QUERIDO, NÃO MINTA capítulo dezessete
E
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ssa era a primeira noite na fazendo do meu tio.
Jerry passou o dia todo bebendo com ele tentando conhecer um pouco mais sobre
mim e o sobre o meu passo e meu tio, é claro, ficava fazendo piadinhas comigo e
com Jerry. É claro que ele não sabe sobre Larry e Vanessa. Eu proibi Jerry de
falar sobre o ocorrido. Eu não queria tocar nesse assunto. Não dessa vez. Ainda
ficaríamos dois dias em Shelbyville e a esse é o último assunto do qual eu
quero ter o desprazer de falar.
- haaaaa! – dei um pulo na cama e
me pus sentado no meio da escuridão. O rosto molhado de suor e o coração acelerado.
- Mike você está bem? – perguntou
Jerry acordando também.
- estou – falei ofegante.
- teve outro pesadelo?
- tive sim – falei voltando a me
deitar.
- desde que você viu Xavier e os
outros irmãos do Adam você tem tido pesadelos novamente.
- eu sei. A culpa não é deles –
falei olhando para o teto no escuro – eu pensei que se viesse aqui para o
Tennesse os pesadelos acabariam.
- porque você está tendo esse
pesadelo de novo? Fazia meses que você não tinha – falou Jerry deitando ao meu
lado.
- não sei. Talvez a noticia de
que a mãe de Adam morreu tenhas me trazido lembranças ou talvez tenha sido
realmente ver os irmãos dele novamente. Acho que estou com saudades.
- o que você vê nesses pesadelos?
- me vejo na rua tentando
reconhecer Adam. O rosto dele está tão inchado que é quase possível não
reconhece-lo.
- isso aconteceu de verdade?
- sim. Não é sonho e nem pesadelo
eu só estou revivendo o pior dia da minha vida.
- eu acho que não conseguiria ir
a um lugar para reconhecer o corpo de alguém que eu conheço. Nem gosto de ir a
funerais ou velórios porque gosto de lembrar da pessoa viva.
- eu não queria ter ido, mas tive
que ir.
- eu entendo seus pesadelos. A
última vez que o viu e da maneira que ele estava todo…
- …despedaçado – completamente a
frase dele.
- não pense nisso. Vamos falar de
outra coisa.
- você não quer voltar a dormir?
- estou sem sono.
- eu também. Depois de um
pesadelo como esse é difícil ter vontade de dormir outra vez.
- você não quer mesmo contar pro
seu tio Roger sobre seu pai Larry?
- eu não tenho nenhum pai chamado
Larry. Meu pai se chama Ray – falei sem dar atenção a Jerry.
- me desculpa… você não via falar
sobre Larry com ele? Você passou o dia todo conversando e bebendo conosco, mas
não tocou no assunto.
- eu não quero. Quando vinha pra
cá pensei em contar de uma vez, mas decidi deixar de lado. Essa é uma conversa
tão desagradável.
- eu posso contar pra você se
quiser.
- não sei. Eu realmente não
queria tocar nesse assunto – falei pausando e nós ficamos em silêncio por um
tempo.
- quantas horas? – perguntei á
Jerry que se virou e pegou seu celular para conferir.
- quase cinco da manhã – falou
Jerry.
- meu tio vai acordar em breve.
Seis horas ele já está de pé.
- eu acho que vou me levantar
essa hora para passar um tempo com ele.
- não precisa. Ele não se importa
se nós dormimos até meio dia.
- precisa sim. Eu quero. Você
pode continuar dormindo e eu vou ajuda-lo com os afazeres aqui da fazendo.
- vai mesmo fazer isso?
- claro.
- você é um doce – falei me
aproximando no escuro e beijando seu rosto. Jerry me guiou até sua boca e demos
um selo; Depois de um tempo inevitavelmente voltei a dormir.
Acordei quase dez da manhã.
Levantei, escovei os dentes e desci as escadas, mas não vi ninguém. Ao sair
pela porta da cozinha vi meu tio e Jerry ao longe andando de cavalo.
Acenei ao longe e fui me
aproximando até que eles vieram até mim.
- bom-dia flor do dia – falou meu
tio – já era hora de acordar né?
- dormi mal noite passada tio.
- Jerry me disse que está tendo
pesadelos outra vez.
- pois é – falei olhando para
Jerry – e você hein? Vestido todo de Cowboy? Ficou bonito.
- com direito a botas e tudo –
falou meu tio.
- pois é.
- você já tomou café da manhã? –
perguntou Jerry.
- ainda não, mas já vou tomar.
