Capítulo 04: Há Uma Luz (Sob a Casa do Frankstein) | Conto: Paixão Secreta | Temporada: 7ª

HÁ UMA LUZ (SOB A CASA DO FRANKSTEIN) capítulo quatro

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entia como se estivesse caminhando pelo corredor da morte. Prestes a receber a injeção letal. Fazia sentido já que pouco antes tinha almoçado no restaurante em frente o hospital e tinha pedido os meus pratos favoritos. Estrogonofe de frango, babata frita, bife acebolado e tudo o que eu tinha direito. Eu não sei se vou ter apetite depois de começar esse tratamento então eu tive uma refeição digna de corredor da morte. O irônico é que eu estava caminhando por um corredor com uma assustadora luz no fim. Ainda não era a luz no fim do túnel, mas poderia ser. Eu estava suando e minha garganta estava seca. Eu estava assustado com o que veria quando chegasse aquela sala. A Dra. Alma caminhava ao meu lado com um sorriso no rosto. Tentando me transmitir positividade. Tentando me acalmar.

Mais alguns passos naquele longo corredor e nós chegamos a uma grande sala. Havia algumas poltronas bem confortáveis que foram colocadas em um circulo e nessas cadeiras haviam homens e mulheres sentados. Todos eles tinham companhia. Alguns deles usavam lenços na cabeça e havia até uma garotinha asiática tomando os remédios, mas ela tinha os cabelos e apesar de parecer bem magra ela tinha um grande sorriso no rosto. Havia uma poltrona vazia ao lado dela.

- fica tranquilo Mike – falou Dra. Alma pegando uma prancheta – sente-se ali ao lado da Carrie – falou ela apontando para a garotinha asiática. 

- okay – falei me aproximando e respirando fundo eu me sentei na poltrona enquanto a enfermeira trouxe as bolsas com o remédio. Um líquido branco. Ela colocou a bolsa e então colocou uma agulha em mim. Em seguida ela colocou a intravenosa e o líquido começou a pingar. Lentamente. Seriam três horas até aquela bolsa acabar.

- prontinho – falou a enfermeira sorridente – você quer alguma revista para ler? Ou algum livro? se você quiser revistas para ler é só pedir.

- não obrigado. Eu estou bem – falei respirando fundo. Fechei os olhos e tentei tirar um cochilo. Estava muito cansado do dia anterior e apesar de ter acordado tarde estava um pouco cansado.

- os livros e as revistas que eles tem aqui são uma droga – falou a garotinha ao meu lado.

- Carrie! Pare de perturbar o moço – falou uma garota que também parecia ter descendência asiática ou vietnamita. Abri os olhos e olhei para elas – desculpa moço ela é uma tagarela. Olhei para o liquido que ela tomava e era vermelho. Era a droga um pouco mais forte.

- câncer de bexiga – falou a garotinha – qual é o seu?

- Carrie! – falou outra vez a garota – desculpa.

- não tem problema. Eu sou Mike – falei estendo a mão e apertando a mão das duas.

- eu sou Carrie e essa estressada aqui é Maxine. Minha irmã.

- olá – falou a garota.

- o meu câncer é de pulmão – falei olhando para Carrie – quantos anos você tem?

- trezes anos – falou ela ajeitando os cabelos – fui diagnosticada á três meses.

- essa é meu primeiro ciclo.

- novato? – falou Carrie – esse é um grande passo.

- o que quer dizer?

- como você viu cada um responde de um jeito ao remédio. Meus cabelos não caíram, mas os daquele cara ali – o Brad – caíram depois do segundo ciclo.

Olhei para o homem ao qual ela estava se referindo e ele sorriu pra mim e acenou. Ele não parecia ter mais do que vinte e seis ou vinte e sete anos.

- prazer – falou ele sorrindo – câncer no rim. E você?

- no pulmão – falei respirando fundo.

- como eu ia dizendo – falou Carrie – são nos primeiros ciclos que você descobre como o seu corpo vai reagir. Os cabelos são os menores dos seus problemas. Especialmente se você tiver diarreia.

- Carrie! – falou Maxine a repreendendo. Eu dei risada.

- você é tão nova pra ter câncer – falei olhando pra ela – seus pais devem estar muito tristes por você ter que passar por isso.

