Capítulo 18: Cruel Líder | Conto: Cruel Sedutor

 XVIII

Cruel Confissão

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S

ignificou muito Clyde ter acreditado em mim. Pela primeira vez sentia que alguém confiava nos meus instintos. Cory era um amor, mas não me levava muito a sério. Talvez por eu não ser policial e não ter os anos de carreira que ele tem. Por outro lado Cory era um homem carinhoso e atencioso sempre preocupado comigo. Me convidou para passar a noite em sua casa. Depois do interrogatório conversei com Casey e mostrei o desenho do palhaço que Caylee tinha feito, mas ela não se lembra de nada parecido com o desenho. Disse para ela cuidar bem de Caylee e leva-la ao psicólogo para que voltasse a dormir como deveria.

Casey ficou muito abalada com a morte de Amy. Pedi a ela que tomasse cuidado, não abrisse a porta para qualquer pessoa e que não ficasse saindo a noite para festas e o mais importante: não deixasse Caylee com nenhuma babá. Se ela precisasse sair ela podia me ligar e eu cuidava de Caylee para ela. Voltei ao trabalho normalmente, mas sem aquela obsessão maluca por crimes. A minha pesquisa estava concluída. Toda a teoria que mostrei a Clyde – para mim – era a teoria de tudo que estava acontecendo em relação à motivação dos assassinos então não tinha porque continuar a pesquisar sobre aquilo.

Era quinta-feira. Estava em minha mesa atualizando o cadastro de todos os policiais daquele distrito. O RH não estava conseguindo terminar sozinho então o delegado Hugo pediu a minha ajuda. Enquanto atualizava os dados de um policial reparei quando a porta do elevador se abriu e um casal de jovens de cabelos loiros e olhos azuis saíram de lá. Reconheci a garota. Era Tessa. Filha de Clyde. Ao seu lado um rapaz loiro de mãos dadas para ela. Clyde apareceu e deu um beijo na filha e cumprimentou o rapaz. Provavelmente era o namorado de Tessa.

De longe Tessa acenou para mim. Tessa morava no campus da Universidade da Flórida onde ela morava. Eu a tinha visto no começo da semana na casa e ela tinha puxado assunto comigo. Ela era uma pessoa legal. Tessa veio andando na minha direção com seu namorado com um sorriso no rosto.

- boa tarde Stan – falou ela ajeitando os cabelos.

- oi Tessa – falei respirando fundo forçando um sorriso. Clyde continuava em seu lugar vendo de longe a conversa.

- prazer – falou o rapaz me cumprimentando – sou Troy Fletcher.

- sou Stan.

- esse é meu namorado – falou Tessa com um largo sorriso feliz por vê-lo.

- prazer Troy – falei respirando fundo – então… o que vieram fazer aqui?

- estávamos aqui perto e decidimos visitar meu pai.

- legal – falei sorrindo – você vai estar sábado na festa de aniversário do seu irmão?

- infelizmente não. Vou ficar o fim de semana no campus estudando – Tessa apertando os lábios.

- eu entendo.

- vamos indo amor? – perguntou Troy abraçando Tessa.

Ela confirmou positivamente com a cabeça e em seguida se despediu. Tessa e Troy caminharam em direção a Clyde que os cumprimentou e os levou até o elevador.

Quando chegou o fim do expediente eu terminava de limpar os aparelhos da academia. Estava sozinho e apenas alguns policiais estavam nos chuveiros. Clyde apareceu de camisa regata toda suada e uma toalha jogada no ombro.

- vou tomar banho para podermos ir – falou Clyde parecendo cansado. Ele tinha acabado de correr vinte minutos na esteira.

- não vou hoje.

- por quê? – perguntou ele passando a toalha no rosto.

- Cory me chamou para passar a noite com ela então eu vou com ele.

- Okay, Okay – falou ele parecendo pensativo.

- algum problema?

- Não. Nada. Pode ir

- tchau! – falei para Clyde, mas ele não me respondeu e entrou no banheiro em direção aos chuveiros. Caminhei em direção aos elevadores e enquanto esperava ele chegar os policiais que estavam no banheiro apareceram. A porta do elevador abriu logo em seguida e eu apalpei os bolsos fingindo que tinha esquecido algo.

- não vai entrar? – perguntou um dos policiais.

- eu esqueci meu celular no meu armário.

- nós esperamos se você quiser!

