Capítulo 29: Cruel Festa de Noivado | Conto: Cruel Sedutor

XXIX

Cruel Festa de Noivado

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A

s portas de todas as casas estavam enfeitadas para o dia das bruxas. Fantasmas, lanternas de abóboras, teias de aranha, esqueletos, vampiros, múmias e zumbis eram a maioria. É claro que com os recentes ataques de palhaços era inevitável que muito se inspirassem nas mais assombrosas fantasias para noite que se aproximava. Eu por outro lado não tinha planos de sair para nenhuma festa à fantasia já que seria a noite para oficializar o meu noivado com Clyde. Minha mãe e Casey estavam na cozinha preparando os salgados e as sobremesas que seriam servidas para os convidados. Meu pai, Vince e Cory estavam arrumando a decoração enquanto Clyde e eu íamos comprar nossos ternos e as alianças.

Na a parte da manhã fui a uma consulta com o Dr. Henry Parker. Como Clyde e eu viajaríamos na sexta feira decidi adiantar á consulta para não perder nenhuma. Clyde aproveitou o tempo que eu estive no consultório para ir até a delegacia para conversar com o delegado Hugo sobre a nossa viagem e que ele precisaria de alguns dias de folga.

- está ansioso por hoje? – perguntou o Dr. Parker.

- sim. Muito – falei rindo. Eu estava animado – O senhor estará lá?

- Claro. Não perderia por nada – falou ele em um agradável tom de voz – e o dia de hoje? Tem sentido alguma ansiedade em relação ás pessoas fantasiadas?

- na verdade não.

- o meu medo é que você desenvolva alguma fobia devido aos ataques que sofreu.

- quanto a isso estou tranquilo. No caminho para vá eu vi alguns palhaços, mas não me senti mal perto deles. Eles não eram uma ameaça.

- isso é bom. O remédio está ajudando. Você tem tomado ele certinho?

- Sim. Um de manhã e outro a noite.

- se você por acaso se sentir mal você pode tomar mais de um. Dois, três, quatro…

- eles não vão me fazer mal?

- não. Eles são ansiolíticos. Você pode ficar tranquilo que eles não te farão nenhum mal.

- como eu decido a quantidade que devo tomar?

- quando se sentir ansioso por qualquer motivo coloque sua ansiedade em uma escala de um a dez. Tome a quantidades de comprimidos em uqe sua ansiedade de encaixar na escala.

- Okay. Combinado – falei respirando fundo tomando um gole do copo de água que ele sempre me dava.

Depois da minha sessão Clyde e eu nos encontramos na delegacia. Lá eu vi Blacke sentado á mesa preenchendo alguns papéis. Eu o cumprimentei e ele me cumprimentou de volta com um sorriso sem graça. Depois que Clyde terminou sua reunião com Hugo nós acabamos almoçando no centro, dando um passeio Lago Eola e assistimos a um filme no shopping. Aquele dia era nosso então não tem coisa melhor do que passar o dia com o meu noivo.

Já era de tardezinha e faltava cerca de uma hora para o fim do dia. O mais importante acabamos deixando para o final do dia. Nós fomos até uma loja para comprar os nossos ternos. Depois de uma longa olhada Clyde optou por um terno preto e eu por outro lado achei que fiquei melhor com o cinza.

- o que você achou? – perguntou Clyde ficando de frente ao espelho.

- ficou bonito – falei amarrando os cadarços e me levantando – e o meu? Escolhi cinza porque combina com o tom dos seus olhos – fiquei ao lado dele e Clyde segurou na minha mão. Nós parecíamos os noivos de cima do bolo.

- você está bonito – falou Clyde com um sorriso olhando a parte de frente e em então atrás – bundinha tá redondinha. – falou ele dando um tapa.

- pare – falei dando um pulo me virando de costas e então voltando a ficar de frente.

- e então? – perguntou a vendedora – já escolheram? – ela tinha um largo sorriso no rosto.

- Eu pelo menos já escolhi – falei olhando para Clyde – e você?

- também.

- perfeito – falou Clyde pegando a carteira e entregando o cartão de crédito para a vendedora.

- vou separar o pedido de vocês – falou a vendedora indo.

- o que você acha? – perguntou Clyde ficando atrás de mim colocando as duas mãos em meu ombro.

