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CELEBRAÇÃO capítulo cinco
M
|
ais uma vez havia chegado à sexta-feira. Seria como
qualquer sexta feira, mas era especial porque é o dia do meu aniversário. Tudo
tinha continuado do mesmo jeito e os estagiários não mais falavam de mim. As
únicas pessoas que eu notei que tinham mudado comigo era Steve, que não me fez
falta ou diferença alguma e Gray. Esse sim eu senti falta. Ele não mais
apertava minha mão e apenas acenava com a cabeça quando chegava para o
trabalho. Ele não falava mais comigo a não ser o necessário. É Como dizem: ‘Quando
você sai do armário não são as pessoas que vão conhecer o seu verdadeiro eu. É
você que descobre quem as pessoas realmente são’. Se Gray era tão superficial eu
não podia fazer nada para ele. Eu estava lá para trabalhar e isso eu fazia
muito bem.
Desde a quarta eu não parava de
pensar na noite em que Adam e eu passamos na empresa. Eu me lembro das
perguntas e do seu perfume. Eu tento evitar, mas aquela noite não sai da minha
mente. Logo fui tirado dos meus delírios com a voz dele.
- bom dia Mike – falou Adam
chegando à empresa e veio direto até mim.
- bom dia Adam.
- Mike eu estava pensando e
acabei esquecendo de perguntar uma coisa pra você.
- que coisa?
- você tem alguém? – perguntou
Adam – tipo, um namorado? Ou “ficante”?
- um namorado, chama Charley.
- você já o traiu? – perguntou
Adam.
- não – respondi – e acredite
quando digo que não foi por falta de oportunidade. Eu tive muitas, mas eu levo
a sério o lance que nós temos.
- você está certo – falou Adam
coçando a barba – você reserva a sala de reuniões pra mim?
- qual o horário?
- dás duas ás cinco. A sala que
fica no sétimo andar.
- sim senhor. Considere feito.
- Valeu – falou ele indo para a
sala dele e entes que ele entrasse Gray, Steve e Vanessa chegaram.
Cumprimentai a todos que logo
foram para a sala de Adam. Comecei a ficar entretido com o meu serviço que não
vi a hora passar. Por volta dás nove horas o elevador se abriu e de lá saiu um
homem com uma caixa fechada e um buquê de flores azuis.
Ele veio até o balcão e colocou a
caixa em cima da bancada.
- você pode receber? – perguntou
o homem da FedEx.
- posso – falei olhando o nome do
destinatário e o mesmo não tinha um nome, apenas uma carta selada escrito:
“para você”.
Provavelmente foi Adam que pediu
para a esposa. Assinei e deixei do lado esquerdo da recepção e voltei a fazer
meu trabalho. Reservei a sala de reuniões e liguei para uns clientes passando
alguns recados que Adam tinha me informado. Logo a porta da sala se abriu e
eles saíram.
- nossa de quem são essas flores?
– perguntou Vanessa se aproximando e sentindo o cheiro.
- O Sr. White as encomendou –
assim que eu disse isso Adam saiu da sala – Sr. Adam as flores que você
encomendou chegaram.
- que eu encomendei? – falou Adam
vindo até o balcão – eu não encomendei nada.
- eu pensei que fossem suas, pois
não tem destinatário.
Ele pegou o envelope e abriu,
nele tinha um papel dobrado ao meio.
- Mike não são pra mim, são para
você. – falou Adam me entregando o papel dobrado.
- pra mim? – perguntei surpreso.
- alguém tem um admirador secreto
– falou Vanessa – alguma ocasião especial?
- provavelmente porque causa do
meu aniversário que é hoje. – falei sem graça. Charley sabe que eu odeio
flores. Acho a coisa mais ‘gay’ do mundo receber flores.
Adam foi até Steve, Gray e o
irmão para conversarem e eu e Vanessa ficamos no balcão. Eu peguei a caixa e
abri, tinha chocolates dentro. Outra coisa que eu não era muito chegado.
- quem me mandou isso não me
conhece, porque eu odeio chocolate.