- não precisa. Podem ir – falei me afastando e acenando com a mão – até amanhã.

Os policiais acenaram de volta e eu voltei a academia e fui até os banheiros. Tinha algo de errado com Clyde. Desde o dia da festa de aniversário dele ele tem agido como se eu estivesse fazendo algo errado. Sempre termina a conversa como se quisesse dizer algo, mas nunca tem coragem.

Deixei minha mochila nos bancos que haviam no vestiário e caminhei até os chuveiros. Um dos chuveiros estava ligado e eu me aproximei o suficiente para que ele me ouvisse. Não havia portas nesses chuveiros.

- quem está ai? – perguntou Clyde desligando o chuveiro.

- sou eu.

- Stan? – perguntou ele se inclinando para ver meu rosto.

- oi – falei apertando os lábios.

- o que está fazendo aqui? Pensei que já tinha ido.

- na verdade voltei pra te perguntar uma coisa.

- o que é? – ele estava com o rosto molhado e com os cabelos escorrendo água. Ele passou a mão no rosto e na barba.

- pode voltar a tomar seu banho.

- Okay – falou ele ligando o chuveiro novamente – pode perguntar.

- você tem algum problema comigo?

- não estou entendendo.

- é que eu tenho percebido que você não parece muito gostar de mim ou de Cory. Você tem algum problema comigo ou com ele?

- claro que não – Clyde ficou em silêncio alguns segundos – não tenho nenhum problema fica tranquilo. Você está paranoico com tudo o que tem acontecido.

- não coloque a culpa nos assassinatos e não faça como Cory. Não coloque a culpa em minha ‘paranoia’.

- eu não sei  oque você quer que eu diga – Clyde desligou o chuveiro e pegou a toalha começando a se enxugar..

- quero que diga a verdade. Você tem algum problema com o fato de estarmos juntos?

- e porque eu teria algum problema? – ele saiu enrolado na toalha e passou por mim indo até o vestiário. Ele tinha uma expressão malvada como se não estivesse gostando do assunto. Ele pegou a cueca e vestiu ainda com a toalha.

- eu não sei. Me diga você.

- quer saber mesmo? – falou Clyde autoritário com as sobrancelhas franzidas com raiva – eu não gostei nada de você e Cory terem feito sexo na minha cama. Eu sabia que vocês usariam a banheira, mas não imaginei que iriam para minha cama fazer o que fizeram. Achei uma grande falta de respeito – Clyde respirou fundo e lambeu os lábios.

- isso é besteira. Eu sei que não é isso.

- você perguntou. Eu estou apenas respondendo – falou Clyde tirando a toalha e jogando ela em cima do banco pegando sua calça jeans. Ele usava uma cueca tradicional branca – não queria dizer nada porque não quero criar inimizade entre nós.

- tem certeza que é isso? – perguntei cruzando os braços.

- sim. E agradeço se não disser nada ao Cory. Não quero estragar a nossa amizade.

- quando você achar que está pronto para dizer a verdade é só me avisar – me virei e de um passo em direção á saída.

- Hey! Qual o seu problema? – gritou Clyde nervoso – eu não sei o que você espera que eu diga. Se não quer saber a verdade não pergunte.

- o meu problema? Qual é o SEU problema? Porque você fica encarando Cory e eu? Porque parece frustrado toda vez que eu falo sobre Cory?

- eu já disse – falou Clyde nervoso gesticulando com as mãos – vocês fizeram sexo na minha cama. NA MINHA CAMA – Clyde falava alto – o que você não consegue entender?

- eu não consigo entender porque você está agindo como bipolar. Você diz que é amigo de Cory, mas pelos seus gritos eu percebo que você parece mais é ter raiva dele.

- é claro que eu tenho raiva dele – Clyde respirou fundo – vocês fizeram sexo na MINHA cama. Não era pra ser ele. Deveria ser eu. Era MINHA cama – Clyde respirou fundo sentindo o peso sair dele. Ele olhava estático para mim – deveria ter sido eu.

Clyde caminhou na minha direção e me pressionou contra os armários encostando seus lábios contra os meus. Abracei-o. Fechei os olhos e senti a barba de Clyde me espetar enquanto ele chupava maus lábios e sua língua humedecia minha boca. Deslizei as mãos pelas suas costas e segurei forte em seus cabelos pressionando sua boca contra a minha. Clyde apoiava os braços no armário e lentamente ele deslizou as mãos me tocando me puxando do armário para o meio do vestuário. Ele envolveu seus fortes braços em mim e deu um selinho no canto da minha boca. Em seguida no meu nariz por último um beijo no meu olho direito. Sua barba me espetou.