- detestei. Parece que você é meu pai – falei ficando ao lado de Clyde e colocando uma das mãos em seu ombro segurando sua mão com a outra.

- você parece à mulher de um mafioso – falou Clyde rindo – prefiro assim – falou ele passando o braço por mim me pegando no colo.

- Clyde você vai me deixar cair – falei passando a mão pelo pescoço dele.

- eu adorei e você?

- também – falei olhando no espelho – vamos tirar uma foto assim e colocar no meio da nossa sala de estar bem em cima da lareira.

- nossa casa terá uma lareira? – perguntou Clyde olhando para mim.

- mas é claro – falei me forçando a dar um beijo em seu rosto – como é que vamos fazer amor à beira da lareira sem lareira?

- bem pensado – falou ele me colocando de volta no chão.

Clyde e eu saímos da loja com os nossos ternos e os colocamos no carro. Nós seguramos na mão e caminhamos pela rua á caminho da loja de alianças. Algumas crianças e seus pais passaram por nós fantasiados.

- eu quase me esqueci – falou Clyde – eu prometi levar Aaron hoje para pedir doces.

- sério?

- sim. Anne tem que trabalhar.

- acho que pode fazer isso antes de festa.

- sim. Nós podemos – falou Clyde?

- Nós? Não, obrigado. Já atingi minha cota de terror esse ano. Eu passo.

- não passa não – falou Clyde rindo – nós somos uma família e isso significa ficarmos juntos em ocasiões como essa: natal, ação de graças, halloween… por favor?!

- tudo bem – falei quando chegamos em frente a Joalheria – mas você fica me devendo uma.

- bom dia – falou Clyde quando nos aproximamos do balcão.

- bom dia – falou a atendente olhando para Clyde e para mim – no que posso ajuda-los hoje?

- eu gostaria de dar uma olhada nas alianças de casamento.

A atendente colocou um monte de alianças de casamento por cima de um pano preto e felpudo por cima do balcão de vidro. Clyde passou os dedos por algumas e retirou uma prateada com uma grande linha circulando-a em um tom mais escuro e entregou para a atendente.

- essa é bonita – falou Clyde.

- essa que você escolheu é feita de ouro branco quatorze quilates com detalhes em prata.

- o que você achou? – perguntou Clyde pra mim.

- é bonita – falei vendo que haviam alguns detalhes desenhados na aliança.

- Esses são desenhos célticos – falou ela virando a aliança.

- é linda – falei olhando para Clyde.

- pode ser essa – falou Clyde.

- você sabe o tamanho do dedo da noiva? – perguntou a atendente.

- na verdade ele o noivo – falou Clyde?

- Okay – falou a atendente com um sorriso. Ela pegou o aneleiro para medir o tamanho do meu dedo e em seguida pegou uma pequena caixinha preta colocando as duas alianças dentro – elas devem ser usadas nos dedos anelares da mão direita até o dia do casamento – falou ela preparando o embrulho.

Olhei para minha mão e lambi os lábios imaginando que a aliança nunca entraria em nenhum dos três dedos deformados.

- foda-se – falou Clyde tentando em animar colocando a mão no meu ombro – nós vamos usar na mão esquerda mesmo.

- e quanto vai custar? – perguntei para a tendente.

- essas alianças custam U$ 3.145,00.

- nossa é muito caro – falei olhando para Clyde – você não pode gastar tudo isso em uma aliança.

- você disse que achou bonito. Você não quer?

- Sim, são bonitas e eu mentiria se dissesse que não as quero, mas seria egoísmo pedir para comprar alianças tão caras. Esse é seu segundo casamento. Você não quer comprar algo mais em conta?

- É o meu segundo casamento, mas é o primeiro entre você e eu. Não tente diminuir o que eu sinto só porque será minha segunda vez.

- tudo bem então – falei segurando no braço do Clyde que entregou o cartão de crédito para a atendente.

- no débito – falou ele com um sorriso olhando para mim.

- eu sinto que deveria colaborar com os ternos e a aliança.

- nem pensar – falou Clyde – eu sou um cavalheiro. Eu pago por tudo.

- acha que eu sou bobo? Você paga agora e eu pago mais tarde – falei rindo e Clyde deu risada concordando.