- essa é a parte boa de ter os pais mortos – falou Carrie.

- eu sinto muito – falei olhando para Maxine.

- acidente de carro – falou Maxine parecendo triste – eu tinha acabado de fazer dezoito quando aconteceu. Carrie tinha só três anos na época.

- os meus pais também morreram. Minha mãe morreu quando eu ainda era criança e meu pai morreu ano passado.

- como? – perguntou Carrie.

- Carrie isso é pessoal – falou Maxine.

- ele cometeu suicídio. Descobriu que tinha um câncer inoperável – falei rindo da ironia – alguns dias depois que ele cometeu suicídio eu descobri que tinha câncer – falei passando a mão no rosto tentando não chorar.

- sinto muito – Carrie estendeu um dos braços e eu segurei na mão dela. Lambi os lábios e respirei fundo.

- qual é o seu nome? – perguntou Brad que estava do outro lado da sala.

- É Mike. O seu é Brad? Certo?

- isso – falou ele com um sorriso – e essa daqui é minha gata – falou ele segurando na mão de uma garota de cabelos negros cacheados – Angelina – falou Brad orgulhoso da namorada. Angelina acenou para mim.

- muito prazer – falei lambendo os lábios.

- você está sozinho? – perguntou Brad curioso.

- sim. estou.

- você é sozinho?

- não. Na verdade eu tenho um marido… namorado… eu ainda não contei a ele. Ele não sabe que eu estou aqui. Ele nem imagina que eu tenho câncer – falei rindo.

- isso é barra – falou Brad – eu sei que ter câncer é difícil, mas você já parou pra pensar nos sentimentos dele? O que ele vai sentir quando descobrir que ao invés de estar ao seu lado você o privou de estar com você no momento em que você mais precisou.

- não… eu não pensei pra falar a verdade.

- ele está certo – falou Maxine – o câncer também afeta as pessoas á sua volta. É como metástase que sai de você.

- eu não quero ser um peso pra ele – falei ouvindo pela primeira vez aquelas palavras. Eu disse aquilo tantas vezes que nem eu mais estava acreditando naquilo.

- você precisa ir ás reuniões – falou Brad.

- as Sally Underwood?

- sim – falou Carrie.

- eu peguei o cartão com o endereço e o telefone. Vocês vão as reuniões?

- sim – falou Angelina – e você pode levar uma pessoa que você queira. A que vai estar junto com você durante essa batalha. As reuniões são boas para os dois. Tanto pra quem está passando pela doença tanto pra quem tem uma pessoa amada que está enfrentando essa batalha.

- eu vou sim – falei respirando fundo – eu só não sei como contar pra ele. Eu não sei como chegar em uma pessoa e dizer uma coisa dessas. Como foram com vocês? – perguntei olhando em volta.

- eu estava com Carrie quando ela pegou os resultados.

Olhei para Brad e Angelina.

- eu recebi o resultado em uma segunda feira de manhã – falou Brad mudando sua feição – o que você falou sobre seu pai… eu entendo o que ele sentiu. Foi o mesmo que senti quando peguei aqueles comprimidos e tomei. Se Angelina não tivesse ido até minha casa eu provavelmente estaria morto.

Angelina se abaixou e deu um beijo na boca de Brad.

- conte para seu namorado – falou Brad sério – não chegue ao ponto que eu cheguei ou que o seu pai chegou. Você não gostaria que seu pai tivesse te contado sobre o câncer antes dele… você sabe.

- sim . Eu penso nisso todos os dias. Como as coisas poderia ter sido diferentes. Tanta coisa que eu queria ter dito ou feito pro meu velho. Eu sinto muitas saudades dele.

- você quer que seu namorado sinta essa mesma sensação de impotência?

- não. é horrível – falei penando em meu pai.

- então conte a ele – falou Brad – vai por mim. A sensação que você teve quando o saiu do armário… será o mesmo sentimento. É como se você tirasse metade do peso e dividisse com uma pessoa que está disposta a te ajudar a carrega-lo.

- eu vou contar – falei limpando algumas lágrimas que escorreram do meu rosto.

