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XVII
Cruel Obsessão
assei praticamente todo o domingo dentro do quarto
saindo algumas vezes para poder almoçar, jantar e lanchar. Anne e Clyde eram
muito hospitaleiros. Mya voltou no domingo à noite e se hospedou no quarto ao
lado do meu. Cory trouxe as minhas coisas no sábado e apreendeu o celular que
encontrei na cena do crime. Na noite de sábado tive uma vergonhosa exposição
que tive na frente de Clyde que me viu de quatro no chão procurando o maldito
roupão. A verdade é que me sentia um pouco mal com aquela situação. Achei que
aquilo que sentia com Clyde era puro tesão. Coisa carnal. A verdade é que
continuava sentindo a mesma coisa. Só não queria estragar o que tinha com Cory
logo no começo por causa dessa paixonite por Clyde. No fundo eu tinha gostado
de imaginar que Clyde tinha me visto em uma posição tão vulnerável.
Na segunda fui para o trabalho de
carona com Clyde. Mya pegou carona até metade do caminho. No sábado era a festa
de aniversário de Aaron – filho de Clyde – e a cidade estava em alerta por
causa dos assassinatos. Como sempre Clyde passou em um marcado para comprar
seus cigarros e o café da manhã. Em seguida seguimos para o distrito policial.
- o que está achando de viver lá
em casa? – perguntou Clyde parando no sinal.
- maravilhoso. Vocês são
hospitaleiros. Só acho ruim porque sinto que estou incomodando.
- nem um pouco – Clyde enfatizou
essa parte – você e Mya são bem vindos a ficar o quanto precisarem.
- nem sei o que dizer – falei
respirando fundo.
- não diga nada – falou Clyde
apertando os lábios – depois do almoço maravilhoso que você fez no meu
aniversário você demonstrou que me considera muito. Eu preciso mostrar que também
te considero e te hospedar é o mínimo que posso fazer.
- fico feliz então.
À medida que nos aproximávamos do
distrito policial reconheci de longe meu irmão parado no estacionamento sentado
na frente do carro com seus óculos escuros.
- Nick? – perguntei confuso.
- é seu irmão? – perguntou Clyde.
- sim.
Clyde estacionou seu carro ao lado do de Nick
e eu sai caminhando até ele.
- o que está fazendo aqui tão
cedo?
- vim te buscar – falou Nick
abrindo a porta do carro – vamos! Entre!
- o que? Não estou entendo.
Clyde se aproximou e estendeu a
mão para Nick.
- prazer eu sou Clyde Holloway.
Policial.
- Dr. Nick Anthony – falou meu
irmão apertando forte a mão de Clyde – esse rapaz aqui é meu irmão.
- você veio busca-lo? – perguntou
Clyde.
- sim. Eu vi sábado o que
aconteceu aqui em Orlando e eu só não vim busca-lo ontem porque fiquei
dezesseis horas em uma cirurgia. Dormi cedo ontem e acordei de madrugada só
para poder busca-lo. A cidade está um caos e eu não acho que seja seguro aqui.
- eu não vou com você Nick. Eu
tenho que trabalhar.
- peça demissão. Mamãe e papai
estão preocupados.
- com todo o respeito – falou
Clyde colocando a mão no peito – sei que você está preocupado com a segurança
do Stan, mas ele está morando comigo agora. Não acho que ele esteja em um lugar
mais seguro aqui em Orlando. Ele passa o dia todo rodeado por policiais e
quando vai pra casa tem a mim.
Meu irmão Nick não fazia ideia de
que eu conhecia Paul e que era para eu estar naquela maldita casa no dia dos
assassinatos. Se ele soubesse dos detalhes sórdidos ele me acorrentaria e
jogaria dentro do carro.
- o que vocês estão fazendo em
relação aos assassinatos?
- no momento estamos
investigando, mas não posso revelar muitos detalhes – Clyde olhou para mim e eu
apertei os lábios e levantei as sobrancelhas. Na hora ele percebeu que não
deveria dar muitos detalhes ou meu irmão me obrigaria a voltar para Coala –
esses assassinos são arrogantes Dr. Anthony. A maioria dos assassinos em séries
são capturados exatamente porque quando ficam arrogantes cometem erros.