- vai lá com ele – falou tio Roger.
- não precisa – falei voltando –
podem ficar ai de boa fazendo o que estiverem fazendo.
- você não quer ver o Sombra? –
perguntou meu tio.
Nesse momento eu parei. Tinha me
esquecido completamente do cavalo que Adam tinha me dado a dois anos atrás. Não
me atrevi a olhar para trás ou responder.
- acha que eu não devia ter dito
isso? – perguntou meu tio Roger para Jerry quando eu voltei para dentro da
casa.
- ele só está meio sensível essa
semana.
- pela visita dos irmãos de Adam?
- provavelmente.
- acho que vou lá falar com ele –
falou meu tio descendo do cavalo e depois de deixa-lo ele pulou a cerca e foi
até mim.
Eu estava colocando leita em um
copo quando meu tio entrou na cozinha.
- você está bem campeão?
- estou sim.
- não minta pro seu tio – falou
ele se sentando á mesa.
- eu não estou mentindo.
- me desculpa por falar do cavalo
e de tocar no nome de Adam.
- não estou triste por ter tocado
no nome dele. Estou triste porque eu esqueci sobre o Sombra.
- lembra quando Peter te ensinou
a montar?
- sim. lembro também de ficar
preso na floresta e passar a noite mais nojenta da minha vida.
- você também lembra de ter
colocado a mão no meu…
- sim. infelizmente me lembro –
falei rindo.
- então… porque eu não sabia
sobre esse Jerry?
- eu o conheci depois de o senhor
ter ido lá em casa desde a última vez.
- eu pensei que você não iria me
visitar. Passaram-se tantos meses.
- eu sei é que eu conheci Jerry e
acabei morando com ele e é como eu disse ontem. Só me mudei recentemente agora
que comprei meu apartamento.
- e como seu pai está? –
perguntou meu tio.
- está bem – falei me sentando a
mesa com ele – quer dizer ,faz tempo que não o vejo, mas tenho certeza de que
ele está bem.
- OK – falou meu tio olhando para
fora e depois olhando para mim – você não quer me contar mais alguma coisa?
- não tenho não.
- tem certeza? Acho que você vai
querer me contar.
- não acredito – falei respirando
fundo – Jerry contou para o senhor?
- contou sim.
- não acredito que ele fez isso.
- não fica com raiva dele. Na
verdade ele fez certo em me contar. Por quanto tempo acha que conseguiria
guardar para sí esse segredo?
- não é bem um segredo. Ele me
roubou e desapareceu. Ele, Vanessa e Rachel. Desapareceram.
- você não quer dar queixa na
policia?
- não. Acho melhor ficar assim.
- você não pode deixar por isso
mesmo. Tem que decidir fazer algo.
- quem sou eu para decidir o que
deve ser feito?
- você é o prejudicado nessa
história. Esse não deve ser o fim. Larry é meu irmão, mas deve pagar pelo o que
fez.
- Sim, esse é o fim. Eu não quero
falar mais sobre esse assunto. Se esse é o fim, então que venha. Eu tô pouco
ligando.
- estou decepcionado por você não
querer me contar.
- não fique. O senhor descobriria
de um jeito ou de outro. Na verdade parte de mim sabe que Jerry iria contar. Eu
posso ter dado alguns sinais de que queria que ele contasse porque eu não quero
falar sobre isso e nem sentir outra vez o que senti quando descobri o que ele
fez.
Nesse momento eu não percebi, mas
Jerry havia descido do cavalo e ele se aproximava da casa.
- então, você e Jerry estão
felizes?
- estou sim – respondi.
Ao ouvir essa conversa, Jerry
optou por não entrar e como nem meu tio e nem eu percebemos que ele estava lá
ele ficou do outro lado ouvindo nossa conversa.
- que bom. O dia que se casarem
eu quero ser seu padrinho.
- eu não sei se quero me casar
outra vez.
- porque não? Você não o ama?
- eu estou cansado e doente de
jogar esse jogo.
- significa um não?
- não. Eu não o amo e Jerry sabe
disso. as vezes ele me cobra um “eu te amo” e ao mesmo tempo me diz que eu não
devo dizer enquanto não for verdade. Quer dizer, eu faria qualquer coisa para
ficar com ele. Ele me faz bem.
- que bom. Você encontrou alguém
compreensível.
- mas até quando eu vou estar
nesse relacionamento? Ele não vai ser tão paciente para sempre.
- você acha que não vai amá-lo?