- leia o que está escrito às
vezes tenha alguma pista de quem te enviou – falou Vanessa animada e parecendo
bem curiosa. Abri o papel e li em voz alta para que Vanessa Escutasse.
- ‘Mickey, espero que goste dos
presentes. Escolhi as flores e os chocolates especialmente para você. Talvez
esteja confuso por esse presente, mas não se preocupe eu vou te explicar: Envio-te
as flores mais lindas que encontrei. Elas são rosas azuis. Elas são raras e
feitas em laboratório. Elas não existem de verdade e não são naturais ou
normais. Assim como você que também não deveria existir. Agradeço aos
heterossexuais por estar aqui porque eu duvido que foi um casal gay que te
botou no mundo’ – senti um frio percorrendo meu corpo quando li essa frase.
Nesse momento Adam ouvindo o que eu tinha lido olhou para trás. Gray, Steve e
Xavier também começaram a prestar atenção.
- como é que é? – perguntou
Vanessa.
- ‘Assim como você essas flores
são uma aberração e não deviam existir’. – eu olhei para eles e todos
continuavam olhando atentos. – ‘sei que você odeia chocolate, mas eles devem
ser ideais para tirar da sua boca o gosto de merda que fica no pau…” – eu nem
consegui pronunciar as últimas palavras.
- quem te enviou isso? –
perguntou Adam vindo até mim. Os outros o acompanhavam.
- eu não sei – falei olhando o remetente
e não tinha nenhum nome – Adam pegou o envelope da minha mão e olhou de todos
os lados do envelope procurando por um nome, mas não tinha.
- quem teria todo esse trabalho
para fazer uma brincadeira de tão mal gosto? – falei me sentando puto com
aquele presente.
- não coma esses chocolates,
podem ter alguma coisa – falou Steve.
- não se preocupe eu odeio
chocolates, não tem a mínima chance de eu comê-los – abaixei a cabeça e fechei
os olhos tentando pensar em uma pessoa, mas ninguém me vinha a mente.
- tem certeza que não sabe quem
possa ter te enviado isso? – perguntou Adam.
- as únicas pessoas que sabem o
dia do meu aniversário, que eu não como chocolate e que eu não suporto flores
são: meu pai e meu namorado. Eles nunca fariam uma brincadeira dessas comigo.
- não tem mais ninguém? –
perguntou Adam.
- você – falei.
- eu? – perguntou Adam.
- eu me lembro até hoje das
perguntas que me fez na entrevista, perguntou as coisas que eu gostava e não
gostava e eu tenho certeza que respondi flores e chocolate.
- eu nem me lembrava disso, todas
essas informações ficaram anotadas na sua ficha – falou Adam pensativo – as
fichas ficam no arquivo no décimo primeiro andar. Elas são confidenciais e
ninguém pode retirá-las a não ser que um de nós vá retirar pessoalmente ou em
casos extremos se nós autorizamos terceiros a retirar. Geralmente essa
autorização é feita através de uma ligação ou algum documento assinado por um
de nós cinco – Adam falou isso e foi gradativamente abaixando o tom de voz a
medida que foi entendendo o que ia dizendo.
‘Quem perderia tanto tempo e
dinheiro para fazer uma brincadeira tão infeliz?’ – pensei e logo veio uma
suspeita.
- pode ter sido o Hunt – falei
logo.
- o estagiário que demiti?
–perguntou Adam.
- claro, ele pode ter lido minha
ficha de alguma forma.
- vou ao arquivo e conferir se
por acaso tem algum documento assinado autorizando a retirada da sua ficha –
ele foi até o elevador e logo desapareceu quando as portas se fecharam.
O telefone tocou e eu atendi.
- Advocacia WCSK, bom dia em que
posso ajuda-lo?
- gostaria de falar com o Senhor White.
- Adam ou Xavier?
- Adam – falou a outra voz
rapidamente.
- ele não se encontra no momento,
quer deixar algum recado?
- quero sim. Peça para ele ligar
para o Sr. Leon Miller.
- ele já tem seu telefone eu
imagino.
- tem sim. com quem eu estou
falando?