- e porque acha que eles são
arrogantes? – perguntou Nick sério.
- eles sabiam que seriam filmados
no sábado. A forma que eles andavam, era como se estivessem desfilando em
frente às câmeras. Eles queriam que vissem suas máscaras. Eles queriam dar um
rosto ao que até o momento era desconhecido. Eles querem amedrontar a cidade.
Tornar os cidadãos reféns. É nesse momento que nós os pegamos.
- você quer ir embora? – Nick
tirou os óculos ao me perguntar aquilo – seja sincero Stan.
Olhei para Clyde e depois para
Nick. Parte de mim queria dizer ‘Sim!’ e entrar naquele carro. Era a decisão
confortável. Só que estava cansado do confortável e do seguro.
- não. Eu quero ficar.
- Okay – Nick voltou a colocar
óculos – você precisa me prometer que vai cuidar dele – falou Nick estendendo a
mão para Clyde.
- eu prometo – falou Clyde
apertando a mão de Nick puxando-o e dando um meio abraço nele – fique
tranquilo. Enquanto eu estiver de olho nada vai acontecer com Stan. Ele estará
seguro.
- confio em você – falou Nick
vindo até mim e m e dando um abraço apertado.
- você não vai ficar? – perguntei
triste com a possibilidade dele ir embora tão rápido.
- eu preciso. Tenho que estar no
hospital ás dez.
- qualquer dia desses vem pra
passar o final de semana – falou Clyde – fico feliz em te receber na minha
casa.
- venho sim – falou Nick – assim que tiver uma folga no fim de semana
eu prometo que venho.
Meu irmão se foi e Clyde foi
estacionar o carro na garagem da delegacia e eu entrei indo até o elevador. Ao
chegar no andar do escritório cumprimentei todo mundo e fui até minha mesa. Nem
percebi que Cory estava na sala dele. Ele se levantou e bateu no vidro chamando
a minha atenção. Fui até a sala dele e Cory fechou a porta.
- bom dia – falou Cory.
- bom dia – falei me aproximando
dele, mas Cory se afastou.
- aqui no trabalho não – falou
ele apertando os lábios como se estivesse decepcionado e quisesse me beijar
ali, mas não podia.
- Okay – falei me sentando na
cadeira de frente pra ele – o que foi?
- eu pedi para Lola dar uma
olhada no celular para saber se ela conseguia rastrear o número ao qual
‘Meggie’ estava te mandando mensagens, mas ela não conseguiu.
- que droga – estava frustrado.
- eu decidi então procurar por
pessoas desaparecidas chamadas ‘Meggie’, mas…
- eu já procurei semanas atrás.
Não encontrei ninguém.
- sim – falou Cory – você está
certo. Nenhuma pessoa chamada Meggie foi reportada como desaparecida nas
últimas semanas. Decidi então ampliar a busca. Geralmente Meggie é apelido para
Margareth e procurando por Margareth eu obtive um resultado – falou ele
colocando a foto de uma garota de olhos castanhos com bastante tatuagens e um
piercing de argola no nariz.
- Amy Margareth Rousseau foi
reportada como desaparecida um dia antes de Krista ter sido assassinada. A
pessoa que reportou o desaparecimento disse que o carro de Amy foi encontrado
em um posto de gasolina abandonado próximo a Floresta de Greenwitch.
- espera… - falei confuso – Amy?
Posto de gasolina?
- sim – falou Cory – isso te
lembra algo? – Cory colocou um dos bilhetes com a história da ‘Amy Babona’ que
foram deixados na porta de todos os residentes do meu antigo prédio – é real?
- acreditamos que sim – falou
Cory – só que o mais me chamou a atenção foi o nome da pessoa que reportou Amy
como desaparecida – Cory apontou para um pedaço da folha - Casey Marie Illtyd
Anthony – falou Cory.
- minha irmã? – aquilo me fez
ficar ainda mais confuso.
- você conhecia essa Amy? –
perguntou Cory.
