau até a porta e uma vez que ele trancou a porta
ele veio até mim. Cory não fez perguntas e antes que eu pudesse me levantar
Cory me pegou nos braços.
- deixa que eu te levo – falou Cory subindo as escadas comigo no braço.
Quando chegamos no quarto ele me colocou deitado na cama e enquanto ele tirava
meu sapato eu comecei a chorar de novo.
- o que foi meu amor? – falou Cory olhando para mim preocupado. Ele
terminou de tirar minhas meias e se sentou na cama acariciando meu rosto. Seu
olhar era dolorido. Ele estava perdido sem saber o que fazer – o que aconteceu?
Diz pra mim. Desabafa comigo.
Balancei a cabeça negativamente e Cory se jogou na cama e me puxou para
junto dele me fazendo deitar em seu peito. Ainda estávamos de roupa e eu
desabotoei a sua camisa para que eu pudesse sentir o calor do seu corpo. Era
esse calor que me acalmava, me fazia sentir seguro, acalentado. Cory me fez
muito carinho e não fez mais perguntas e não demorou para que eu adormecesse.
Mais um capítulo para vocês meus leitores. Agradeço muitíssimo pelos comentários e votos de vocês. Espero que estejam gostando do que escrevi até agora. Um grande abraço a todos e até o próximo capítulo.
Logo abaixo tem o link para comprar as minhas obras na Amazon. Tem também o link do convite para fazerem parte do meu grupo do Whatsapp. Espero que tenham gostado desse capítulo e até o próximo. Um abraço.
Seguidores
Contato
CAPÍTULOS MAIS LIDOS DA SEMANA
-
ACORRENTADOS AO RITMO capítulo nove A o mesmo tempo que era bom estar de volta era ruim. Poder sair daquele c...
-
COMPLICADO capítulo quatro F oi um pouco humilhante ter que olhar nos olhos de Adam e admitir que eu era o r...
-
Boa tarde a todos. Gostaria de esclarecer algumas coisas sobre Cruel Sedutor. Gostaria que todos lessem para ficarem informados. Inicialme...
-
OLHA O QUE VOCÊ ME FEZ FAZER capítulo dez E stava em um cômodo escuro. Não conseguia ver nada do que estava á ...
-
Capítulo 14 DIA 13 — 07 h 33 min ás ?? h ?? min T oda aquela experiência com Calíope explorando as cave...
-
HAVANA capítulo cinco A maior parte do voo eu passei dormindo. Depois do ataque de Jason eu fiquei com uma ...
-
L Cruel Morte de… Quem?! E ra segunda feira. Dia dezoito de dezembro de dois mil e dezessete. O julgamento ...
-
Capítulo 13 DIA 12 — 05 h 57 min ás 23 h 18 min N ão havia nenhum som. O relógio na cabeceira marcava ...
-
A minha obra inédita (a qual já estou escrevendo) ganhou nome. Ela recebeu o nome de 'Olhos Negros'. Eu não vou revelar sobre o ...
-
Capítulo 15 DIA 4084 — 23 h 00 min ás 23 h 10 min E stava de pé. Era como se o tempo e espaço já ...
Minhas Obras
- Amor Estranho Amor
- Bons Sonhos
- Bruto Irresistível
- Crônicas de Perpetua: Homem Proibido — Livro Um
- Crônicas de Perpetua: Playground do Diabo — Livro Dois
- Cruel Sedutor: Volume Um
- Daddy's Game
- Deus Americano
- Fodido Pela Lei!
- Garoto de Programa
- Paixão Secreta: 1ª Temporada
- Paixão Secreta: 2ª Temporada
- Paixão Secreta: 3ª Temporada
- Paixão Secreta: 4ª Temporada
- Paixão Secreta: 5ª Temporada
- Paixão Secreta: 6ª Temporada
- Paixão Secreta: 7ª Temporada
- Príncipe Impossível: Parte Dois
- Príncipe Impossível: Parte Um
- Sedutor Maldito: Volume Dois
- Verão Em Vermont
Max Siqueira 2011 - 2018. Tecnologia do Blogger.
Copyright ©
Contos Eróticos, Literatura Gay | Romance, Chefe, Incesto, Paixão, Professor, Policial outros... | Powered by Blogger
Design by Flythemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com
Uau! Que reviravolta! Ansiosa por mais capitulos.
ResponderExcluir