Nós saímos da joalheria com os anéis e os ternos e voltamos até o carro de Clyde. Assim que entramos e colocamos o cinto de segurança levamos um susto quando alguém bateu com as duas mãos na capota do carro. Nós dois olhamos assustados. Era alguém vestido de palhaço. Ele ficou nos encarando e Clyde com raiva saiu do carro. Seja lá quem fosse que estava fantasiado saiu andando calmamente pela rua.

- Hey! Seu otário! – falou Clyde com raiva.

- vamos Clyde. É halloween. Doces ou Travessura, esqueceu?

- desculpa – falou Clyde entrando no carro e colocando o cinto de segurança – é que é o meu instinto. Vejo um palhaço e já quero defender você  -falou ele sério.

- relaxa querido – falei dando um beijo no ombro dele virando seu rosto e beijando sua boca – é só uma noite. Amanhã tudo volta ao normal e nós estaremos noivos.

- e o melhor de tudo. Na sexta feira vamos pegar um voo é ficar uma semana em um paraíso fazendo sexo, sexo e mais sexo – falou Clyde segurando meu rosto e aprofundando sua língua na minha boca.

- você não vai me dizer para onde iremos?

- é surpresa – falou ele com um meio sorriso – já comprei as passagens.

- eu vou revirar todas as suas coisas até encontrar.

- revirar ‘minhas coisas’? Gostei disso – falou Clyde rindo.

- seu safado – falei rindo enquanto voltávamos para casa.

Ao chegarmos percebemos que a decoração já havia sido finalizada. Eles haviam escolhido branco para a decoração, floresta brancas, a mesa da sala de jantar com talheres prateados e enfeites, lembrancinhas e os ornamentos todos brancos.

- chegamos – falei indo até a cozinha com a sacola de ternos e Clyde havia colocado as alianças no bolso – está tudo bonito – falei dando um abraço em meu pai. Todos agora ajudavam na cozinha enrolando os doces.

Clyde deu um beijo na minha mãe e apertou a mão do meu pai com um grande abraço.

- onde está Nick? – perguntou Clyde.

- está trabalhando hoje – falei chegando até Casey – onde está Caylee? Ela não veio?

- Não, ela está com o pai. Eu queria trazê-la hoje, mas ele queria passar a semana com ela então…

- uma pena. Queria que ela estivesse aqui.

- prometo trazer ela na próxima semana – falou Casey pegando um brigadeiro trazendo até minha boca. Eu abri e mordi um pedaço – delicia.

- e o meu pedaço? – perguntou Clyde.

Casey levou o outro pedaço até boca de Clyde que mastigou parecendo ter gostado dos doces. Eu sabia que ele adorava doces.

- eu não ganho um beijo ou um abraço? – perguntou Casey.

- claro que sim cunhada – falou Clyde abraçando-a.

O Celular de Clyde vibrou e ele viu que era uma mensagem. Ele respondeu e olhou para mim.

- quem é?

- é da Anne. Disse para eu buscar Aaron na escola.

- tudo bem.

- quer vir comigo?

- Não. Pode ir só você. Vou tomar um banho e me arrumar para podermos pedir doces.

- vocês vão sair para pedir doces? – perguntou meu pai.

- Sim. Temos que ir com Aaron. Vocês recebem os convidados que foram chegando e antes das nove nós voltamos. Prometo.

- pode ficar tranquilo – falou Vince.

- só uma pergunta – falei olhando para Vince e depois para Clyde – Blacke foi convidado?

- não – falou Clyde com a expressão séria. Era fato que os dois não estavam se dando nada bem – hoje é uma noite especial e eu não o quero aqui. Espero que entenda.

- Okay, eu entendo – falei indo até Clyde e dando um beijo na boca dele – te amo.

- também te amo – falou Clyde balançando a chave do carro saindo da casa. Subi as escadas e fui até meu quarto. Caminhei vagarosamente tirando ao camiseta antes de chegar ao quarto. Quando abri a porta me deparei com dois palhaços deitados na minha cama fazendo sexo. Um palhaço com máscara de demônio e o outro com máscara de palhaço com três bocas. Eles estavam  na mesma posição de Brian e o suposto ‘Clyde’. Eles estavam nus usando apenas as máscaras. Constatei que era um homem e uma mulher. Fechei a porta do quarto e cai sentado no chão sentindo aquela horrível sensação. Pensei em gritar, em pedir ajuda, mas eu não consegui. Estava cansado desses ataques. Eu sabia que Clyde tinha uma arma que ele deixava dentro da gaveta de cuecas dele. Meu plano era abrir a porta e ir até lá pegar a arma, mas quando abri a porta vi que não havia ninguém. A cama estava desarrumada, mas para ser sincero eu não me lembro de ter arrumado cama de manhã quando nós nos levantamos.