- Mickey Fabray, eu sou
assistente do Sr. Adam.
- ok Mickey, fico aguardando a
ligação dele.
Desliguei o telefone e Xavier
perguntou quem estava ao telefone e eu informei que era para Adam. Alguns
minutos depois Adam apareceu com um papel na mão.
- você tinha razão Mickey. Alguém
pegou sua ficha no dia em que eu demiti Hunt.
- quem assinou autorizando? –
perguntou Vanessa
Dr. Steve King – falou Adam.
- eu? – falou Steve pegando o
papel – eu não assinei nenhum papel.
- ele falsificou sua assinatura –
falou Adam – Está vendo? Ele cortou o “T” da esquerda para a direita e você
corta o ”T” da direita para a esquerda.
- está resolvido então – falei
pegando o papel e olhando – vocês não podem processá-lo por falsidade
ideológica, ele não colocou o nome Hunt e sim Marco.
- isso não é problema – falou
Adam – eu posso provar que foi ele quem escreveu inclusive esse bilhete. –
falou Adam pegando e colocando os dois no balcão – está vendo? O nome que ele
colocou foi Marco Pablo Potter. Está vendo o contorno do “P” dos nomes Pablo e
Potter? Ele tentou disfarçar o bilhete todo criando uma grafia diferente, mas
na última palavra ele esqueceu. Está vendo? O “P” da palavra ‘pau’ na sua
carta? É idêntico ao que ele escreveu “Pablo”. São idênticos.
Eu fiquei sem graça ouvindo ele
dizer a palavra ‘pau’. Aquela carta era nojenta e me deixou com raiva de tantas
maneiras que eu nem conseguia dizer.
- vocês vão fazer algo?
- não – falou Adam – ele já fez o
que queria e ele não vai conseguir indicação nossa. A partir de hoje só eu
posso autorizar a retirada de qualquer documento do arquivo. Toda e qualquer
exceção deverá ser feita a partir de uma ligação de um de nós cinco.
- ótimo – falei pegando a caixa e
jogando os bombons no lixo – as flores eu deixei em cima do balcão.
- não vai jogar as flores fora? –
perguntou Gray.
- ele disse que flores são
anormais e não deveriam existir. Eu discordo. São bonitas – falei tocando as
pétalas e voltando a me sentar.
- porque você não gosta de
flores? – perguntou Vanessa.
- por causa da minha mãe – falei
olhando as flores – ela adorava flores e toda a sexta-feira meu pai comprava um
buque e quando chegava do trabalho ele tinha ele nas mãos e entregava para
minha mãe. Quando ela faleceu esse foi um ritual que nunca mais aconteceu. Toda
vez que vejo flores eu lembro da minha mãe e fico triste.
- deixa disso – falou Adam com
raiva pegando as flores e jogando no lixo pisando em cima – vou encomendar um
buque gigante de flores azuis para você. Pra falar a verdade, nós vamos
comemorar seu aniversário hoje quando acabar o expediente. Que tal? Vamos todos
ao bar e restaurante que fica aqui em frente. Ele é ótimo! Um dos melhores de
San Diego.
- não precisa – falei sem graça.
- eu estou dentro – falou Xavier
e em seguida Vanessa confirmou que iria
- está vendo? – falou Adam – não
vai ser nenhum sacrifício, todos nós vamos.
- pode contar comigo – falou
Steve e logo em seguida Gray confirmou a presença, mas eu senti que ele ficou
receoso em aceitar.
- tudo bem então. Se vocês
insistem.
Depois de confirmarem a presença Gray,
Steve e Vanessa se despediram e foram até o andar dos estaguários.
- se você quiser pode chamar seu
pai, seu namorado, quem você quiser. Vai ser tudo por minha conta – falou Adam
com um sorriso.
- não vou abusar do senhor.
- não vai ser abuso – falou
Xavier rindo – aproveita que ele ofereceu e traga todos que conhece inclusive
pessoas que você encontrar pelo caminho – falou Xavier rindo e fazendo Adam rir
também.
