CAPITULO 24
Eu acordei na cama do hospital um pouco desesperado.
- onde estou? – falei tentando me livras das agulhas em meu braço.
- você está no hospital – falou Jay tentando me acalmar.
Eu respirei fundo e tentei me lembrar do que tinha acontecido. Eu olhei
para os lados e ví o quarto do hospital, olhei para Jay e ví que seus olhos
estavam inchados e vermelhos.
- você estava chorando? Aconteceu alguma coisa com meu pai ou Jake? –
perguntei sentindo uma tontura.
- não é nada – falou ele alisando minha testa.
- vocês está me deixando assustado.
- vou chamar o médico – falou Jay saindo da sala.
Eu não me lembrava direito do que tinha acontecido a última lembrança
que tinha era de conversar com Marisol e Sky no meu quarto.
- boa noite – falou o médico entrando no meu quarto. – seu rosto não
tinha a mesma feição do que a outra vez que o tinha visto. Meu pai e Jake
entraram logo atrás dele.
- eu estou bem doutor?
- pode me chamar de Max – falou ele tentando forçar um sorriso.
- ok, estou bem Dr. Max?
- Jack assim que você chegou na emergência você estava desacordado e
seus reflexos não respondiam muito bem, eu em tão pedi que fizessem todos os
exames possíveis para descobrir a causa do desmaio.
- algum problema? – perguntei assustado.
- sua tomografia computadorizada mostrou que você tem um tumor
intracraniano.
- tumor?
- o tumor está localizado na parte do cérebro que cuida dos impulsos
provocando principalmente alucinações.
- mas, eu posso retirar cirurgicamente?
- infelizmente esse tipo de tumor tem os sintomas inespecíficos o que
pode confundir o tratamento e é sempre descoberto tarde demais. O tumor no seu
cérebro está avançado em estágio III.
Aquilo me pegou de surpresa e fiquei chocado com aquilo, não consegui
dizer mais nada. Eu olhei para os lados e ví que meu pai, Jake e Jay estavam
todos com os olhos vermelhos. Todos eles já sabiam.
- A esta altura você tem duas opções: fazer quimioterapia para ver se os
remédios fazem com que o tumor regrida ou a cirurgia que eu tenho que avisar é
muito arriscada. A chance de sucesso é de 50%, mas como eu digo é apenas uma
estatística.
- quer dizer então que estou morrendo? – quando disse isso Jay apertou
minha mão.
- eu sei que é muita informação então vou deixar vocês sozinhos para que
decidam o tratamento.
- obrigado – falou meu pai enquanto o médico saía.
Eu ainda estava sem reação à ficha ainda não tinha caído, aquilo era
surreal. Como eu pude ser tão idiota? Eu tinha alucinações o tempo todo, eu me
via criança com 9 anos, via monstros na cozinha e tive “relação sexual” com meu
próprio irmão.
- não temos o que discutir – falou Jake – você vai fazer a cirurgia.
Eu olhei pra ele ainda calado.
- você está bem? – perguntou meu pai.
- talvez vocês possam nos deixar sozinhos por algum tempo. – falou Jay.
Eles saíram do quarto e Jay ficou segurando minha mão.
Eu olhei pra ele e senti uma lágrima correndo no meu rosto.
- eu não sei o que dizer – falei pra ele em meio de soluços.
- não precisa dizer nada – falou Jay beijando minha mão.
- eu não sei o que fazer, quer dizer, ainda não sei se isso é real ou é
um sonho.
- é real Jack, infelizmente, mas é real.
- o que eu devo fazer? Quer dizer, depois de amanhã é meu aniversário de
22 anos e eu descubro que estou morrendo?
- não importa o que você escolher Jack eu vou ficar ao seu lado.
- será que já não sofri o suficiente para uma vida só? Mãe morta,
estupro, TOC, ex-namorado na cadeira de rodas, memória apagada, em coma,
atacado por uma louca e agora que eu encontrei o homem da minha vida eu
descubro que vou morrer?
Jay apenas olhou pra mim e com a outra mão limpou os olhos que estavam
húmidos. Eu fiquei olhando para seus olhos verdes que agora tinham um toque
avermelhado que ao invés de paz agora me passavam um pouco de confusão. Eu não
sabia qual cor se sobressaia o verde de um paraíso lindo ou um vermelho de
sofrimento, mas uma coisa eu tinha certeza a escolha era apenas minha.
Eu pensei por mais ou menos 15 minutos e pedi para Jay chamar todos no
quarto.
- então Jack eu sei que é cedo, mas quanto antes você tomar uma decisão
melhor – falou Dr. Max.
- eu já tomei uma decisão – falei olhando para Jake e meu pai. – eu
decidi não fazer a cirurgia, eu vou tentar a quimioterapia.
- ok – falou Max segurando minha mão – vamos iniciar o tratamento o
quanto antes. Eu vou te dar alta e você pode ir pra casa e voltar na quinta
para iniciar o tratamento – ele deu um sorrido e saiu do quarto.
- o que? – falou meu pai – Jay você conversou com ele sobre isso?
- eu não posso – falou Jay – não posso interferir na escolha dele.
- você vai fazer essa cirurgia – falou meu pai. – eu não posso perder
meu garoto.
- me perdoa pai, mas eu não quero a cirurgia.
- me perdoa – falou Jake – me perdoa por ter feito você sofrer tanto sua
vida toda, por ter sido o pior irmão do mundo. – Jake disse isso limpando os
olhos e vindo até a cama e pegando na minha mão.
- eu te perdoo Jake.
Nós ficamos em silêncio por um tempo.
- quantas horas? – perguntei.
- 06h40min da manhã – falou Jay olhando no relógio – nós podemos ir
embora se você quiser.
Assim que cheguei em casa entrei no meu quarto e deitei em minha cama
tentando acordar de um pesadelo. Eu nem acreditava que aquilo estava
acontecendo comigo.
- você está bem? – falou Jay entrando no meu quarto.
- onde está Jake e meu pai?
- estão lá em, baixo.
- eles não querem vir até aquí? – perguntei enquanto Jay sentava na
cama.
Ele ficou olhando pra mim e pegou minha mão.
- eles não querem que eu os veja chorando? – perguntei.
- eles precisam de um tempo – falou Jay.
- eu é quem mais preciso de tempo – falei olhando pro Jay.
- então, seu aniversário é depois de amanhã? Dia 14?
- sim – falei suspirando.
- eu não sabia disso agora eu tenho pouco tempo pra comprar um presente.
– falou Jay.
Eu olhei pra ele dando um beijo na mão dele.
- me perdoa – falou Jay – não devia ter falado de tempo e... foi mal.
- me perdoa você – falei suspirando mais uma vez olhando para a parede
tentando encontrar um sentido para a minha vida. – me perdoa por ter entrado na
sua vida, ter matado Roger e agora morrer te deixando sozinho.
- você não matou Roger Jack, não diga isso – ele disse isso soltando
minha mão e alisando meu rosto – e você não está morrendo Jack. Você pode se
salvar.
Eu olhei para Jay e dei um sorriso e olhei pra a parede onde tinha três
crianças em pé olhando pra mim, uma delas era eu com 9 anos.
- acho que é tarde demais.
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