Abri os olhos e Clyde acariciou o meu rosto com o dedão. Seu olhar era intrigante. Minha boca estava molhada com a baba dele e minha língua estava salivando porque queria novamente ir de encontra a sua boca. Nossos corpos estavam unidos de uma forma que nunca imaginei que estariam. Deslizei minhas mãos por seu peito até chegar em seu rosto. Eu o segurei entre minhas mãos. Dei um beijo em seu queixo, em seu pescoço e então na altura do seu ombro do lado direito.

- eu não sei o que dizer – Clyde parecia transtornado.

- não precisa dizer nada. Seu beijo disse tudo o que eu precisava saber – falei sorrindo olhando diretamente para seus olhos azuis acinzentados.

Clyde deu um último selinho na minha boca antes de se afastar e se recostas no armário logo atrás dele. Ele parecia pensativo.

- preciso ir – falei respirando fundo – Cory está me esperando.

- tudo bem – falou Clyde – te vejo amanhã?

- sim. nos vemos amanhã – falei me virando e dando dois passos em direção a saída.

- Não deixe ele saber – falou Clyde.

- o que? – perguntei me virando confuso.

- não deixe ele saber – repetiu Clyde.

- não se preocupe. Ele não vai saber desse beijo.

- não me refiro ao beijo.

- do que está falando?

- não deixe ele saber que enquanto está tranzando com ele hoje a noite você estará pensando em mim – Clyde apertou os lábios e deu um sorriso marrento. Em seguida ele moveu um pouco a cabeça e respirou fundo.

Lambi meus lábios e sai daquele banheiro. já era tarde quase seis e meia e Cory estava me esperando lá fora. Ao entrar no elevador tive vontade de desliga-lo e ficar lá dentro algumas horas para poder pensar no que tinha acontecido e qual decisão eu tomaria em seguida. Minhas pernas ainda tremiam pelo beijo de Clyde. Meu coração batia forte em pensar se Cory descobriria sobre aquele beijo. Não sei o que fazer. O que devo fazer?

Luke e Shelly estavam a caminho de casa. Em silêncio dentro de seu carro. As luzes brilhavam na tinta preta do automóvel que cortava rapidamente a avenida em direção ao bairro onde moravam. Um pequeno, mas supervalorizado bairro que no momento talvez fosse o mais seguro em toda Orlando. Depois do desastroso jantar com os amigos de Luke e Shelly naquela noite de quinta não havia muito que ser dito a não ser a palavra ‘divórcio’. O casamento dos dois não ia bem e já fazia alguns meses que já não existia mais amor entre os dois. Era como se a cada dia, hora, minuto e segundo eles simplesmente se suportassem pelos filhos. Que na verdade era a única razão que ainda estavam juntos.

Shelly parecia com raiva. Ela mal olhava para Luke que dirigia olhando sempre para frente. Não porque queria, mas porque a outra opção seria olhar para Shelly e ele não a suportava. Tudo o que Shelly pensava é que tinha desperdiçado tempo e dinheiro. Tempo em um jantar e dinheiro com a babá que cuidava de seus dois filhos. Matt de quatro anos e Felícia de três.

- você vai pagar a babá – falou Shelly curta e grossa.

- você vai tocar outra vez no assunto da babá? – perguntou Luke com a voz alterada de tanta raiva.

- me desculpe, mas são meus filhos também – falou Shelly olhando para ele e falando tão alto quando Luke. Ela gesticulava com as mãos – você ligou para o primeiro número que achou no Craigslist e deixou nossos filhos com uma universitária que não tinha referências?

- isso não é sobre Matt e Felícia é sobre você e sua necessidade obsessiva em controlar tudo e todos.

- não Luke. Isso é sobre você e seu aparente alcoolismo.

- pelo amor de Deus! Shelly! – Luke bateu as duas mãos no volante com raiva – eu mal bebi essa noite.

- não é o que parece. Você não viu como Julio e Kelly ficavam nos encarando e fazendo comentários uns para os outros?

- como você sabe que era sobre mim? Eles poderiam estar falando desse seu vestido que te deixou parecendo uma prostituta – Luke parou o carro de uma vez, pois havia um cachorro no meio da rua. Estava deitado. Dormindo.