- você é nosso funcionário há
quase três anos, considere isso uma comemoração de seu tempo conosco – falou
Adam. Eu sabia que ele só estava tentando me animar depois do que aconteceu.
- tudo bem então.
Eles concordaram e entraram na
sala e eu voltei ao trabalho. No horário do meu almoço liguei para meu pai e
Charley avisando sobre a comemoração depois do meu trabalho e os dois
confirmaram presença. Voltei do almoço e Adam ainda estava em seu horário de almoço.
Peguei minha agenda e conferi algumas datas e alguns compromissos futuros, como
uma audiência em que Adam iria representar uma empresa em um dos casos
ambientais.
Pouco antes das três da tarde
Adam voltou do almoço e ao sair do elevador veio caminhando até mim.
- trouxe isso para você – falou
Adam colocando um vaso de vidro transparente com rosas azuis em cima do balcão.
- são lindas – falei sentindo as
flores na minha mão.
- espero que tenha gostado –
falou ele cruzando os braços orgulhoso das flores – deu um trabalhão para
consegui-las.
- gostei sim. Muito.
- o que? – falou Adam abrindo os
braços – eu não recebo nenhum abraço?
Eu estava envergonhado, mas eu
dei a volta no balcão e fui até ele dando um abraço. Eu o abracei e ele deu uns
tapas nas minhas costas de leve me desejando muitos anos de vida. Fechei os
olhos e senti o perfume dele e apesar de nossos corpos não estarem juntos como
eu queria eu aproveitei aquele momento. Sentindo a barba dele roçar no meu
pescoço. Foi quando eu voltei á terra e o soltei ele de repente.
- obrigado – falei sem graça.
Adam então foi para sua sala e eu
voltei ao trabalho.
- não posso pensar nele dessa
forma, eu tenho namorado, ele é meu chef e é hetero. Coisa boa não vai sair
disso – falei baixo pra mim mesmo.
Ás sete horas desliguei meu
computador e me despedi de Adam.
- te vejo daqui a pouco – falou
ele com um sorriso – não vou demorar.
Ia fechando a porta quando
lembrei de dar o recado a Adam.
- Adam, eu quase me esqueço de te
falar. Um homem chamado Leon Miller ligou hoje mais cedo para falar com você,
mas você não estava. Ele então pediu para que você ligasse para ele.
- obrigado Mike, eu estava
esperando ele ligar. Ele é o promotor de um dos casos que eu estou cuidando
pessoalmente e nós fizemos faculdade juntos. Vou ligar para ele hoje ainda.
Obrigado pelo recado.
- tudo bem, até mais – falei
fechando a porta.
Desci até o quinto andar, tomei
um banho, vesti uma roupa casual e estava pronto para a festa. Liguei para
Charley e ele disse que chegaria em mais ou menos uma hora e meia. Meu pai disse que deixaria o trabalho em uma
hora então eles chegariam mais ou menos no mesmo horário. Ao sair do prédio vi
o bar e restaurante que ficava do outro lado da rua. Tinha o costume de tomar
alguma coisa de vez em quando com um ex-namorado chamado Tyler, mas depois que
terminamos a pouco mais de dois anos eu parei de ir, pois me trazia lembranças
ruins. Lembranças péssimas. Tyler era horrível na cama.
Antes que eu desse um passo em
direção ao bar meu pai me ligou novamente.
- filho, por acaso você convidou
o Denny? Todo ano ele aparece lá em casa e te dá um presente e vocês passam a
noite conversando e assistindo filme. Com certeza ele vai lá hoje.
- eu esqueci. Será que vai pegar
mal se eu convidá-lo de última hora?
- melhor do que ele ficar na
esperança de te ver daqui a pouco.
- vou ligar agora e convidá-lo.
- abraços, até daqui a pouco –
falou meu pai parecendo um pouco desconfortável do outro lado.
Procurei o nome de Denny na lista
e coloquei em chamada e logo ele atendeu com seu sotaque.
- Denny?
- feliz aniversário – falou
Denny.
- obrigado Denny.
- quantos anos está fazendo?