Fui até a janela e vi que estava destrancada, mas era no segundo andar.  Não tem como duas pessoas entrarem e saírem tão rápido subindo pelo telhado sem serem vistas. Fui até o guarda roupas e o abri e não tinha nada lá além de roupas. Me sentei na cama e respirei fundo sentindo aquele mal estar. Fui até a gaveta e peguei o remédio que o Dr. Parker me receitou e tomei seis comprimidos me baseando ‘na escala da ansiedade’ que o Dr. Parker havia dito mais cedo. Talvez aquelas fantasias lá de fora tenham me feito ficar louco. Talvez não seja uma boa ideia ir com Clyde pedir doces.

Entrei no banheiro e tomei um banho, vesti meu terno, minhas meias, sapatos e penteei meus cabelos. Clyde entrou no quarto eu estava passando perfuma.

- você está lindo – falou Clyde entrando e Aaron veio correndo na minha direção e me deu um abraço. Ele estava vestido como um vampiro.

- eu vou tomar banho e me preparar para podermos ir pedir doces – falou Clyde tirando a camisa e entrando no banheiro.

- Aaron fica aqui que eu vou conversar com seu pai.

- ta bom – falou ele se sentando na cama.

Entrei no banheiro e Clyde estava parado em frente à privada mijando.

- o que foi? – perguntou ele olhando para mim

- acho que não quero ir pegar doces com vocês.

- mas Aaron está tão animado por você ir – Clyde arrancou a cueca e entrou no box ligando o chuveiro.

- eu sei, mas é que eu acho que não quero ir lá fora com essas pessoas fantasiadas…

- sabia que Aaron iria se fantasiar de palhaço, mas mudou de ideia porque Anne disse que você tinha medo?

- sério?

- sim – falou Clyde passando a mão no rosto esfregando o sabonete no corpo – eu não quero te obrigar a nada, se você achar que não consegue, tudo bem. Não vá.

Clyde percebeu que eu estava aflito.

- aconteceu alguma coisa?

- não. Quer saber? Eu vou. Vai ser bom pra mim, como uma terapia.

Clyde deu um sorriso abriu o vidro do box me dando um beijo molhado. Literalmente. Quando sai do banheiro e cheguei ao quarto Aaron não estava sentado na cama como eu havia deixado. Ele havia saído e descida as escadas. Eu sabia porque podia ouvir ele gritando no andar de baixo enquanto corria de um lado para o outro.

Desci as escadas e meu pai e minha mãe me viram vestido naquele terno e se abraçaram. Minha mãe tinha um largo sorriso no rosto. Eu fiquei envergonhado. Parei no meio das escadas e dei uma volta para eles me verem por completo. Apertei os lábios e finalmente cheguei á sala.

- o que acharam?

- você está lindo meu filho – falou minha mãe pegando o celular no bolso – preciso tirar uma foto.

- A não mãe…

- Casey querida. Venha aqui – falou minha mãe gritando.

Casey veio da cozinha e me deu um abraço com um grande sorriso e minha mãe tirou uma foto. Em seguida nós trocamos de posição e ela tirou outra foto.

- vai lá Rodrigo – falou minha mãe e meu pai ficou entre nós dois.

- querem que eu tire uma foto de vocês? – perguntou Mya entrando na casa.

- oi Mya – falei abraçando-a – que bom que você veio!

- me desculpa ter vindo tão cedo, mas faz um bom tempo que não nos vemos e queria compensar.

- tira, por favor – falou minha mãe entregando o celular para Mya que tirou uma foto comigo, Casey, meu pai e minha mãe em três posições diferentes.

- Aaron! – falei chamando por ele – vem aqui tirar uma foto comigo – falei pegando-o no braço e Mya tirou outra foto.