- sinceramente? Não. Eu não acho
que vou ser capaz de amar ninguém, nunca mais. Eu dei tudo de mim á Adam e no
nosso relacionamento. O máximo que eu posso dar é o que dei a ele.
- você é tão novo para dizer
isso. É claro que vai amar novamente.
- o senhor amou novamente?
- o que? – perguntou meu tio.
- quando a mãe de Leo morreu. O
senhor amou alguém depois dela?
Meu tio não respondeu nada e
suspirou.
- viu só? Você pode gostar muito
de alguém e até se apaixonar, mas pessoas que perdem o que nós perdemos, o
verdadeiro amor, nunca mais amam novamente. Não do mesmo jeito e da mesma
intensidade.
- você está começando a me deixar
depressivo – falou meu tio.
- é o que acontece quando se fica
muito tempo comigo.
- não importa o que aconteça eu
estou aqui OK?
- o senhor conheceu bem a minha
mãe?
- sim – falou meu tio sorrindo –
Olivia era uma mulher encantadora. Ela amava meu irmão e quando eles adotaram
vocês ela te amou tão forte.
- ela estaria decepcionada com
meu pai se ela estivesse viva. Ela deve estar se revirando no túmulo.
- toc toc – falou Jerry fingindo
que tinha chegado agora.
- você veio? Eu demorei a voltar
certo? – falou meu tio.
- assim. Eu vim ver se está tudo
bem.
- está sim.
Jerry veio até mim e deu um
selinho nos meus lábios.
- sobre o que falavam?
- sobre a bola de demolição
chamada Larry – falou meu tio.
- vamos falar sobre outra coisa –
falei tentando mudar de assunto.
- Leo e Katy vem jantar hoje a
noite.
- ótimo, eu estou louco para ver
Cory e o quão grande ele deve estar.
- você verá – falou meu tio
rindo.
Jerry se sentou ao meu lado á
mesa e nós conversamos por um bom tempo. Mal sabia eu que Jerry tinha ouvido
minha conversa com meu tio e eu não sei o que ele fará em relação ao que eu
respondi a ele.
Meu tio Roger e Jerry decidiram
fazer o jantar. Não sei o que eles preparavam, mas decidi ficar longe da
cozinha e cuidar das minhas próprias coisas. Decidi escovar os pelos do meu
cavalo Sombra. Ele tinha longas cabelos negros. Pretos no tom dos cabelos de
Adam que se estivesse vivo hoje em dia teriam alguns grisalhos o deixando mais
charmoso. Sempre imaginei como ele ficaria a medida que nós envelhecêssemos.
Meu maior sonho era vê-lo de cabelos grisalhos. Nada de tinta. Ao natural é
mais bonito.
- me desculpa – falei para Sombra
escovando seus cabelos – eu só te vi uma vez na vida quando vim aqui a quase
três anos atrás. você deve me achar um péssimo dono.
Sem falar mais nada. Apenas
continuei a pentear os cabelos dele. ainda estava cedo, mas o pessoal da
fazendo costumava jantar mais cedo. Tinha até me acostumado na época que vivi
com meu tio.
Estava distraído pensando se um
dia me imaginei estar ali novamente na situação que estou hoje. Nem em um
milhão de anos. Sou um garoto danificado. Muitos mais do que o garoto que
esteve aqui a anos.
- e ai garoto da cidade – falou
uma voz feminina atrás de mim na porta do celeiro.
Olhei para trás para ver o rosto
ao qual tinha esquecido a tanto tempo.
- Gwen? – falei surpreso.
- então você ainda lembra do meu
nome? – falou ela rindo de braços cruzados.
- claro que lembro – falei me
aproximando dela e a abraçando – você está tão bonita. Tão grande.
- você também não está nada mal.
- sério? Eu devo ter engordado
uns dez quilos desde que Adam se foi.
- você está mais bonito agora.
Não que eu esteja dando em cima de você é claro, mas parece que eu tenho a mania
de namorar gays.
- pois é – falei rindo.
- você tem visto Peter?
- na verdade via fazer anos que
não vejo.
- eu o vi semana passada.
- sério? Ele veio aqui?
- sim. Diferente de você ele não
esqueceu os amigos. Ele trouxe o namorado dele, acho que o nome é Denny.
- me desculpa eu não queria ter
esquecido vocês é que tanta coisa mudou em minha vida.
- nas nossas vidas também.
- você também ficou de me visitar
e nunca apareceu.
- verdade. Nós dois meio que nos
distanciamos.
- sim, mas não quero fazer isso
novamente.
- bom se você quiser ser meu
amigo, estou aqui e sempre estarei.
- seus pais estão bem?