- não. Eu tive pouco contato com
Casey desde que cheguei em Orlando. Eu só conheci o namorado dela. O nome dele
é Ryan.
- Eu já pedi ao juiz para fazer
uma intimação para que sua irmã venha depor sobre o que ela sabe sobre Amy.
Qualquer coisa, qualquer detalhe que possa nos ajudar.
- ótimo – falei respirando fundo.
- eu não queria te assustar Stan
– falou Cory tocando minha mão em cima da mesa – seja lá quem forem essas
pessoas que estão atrás de você… elas também estão atrás da sua irmã.
- Okay – falei respirando fundo –
eu não me importo que venham atrás de mim, que me assustem e me façam de
idiota, mas a minha irmã… eu não vou permitir isso. Ela tem uma filha pequena.
- não se preocupe. Já mandei uma
viatura ficar de vigia em frente ao apartamento de sua irmã.
- obrigado – falei me levantando.
Cory se levantou e se aproximou de mim. Ele
colocou dois dedos na boca dando um beijo e em seguida encostou os dedos na
minha boca.
- vai ficar tudo bem Stan.
- espero que sim – falei sentindo
um fogo dentro de mim. Aquilo me deu muita raiva. Saber que estavam atrás da
minha irmã e da minha sobrinha Caylee. Parece que quando mexem com a gente doí,
mas quando mexem com os nossos familiares dói muito mais. Não ia permitir que
nada acontecesse com eles.
Decidi que ia aproveitar que
trabalhava no computador para tentar descobrir qual a ligação desses oito
palhaços com esses crimes que estão sendo cometidos. Entre um trabalho e outro
eu lia o máximo que podia. Sobre Charles Manson, o Hotel Cécille, a Dália
Negra, Assassinos em Série e a história de crimes que nunca foram solucionados.
Li também sobre o aparecimento de palhaços e como tudo começou. Sempre que
alguém me pedia algo eu parava na hora o que estava fazendo para poder digitar
ou levar algum documento em algum lugar importante. A cada dia ficava mais e
mais intrigado com o que lia. O caso de Elisa – a garota encontrada dentro da
caixa de água do Hotel Cécille – e os casos de suicidas que aconteciam desde os
anos 50.
Na terça feira nem tirei horário
de almoço. Depois de comer voltei para minha mesa e com um caderno anotei o que
achei relevante. Percebi que na internet existiam todos os tipos de pessoas.
Pessoas que Adoravam – literalmente – assassinos. Como os dois garotos que
fizeram um tiroteio em Columbine. Existiam pessoas que realmente achavam
‘Heroico’ o que os dois fizeram. Era doentio pensar que pessoas simpatizavam
daquela forma com assassinos. Descobri também que a histeria com palhaços e o
medo deles começou com John Wayne Gacy Um palhaço que estuprou, matou e
escondeu no porão de sua casa cerca de trinta garotos.
O interrogatório de Casey estava
marcado para ás duas da tarde na quarta feira. Eu estava ansioso para que ela
chegasse. Infelizmente eu não podia estar presente no interrogatório. Cory
disse que se fosse preciso ele me colocaria em uma das celas. Eu concordei que
não estaria na sala, mas que eu queria dar um abraço na minha irmã quando ela
chegasse.
Estávamos no restaurante ‘The
Private Yard’. Cory, Vince, Blacke, Lola e eu. Clyde estava em serviço com Judy
então almoçaram em outro lugar. Todos já tínhamos comido e eu terminava de
tomar o meu suco de laranja.
- como está sendo morar na casa
do Clyde? – perguntou Blacke.
- estou gostando. Me sinto seguro
lá – tomei o último gole do meu suco.
- o que você tanto pesquisa? –
perguntou Lola pegando o meu caderno e folheando – não é nada… é só sobre os
crimes do hotel.
- Charles Manson? Dália Negra? –
perguntou Lola olhando página por página. Vince se inclinou para ler também.
- eu só estou tentando entender
esses criminosos
- não fica se preocupando com
isso – falou Cory tentando me acalmar – deixa o trabalho com a gente.