- vinte e um – falei rindo – Deixe
eu te falar, o pessoal da empresa que eu trabalho marcou de comemorarmos o meu
aniversário em um Bar e Restaurante que fica aqui em frente. Eu quero que você
venha.
- que horas?
- agora. É só você se aprontar e
vir.
- está tão em cima da hora, por
acaso você se esqueceu de me convidar?
- claro que não. Eles marcaram
agora no fim do expediente. Meu pai e Charley vão vir.
- tudo bem então. Onde fica?
- eu vou enviar a localização
para você.
- combinado. Vou me arrumar e vou
para ai assim que estiver pronto.
- ok, fico te esperando. Até
daqui a pouco.
Desliguei o telefone e observei o
sol que estava se pondo. Olhei para o outro lado da rua e vi que o local estava
acendendo as luzes, estava na hora de eu ir.
Atravessei a rua e fui em direção
ao enorme restaurante. Entrei e vi que tinha pessoas bebendo e foi quando eu vi
que o lugar tinha mudado bastante em dois anos. O bar tinha agora um espaço
para dança juntamente com o bar e o restaurante. Algumas pessoas estavam em pé
na pista de dança conversando enquanto tocava algo de David Guetta ou Major Lazer. Eu
não pude distinguir. Um DJ estava com
um óculos escuro enquanto tocava as músicas. A única diferença do lugar para
uma balada era que o ambiente era um pouco mais claro. As pessoas podiam comer,
beber, dançar e se divertir. Tudo em um só lugar. Eu procurava um lugar para
ficar ou por alguém e foi quando eu ouvi alguém gritando meu nome.
- Mike – falou Vanessa vindo até
mim – feliz aniversário – falou ela me abraçando forte com um largo sorriso no
rosto.
- obrigado.
Nós nos olhamos e ela entregou
uma caixa azul que tinha um relógio dentro. Era um Rolex
- Vanessa! Não precisava – falei
abraçando ela novamente.
- espero que goste – ela pegou minha
mão e me guiou até a mesa – Venha! Steve e Gray já chegaram.
Cheguei à mesa e cada um deles estavam
com uma cerveja na mão.
- olá – falei tentando ser alguém
sociável, mas acho que soou bem falso.
- feliz aniversário – falou Steve
vindo até mim e apertando minha mão me dando um meio abraço. Ele colocou a mão
no bolso e tirou um pequeno envelope e me entregou. Havia apenas um cartão.
- o que é isso? – perguntei.
- seu presente. Não tive muito
tempo para pensar.
- Steve não precisava se dar ao
trabalho – falei abraçando ele. É claro que fui sarcástico, mas eu sabia que
era o máximo que eu podia esperar dele. Fiquei surpreso pro Steve ter tido
tanto trabalho por um presente, mas fiquei feliz de saber que ele se importava
comigo. Nesse momento me arrependi por ter chamado ele de tantos nomes feios no
passado. Tudo culpa de sua arrogância.
- não por isso – falou ele
tomando um gole da cerveja.
Eu me sentei ao lado de Gray que
tomou um gole e estendeu a mão pra mim
- feliz aniversário – falou ele
estendendo a mão e eu apertei. – eu não tenho presente.
- não tem problema, só por você
ter vindo eu já fico feliz e satisfeito.
- pra que você não fique sem nada
meu você pode pedir o que quiser de mim – falou Gray tomando um gole da
cerveja.
- não precisa – falei sem graça.
- pede um beijo – falou Steve.
- para de graça – falou Vanessa.
- você quer? – perguntou Gray.
- claro que não.
- se você quiser eu te dou –
falou Gray levando a long neck até a boca e tomando um gole.
- aproveita Mike – falou Steve
dando um gole da cerveja.
- acho que essa ideia de
comemoração foi ruim, vocês estão me deixando sem graça.
- é brincadeira – falou Gray
dando um gole de sua bebida.
- tudo bem – falei com um pouco
de vergonha. Tinha acabado de completar vinte e um anos de idade, finalmente eu
podia beber legalmente. Pedi uma cerveja e ao chegar tratei logo de dar um
gole.