As horas passaram mais rápido do que eu pensei. Brad, Carrie, Angelina e Maxine tinham tantas histórias para contar. Eles partilharam experiências e como lidaram com algumas coisas. Me deram dicas também. Disseram que eu poderia usar frauda geriátrica caso um dos meus efeitos colaterais fosse diarreia. Ajudava bastante. Uma conversa com eles e eu percebi que o cabelos é o menor dos problemas, mas eu entendo o que significa perder o cabelo. A pessoa se olha todos os dias no espelho e a imagem o lembra da luta. Lembra que a vida não é mais uma garantia. O meu medo não é a estética. A vaidade é a primeira coisa que eu perco quando estou doente.

Outra coisa que eu percebi foi que eu deveria ser agradecido por ter câncer no pulmão. Haviam pessoas que tinham câncer no rosto, na boca, no braço. O câncer estourou para fora desfigurando-os. Deixando-os com feridas que cheiravam muito mal e mesmo assim eles estavam sorrindo e contando histórias. É difícil explicar a sensação o que é ser diagnosticado com câncer. Você passa a fazer parte de uma realidade pode ou não te levar a morte e mesmo assim você tem que sorriu e acordar todos os dias com aquela sensação de que o dia de hoje é o primeiro do resto da minha vida. Brad foi o primeiro a ir embora. Carrie estava tomando a vermelha e parece que ficaria mais um bom tempo.

- prontinho Mike – falou a enfermeira tirando a agulha do meu braço – você pode ir pra casa.

- obrigado.

- vejo você em uma semana – falou ela sorrindo.

Eu me levantei e olhei para Carrie.

- vejo você na reunião? – perguntou ela com um sorriso.

- é terça?

- sexta feira – falou Maxine – Sally mudou o dia pra ficar melhor pra todo mundo.

- eu vou sim.

- você vai contar pro seu namorado? – pergunto Carrie – eu sei Maxi. ‘É pessoal’ – falou ela olhando pra irmã.

- eu vou tentar – falei rindo – vou ver se até sexta eu conto.

- ‘existe luz mesmo nos lugares mais escuros’ – falou ela segurando na minha mão – vai dar tudo certo – falou ela sorrindo pra mim.

- okay – falei fazendo um cafuné nela – até sexta?

- até sexta – falou Carrie acenando.

- até sexta Mike – falou Maxine se despedindo de mim.

Sai do hospital por volta das quatro e meia da tarde. A verdade é que estava me sentindo bem. Estava me sentindo forte. Isso até me animou um pouco. Talvez seja um sinal de que o remédio não vai mudar muita coisa em mim. Estava animado depois dessa primeira sessão e de ter feito alguns amigos.

- Mike? Mike? – falou uma voz masculina chamando por mim. )Olhei para trás e vi que era o Dr. Lennox.

- Dr. Cody.

- me chame de Cody. Nós vamos passar muito tempo juntos – falou ele respirando fundo.

- o que foi doutor?

- como foi a sua primeira sessão?

- bem. Eu estuo me sentindo bem.

- que bom – falou ele pensativo.

- você quer me dizer outra coisa?

- sim – falou ele pensativo – eu só queria dizer que o seu caso é importante pra mim. Eu não costumo ligar para meus pacientes no natal para dar más noticias. Eu não costumo ligar para meus pacientes nem pra dar boas noticias – falou rindo – o que eu quero dizer é que me marcou muito saber que seu exame foi trocado por um residente e que se não fosse esse erro talvez seu câncer não estivesse tão avançado – falou ele respirando fundo.

- essas coisas acontecem doutor. Os médicos precisam aprender de alguma forma. De certa forma o meu erro ensinou alguém.

- sim – falou ele colocando a mão no meu ombro – e você pode ter certeza que você vai sair dessa. Eu te prometo.

- obrigado doutor – falei me aproximando dele e dando um abraço. Fechei os olhos e por alguns segundos me deixei levar pelo momento. Foi bom receber outro abraço.

- te vejo na semana que vem?

- sim doutor – falei me distanciando e acenando. Dr. Cody acenou de volta pra mim. Atravessei a rua e chamei um Uber para poder voltar para casa. Eu não sei se vou ter coragem de contar hoje para Adam sobre o câncer, mas eu tenho até sexta feira.

Adam estava sentado em sua mesa no escritório com um cigarro na boca analisando alguns papéis. Eric estava sentado em uma poltrona também com um cigarro entre os dedos lendo alguns papéis. Thad entrou pela porta e parou de frente ao escritório de Adam. Ao ver Thad ali parado Adam sugou a fumaça do cigarro uma última vez antes de apaga-lo no cinzeiro.

