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Capítulo Onze
QUEM É O MESTRE E QUEM É O ESCRAVO?
uzes brilhando, Som tocando, Mentes viajando, Corpo
dançando, Olhos mirando, Lábios tocando, Corações batendo, Pressão subindo, Ar
faltando, Nádegas mexendo, Música faz você, Perder o controle. Tocando no viva
voz, a faixa repete sem parar.
Era estranho estar no meio de
todos. Tobias estava bem próximo a mim. Sentia seu coração bater e sua
respiração no meu rosto. As pessoas dançavam em nossa volta a música agitada,
mas Tobias estávamos fora de sintonia. Dançávamos lentamente. A canção parecia sempre
a mesma e o pior de tudo: os rostos pareciam exatamente e ridiculamente iguais.
Nenhuma daquelas pessoas tinha um pingo de personalidade.
- pare o que está fazendo – falou
uma das pessoas olhando para mim. Nesse instante Tobias desapareceu. Procurei por
ele e chamei por seu nome, mas não pude localizá-lo. A pessoa que chamou minha
atenção na desta continuava a me encarar e agora ela tinha um olhar macabro.
Sua boca se abriu tão grande e seus olhos ficara negros. Levei um tremendo
susto. Andei para trás e agora eu percebi que todas as pessoas vinham em minha
direção. Todas com a mesma expressão.
Abri os olhos rápido. Minha testa
estava suada. Olhei em volta e tentei imaginar onde estava. Não demorou para
que eu percebesse que estava no hospital.
Meu coração começou a acelerar.
Eu não sabia o que tinha acontecido e nem onde estava. O aparelho do hospital
ligado a mim começou a apitar rapidamente. Comecei a ficar nervoso e a me mover
e logo os enfermeiros e a médica apareceu.
- Oliver! Oliver – falou o enfermeiro
tentando me acalmar.
- deem a ele algo para acalmá-lo
– falou a médica.
Um dos enfermeiros colocou algum
remédio intravenosamente e em seguida eu comecei a me acalmar.
Olhei em volta assustado tentando
descobrir se era dia ou noite? Será que eu tinha ficado em coma?
- Oliver, você está bem. Está no
hospital. Você teve uma queda e um colapso nervoso, mas você está bem – falou a
médica se aproximando de mim.
- eu… eu… dormi… por quando… -
falei fraco. Alguns tubos saiam do meu nariz, provavelmente para me ajudar a
dormir. Minha boca estava seca.
- uma noite – falou ela olhando
meu prontuário. Apenas uma noite.
Me acalmei assim que ela disse
aquelas palavras.
- ele acordou? – perguntou Tobias
aparecendo na porta do quarto. Ele estava sorrindo.
- sim – falou a médica olhando
para Tobias.
Eu tentei levantar minha mão e
estiquei. Tobias entrou rápido pela porta e segurou minha mão.
- você vai ficar bem – falou ele
apertando minha mão. Era bom tocá-lo. Alguma coisa tinha mudado naquele
acidente. Aquele sonho. Era como se agora tudo fosse mais claro.
- tenho sede – falei com a voz
rouca.
- vou trazer água para você –
falou Tobias.
Ele tentou se afastar, mas eu
segurei a mão dele por alguns segundos e ele ficou. Em seguida ele se foi.
- você vai ficar em observação
por algumas horas e se tudo ocorrer bem eu te libera a tarde.
- obrigado – falei agradecendo.
Tentei mover minhas pernas e consegui mas elas doíam um pouco.
Fechei os olhos e respirei fundo
esperando Tobias voltar com a água. Lambi os lábios morrendo de sede e não
demorou para que ouvisse ele entrar no quarto e fechar a porta.
Dei um sorriso e abri os olhos
pronto para ver Tobias, mas não foi ele que eu vi. Não era Tobias, era meu pai.
Ele tinha fechado a porta do quarto e me encarava ao longe.
No momento em que eu o vi
novamente o aparelho ligado a mim começou a apitar, mas dessa vez meu pai se
aproximou e tirou as tomadas próximas da cama até que o barulho terminasse.
- o que o… o senhor quer? –
perguntei assustado.
- o que aconteceu com você meu filho?
- por favor pai – falei tentando
me levantar, mas eu não consegui.