- vê se não chega em casa e vai
bater uma imaginando o nosso beijo – falou Gray – você teve a chance de ter,
mas não quis – eu quase engasguei quando ele disse aquilo.
- a conversa está indo para um
lado muito pervertido – falei tomando outro gole. Eu não era acostumado a beber
cerveja e para falar a verdade eu não gostava muito de cerveja. Só bebia tinha
bebido algumas vezes na vida. Socialmente.
- tudo bem – falou Gray colocando
a cerveja em cima da mesa – só estou dizendo que se você por acaso o fizesse
pensando em mim eu não me importaria.
- fazer o que Gray? – perguntou
Vanessa rindo – você é tão exibicionista que adoraria saber que alguém faz isso
pensando em você. Seu pervertido – Vanessa conseguiu arrancar uma risada do de
mim.
- do que está rindo? – perguntou
Gray com um sorriso – posso não ter trazido meu presente agora, mas prometo te
dar um.
- eu acredito, mas não se
preocupe. Não vou fazer nada pensando em você.
Eles deram boas risadas com o que
eu disse.
A música tocava alta, não tão
alto ao ponto de atrapalhar a conversa, mas ela mantinha o ambiente em uma boa
sintonia. Tomei apenas uma garrafa, e a medida que a conversa fluía eu ia
ficando mais a vontade. Nunca imaginei conversar sobre aquilo com eles. Estava
realmente me divertindo.
- por favor, não comentem com
Adam o assunto que estamos conversando.
- por quê? – perguntou Steve.
- porque sim, ele pode não gostar
dessa brincadeira.
Falei isso e olhei no relógio que
marcava pouco mais das oito da noite. Mal pude tomar o último gole da minha
cerveja que eu vi Adam entrando pela. Olhei pelo canto do olho e vi ele se
aproximando de nós.
- desculpem pelo atraso – falou
Adam tirando o terno e colocando na cadeira entre eu e Steve. Logo em seguida
ele se sentou.
Eu torcia para que eles não
tocassem no assunto.
- a conversa estava picante antes
de você chegar - falou Steve rindo.
- droga – falei baixinho forçando
um sorriso.
- sério? – Adam levantou a mão e
o garçom trouxe uma Budweiser ao qual ele abriu e deu um gole.
- foi sim – falou Gray – ele
disse que quando chegar em casa vai fazer algo pensando em mim. Ele vai se
tocar e dizer meu nome aos sussurros.
Dei uma risada sem graça. Apertei
os lábios envergonhado.
- esse Gray é ou não é metido? –
perguntou Vanessa para Adam que tinha dado uma gargalhada.
- gente, eu estou aqui – falei
sem graça – Pedi que não dissessem nada
e vocês fazem o oposto e ainda conversam como se eu não estivesse aqui.
Adam colocou a garrafa em cima da
mesa e tirou uma carteira de cigarros do bolso e em seguida acendeu um cigarro.
- eu não sabia que você fumava –
falei.
- vocês tinham que ter visto o
abraço que ele me deu hoje quando entreguei o presente dele. Isso sim vai ficar
na cabeça dele por muito tempo.
- gente por favor, vocês estão me
matando de vergonha – falei fazendo todos rirem enquanto por dentro eu estava
morto de vergonha.
- você sabe que é brincadeira né
Mike? – falou Adam – se não gostar é só falar.
- sei sim. Eu não me importo. Só
fico um pouco envergonhado.
- não precisa ficar envergonhado
– falou ele levando o cigarro até o cinzeiro e trazendo de novo até a boca –
você está entre amigos – ele deu uma tragada no cigarro e assoprou a fumaça
para o alto.
Nesse instante vi meu pai e Denny
entrarem pela porta.
- pelo amor der Deus! Não toquem
nesse assunto de “conversa picante” com meu pai.
Me levantei e Denny veio até mim
e me deu um abraço.
- feliz aniversário – falou ele
me entregando uma caixinha com um colar de ouro Agradeci pelo presente e meu
pai veio até mim.
- feliz aniversário filho – falou
meu pai me abraçando.
- obrigado pai.
