CAPITULO 25
Fazia 5 meses que eu estava fazendo quimioterapia. Eu nunca pensei em
como o tratamento de uma doença poderia nos deixar mais doentes. Meu cabelo
tinha começado a cair e eu tinha rapado a cabeça e agora andava só de boné. Eu
tinha emagrecido bastante e me sentia sempre fraco apenas deitado na minha cama
ou no sofá. Kyle me visitava todas as semanas. Lara e Zoey continuavam indo lá
em casa e às vezes conversavam comigo.
Até Rupert me visitava já que ele tinha
pagado uma indenização. Os advogados do meu pai eram realmente muito bons.
Sempre que ia as sessões de quimioterapia sempre alguém me acompanha às
vezes era: Jay, Jake, meu pai, Marisol e Sky. Eu nunca ia sozinho. Jay tinha
voltado a trabalhar todos os dias e depois de um dia inteiro de trabalho ele
dormia na minha casa todos os dias e cuidava de mim a noite quando acordava
passando mal e enjoado vomitando. Às vezes eu me olhava no espelho e não me
reconhecia eu parecia diferente. Faltava apenas um mês de tratamento e eu iria
refazer todos os exames para saber que a quimioterapia tinha funcionado e
naquela quinta feira quem iria me acompanhar era Sky e Marisol.
Eu entrei em uma sala onde tinha outras pessoas que estavam com os
remédios em suas veias. Algumas estavam melhores do que eu e outras pareciam
muito piores. Eu me sentei e logo a enfermeira colocou os remédios vermelhos
para entrar em minha veia. Sky e Marisol de sentaram ao meu lado.
- você está se sentindo melhor esses dias – perguntou Sky.
- é difícil saber, as vezes parece que eu estou bem, mas de repente eu
tenho uma recaída e fico tonto ou vomitando.
- você ainda tem alucinações? – perguntou Marisol.
- noite passada eu dormi com George Clooney – falei tentando parecer
engraçado, mas eles não se permitiram rir de mim. – é sério, se um dia eu
conhecer George Clooney eu vou agradecer por ele ser tão bom de cama.
Eles deram umas risadas.
- eu estou traindo Jay com todos os tipos de pessoas, eu não percebo é
tão real que quando eu vejo já aconteceu e eu caio a ficha de que foi apenas
uma alucinação.
- Jay percebe quando você está tendo uma alucinação dessas... você sabe
de sexo?
- ele se levanta da cama e vai até a cozinha e espera até que eu pare de
gemer e gritar. E nem sempre eu tenho alucinações de sexo com pessoas que eu
quero. Algumas vezes é bem desagradável.
- me desculpa perguntar, mas me deixou curiosa.
- meu irmão, meu pai e às vezes... – eu parei por um instante.
- Kenny? – perguntou Sky.
- exatamente
- Porque Jay não interfere quando você começa a ter as alucinações? –
perguntou Marisol
- Jay disse que não é bom interferir, como psicólogo ele acha melhor que
eu tenha minhas alucinações, mas nós sempre conversamos sobre isso. Eu conto
exatamente o que ví nas alucinações e as vezes ele me aconselha.
- você tem alucinações apenas de sexo? – perguntou Sky?
- não. – falei procurando pela sala algumas pessoas que ficavam me
encarando, mas não encontrei. – as vezes eu vejo crianças no meu quarto, as
vezes vejo pessoas ao meu redor me encarando. Fica difícil saber quem é real e
quem é fruto da minha imaginação.
Depois de mais ou menos 2 horas nós já estávamos a caminho de casa. Eu
estava com um boné vermelho já que agora eu tinha uma coleção e bonés que meu pai
e Jake compravam pra mim. Inclusive Jake, Jay e meu pai usavam boné quando
estavam comigo. Antes de chegar em casa decidimos tomar um sorvete.
Assim que chegamos no condomínio Marisol e Sky me deixaram na porta de
casa. Eu entrei e chamei pelo meu irmão que me ajudava a subir ás escadas.
- como foi à sessão – falou ele me ajudando a subir ás escadas.
- parece que a cada dia que passa pior fica – falei.
- não pense assim.
- eu não penso assim eu sinto. Os remédios são muito fortes.
Eu entrei no meu quarto e logo deitei na minha cama.
- eu vou trazer algo para você comer – falou Jake.
- não quero estou sem fome.
- você precisa comer Jack, você sabe disso. Se você se sente fraco agora
imagina se não se alimentar.
Eu liguei a televisão que tinha no meu quarto e assisti até que adormeci
na cama.
Por volta dás 19:45 Jay entrou no meu quarto.
- boa noite – falou ele entrando e se sentando na cama me dando um
selinho.
- você demorou um pouco – falei me espreguiçando.
- tive que comprar algumas roupas pra mim – falou Jay – não dava tempo
de passar em casa pra pegar.
- não podemos continuar desse jeito – falei me sentando na cama. Jay
alisou minha cabeça careca e me deu um beijo no rosto.
- não pode mais passar o dia inteiro trabalhando e comprar roupas novas
todos os dias e passar a noite no meu quarto cuidando de mim. Você não tem a
mesma privacidade aquí do que na sua casa.
- já falamos sobre isso Jack nós não vamos terminar só por causa dessa
doença.
- eu não falei em terminar.