- Shhh – fez meu pai se
aproximando e colocando a mão no meu peito – vai ficar tudo bem.
- por favor pai, por favor.
Meu pai foi até um criado mudo
onde tinha um travesseiro o pegou e veio até mim.
- vai ficar tudo bem – falou ele
colocando o travesseiro no meu rosto e pressionando.
Comecei
a me debater, mas foi em vão. Comecei a me mover freneticamente esperando de
algum modo escapar, mas não obtive sucesso.
- Desculpe a demora – falou
Tobias entrando no quarto de uma vez com o copo de água na mão. Assim que ele
viu o que acontecia ele largou o copo. Tobias foi em direção a meu pai e o
agarrou por trás puxando com toda a força.
Finalmente pude respirar.
Respirei tão forte que senti uma forte dos no peito. era bom respirar
novamente.
Meu pai e Tobias começaram a
lutar dentro do quarto. Não demorou para que médicos e enfermeiros aparecessem
para separar a briga.
- o que está acontecendo aqui? –
perguntou o segurança chegando ao quarto.
- ele tentou sufocar ele com o
travesseiro – falou Tobias limpando a boca. Tinha sangue, mas não era dele e
sim do meu pai. O Nariz de meu pai sangrava.
- isso é verdade? – perguntou o
segurança pra mim.
Meu pai olhou para mim do mesmo jeito que olhava sempre
que me tentava controlar.
- diz a verdade – falou Tobias.
Hesitei por mais alguns segundos, afinal estávamos
falando sobre meu pai. Ele tinha acabo de tentar me matar. Hesitei porque
pensei que no fundo meu pai me amava e tentava fazer o que era certo para mim,
mas aprendi que o amor têm limites.
- é verdade – falei olhando para o outro lado.
- Oliver! – falou meu pai parecendo decepcionado.
- chega – falei olhando para ele – você precisa
pagar pelo o que fez comigo. Pelo o que fez ao meu irmão. Precisa pagar pelo o
que fez a minha mãe.
Nesse momento meu pai tentou se soltar, mas os dois
seguranças conseguiram arrastar ele para fora do quarto.
- você está bem? – perguntou a médico vindo até mim
e verificando minhas batidas.
- estou sim – falei respirando fundo.
- vou pedir que os seguranças fiquem de olho no seu
quarto.
- OK.
- vou pedir que meus internos façam exames em você,
tudo bem? vou pedir uma bateria de exames para saber se você está tudo bem?
- sim doutora. Essa é a segunda vez que venho ao médico
em vinte e dois anos, acho que seria bom verificar.
A médica deu um sorriso e eu vi que logo atrás dela
havia seis médicos parados. Eles pareciam mais novos do que ela.
- sinto muito – falou ela sorrindo – esse é um
hospital escola e esses sãos meus internos – falou ela mostrando os seis
médicos.
- tudo bem – falei.
Os lábios da médica mais uma se fecharam em um
sorriso. Seus olhos azuis brilharam. Em seguida ela virou para os médicos logo
atrás dela.
- Dra. Emilly, Dr. Matteo. Vocês ouviram o paciente.
Essa é a segunda vez que ele pisa em um hospital em vinte e dois anos. Quero
que vocês façam todos os exames possíveis no paciente e descubram se existe
alguma coisa de errado.
Os outros quatro médicos saíram do quarto e os dois
continuaram lá parados.
- não se preocupe – falou ela olhando para Tobias –
esses são dois dos melhores internos dessa turma.
- obrigado doutora… - falei esperando que ela
dissesse seu nome.
- Bethany Creswick – falou ela se virando para
sair, mas antes que ela saísse um homem de cabelos prateados com uma barba
grisalha, quase negra no rosto apareceu na porta.
- com licença – falou o homem de olhos castanhos
escuros entrando no quarto. A doutora Bethany continuou no quarto – tudo bem
por aqui? Fiquei sabendo que houve um ataque ao paciente – falou o médico vindo
até mim e apertando minha mão.
- sim, Dr. Marshall – falou Bethany – os seguranças
já cuidaram de tudo. A policia já foi acionada.
- ótimo, ótimo – falou o médico olhando para mim –
não se preocupe, não vai acontecer outra vez.