- você quer nos matar? – perguntou Shelly com o coração batendo a mil.

- eu não vi a droga desse cachorro deitado no meio da rua – Luke apertou os olhos tentando ver o cachorro que estava deitado de costas para o carro.

- vamos embora.

- espera! – falou Luke abrindo a porta do carro.

- onde você vai? Luke?! – Shelly parecia brava – volte aqui.

- cala a boca – falou Luke se aproximando do cachorro deitado na rua. Ele se aproximou o suficiente para ver que o cachorro não dormia. Estava morto.

- Luke! – falou Shelly quase cochichando – o que está fazendo?

- ele não está dormindo. Está morto.

- algum outro bêbado deve tê-lo atropelá-lo antes de você.

- eu não sei se ele foi atropelado. Não há sangue.

- volte para dentro desse carro agora.

Por fim Luke desistiu de analisar mais a condição do cachorro e seguiu caminho de volta para casa. O silêncio voltou a reinar no resto do caminho de volta para casa. Ao se aproximarem da casa Luke abriu a garagem e assim que estacionou apertou o botão do controle para que ela se fechasse. Os dois estavam frustrados. Uma noite fora com os amigos para beber e se divertir foi apenas mais uma noite frustrante.

Ao saírem da garagem chegaram à cozinha e Luke foi até a geladeira e pegou um copo d’água. Shelly tinha regras severas sobre calçados dentro de casa. Antes de entrar na cozinha ela tirou seu salto alto e adentrou dando dois passos.

- tire os sapatos Luke. Você está trazendo os germes para dentro de casa.

Luke até pensou em proferir uma ofensa que começou a queimar em seu peito, mas em respeito aos filhos e a babá que provavelmente estavam na sala ele preferiu acatar a ordem da esposa.

- você libera a babá e eu vou tomar um banho de espuma. Preciso relaxar – Shelly saiu da cozinha e seguiu até a sala para subir as escadas. Antes que desse um passo sequer ela deu um grito. Luke que tomava um longo gole de água quase que se engasgou. Ele colocou o copo em cima do balcão e correu até a sala. A sua esposa estava ajoelhada á beira do sofá dizendo algo repetidamente ‘Acordem’, ‘Felícia’, ‘Matt’!

- o que aconteceu? – perguntou Luke chegando á sala vendo os dois filhos deitados no sofá. Eles pareciam estar dormindo, mas seus rostos estavam pálidos. Azulados.

- eu não sei. Quando cheguei aqui eles já estavam assim. Parecem que estão desmaiados.

- onda está a babá? – perguntou Luke olhando para trás recebendo a pancada de um basta ode beisebol na cabeça que o fez cair para trás e sangrar no chão. Ele ficou inconsciente. A esposa se levantou assustada e viu a ficara com um rosto sombrio. Uma fantasia e uma máscara medonha. Um palhaço com o rosto acinzentado e olhos totalmente negros e uma mão do lado esquerdo da máscara com longas unhas. Com certeza não era um palhaço recomendado para uma festa infantil.

O palhaço virou o rosto de lado e colocou o bastão apoiado no ombro.

- Luke! – gritou a mulher tentando ir até o marido caído no chão desacordado. Antes que conseguisse outras duas figuras assombrosas seguraram Shelly pelos braços – socorro! – gritou Shelly se debatendo. A pessoa que a segurava pelo lado esquerdo usava uma máscara nojenta. Um rosto feminino com dentes por toda a face. Não era um rosto humano, mas era muito real. Uma peruca negra cobria a parte de trás da cabeça. Do lado direito era outro palhaço, mas dessa fez com duas bocas no lugar onde deveriam estar os olhos.

- me soltem! – falou Shelly tentando se soltar. Descendo as escadas mais três palhaços desceram. Cada um com uma fantasia e máscara horripilante. Cada um deles parecia ter algo na mão. Um martelo, uma furadeira e facas.

Luke começou a acordar do seu desmaio e antes que pudesse se levantar dois palhaços que desciam as escadas o seguraram e o ajudaram a levantar o seguraram firme, pois ainda estava tonto.

O palhaço de máscara acinzentada moveu a cabeça como se estivesse indicando aos seus companheiros o que fazer. Os palhaços levaram os dois até a mesa de jantar e os colocaram em uma cadeira e colocou cada um deles em uma ponta.