- levando em consideração que
você dormiu com um deles na última vez que esteve aqui, sim. eles estão bem.
- mais uma vez, me perdoa por
isso.
- a culpa não é sua. Não é de
ninguém – falou ela rindo e se aproximando do Sombra – ele é tão lindo. Nunca
vi um cavalo com os pelos tão brilhantes.
- você vê ele sempre?
- você fala do seu cavalo?
- sim.
- as vezes eu venho aqui e cuido
dele, monto nele e passo um tempo com ele. Ele é um grande amigo – falou ela
alisando o Sombra.
- verdade. Eu estou aqui a horas
com ele e conversando feito um bobo. Ele me ouve e não responde, mas de uma
fora estranha eu sinto que ele se importa.
- ele é sim. um grande amigo.
- você vai jantar conosco essa
noite?
- não. Na verdade eu só vim te
ver.
- por favor, venha jantar
conosco.
- tem certeza? Eu pensei que
fosse algo mais de família. Não quero me intrometer.
- de maneira nenhuma. Você seria
bem vinda.
- tudo bem então. Se você diz.
- ótimo, vou ficar feliz de ver
você lá.
- vou indo. Prometo que apareço
na hora do jantar.
- combinado – falei sorrindo e
vendo ela se afastar.
Depois de um tempo levei Sombra
até seu lugar e voltei para a casa principal. Ao chegar perto da porta dos
fundos já senti o cheiro.
- que cheiro bom é esse?
- e bom ou ruim? – perguntou meu
tio.
- muito bom.
- ótimo.
- tio, a Gwen apareceu no celeiro
e…
- a Gwen? Você viu ela?
- sim. ela foi até o celeiro
conversar comigo e dar um oi e eu a convidei para o jantar. Espero que não
tenha problema.
- não, nenhum – falou ele
sorrindo.
- que ótimo – falei olhando no
relógio – já é quase sete da noite? Parece que ainda está de dia.
- é o fuso horário.
- pois é. Demora tanto a
escurecer.
Olhei para Jerry e ele estava
calado.
- o que foi meu amor? Porque está
tão calado? – falei me aproximando dele.
- não é nada. Só estou com dor de
cabeça.
- espero que melhore – falei
dando um beijo na testa dele.
- agora acho que vai melhorar –
falou ele forçando um sorriso.
- vou tomar um banho e ficar
pronto para o jantar.
- vai mesmo porque você está
fedido – falou meu tio.
- não estou nada – falei indo até
a escada e ao subir fui até meu quarto e do Jerry e fui para o banheiro.
Tirei toda minha roupa e já
dentro do box abri o chuveiro, mas não saiu água. Sai do Box e fui até a
torneira e ao abri-la a água saiu normalmente.
- que droga é essa – falei
abrindo novamente o chuveiro, mas não saiu água.
Decidi ir tomar meu banho no
quarto do meu tio. Atravessei o corredor e ao entrar no quarto do meu tio fui
até o banheiro e lá o chuveiro funcionava corretamente. Tomei meu banho
calmamente e ao sair vesti minha roupa no quarto dele mesmo.
Peguei minha roupa suja e
coloquei junto com as roupas sujas do meu tio. Decidi procurar uma camisa
listrada para me enturmar mais. As do meu tio provavelmente serviriam em mim e
decidi procurar. Abri a porta do guarda-roupas e tive uma leve surpresa. Tinha
roupa de mulher.
- roupa de mulher? – falei
pegando um vestido e olhando de perto. Tinha de várias coras. Tinha também na
parte de baixo calça jeans feminina e botas.
Ao olhar aquelas roupas fiquei
pensando no meu tio. Ele era um homem tão bom comigo e gostava de falar sobre
cosias gays comigo e ele não tinha namorada a muito tempo pelo o que eu sabia.
Foi nesse momento que a ficha caiu.
- como não percebi antes – falei
colocando a roupa no lugar. Abri o outro lado do guarda roupas e lá tinha
roupas de homem. Peguei uma camisa listrada de branco e vermelho vinho e vesti
com uma calça jeans que eu tinha levado.
Desci ás escadas e fui até a
cozinha.
- e então? Estou bem?
- está lindo – falou Jerry mal
olhando pra mim.
- em tão tio? tenho sua
aprovação?
- está gatinho campeão – falou
meu tio me olhando e depois voltando a fazer comida.
- o senhor não reparou em nada?
- no que?
- eu peguei essa camisa
emprestada do senhor. No seu guarda-roupas.
Nesse momento meu tio olhou para
mim assustado.