- eu sei que vocês são bons e
tudo mais, mas eu tenho esse instinto essa intuição… você mesmo disse que eu
preciso confiar na minha intuição.
- sim, mas você está envolvido
demais. – falou Cory.
- concordo – falou Blacke –
talvez seja melhor você se afastar por um tempo de tudo o que aconteceu. Se
divirta, faça algo que gosta, vá ao cinema, não fique obcecado por esses
crimes.
- tudo bem – respirei fundo –
prometo que vou tentar.
Lola me devolveu o caderno.
- ‘tentar’ não – falou Cory –
você tem que parar. Vai ser melhor pra você.
Concordei com Cory e depois que a
conta foi paga nós voltamos para o distrito. Ao voltar fui até meu armário e
coloquei o caderno com minhas anotações lá dentro. Era a única maneira de
deixar tudo aquilo de lado. Ao sair do banheiro fui até a copa e Cory estava lá
de pé próximo ao balcão lendo o jornal. Entrei e me aproximei dele e toquei seu
ombro.
- o que está fazendo?
- te beijando! – Cory aproximou o
rosto e me deu um selinho. Levei minha mão até seu rosto e nossas línguas se
tocaram dentro da minha boca, em seguida dentro da boca dele.
- pensei que não gostasse de
intimidade no trabalho!
- estou no horário de almoço –
falou ele com um sorriso dando um último selinho.
- eu estou ansioso.
- com sua irmã? – perguntou ele
fechando o jornal e colocando de lado.
- sim.
- vai ficar tudo bem. Nós vamos
proteger vocês.
- espero que sim – me aproximei
de Cory outra vez e dei um selinho na boca dele – eu acho que estou viciado na
sua boca.
- é? – perguntou ele com um
sorriso.
- sim.
- o que você acha de passar a
noite comigo hoje? Depois do trabalho nós vamos pro meu apartamento, eu te
apresento aos meus gatos e depois de um jantar eu te apresento a minha cama.
- eu adoraria – falei sorrindo e
segurando na cintura dele e beijando sua boca.
- vão para um motel – falou Clyde
entrando na copa rindo – brincadeira pessoal.
- você cortou o meu barato –
falou Cory.
- foi mal. Eu só vim avisar que
sua irmã já chegou – Clyde olhou para mim e depois para Cory – eu já a levei
para a sala de interrogatório. Ela espera por vocês lá.
- obrigado – Cory colocou a mão
no ombro de Clyde e nós dois saímos da copa indo para o elevador.
- a filha dela está com Judy –
falou Clyde – eu a deixei de babá.
- ela trouxe a Caylee? –
perguntei confuso. Porque ela não ficou com a babá?
- sim. Trouxe – falou Clyde.
Achei estranho Casey trazer
Caylee para i distrito. Aqui não é lugar para crianças. Têm criminosos e o
ambiente é pesado. Ao chegar no segundo andar vi Judy dentro da sala de Cory. Caylee
estava sentada na cadeira de Cory desenhando em um papel com os lápis de cor.
- olha só quem está aqui! – Judy
falou com um sorriso para Caylee quando eu entrei na sala.
- Oi Caylee! – me aproximei e dei
um beijo no rosto dela que deu um sorriso para mim. Seus olhos azuis brilhavam,
mas havia algo de diferente nela. Me abaixei ficando no mesmo nível de Caylee e
acariciei seus cabelos. – o que está desenhando?
- mamãe e papai! – falou ela com
sua doce voz.
O desenho era de uma casa com um
homem e uma mulher de mãos dadas.
- que lindo – apertei os lábios e
deslizei os dedos por seus cabelos – Você está bem? – perguntei olhando para
ela. Caylee tinha olheiras. Ela parecia cansada.
Cory entrou na sala e veio até
Caylee. Eu me levantei e respirei fundo. Cory conversou com Caylee e brincou
com ela. Caylee apontou algo no desenho e eu fui até Judy.
- onde está Casey?
- na sala de interrogatório.
Fui até a sala e ao abrir a porta
vi Casey olhando contra o espelho dupla face da sala.