- obrigado
- quando estiver bem gostaria que fosse até minha
sala. Nós podemos entrar me um acordo. O advogado…
- Dr. Marshall – falou Bethany, mas o médico não
deu atenção.
- …o advogado do hospital disse que podemos pagar
por qualquer dano que esse invasor possa ter te feito…
- Dr. Marshall – falou ela mais alto, mas ele não
ouviu.
- eu conheço o delegado, vou cuidar para que esse
invasor tenha o pior tratamento possível…
- Broderick – falou Bethany.
O médico olhou para ela.
- o que foi?
- o invasor é o pai do paciente – falou ela
forçando um sorriso.
- Ok-ok – falou ele olhando para mim outra vez –
sinto muito por.
Por alguns segundos todos ficaram em silêncio.
- Oliver, esse é o doutor Broderick Marshall,
cirurgião cardiotorácico e chefe do hospital – falou Bethany tentando deixar o
clima mais leve – e também meu marido – falou ela rindo.
Quando a Dra. Bethany disse isso, Dr. Broderick
olhou para ela com uma expressão estranha e depois voltou a olhar para mim.
- não se preocupe – falei tentando me sentar – Diga
ao advogado do hospital que eu não tenho interesse em processar ninguém e se
ele quiser fazer algum documento onde eu assine abrindo mão desse direito eu
assino.
- é muita gentileza levando em consideração que foi
uma falha do hospital – falou o dr. Marshall – por esse motivo eu insisto que
não pague por nada enquanto estiver aqui no hospital. Os exames, os dias em
recuperação e as cirurgias, se necessárias, serão todas por conta do hospital.
- combinado – falei finalmente me sentando.
- se precisar de qualquer coisa, fale comigo –
falou ele repousando a mão no meu ombro por alguns instantes e sorrindo. Em
seguida ele olhou para Tobias que apertou a mão dele agradecendo a atenção.
- obrigado Dr. Marshall.
- os policiais queria interrogar vocês dois agora,
mas eu pedi que voltassem na parte da tarde afinal a saúde do paciente vem em
primeiro lugar – falou Dr. Marshall.
- nós ficaremos felizes em colaborar com os
policiais – falou Tobias.
- preciso ir agora – falou Dr. Marshall. Em seguida
ele saiu do quarto juntamente com sua esposa, a Dra. Bethany Creswick.
Os dois internos designados para o meu caso
começaram a anotar algumas coisas no meu prontuário. Tobias continuava no
quarto.
- você está bem? – perguntou Tobias vindo até mim.
Ele se aproximou e tentou tocar minha mão, mas eu movi meu braço e não deixei.
- o que foi? – perguntou Tobias.
- eu me lembrei.
- do que?
- não me lembrava exatamente do que tinha
acontecido ou o porque de eu ter vindo parar no hospital, mas assim que meu pai
colocou o travesseiro na minha cara eu me lembrei. Eu me lembro do que você
disse.
Os dois médicos no quarto tentavam não prestar
atenção na conversa, mas eu impossível. A médica de longos cabelos negros e o
médico de cabelos loiros se entreolharam.
- sinto muito pelo o que disse.
- sentir muito não adianta.
- sinto muito mesmo, vou compensar…
- por sua causa eu acabei vindo parar no hospital,
você já fez o suficiente.
Tobias olhou para os médicos e depois olhou para
mim.
- olá – falou a médica de cabelos negros olhando
para Tobias – eu sou a Dra. MacMilan. Vou fazer alguns exames no paciente
agora.
- Ok – falou Tobias se afastando enquanto eles me
preparavam – eu vou estar aqui quando voltar.
- tanto faz – falei sem olhar para ele.
Era estranho, eu tinha entregado meu pai para a
policia. Eu sabia de tudo o que ele tinha feito, mas mesmo assim alguma coisa
dentro de mim não me deixava tranquilo. Essa coisa dentro de mim dizia que foi
errado ter entregado ele, mas eu sabia que tinha tomado a decisão certa. Meu
pai tinha sido meu dono por muito tempo. Era hora dele pagar por seus crimes.
Já não era mais escravo de suas loucuras e não estava mais em seu poder.
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Perfeito! Como sempre magnifico seus contos querido MC.
ResponderExcluirMuito feliz porque voltou a postar capítulos novos =) ♥♥
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