- Socorro! – gritou Shelley. Luke começou a gritar junto com ela, mas parecia não ter efeito nenhum. Os palhaços malditos pareceram não se importa. No total haviam seis palhaços e a medida que eles gritaram mais palhaços fantasiados com máscaras assombrosas apareceram. No total apareceram doze palhaços que formaram um circulo e deram as mãos. No centro havia um outro membro ajoelhado com os braços abertos. Esse palhaço tinha uma máscara de um rosto com os olhos brancos, havia buracos negros nessa máscara com um pentagrama riscado no centro desse rosto demoníaco. Havia também duas mão com cinco dedos onde deveria estar os chifres.

- Socorro! Nos ajudem! – gritou Luke tentando se soltar em vão. Na mesa a sua frente os instrumentos estavam preparados. Martelos, facas, furadeiras, pregos, cerrotes e outras coisas que os fizeram perceber que a situação não seria favorável a eles. Os palhaços começaram a recitar em coro enquanto a figura no centro do círculo se abaixava como se estivesse protegendo as costas.

- Hoje teus filhos degenerados estão espalhados e celebram teu culto nos seus esconderijos. Arrancai tua máscara e mostrais tua face coberta de lágrimas, bela como o rancor e malogrado como o infinito.

Ao dizerem essas palavras todos retiraram suas máscaras exceto a figura ajoelhada no meio. Eles olharam uns para os outros e voltaram a dar as mãos. Dessa vez com os rostos descobertos. Luke reconheceu a babá que usava a máscara de três rostos. Cada um com uma expressão diferente.

- Teus inimigos são meus inimigos, tua doutrina é minha fortaleza, tua justiça é minha fé. Faça com que um dia o nosso espírito repouse satisfeito, contigo, sob a árvore da Ciência, protegidos pelo Templo até os seus ramos se abrirem.

- você deveria ter protegido nossos filhos! – Gritou Shelly.

Todos os palhaços voltaram a colocar as máscaras e a figura do meio se levantou com a máscara demoníaca com duas mãos e um pentagrama invertido. Ele sinalizou com a cabeça de os palhaços vieram até a mesa e cada um deles ficou de um lado como se estivessem se preparando para a refeição. Cada um deles pegou um dos instrumentos para o sacrifício. A figura de máscara vermelha se aproximou da mesa e um dos palhaços colocou uma cadeira para ele se sentar.

- você deveria ter protegido nossos filhos. Ter cuidado deles! – falou Luke para a babá que estava com a máscara a sua direita com uma arma de pregos.

- nós cuidamos deles – falou ela virando a cabeça um pouco de lado – eles se foram em paz – ela apontou para dois copos com o restante de um líquido azul – crianças são puras. As mais belas criaturas. Elas não são sacrifício. Vocês são os sacrifícios – falou a garota serena – vocês são adultos, sujos e corruptos.

- por favor – implorou Shelly – não faça isso conosco.

- porque você se importa agora? Enquanto seu marido fica até tarde no trabalho por não conseguir voltar para casa, você enche a cara com vinho. Taça após taça. Faz isso até desmaiar. Nenhum de vocês dois jamais se importou com as crianças. Nós a salvamos. De vocês e do mundo. Toda criança tem o direito de nascer… e de morrer criança. Vocês realmente querem que elas cresçam e se tornem um de vocês?

Luke e Shelly perceberam que o palhaço de rosto demoníaco com duas grandes mãos no lugar dos chifres era o líder. Ele olhou para Luke e sinalizou com a cabeça. Um dos palhaços bateu com o martelo no ombro de Luke fazendo-o gritar de dor. Ele se contorceu e Shelly começou a gritar.

- por favor, não façam isso!

- só é sacrifício se você se oferecer! – falou a babá.

Luke estava com a feição dolorosa. Lágrimas caindo de seus olhos com o nariz escorrendo. Eles sentiam muita dor e balançou a cabeça negativamente.

O palhaço de rosto vermelho com chifres de bode pegou um vidro com um pó branco dentro. A palhaça de feição feminina e cabelos ruivos segurou o rosto de Luke para cima e abriu a boca dele. O palhaço despejou o pó na boca dele e Luke começou a tossir. Não demorou para sair sangue de sua boca enquanto ele tossia. O pó que parecia sal na verdade era vidro moído.