- e então? – perguntou ele assoprando a fumaça – o que você descobriu?

- ele realmente foi para o hospital – Thad disse isso pegando o celular e colocando na galeria – mas na porta do hospital ele encontrou um homem. Adam se aproximou e pegou o celular de Thad e passou as fotos. O homem se aproximando de mim. Me abraçando e a forma que eu fiquei abraçado a ele por alguns segundos. Ele almoçou em um restaurante e algum tempo depois esse mesmo homem foi para o restaurante e eles almoçaram juntos. Na saída ele encontrou novamente com esse homem.

- quem diabos é esse homem? – perguntou Adam olhando para as fotos – a médica dele é mulher e esse homem não está de jaleco.

- acha que ele está um médico que trabalha nesse hospital? – perguntou Thad.

- pare de colocar ideias na cabeça do Adam – falou Eric apagando seu cigarro – Adam deve ter uma explicação pra tudo isso.

- ele já me traiu antes – falou Adam pensativo entregando o celular de Thad. Adam se aproximou da mesa e se sentou cruzando os braços. Ele pensou por alguns instantes e colocou a mão na cabeça triste – eu não sei o que eu faço. Quando estamos separados nós queremos estar juntos e quando está comigo Mike quer ficar com outra pessoa. Ele estava com aquele aplicativo no celular e eu tenho certeza que ele conheceu esse homem lá.

- conversa com ele – falou Thad – ele deve estar chegando em alguns minutos. Eu o vi pegando um Uber.

- sim, mas não pode ser agora. Os vizinhos ai da frente nos convidaram pra um jantar. Talvez depois do jantar quando nós voltarmos – falou Adam apontando pra Frank – envia esse fotos pra mim Thad. Por favor.

- sim chefe – falou Thad pegando o celular e enviando as fotos para Adam que continuou sentado na mesa pensativo. Ele pegou um cigarro e o acendeu colocando na boca. Ele estava pensativo sem saber o que faria.

- no que está pensando? – perguntou Eric.

- acho que Mike e eu nunca vamos dar certo – falou Adam olhando pra ele – Mike não gosta de compromisso.

- o que você pensa em fazer?

- eu vou conversar com ele hoje a noite e falar que talvez seja uma boa ideia darmos um tempo. Eu vou ligar na universidade dele hoje mesmo e conversar com o reitor. Mike pode continuar o curso de onde parou e voltar para a Kappa Alpha Order.

- mas isso é do outro lado do país – falou Eric – tem certeza que o relacionamento pode funcionar a distância?

- essa é a ideia. Nós ficarmos longe um do outro – falou Adam puto caminhando até o bar que tinha no escritório e colocando uísque em um copo – Nós resolvemos nossos problemas ano passado e meio que tivemos um ponto final. Talvez seja hora de cada um seguir seu caminho – falou Adam tomando todo o seu uísque e colocando o cigarro na boca.

Quando eu entrei pela porta caminhei direto para as escadas. Eu estava com cheiro de hospital e sentia o gosto de remédio na boca. Não queria que Adam descobrisse. Subi alguns degraus e Adam saiu do seu escritório.

- Mike?

- oi amor – falei parando e olhando para ele.

- como foi lá no hospital? Achei que seria mais rápido.

- é que acabou demorando mais do que devia.

- qual o resultado dos seus exames? – perguntou ele sério levando o cigarro até a boca.

- exames? Sim… os exames a médica queria refazê-los. Por isso demorou tanto. Foi por isso que demorei.

- não ia passar no escritório pra me fazer um carinho? Me dar um beijo.

- sim, mas depois que eu tomasse um banho. Estava o dia todo no hospital e não quero infectar nenhum de vocês com bactérias.

- eu não me importo – falou Adam subindo as escadas e ao chegar perto de mim ele usou uma das mãos para tocar minha bunda e me pressionar contra seu corpo. Nós demos um selo e Adam enfiou a língua na minha boca e chupou a minha língua. Ele ficou me olhando por alguns segundos e voltou a beijar minha boca e eu o abracei acariciando seu rosto. O cigarro queimava na outra mão de Adam enquanto ele me pressionava e apertava minha bunda com a outra.