- Stan! – Casey veio até mim e me
deu um abraço – que bom te ver.
- você está bem? Como você tem
passado?
- estou ótima – falou ela
respirando fundo – quer dizer que está trabalhando aqui?
- sim. Estou.
Nós dois nos sentamos e ficamos
de frente um para o outro.
- o que tem de errado com Caylee?
- como assim? – Casey pareceu não
entender a pergunta. Passou os dedos por seus cabelos.
- ela parece cansada. Está com
olheiras.
- ela não dormido direito desde
que esses ataques com palhaços começaram. Ela não consegue dormir e eu não sei
o que fazer.
- ela tem tanto medo assim?
- acho que ela tem Fobia de
palhaços. Eu estava assistindo ao noticiário ontem quando mostraram as máscaras
usadas pelos assassinos ela começou a gritar, sem conseguir respirar e nós
acabamos no pronto socorro.
- isso é sério Casey. Você
precisa leva-la a um psiquiatra.
- eu sei – falou Casey segurando
em minha mão deixando algumas lágrimas caírem. – é tão bom ter você aqui.
- eu sei – falei apertando a mão
dela – tudo vai ficar bem.
- mas e Amy? E se ela estiver
morta?
- ela não está morta. Só está
desaparecida. Você precisa acreditar nisso com todas as forças. Mesmo que não
seja verdade. Porque a verdade não te liberta ela te aprisiona e te faz
construir muros ao invés de pontes.
- prometo que vou tentar – Casey
limpou as lágrimas e a porta da sala de interrogatório de abriu.
Eram Cory e o delegado Hugo. Me
levantei na mesma hora e cumprimentei o delegado.
- nós vamos começar a colher o
depoimento dela – falou o delegado Hugo.
- tudo bem – falei abraçando
Casey uma última vez antes de me afastar – vou estar lá fora com Caylee.
Casey apertou os lábios e foi a
última coisa que vi antes de Cory fechar a porta. voltei até a sala de Cory e
Caylee continuava lá sentada desenhando em uma outra folha de papel.
- se você quiser ir pode – falei
para Judy.
- tem certeza? – perguntou ela se
levantando.
- sim. Certeza. Preciso ficar um
pouco sozinho com Caylee.
- Okay – Judy saiu da sala e
fechou a porta. Puxei uma cadeira e me sentei ao lado de Caylee.
- o que está desenhando agora?
- você – falou Caylee desenhando
um pequeno homenzinho com apenas três dedos em uma das mãos. Ao meu lado ela
desenhou uma garotinha de mãos dadas comigo. Provavelmente era Casey.
- você é talentosa – falei
pegando o papel e colocando de lado deixando um papel em branco na frente dela
– olha… mamãe disse que você não está conseguindo dormir a noite – Caylee
apenas confirmou com a cabeça e começou a desenhar. Começou com um grande
círculo – ela disse que você está com medo de algo.
- sim. Do “monstlo” – falou
Caylee continuando a desenhar. Ela estava se referindo aos palhaços.
- você sabe que esses monstros
não são reais, né? São só sua imaginação.
- no armário – Caylee falou
Caylee olhando para mim.
- não existem monstros no
armário. Nem embaixo da cama. Você não pode precisa ficar com medo. Não pode
deixar de dormir. você promete que vai dormir?
Caylee balançou a cabeça
afirmativamente e continuou a desenhar. Fiquei alguns minutos sentado ao lado
dela e Clyde bateu na porta abrindo-a.
- Stan? Posso falar com você por
alguns segundos?
- claro – me levantei e dei um
beijo no rosto de Caylee – eu vou já – Sai da sala e fechei a porta atrás de
mim – o que foi?
- sua irmã ainda está dando
depoimento?
- sim. Eles acabaram de começar.
Porque?
- venha comigo – Clyde segurou no
meu braço e me puxou para o corredor – acabamos de recebe r uma denuncia. Um
corpo foi encontrado em um hotel no quilometro vinte e três saída para Coala.
- era de mulher? – queria que a
resposta fosse não. Caso contrário eu já sabia de quem era aquele corpo. Para
minha infelicidade Clyde apertou os lábios e confirmou com a cabeça.