Olhei em volta, mas não vi
Charley.
- onde está Charley? Pensei que
ele vinha com vocês.
- ele não apareceu – falou meu
pai – decidimos não esperar mais.
- tudo bem – falei afastando-me
da mesa e pegando o celular e discando o número dele. O telefone chamou e foi
para a caixa de mensagens. Tentei mais quatro vezes e decidi enviar uma
mensagem pedindo que ele viesse logo. Voltei a mesa e meu pai ainda estava em
pé, ele me deu outro abraço e dessa vez
seguido de vários beijos no rosto.
- eu te amo tanto – falou meu
pai.
- para papai urso. Está me
matando de vergonha.
Nós nos soltamos e ele me começou
a desabotoar a camisa que usava.
- o que está fazendo pai?
- seu presente de aniversário –
falou ele com um sorriso. Ele me mostrou uma tatuagem nova que havia feito em
seu peito. Ele tinha tatuado um pouco acima do seu peito o meu nome.
- você tatuou meu nome? – falei
surpreso – quando eu pedi que o senhor tatuasse o meu nome eu estava brincando.
É por isso que estava gemendo quando te liguei?
- Isso – falou ele rindo – eu já
tenho um tribal no braço e um dragão na perna, porque não tatuar o nome do meu
filho? A pessoa que mais amo nesse mundo.
- obrigado pai – falei abraçando
ele – nunca vou esquecer.
Todos se levantaram e eu fui
apresentando todo mundo pra todo mundo. Uma vez que todos se conheciam nós nos
sentamos. Estávamos sentados pronto para começar a festa. Fiquei sentado entre Adam
e Gray. Meu pai se sentou entre Adam e Steve. Steve se sentou ao lado de
Vanessa. Vanessa se sentou ao lado de Denny e Denny ao lado de Gray.
Eu não quis beber mais cerveja e
pedi bebidas sem álcool enquanto todos os outros bebiam bastante. Os coquetéis
de frutas me agradavam mais.
- Pai se o senhor beber demais eu
não vou deixa-lo dirigir.
- Relaxa filho. Acabei de começar
a beber.
- pai essa semana eu cheguei em
casa e você estava desmaiado na cama de tanto beber.
- eu não sei o que aconteceu. Eu
não me lembro de ter bebido tanto – falou meu pai confuso tomando um gole de
sua cerveja.
- você conhece seu namorado há
quanto tempo? – perguntou Adam.
- desde o ano novo.
- vocês pensam em se casar? –
perguntou Steve.
- o que é isso Steve. Eu sou
muito novo. – respondi logo de cara. Compromisso me assustava e muito.
- idade não é nada. Se você gosta
de uma pessoa e acha que ela vale a pena você se casa – Steve tomou um gole de
sua bebida.
- mas e você? Tem trinta e quatro
anos e ainda não se casou.
- é porque eu ainda não encontrei
a pessoa certa – falou Steve rindo.
- o Mike está certo – falou meu
pai – está muito novo. Não dê ideias para meu filho Steve – ele disse isso e
todos riram – está querendo tirar meu filho de mim?
A Conversa foi rolando e quando
olhei no relógio era quase onze horas da noite. Adam já não bebia nada a
quarenta minutos. O restante do pessoal começou a tomar bebidas destiladas.
- porque você não vai dançar? –
perguntou Gray pra mim.
- eu não! – falei vendo as
pessoas dançando uma música bem agitada – eu não sei mexer meu corpo e eu sou
ridículo dançando.
- na pista de dança não existe
regras – falou Steve – você só dança e pronto.
- exatamente por isso eu não vou.
Sabe-se lá o que vai acontecer quando eu entrar lá. Eu gosto de lugares com
regra.
Consegui mudar o assunto da dança
para outro por alguns minutos, mas quando começou a tocar uma música lenta alguns
casais se formaram na pista de dança e eles estavam dançando bem agarradinhos.
- agora você pode dançar. Aa
canção está lenta e a pista de dança agora tem regra, tem que dançar
agarradinho – falou Gray..