- você estava mesmo com saudades – falei mordendo o lábio inferior de Adam.

- os vizinhos aqui de frente nos convidaram para jantar – falou ele me soltando e levando o cigarro até a boca e ele desceu as escadas – o jantar será ás oito.

- okay – falei respirando fundo tendo que lidar com o mau pau duro. Aquele homem que deixava louco.

Fui até meu quarto e tomei um longo banho. Na verdade fiquei um pouco na banheira relaxando corpo. Tentava notar algo de diferente no meu corpo, mas a verdade é que não estava sentindo nada de diferente. Tinha sorte por não sentir nenhum efeito. Depois do banho decidi ficar ali no quarto mesmo assistindo televisão com as luzes apagadas. Eu estava apenas de cueca. Adam entrou algumas horas depois e arrancou a roupa indo para o banheiro. Ele não estava muito de papo. Parecia irritado com algo. Talvez algo relacionado ao trabalho. Enquanto Adam tomava banho escolhi a roupa para ir ao jantar e Adam saiu enrolado na toalha.

- como foi seu dia?

- bom – falou ele curto e grosso – na verdade eu liguei na sua universidade. A da Carolina do norte – falou ele olhando pra mim.

- ligou? Pra que? – falei vestindo minha camisa.

- eu estava conversando com o reitor. Eu sou um ex aluno de prestigio e estava conversando sobre a possibilidade de você retornar os estudos lá mesmo e ainda ingressar na sua antiga fraternidade.

- as coisas não estão dando certo aqui? você quer voltar pra lá?

- Não. as coisas aqui vão bem – falou ele tirando a toalha e vestindo sua cueca – na verdade eu estava pensando que talvez você pudesse voltar pra lá e terminar seus estudos.

- é longe daqui Adam – falei sentindo um aperto no coração. Aquilo estava parecendo um término, mas disfarçado de boas intenções.

- as coisas aqui estão bem e Thad ajuda Eric e eu com o que precisamos. Você vai ficar entediado de ficar o dia todo em casa e não tem porque você arranjar um emprego. Eu pensei que talvez você pudesse voltar para a Carolina do Norte pra terminar seus estudos.

- não quatro anos Adam – haviam universidades aqui em Seattle, mas Adam queria que eu voltasse para a Carolina do Norte. Ele queria me mandar pra longe. Como um término – e o que o reitor disse?

- você pode voltar quando quiser. Sua vaga está garantida.

- okay – falei me levantando – eu vou então – falei engolindo em seco – se você quer. Nesse momento a canção ‘Take My Breath Away’ começou a tocar em minha cabeça. Era o que Adam fazia comigo. Ele me deixava sem ar, mas parece que ele estava interessado em outra coisa. Com certeza deve ter conhecido alguma mulher. Aqueles três ficam em casa o dia todo. Imagino as vezes que eles não fizeram uma suruba ou algo assim com uma garota qualquer. Talvez até um homem. Vai saber do que Eric e Thad gostam – Zoey disse que ia vim me visitar no próximo fim de semana. Eu vou avisar a ela que eu vou pra lá.

- vai ficar tudo bem entre nós Mike. Nós podemos nos falar todos os dias por chamadas de vídeo e uma vez por mês um visita o outro.

- okay. Pode ser – falei forçando um sorriso. A minha vontade era de chorar. Como eu ia contar para um homem que está me mandando pra longe que eu tenho câncer? Ele não está disposto a ficar comigo eu estando normal imagina com um monstro! É isso que vou me tornar durante o tratamento: a porra de um monstro.

Estava queimando no meu peito e enquanto Adam se arrumava e vestia o seu par de tênis eu ficava imaginando o inferno que minha vida estava se tornando. Meus olhos ficaram úmidos e eu passei a mão no meu rosto limpando os meus olhos.

- você está pronto? – perguntou Adam ficando de pé.

- quase – falei sentando na cama de costas pra ele – pode ir descendo. Agorinha eu vou.

- okay – falou Adam saindo do quarto.

Eu não ia esperar por Adam. Se ele quer que eu vou embora eu vou, mas vai ser hoje. Me levantei e fui até o guarda roupas e peguei uma mochila. Comecei a pegar algumas roupas e colocar em uma mochila junto com alguns produtos e fio nesse momento que eu senti um enjoo e corri para o banheiro  me ajoelhando. Todo o meu almoço caiu na privada respingando em todo lugar. Minha boca ficou com um gosto horrível.