Minha mãe ficou lá aos pés da escada vendo as fotos com Casey e meu pai e eu e minha caminhamos até do lado de fora da casa. Havia começado a escurecer as luzes dos postes já estavam acesas. A porta da nossa casa estava enfeitada e uma sacola com doces estava pronta para receber os convidados.

- quem diria – falou Mya de pé olhando para a rua onde varias crianças já corriam de um lado para o outro brincando.

- pois é – falei rindo – eu noivo? Logo eu?!

- eu estou feliz por você – falou Mya.

- e você e Rudolph? Estão bem?

- sim, claro – falou ela com um sorriso – você o conhecerá em breve.

- Doces ou Travessuras? – falaram quatro crianças se aproximando da casa.

Peguei alguns doces na sacola e coloquei um bocado em cada uma das crianças. Aaron apareceu do lado de fora e Clyde veio logo atrás dele.

- vamos?

- claro – falei olhando para Clyde.

- vocês vão pedir doces? – perguntou Mya.

- sim. Você quer vir? – perguntei seguindo Clyde que segurava a mão de Aaron.

- claro – falou ela nos seguindo.

- vocês estão fantasiados de que? – perguntou minha para Clyde e eu.

- de noivos – falou Clyde rindo.

- e você? – perguntei para Mya.

- de dama de honra – falou ela dando um giro começando a rir – pelo menos espero que eu seja né.

- claro que será – falei ficando ao lado de Mya enquanto Clyde e Aaron iam até a primeira casa.

Alguém abriu a porta e entregou doces a Aaron e Clyde que vieram até nós. Aaron parecia animado e saiu dando alguns passos a frente de nós. Mya estava ao meu lado direito e Clyde do meu lado direito.

- essa é a primeira vez que saio para pedir doces.

- sério? – Clyde parecia surpreso.

- porque está surpreso? – perguntei rindo.

- não sei é que…

- já sei. Por causa da minha mão você deve pensar que o dia de hoje deve ser o dia em que me sinto mais ‘normal’, certo?

- sim – falou Clyde.

- eu também acho isso, mas meus pais nunca deixaram. Eles sempre foram super protetores e queria evitar que eu me machucasse de muitas formas e uma delas incluía eu não sair no halloween para não levar ovadas dos outros na rua que sempre cantavam em coro ‘garoto lagosta, garoto lagosta, garoto lagosta’.

- crianças podem ser cruéis – falou Clyde.

- e como – fale rindo me lembrando da minha infância.

A lua já brilhava lá no alto e mais e mais pessoas enchiam as ruas de monstros, fantasmas, palhaços, zumbis e celebridades.

- vem comigo – falou Aaron segurando a mão de Mya e puxando-a deixando Clyde e eu para trás. Eles foram até a casa pedir doces.

- Sabe Clyde… eu estava pensando em Blacke. Ainda não é tarde para convidá-lo.

- eu não quero falar sobre isso Stan.

- Clyde se Anne foi capaz de me perdoar você também é capaz de perdoá-lo. Até a esposa de Blacke adiou o divórcio porque quer dar outra chance a ele.

- como você sabe disso? – perguntou Clyde.

- Judy me contou.

- eu não consigo perdoá-lo. Não acredito como ele foi capaz de fazer isso comigo.

- a capacidade de perdoar existe em poucas espécies Clyde. Quando você perdoar essa ferida que tem ai no seu coração vai começar a se curar. Enquanto você tiver raiva será como se todo dia você cultuasse a feria com um pedaço de pau fazendo com que ela se sangre.

- eu não tenho ferida – falou Clyde colocando o cigarro na boca. Peguei o isqueiro do no bolso dele e acendi o cigarro colocando-o no meu bolso.

- por favor, Clyde. Pelo menos uma ou duas vezes por semana você dorme chorando nos meus braços. Eu nunca pergunto o porquê e finjo que nunca aconteceu. Todo dia. Eu sei que é por isso.

- eu não quero falar sobre isso, não hoje – falou Clyde quando Aaron e Mya voltaram.

- por quê?

- quer saber? – falou Clyde olhando para mim – acho melhor Aaron e eu continuarmos sozinhos a partir daqui – Clyde parecia chateado – eu encontro você na festa.

- tudo bem – falei me sentindo mal.

- eu te amo – falou Clyde se aproximando para me dar um beijo, mas eu me afastei dando dois passos para trás e me virando. Mya me acompanhou.