- pelo amor de Deus! Não façam isso com ele – falou Shelly chorando enquanto Luke engasgava com o próprio sangue.

- você se oferece? – perguntou a mesma garota fantasiada.

Luke balançou a cabeça negativamente.

Um palhaço com uma máscara de homem careca com uma mão que saia de dentro da boca se aproximou por trás com arame farpado na mão. Pronto para enforca-lo.

 - vocês não precisam fazer isso – falou Shelly desesperada – eu li sobre vocês em um fórum na internet. Sobre os crimes que cometeram. Estão dizendo que vocês são uma seita que adoram assassinos em série. Charles Manson e… John Wayne Gacy.

- é mais complicado do que isso – falou o líder sentado a mesa com uma voz masculina encarou Shelly por um tempo – você acha mesmo que faríamos tudo isso para homenagear assassinos em série ou estamos fazendo isso para despistar a polícia?

- vocês vão ser pegos. Todos os oito.

- oito? – perguntou a criatura ficando de pé.

- sim – falou Shelly tentando demonstrar que não tinha medo.

- o noticiário conhece vocês. Eles tem suas máscaras. De todos os oito!

- nós somos muito mais do que você pensa – o líder disse isso olhando para os palhaços próximos a Luke e o arame farpado foi enrolado em seu pescoço e ele começou a ser asfixiado.

- Nãaaaooo! Luke! – Shelly estava neurótica. Ela achava que o odiava, mas naquele momento percebeu que o amava.

- você se oferece como sacrifício? – perguntou a palhaça. Luke cansado da tortura balançou a cabeça afirmativamente enquanto a urina escorria por suas pernas.

Todos os palhaços olharam para Shelly que começou a gritar. Alguns deles estavam perto de Shelly e um dele apontou a arma de pregos para o braço dela e apertou três vezes. Três pregos atravessaram seu osso e ela começou a gritar. Outro palhaço se aproximou e esfaqueou a mão de Shelly que estava sobre a mesa prendendo-a. Quanto mais ela movia a mão mais ela se cortava.

- eu me ofereço! – gritou Shelly.

Os palhaços se aproximaram de Shelly e eles começaram a esfaqueá-la e a bater em sua cabeça com o martelo. Luke estava sem voz. O amor de sua vida sendo espancado, engasgando com o próprio sangue bem á sua frente. Shelly gritou por vários minutos, mas em certo momento seus dentes foram quebrados e sua mandíbula fraturada. Quando seu rosto estava desfigurado os palhaços olharam para Luke e caminharam até ele.

- você é covarde – falou Luke para o palhaço de ficção demoníaca – você nem tem coragem de mostrar seu rosto. Porque você não mostra o rosto? Você é o líder?

Ele balançou a cabeça negativamente.

- todos nós temos um líder. O nosso verdadeiro líder. Eu sou apenas o seu mensageiro.

- e quem é seu líder. Vocês vão me matar então pelo menos me contem por quem eu estou morrendo.

- quer mesmo saber? – perguntou a babá com a máscara.

Luke cuspiu sangue e então balançou a cabeça afirmativamente. Um dos palhaços foi até a parede que ficava de costas para o cadáver de Shelly e usou o sangue de porco para escrever um nome. O nome do verdadeiro líder daquele culto.

Quando o nome foi escrito os palhaços se aproximaram de Luke e começaram a costas seu rosto e a furar seus olhos enquanto o arame farpado era enrolado em seu pescoço e puxado com toda força.

O líder foi até o sofá na sala e ficou observando as duas crianças mortas. Ele tinha luvas – que também tinham buracos – ele começou a acariciar a cabeça das duas crianças bem ali. Deitadas com suas lindas roupas como se estivessem apenas dormindo ou tirando um breve cochilo. Ele admirava as crianças. A sua inocência a sua pureza. O palhaço de rosto acinzentado foi até a parede com um balde com sangue de porco e escreveu ‘Porcos’ nas paredes. A porta dos fundos foi aperta e um por um os sete palhaços presentes saíram pela porta abandonando a macabra casa. Eles caminharam através da noite cortando o vento com suas sombrias máscaras e macabras intenções. Na parede da sala de jantar os corpos permaneceram irreconhecíveis enquanto o nome de Stanley Anthony – o verdadeiro líder – estava escrito com sangue que escorria lentamente pela parede.

Obrigado a todos pelos comentários e pelos votos! Um abraço a todos.