- que merda – falei me levantando e dando descarga. Fui até a pia e lavei a minha boca e meu rosto. Meus olhos estavam vermelhos e meu estômago enjoado – que desgraça – falei voltando para o quarto e voltando a arrumar minha mochila. Coloquei um par de sapatos e alguns perfumes – pronto – falei soltando a mochila e correndo pro banheiro para novamente vomitar. Dessa vez não saiu quase nada. Apenas uma água amarela que queimou minha garganta. Saiu também pelo meu nariz – uma desgraça nunca vem sozinha – falei me levantando e dando descarga novamente. A minha casa era o inferno: obscuro e sombrio.

Peguei a mochila e coloquei lá dentro minha carteira. Peguei meu celular e baixei um aplicativo para comprar passagens de avião. Apesar de não muito dinheiro para esbanjar seria apenas a passagem de ida. Só que eu não iria para a Carolina do Norte. Escolhi o lugar mais longe com a passagem mais em conta e apareceu a cidade de Chicago em Illinois. Ele não vai atrás de mim. Eu vou me tratar em outro hospital e se o tratamento não der certo eu vou morrer sozinho. Não quero ser um peso para ninguém. O meu voo sai ás onze e quarenta da noite. Durante o jantar vou arrumar alguma desculpa para voltar até aqui. Eu pego minha mochila e chamo um Uber. Quando Adam perceber será tarde demais. Coloquei a mochila no guarda roupas e desci as escadas. Adam estava sentado no sofá da sala me esperando.

- eu estou pronto – falei forçando um sorriso pra ele.

- eu vou levar aquele vinho que Xavier nos deu – falou Adam pegando a garrafa.

- a garrafa de mil e seiscentos dólares que ele deu pra comemorarmos o nosso casamento quando nós nos casarmos?

- sim – falou ele olhando para a garrafa e olhando pra mim – a gente já mora junto mesmo. Eu achei que poderíamos levar já que finalmente vamos conhecer um dos vizinhos.

- okay. Pode ser – falei me virando e abrindo a porta da casa. Estava escuro, mas a casa dos vizinhos que nos convidaram era chamativa. Havia uma enorme estátua de dois metros do Frankstein na frente da casa e ele era iluminado com uma luz que vez parecer que a casa toda era iluminada do céu. Eu não sei bem porque havia uma estátua na frente da casa deles e a verdade é que eu pouco me importava.

Adam saiu e caminhando ao meu lado nós atravessamos a rua. Adam estava me mandando sinais do que queria. Eu não contei a ele sobre o câncer por uma razão. Eu estava certo em não dizer nada. Ao chegarmos na porta da casa eu bati três vezes e ela se abriu um homem de olhos azuis e cabelos e barbas ruivos sorriu para nós.

- sejam bem vindos – falou o homem sorrindo para Adam, mas ao olhar pra mim ele passou de sorrir.

- esse daqui é meu namorado Mike – falou Adam – Mike esse daqui é Jeffrey Jones, mas você pode chama-lo de Jeff.

- prazer Jeff – falei reconhecendo-o. Era o homem do aplicativo. PapaiVermelho. Ele também tinha me reconhecido porque a expressão dele era impagável.

- os vizinhos chegaram – falou Jeff sem graça para a esposa.

- muito prazer – falou ela olhando para mim – é bom finalmente conhecer o famoso Mike – falou a mulher me abraçando – eu sou Lucy Blake – falou ela com um sorriso abraçando o marido.

Vou aproveitar o meu jantar. Vou comer do bom e do melhor, tomar um vinho que custou o olho da cara e vou aproveitar a companhia dos meus vizinhos: O casal perfeito. Para fechar a noite com chave de ouro porque o universo tem me mandado mensagens e eu finalmente entendi que essa é a noite perfeita para desaparecer.

Espero que tenham gostado de mais esse capítulo. Obrigado pelos comentários e pelos votos. Fico feliz de recebê-los :) O título de hoje veio da música 'There's A Light (Over At The Frankenstein Place)' do musical The Rocky Horror Picture Show. Um abraço a todos e até o próximo.