- o que aconteceu? – perguntou Mya enquanto voltávamos.

- não é nada – falei chateado com Clyde – briga boba.

- não se preocupe – falou Mya segurando em minha mão – hoje vocês vão ficar noivos e terão brigas como essas todos os dias – falou ela rindo.

- você está me fazendo desistir – falei me sentindo estranho. Minha cabeça começou a doer e meu coração a bater mais rápido. Parei por um instante sentindo algo de estranho na minha calça.

- o que foi? – perguntou Mya me vendo parar.

- eu não sei… eu só… - falei sentindo uma ereção. Meu pau estava duro como pedra. Fiquei perplexo com aquilo. Não era um momento muito apropriado para se ter uma ereção.

Algumas crianças passaram correndo por Mya e eu e vi que elas estavam correndo de um palhaço. Ao olhar para ele vi que sua máscara não era como as outras máscaras. Era um palhaço de rosto gordo com cabelos coloridos e sangue escorrendo pela boca. Ele encarava Mya e eu com olhos amarelos.

- sai fora aberração – falei para o palhaço que ficou me encarando.

- Vamos dar a volta Stan – falou Mya me puxando para atravessarmos a rua.

- não Mya. Esse imbecil só quer nos assustar.

Passei a mão no meio das minhas pernas e senti que continuava excitado. Quando olhei para frente senti algo me espetando e uma corrente elétrica percorrendo o meu corpo.

- ‘Stan Babão’ – falou o palhaço com voz feminina me vendo cair no chão.

 Ao nosso lado esquerdo havia uma vã e a porta se abriu e de lá saíram três palhaços. Antes de desmaiar vi que Mya também estava caída no chão babando. Eles me jogaram dentro da vã e Mya foi jogada ao meu lado também inconsciente. Foi a última coisa que vi antes de a escuridão fazer parte do meu campo de visão. A vã andava rapidamente virando de um lado para o outro e os palhaços se seguraram para não caírem enquanto Mya e eu estávamos deitados no chão sem conseguir se mover. Acabei desmaiando antes que pudesse reconhecer onde estávamos indo pela janela que havia do lado da vã.

Quando acordei não conseguia ver nada porque havia algo cobrindo meus olhos. Senti que estava deitado em algo duro e gelado. Senti que estava completamente nu com a ereção entre minhas pernas. Meus braços e pernas estavam amarrados deixando-os abertos. Minhas pernas estavam amarradas de uma forma que ficassem dobradas deixando meu ânus exposto.

- Socorro! – gritei sentindo o gosto de baba na minha boca.

As luzes estavam acesas porque conseguia ver através no capuz preto que cobria minha cabeça. ‘Ele acordou’ disse uma voz próxima de mim. O capuz da minha cabeça foi puxado e eu vi que as treze pessoas vestidas de palhaço estavam lá. Eu estava em uma espécie de necrotério.  Olhei rapidamente para os lados e vi Anne deitada em um canto desmaiada com a boca e os braços e pernas amarradas. Ao seu lado estava Mya também desmaiada. Estava no necrotério da polícia onde Anne trabalhava deitado em uma das mesas completamente nu com o pau duro. Não conseguia mover meus braços ou minhas pernas.

- Socorro! – gritei o mais alto que pude e foi quando vi que dois palhaços estavam bem próximos um do outro e um dos palhaços tinha uma grande barriga. Estava grávida.

- se acalma meu amor – falou o palhaço para a grávida. Ela parecia estar sentindo dores.

Reconheci várias das máscaras da noite em que fomos atacados na casa de Clyde. Inclusive o líder que em nenhum momento proferiu nenhuma palavra. Os palhaços formaram um círculo em volta de mim e deram as mãos.

- seus desgraçados! – falei tentando me soltar.

- Hoje teus filhos estão espalhados e celebram teu culto. Estamos preparados para polinizar a nossa raça em busca da dominação mundial – As vozes disseram em coro.

Eles soltaram as mãos e levaram até as máscaras.

- Arrancai tua máscara e mostrais tua face coberta de lágrimas, bela como o rancor e malogrado como o infinito.

Todos eles retiraram as máscaras e eu finalmente pude ver os seus rostos. Homens, mulheres, brancos, negros, eram vários e eu conhecia a maioria deles.