- é a amiga de Casey. Amy.
Aquilo foi muito para mim. Me
abaixei e respirei fundo sentindo um mal estar possuir meu corpo. Engoli em
seco e coloquei as mãos na cabeça pensativo.
- ainda não foi confirmado se é
ela.
- se não foi confirmado porque
você acha que era Amy?
Clyde me mostrou o celular e na
tela havia uma foto da cena do crime. – ‘A é para Amy’ estava escrito na parede
com o sangue de porco. O corpo estava logo abaixo deitado na cama.
- sinto muito – Clyde colocou a
mão no meu ombro.
- sei que sente. Eu também –
engoli em seco e voltei até a sala de Cory. Caylee não estava lá. A porta
estava aberta – Caylee? – chamei por ela, mas não ouvi resposta. Olhei em
volta, mas a encontrei – Caylee? – comecei a falar mais alto olhando agora
debaixo das mesas dos policiais que começaram a olhar para mim – Caylee!? –
gritei alto no meio do escritório e sai correndo na direção das escadas
procurando pro ela e nada. Cory e o delegado Hugo saíram da sala para saber o
que estava acontecendo.
- o que aconteceu? – perguntou
Clyde.
- a Caylee sumiu! – falei
sentindo um intenso aperto no peito.
- tio Stan! – falou Caylee
correndo na minha direção e me dando um abraço.
- graças a Deus – falei abraçando
ela. Vi que ela estava com Judy.
- ela queria ir ao banheiro –
falou Judy – sinto muito se te assustei.
- a culpa não é sua. Sou eu que
estou paranoico com tudo que tem acontecido.
Vi o momento em que Hugo e Cory retornaram
a sala de interrogatório. Antes que entrassem Clyde chamou Cory e disse algo a
ele. Provavelmente sobre o assassinato de Amy. Cory provavelmente contaria a Casey.
Voltei a sala de Cory e Caylee voltou a se sentar para desenhar. O desenho com
o grande círculo não estava mais lá. Estava virado para baixo ao lado dos
outros desenhos que ela tinha feito. Ao pegar o desenho que ela tinha feito
percebi que era o rosto de um palhaço. Tinha um largo sorriso de orelha a
orelha e ao invés dos olhos haviam duas estrelas.
- quem é esse Caylee?
- monstro – falou sem olhar para
o desenho.
Deixei Caylee lá dentro da sala e
fui até minha mesa. Entrei no arquivo da policia e procurei pelas seis máscaras
que haviam sido identificadas. Nenhuma das máscaras se pareciam com o desenho
que Caylee fez.
- Judy… você pode ficar com a
Caylee um pouco por favor?
- claro – respondeu Judy se
levantando de sua mesa e indo até a sala de Cory.
Caminhei rapidamente até o
elevador e apertei o botão do quarto andar. Antes que a porta se fechasse Clyde
entrou no elevador.
- aonde você vai? – Clyde parecia
apreensivo.
- preciso do meu caderno de
anotações.
- fala daquele caderno que você
fica anotando sobre crimes?
- sim. todo mundo acha que eu
estou obcecado com tudo o que tem acontecido, mas eu acho que descobri algo.
- o que?
- vem comigo e você também vai
descobri.
Ao chegarmos no quarto andar
passamos pela academia e fomos até o banheiro masculino onde tinha as armários.
Peguei o meu caderno e me sentei folheando ele.
- o que é isso? – perguntou Clyde
pegando o desenho.
- minha sobrinha fez esse desenho.
- isso é um palhaço?
- o que você acha? – perguntei olhando
para ele. Em seguida escrevi o nome de Amy na lista de pessoas assassinadas. Krista,
Paul, Harry e Amy. Eram as pessoas que tinham sido assassinadas por esses fanáticos.
- eu acho que todo mundo está
certo. Você está obcecado com isso – falou Clyde colocando o desenho de volta
no banco – acho melhor você pedir uma folga para o delegado para poder visitar
sua família.
- você também estaria obcecado se
a vida das pessoas que você ama estivesse em perigo.