- sabe primeiro eu olhei do lado
esquerdo do guarda roupa e lá não tinha nenhuma roupa pra mim. só encontrei
roupas ‘pra mim’ do lado direito – falei vendo a expressão de preocupação do
meu tio aumentar.
Jerry estava distraído com a
comida e eu chamei meu tio para conversar. Subi as escadas e ele deu uma
desculpa para Jerry e subiu as escadas também. Fui para o quarto do meu tio e
me sentei na cama dele até que ele chegou.
- eu sabia que esse dia ia chegar
– falou meu tio se sentando na cama vindo para um beijo em minha boca.
- para de graça tio – falei
empurrando ele.
Meu tio ficou rindo.
- o senhor sabe o que eu vi no
guarda-roupa não sabe?
- sei sim – falou ele parecendo
nervoso – essa roupas são da minha namorada.
- namorada?
- Ela mora comigo a mais de dois
anos.
- sério? Porque não falou nada?
Porque escondeu isso até agora e porque ficou tão branco quando falei sobre as
roupas?
- é a Gwen. Essas roupas são da
Gwen – falou ele parecendo aliviado.
- da Gwen? – perguntei surpreso.
- pensei quede todas as pessoas
você seria o último a me julgar.
- te julgar porque?
- ela é mais nova do que eu.
- pelo amor de deus tio, eu gosto
de homens mais velhos. Adam tinha quase o dobro da minha idade. Jerry é novo
tem vinte e nove anos, mas mesmo assim as pessoas ainda acham ele velho pra
mim. Porque pensou que eu te julgaria?
Meu tio não respondeu.
- você não pensou que eu julgaria
certo? O senhor sabe que eu nunca julgaria. O senhor tem vergonha.
- tudo o que as pessoas veem é um
homem velho, solitário e rico ao lado de uma bela garota de vinte e poucos
anos. As pessoas nos julgam quando nos veem. As pessoas acham que é o golpe do
baú.
- porque? O senhor é um homem
muito bonito. Gwen é uma mulher linda. Vocês foram até um par lindo. Quando
tudo começou?
- depois do Peter, Gwen começou a
namorar certo rapazes que tinham o mesmo problema que Peter.
- como assim?
- ela meio que tem um imã para
gays enrustidos. Todos namoravam ela e depois de um tempo ela acabava
descobrindo que eles eram gays.
- coitada. Ela é tipo eu, só que
eu tenho imã pra canalha. Jerry é o único que não é.
- pois bem, ela meio que desistiu
de namorar e decidiu ficar sozinha. Quando minha ex-namorada e eu terminamos
ela tinha aqui na fazendo me ajudar com algumas coisas e eu acabei dando um
emprego a ela. Da relação de amizade e chefe acabamos tranzando. Uma vez, duas
vezes, seis vezes e quando percebi eu não conseguia parar de pensar nela. Eu
tinha medo de estar me iludindo e no fim quando decidi contar como me sentia
ela se sentia da mesma maneira.
- fico tão feliz por você tio –
falei abraçando-o – me desculpa por supor. Eu sou péssimo em adivinhação.
- está perdoado – falou ele
beijando meu rosto.
- quer dizer então que quando eu
liguei dizendo que estava á caminho o senhor mandou ela encher uma mala de
roupas, cair fora da casa e ficar longe até que eu fosse embora?
- Basicamente.
- e a Gwen concordou?
- sim.
- case com ela tio. Ela te ama
por concordar com essa loucura.
- o pior é que ela não se importa
com o que os outros dizem. Ela fez por mim.
- pois é. Case com ela.
- me sinto tão bobo.
- é bom se sentir bobo. Deixa de
bobeira e fiquei com ela sem sentir vergonha. eu sei que parece clichê e as
pessoas veem com maus olhos, mas ninguém tem nada a ver com sua vida. Se o
senhor é feliz, pra mim é o que importa.
- acabei de sair do armário não
é? – falou meu tio rindo.
- foi sim. e eu estou orgulhoso
por ter tido coragem de contar pra mim.
- o pior de tudo é que ela deve
ter ido até o celeiro na esperança de você convidá-la para jantar.
- e foi o que fiz – falei rindo.
- vamos indo lá pra baixo? Jerry
deve estar preocupado pensando no que estamos fazendo aqui em cima;
- na verdade… antes de irmos eu
gostaria de pedir uma coisa para o senhor.
- o que é?
Respirei fundo e olhei para meu
tio. Já que ele tinha sido corajoso param e contar sobre o relacionamento com a
Gwen eu acho que devo criar coragem e fazer um pedido a ele.
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