Os palhaços voltaram a dar as mãos sem as máscaras. Exceto o líder que continuava com a dele

- Teus inimigos são meus inimigos, tua doutrina é minha fortaleza, tua justiça é minha fé. Faça com que um dia o nosso espírito repouse satisfeito, contigo, sob a árvore da Ciência, protegidos pelo Templo até os seus ramos se abrirem.

O líder retirou a máscara e se aproximou com um meio sorriso. Ele parecia admirado ao me ver naquela mesa.

- boa noite Stan – disse o delegado Hugo passando a mão em minha perna – você está preparado.

- seu desgraçado! – falei perplexo ao perceber que era ele o líder de tudo aquilo.

- eu sei., você está agitado, mas hoje é a noite a polinização. Você está pronto – falou ele tocando meu membro movendo a mão para cima e para baixo.

- tira sua mão de mim seu filho da puta! Porra! – falei tentando me mover sem sucesso.

- ele tomou as pílulas – falou meu psiquiatra Dr. Henry Parker. Ele fazia parte do culto.

- o que vocês vão fazer comigo?

- você tem uma horrível experiência com abelhas, não é Stan?

- como você sabe disso?

- não importa – falou o delegado – sabia que na época de acasalamento a abelha é penetrada por doze zangões antes de procriar?

- o que vocês vão fazer comigo – falou o delegado apontando para a grávida e para o outro palhaço que a segurava para que não caísse. Eles ainda estavam de máscara – uma de nossos membros carrega o nosso salvador e você estará encarregado de reproduzir mais deles – falou ele com um meio sorriso – nós precisávamos de você pronto – falou ele soltando meu pau – para poder gozar no ventre de nossas operárias – falou ele apontando para as quatro membros mulheres daquele Culto. Quinn, April, Loretta – a nova vizinha que se mudou para a casa de Clyde e Latoya – a mulher do elevador que agora eu percebi que era mãe de Quinn.

- vocês vão me estuprar?

- é sua vez de fazer o papel nessa colmeia. Nós fizemos tudo por você, é sua vez de retribuir – falou ele se afastando – precisamos seguir o ritual da colmeia. Você será fecundado pelos oito zangões – falou ele se referindo aos oito homens que estavam lá – uma vez secundado você estará pronto para fecundar. Terá toda a energia necessária. Você irá penetrar as quatro operárias – falou ele se referindo as quatro mulheres – e irá engravidá-las. Esse será o início da nossa especial Imperfeitos e Iguais.

- você é louco!

Os dois últimos palhaços que estavam com máscaras as retiraram. A grávida era Tessa. Filha de Clyde. Por isso ele não a via há meses. Ela estava grávida.

- você está ansioso? – perguntou Hugo – ele nascerá hoje a noite!

- porque eu estaria ansioso?

- é seu filho – falou Hugo se aproximando de Tessa orgulhoso. O modo dele agir lembrava o de um pastor fazendo pregações na igreja. Ele agia como se fosse um ser superior, um ser divino.

- o que? – perguntei confuso.

Hugo voltou a se aproximar de mim.

- quando você estava no Hotel Cécille eu preparei um suco especial que você bebeu naquela noite depois do jantar. Você apagou. Tessa entrou em seu quarto e te encontrou desmaiado e duro – falou Hugo com um olhar sereno de admiração – nós vamos induzir o parto hoje à noite – falou Hugo olhando para o Dr. Henry Parker.

- eu dei remédios a Tessa que induzirá o parto. Ela está grávida de trinta e duas semanas. Não é o suficiente e nem o recomendado, mas não podemos mais esperar. Se o bebê for forte como você ele sobreviverá. Nós precisamos saber se ele terá as duas mãos necessárias – falou ele tocando minha mão direita com as garras – ou se será sacrificado.

- como vocês podem acreditar nesse maluco?! – falei me sentindo mal – vocês estão doentes!

O som de Dr. Henry Parker abrindo a braguilha da calça me fez sentir um calafrio na espinha. Tentei mover meus braços e fechar minhas pernas, mas eu não consegui. Os outros membros se afastaram voltando a colocar suas máscaras. Com Exceção de Tessa e seu namorado que ficaram de longe vendo tudo o que acontecia. Fechei meus olhos e respirei ofegante desejando nunca ter acordado daquele coma.

Não deixem de comentar ;) #MateAColmeia