- a vida das pessoas que amo estão
em perigo – falou Clyde olhando para mim – eu te amo… de certa forma. Eu quero
resolver esses crimes tanto quanto você, mas leva tempo.
- eu sei que vocês tem muitos
casos para resolver, mas eu não. Não só esse e sinto que há um padrão nessas
mortes e estou perdendo isso – falei folheando o caderno.
- o que está escrito nessas páginas?
- Cory disse que esses assassinos
são uma seita que seguem os mandamento de Charles Manson, mas e se for mais do
que isso? E se eles seguem os passos de vários assassinos em série? Pensando
nisso comecei a anotar tudo sobre crimes famosos que aconteceram aqui nos
Estados Unidos.
- porque você não imprimiu?
- porque enquanto eu escrevo eu
absorvo melhor.
- Okay – falou Clyde curioso
sobre o que eu tinha escrito – talvez você esteja certo, mas não temos evidências
de que outros assassinos estejam envolvidos. Você só está dizendo isso porque o
namorado imbecil da Judy ficou falando sobre o hotel Cécille.
- achei! – falei mostrando para Clyde
– está vendo? Está vendo? Eu sabia!
- o que foi? – Clyde deu uma lida
rápida nas primeiras linhas da página, mas não entendeu nada – eu não entendo.
- Clyde você sabia que nos anos oitenta
duas enfermeiras e amantes lésbicas assassinaram alguns idosos em uma casa de
repouso que elas abriram?
- sim. eu sei – Clyde confirmou
com a cabeça - Gwendolyn Graham e Cathy Wood.
- Sim. Gwendolyn e Cathy eram
enfermeiras se conheceram em um hospital. Assim que o romance começou elas
decidiram pedir demissão e abrir uma casa de repouso – falei mostrando onde tinha
escrito – a paixão delas era tão forte que elas decidiram que só havia um jeito
de ficarem juntas para sempre: ambas teriam que compartilhar um segredo e foi
então que Gwendolyn teve a ideia de que se elas cometessem assassinatos elas
teriam que ficar juntas pelo resto da vida. E assim elas fizeram. No decorrer
dos meses elas mataram dez idosos que elas cuidavam na casa de repouso. Elas
tinham um diário onde escreviam confissões amorosas e poemas. Assim que elas
mataram o primeiro idoso elas escreveram no diário: ‘Te amo pela eternidade e
mais um dia’. Quando elas mataram a segunda pessoa elas escreveram: ‘te amo
pela eternidade e mais dois dias’. Assim por diante até que escreveram ‘Te amo
pela eternidade e mais dez dias’.
- sim – confirmou Clyde – elas foram
presas antes que continuassem com a matança.
- sim, só que os assassinatos não
eram tão simples. Não se tratava apenas de amor. Na verdade elas escolhiam a
dedo os idosos que aceitavam na casa de repouso. Elas escolhiam idosos em que a
família queria se livrar deles, idosos que estavam sozinhos no mundo. Além do
mais elas escolhiam esses idosos baseados na primeira letra do nome.
- como assim? – perguntou Clyde.
- a primeira vítima delas foi Andrea
Simpson, 73 anos. A segunda foi Sophia Cummings, 62. A terceira vítima era Samuel
Adams, 82 anos. A Quarta vítima foi Arthur Kelly, 59 anos. A Quinta vítima foi Sara
Baker…
- espera – Clyde me interrompeu –
o que isso tem a ver com tudo?
- talvez você não se lembre da
história por completo, mas as enfermeiras amantes escolhiam as vítimas a dedo
porque queriam matar pessoas até formaram uma palavra. Se você pegar o nome de
todas as vítimas e ordená-las na ordem correta elas formam a palavra “ASSASSINAT”.
Elas foram presas antes que completassem a frase ‘assassinato’. A décima
primeira vítima teria um nome que começasse com a letra ‘O’.
- sim. Graças a deus elas foram
presas antes de matar outro inocente.