- então o que?
- eu estou dizendo que devíamos ir morar juntos, no seu apartamento.
- sério? – falou Jay sorrindo – porque você decidiu isso agora?
- eu não sei se vou viver muito tempo...
Jay me interrompeu.
- você não vai vir morar comigo se estiver pensando desse jeito. Você
não vai morrer – falou ele.
- tudo bem – falei sorrindo. – eu te amo Jay e acho que já está mais do
que na hora de morarmos juntos.
Ele me deu um beijo na boca e logo depois demos um beijo demorado.
- tudo bem – falou Jay entre um selinho e outro.
Passou-se três semanas que eu estava morando com Jay. Meu pai e Jake me
visitavam todos os dias. Na verdade Jake passava o dia inteiro comigo e ia
embora todas as noites quando Jay chegava do trabalho.
Todo aquele tratamento estava me deixando fraco e demasiadamente
cansado. Aquela minha nova rotina estava me destruindo, ainda bem que faltava
apenas mais uma sessão e eu faria todos os exames para saber se o tratamento
estava funcionando.
Mais uma vez eu me sentei em uma cadeira e a enfermeira como sempre
colocou o remédio em minha veia. Dessa vez foi Jake quem me levou para a
sessão.
- então Jack, já sabe o que vai fazer quando ficar livre dessa doença?
Vai se casar? estudar?
- ainda não sei Jake, já acho bem difícil passar os dias pensando em
como partir sem deixar vocês muito tristes.
- Jack não fala isso. Esse pensamento negativo não ajuda na cura.
- eu não estou sendo negativo Jake. Você não sabe o quanto eu quero ser
curado o quanto eu quero me ver livre de todos esses remédios e ter meu cabelo
de volta. Eu não estou sendo negativo eu estou sendo realista.
- me perdoa. – falou Jake – e só pra constar com esse cabelo raspado
você fica parecidíssimo comigo quando estava no exercito.
- porque você acha que eu quero meu cabelo de volta? – falei dando uma gargalhada.
Jake sorriu. Ele estava feliz de me ver sorrindo, pois por alguns
instantes todo aquele pesadelo desaparecia.
Depois da sessão eu fui até o meu médico o Dr. Max e nós fizemos todos
os exames necessários para saber se o tratamento estava funcionando.
- te vejo amanhã – falou Max se despedindo.
Assim que chegamos em casa Jay já estava lá.
- você chegou mais cedo hoje? – falei indo até ele e dando um beijo na
boca dele.
- saí mais cedo, temos que comemorar a sua última sessão da
quimioterapia.
- bom nesse caso eu já vou indo – falou Jake.
- tem certeza? – perguntou Jay – vou fazer algo para jantar.
- tenho certeza, esse momento é para vocês dois comemorarem.
- até amanhã – falei para Jake me levantando e dando um abraço nele.
- porque todos os dias você se despede de mim como se não fosse acordar?
– perguntou Jake. – amanha vou embora sem te avisar. – falou rindo da minha
cara.
O relógio marcava 19:00 horas quando Jay começou a fazer o jantar. Ele
iria fazer meu prato preferido, estrogonofe de frango com cogumelos.
Depois de pronto nós comemos e eu admito que comi um pouco a mais do que
eu costumava, tinha ficado realmente bom. Depois que comemos, tomamos um banho
quente e nos preparamos para dormir, mas antes assistimos TV porque ainda era
cedo mal passada dás 22:07. Nós deitamos na cama e ligamos a TV.
- você deve estar ansioso para ver os resultados dos exames – falou Jay
dando um beijo no meu rosto.
Eu cheguei perto dele e coloquei minha mão em sua perna peluda para
poder esquentar minha mão.
- mais ou menos – eu não aguento mais essa nova rotina de casa-hospital,
hospital-casa. Quero minha vida de volta.
- você vai ter. – falou Jay dando um selinho na minha boca. eu coloquei
minha mão em seu rosto barbado e alisei dando um beijo de língua nele.
Enquanto nos beijávamos o meu telefone celular tocou.
- quem deve ser uma hora dessas? – perguntou Jay.
- é o Dr. Max – falei.
- atende logo – falou Jay.
- boa noite – falei.
Jay ficou distraído com a TV e enquanto Dr. Max falava comigo eu viu
como eu era sortudo por ter encontrado alguém como Jay. A medida que Max falava
eu não sabia o que sentir. Eu tinha um turbilhão de sentimentos dentro de mim.
- obrigado – respondi desligando o celular.
- e então? – perguntou Jay – o que ele queria.
Eu olhei para Jay e dei um enorme sorriso.
- Jay, vamos nos casar! – falei.
Ele ficou olhando pra mim e sorrindo por alguns segundos e logo ví seu
sorrido desaparecer.
- o que o médico disse Jack.
- ele não queria me perturbar a essa hora da noite, mas ele não podia
esperar até amanha. Era meio que urgente.
- o que? – perguntou Jay.
- o tratamento não funcionou! – falei olhando pra baixo. – na verdade o
tumor cresceu e ele disse que não tenho muito tempo.
Correu uma lágrima dos meus olhos quando disse isso. Eu limpei meu rosto
com as costas da mão e olhei para Jay que estava sorrindo.
- sim – respondeu ele me dando um beijo na boca – vamos nos casar.
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