- gente para de querer me jogar
pra pista de dança, estou começando a pensar que vocês querem se livrar de mim.
- é seu aniversário! Você precisa
dançar – falou Vanessa – não precisa de se preocupar com o que as pessoas vão pensar
de você – falou Vanessa respirando fundo – já sei. Você está com vergonha por
ter que dançar com outro homem.
- gente não é isso. Eu realmente
não quero dançar. Eu não sou muito disso.
- vai lá – falou Denny
encorajando.
- vai você Denny – falei
brincando com um pouco de raiva..
- quer saber? Chega disso – falou
Adam se levantando e estendendo a mão para mim.
- o que está fazendo?
- me concede essa dança? –
perguntou ele com o braço esticado e a mão aberta.
- não – respondi sem graça.
- vai mesmo me deixar aqui
pagando mico? – Adam tinha um meio sorriso no rosto
- Vai lá Mike, se não eles não
vão te deixar em paz – falou Denny tomando um gole de sua batida de morango.
Olhei para a pista de dança e por
alguns instantes pensei em dizer não de novo, mas não queria fazer aquilo. Não
é que eu tinha vergonha de dançar com um homem, eu realmente tinha vergonha de
dançar em público. Especialmente de dançar com meu chefe que vinha despertando
sentimentos em mim.
- OK, eu danço – falei me levantando.
- é isso ai – falou Adam batendo
palmas para mim enquanto me levantava
Andamos até a pista de dança e
para meu azar – ou sorte – começou a tocar ‘Take
My Breath Away’. Uma das canções mais românticas do mundo.
- essa é para os amantes – falou
o DJ que comandava o som.
- por favor, não faça isso. Tem
algumas pessoas do escritório aqui. As fofocas vão começar outra vez – falei
chegando á pista de dança.
- eu demito a empresa inteira –
falou Adam – e processo qualquer um que falar merda.
- você não pode ficar mandando
todo mundo embora por causa de mim.
- na verdade, eu posso – falou
Adam com um sorriso – eu sou o dono, ou já se esqueceu?
Os casais começaram a se formar
ao som da canção que entoou os primeiros versos.
- como nós vamos... dançar? – perguntei
sem jeito.
- é uma música lenta, devemos
dançar lentamente.
- você não se importa? –
perguntei sem graça – do que as pessoas vão pensar de você? Elas vão pensar que
você é gay.
- eu não me importo.
- todo mundo na pista deve ser namorado.
Acho que foi uma má ideia eu ter aceitado.
- tudo bem, já que não quer –
falou Adam tentando voltar, mas eu segurei no braço dele impedindo-o. Quando
fiz isso eu larguei rapidamente.
- então admite que quer dançar
comigo? – Adam tinha um sorriso malandro no rosto.
- OK, mas vamos dançar como se
fosse valsa, pelo menos meio metro de distância entre nossos corpos. Assim nós
dois ficamos confortáveis
- vai ser ridículo Mike, para de
bobeira e dança comigo agarradinho. Tenho certeza que seu namorado – que não
veio – não vai se importar.
Ao dizer isso ele colocou a mão
na minha cintura e me puxou para junto dele. Levei um susto ao sentir seu corpo
tão junto ao meu. Senti um arrepio no corpo. Respirei fundo sentindo ele me
pegar daquela forma.
- OK – falei deitando minha
cabeça em seu ombro e abraçando-o. Suas mãos estavam em minha cintura. Nós
balançamos lentamente de um lado para o outro. Senti o cheiro de seu perfume em
meu nariz e por alguns instantes me senti a pessoa mais segura do mundo. A mais
sortuda do mundo.
Estar nos braços daquele homem
era o paraíso. Sentia como se nada pudesse nos separar, como se fôssemos feitos
um para o outro. Como se nas estrelas sempre estivesse escrito que a nossa
dança aconteceria e que eu me sentiria assim. Deus sabe o quanto eu estava
adorando aquele momento. Fechei meus olhos e tentei aproveitar e esquecer que
estávamos na frente de outras pessoas. Aquele era meu momento, e com certeza, o
melhor presente de toda a noite.
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