- Exato. E se estiver acontecendo
à mesma coisa aqui. Já sabemos que os assassinos estão escrevendo a palavra ‘Porcos’
nas cenas do crime em homenagem a Charles Manson. E se eles estiverem matando
pessoas usando como critério a primeira letra do nome?
Clyde pareceu intrigado, mas ao
contrário de Cory ele pareceu acreditar em mim. Para ele fazia sentido.
- vamos dizer que você esteja
certo: qual palavra você acha que eles estão escrevendo?
- bom, até agora temos quatro vítimas:
Krista, Paul, Harry e Amy. Temos as letras K, P, H e A. Se eu coloca-las da
forma correta como P, A e H eu posso jurar que eles estejam tentando escrever a
palavra ‘Palhaço’.
- mas o ‘K’ não se encaixa –
falou Clyde – e se por acaso você tivesse sido morto no sábado o ‘S’ do seu
nome também não se encaixa.
- digamos que o ‘S’ tenha sido
escrito só para me assustar…
- …continuamos com o ‘K’ – falou Clyde
– não se encaixa.
- era isso que eu achava até que
eu resolvi pesquisar na internet – falei passando algumas folhas para frente – Sabia
que em algumas culturas palhaços nem sempre eram visto como comediantes? Em
algumas culturas como nos países em que se fala a língua suaíle, palhaço era
uma criatura mística de longos braços, rosto pálido e cabeça pontuda que vagava
pela noite em busca de almas ‘sorridentes e alegres’ para se alimentar? Após a
refeição a criatura dava um largo sorriso de orelha a orelha exibindo dentes
pontudos como os de tubarão.
- isso é ridículo – falou Clyde
rindo achando graça – é só uma lenda.
- eu sei que é só uma lenda, mas a
palavra ‘Palhaço’ teve sua origem da língua Suaíle. ‘Palhaço’ vem da palavra ‘Palhako’
que em suaíle significa ‘Uma Maldição’. Está aqui. Tudo escrito. O ‘K’ se
encaixa. Eles estão tentando escrever a palavra ‘PALHAKO’. Quatro já se foram,
faltam três.
- digamos que é verdade. O que
eles querem dizer com ‘Uma Maldição’?
- eles estão se referindo a uma
maldição – falei virando a folha e mostrando o título da minha próxima
pesquisa: a maldição do Hotel Cécille. Tudo se resume aquele hotel. Seja lá
quem forem esses assassinos quando eles finalizarem a palavra “Palhako” vão
assassinar alguém e homenagear a Dália Negra. A mulher que foi encontrada morta
e esquartejada em Los Angeles. Esse será o último crime deles. Eles então vão sair
impunes e nunca serão presos. Assim como o assassino da Dália Negra que nunca
foi encontrado e continua a ser um caso não solucionado. Eles estão
homenageando Charles Manson, as Enfermeiras, o assassino da Dália Negra e John
Wayne Gacy. Agora que vocês sabem podem entender a cabeça desses assassinos e encontra-los
antes que eles finalizem os seus crimes.
- eu acredito em você! – falou Clyde
pegando meu caderno e fechando-o.
O olhar de Clyde era intrigante. Ela
sabia que eu estava certo. Aquele era o olhar de alguém que estava de fora da
investigação. Alguém que sabia que aqueles assassinos eram parte de uma seita
perigosa que simpatizavam com assassinos em série famosos. Senti um alívio ao
ouvir ele dizer aquilo. Era bom saber que pelo menos alguém acreditava em mim e
me levava a sério.
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Muito intrigante.....
ResponderExcluirEstou nervousor hahahah MEU DEUS!
ResponderExcluirCara, eu adoraria ter essa sua criatividade, eu comecei a escrever fanfics de Sterek(TW) e tô me ferrando pela falta de criatividade ;-;
ResponderExcluirMas seu conto tá maravilhoso <3 Estou cada dia mais preso a ele :O Sua escrita é linda <3
-Juliano
Caramba! Que demais...
ResponderExcluirTá me lembrando muito American Horror History! Muito envolvente e emplogante... não consigo ficar sem ler! Continue com este e os outros trabalhos, por que estão maravilhosos!
Domingues, Lucas.