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Capitulo Dezesseis
o reencOntro
T
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rês semanas se passaram e a medida que se passava a
faculdade mais difícil ficava, ela começava a me tomar mais e mais tempo. Eu
ligava para casa todos os dias no começo e agora eu ligava apenas 2 vezes por
semana e conversava com minha mãe e as vezes com meu tio e meu irmão Charles.
Agora que eu tinha um namorado
tive que incluir ele nos meus planos. Warren e eu nos encontrávamos todas ás
terças e quintas no meio de semana. Sábado eu dormia na casa dele a não ser que
eu tivesse algum trabalho para fazer.
Era terça-feira e eu estava
sentado no restaurante esperando por Warren, pois nós iriamos almoçar juntos.
Logo eu ví ele atravessando a rua e vindo em minha direção.
Eu me levantei e assim que ele
chegou seu um selinho na minha boca.
- boa tarde – falou ele.
- boa tarde. – falei me sentando
– senti sua falta.
- também – falou ele. – desculpe
pela demora eu estava resolvendo algumas coisas no trabalho.
- sem problemas. – o importante é
que você veio – falei abrindo a mão em cima da mesa e esticando o braço para
segurar a mão dele e Warren colocou a mão junto a minha.
- você já fez o pedido? –
perguntou Warren.
- não – falei pegando o cardápio.
Depois que comemos nós
conversamos um pouco e logo nos levantamos. Nós estávamos atravessando a rua
quando ele acendeu um cigarro.
- o que você vai fazer hoje?
- alguns trabalhos.
- porque você não vem até meu
trabalho agora? Eu te apresento para o pessoal e depois te deixo em casa.
- não precisa – falei.
- o que foi? Não quer conhecer
meus amigos?
- quero sim, mas é que tenho um
enorme trabalho para fazer hoje. Fique pra próxima ocasião.
- tudo bem – falou ele um pouco
decepcionado.
- semana que vem, terça que vem
eu prometo que vou até seu trabalho ai você me apresenta todo mundo.
- combinado – falou ele com um
sorriso novamente no rosto.
Logo que cheguei no meu flat eu
comecei a fazer o trabalho, uma pesquisa. A hora passou rápido e logo fui
surpreendido com alguém tocando a campainha.
- quem é? – falei me levantando e
indo até a porta.
- sou eu, Howard – falou a voz.
Eu abri a porta.
- Ho-Howard? O que está fazendo
aqui.
- eu queria muito conversar com
você, eu não acho que deixamos as coisas esclarecidas.
- por favor, você não devia ter
vindo.
- me ouve – falou ele.
- eu estou muito ocupado fazendo
um trabalho de faculdade.
- eu vim até aquí.
Eu respirei fundo.
- vamos fazer assim, amanha nós
nos encontramos no restaurante.
- naquele mesmo?
- não, o que fica no fim dessa
rua, nada de almoço, apenas uma conversa, só não converso com você hoje porque
estou realmente atrasado com esse trabalho.
- tudo bem – falou ele.
- amanhã ás 13:00 você me
encontra lá e a gente conversa.
- combinado – falou ele com um
meio sorriso no rosto e logo que ele se foi eu fechei a porta e meio atordoado
voltei a fazer o trabalho. Agora que eu tinha encontrado alguém que eu gostava
muito e quem sabe um dia amaria Howard aparece.
Eu não posso negar que tive
sentimentos por Howard, mas eles estavam desaparecendo, mas parece que essa
breve visita me fez sentir algo outra vez. Por isso foi fácil esquecer o amor e
minha paixão por Phil, eu nunca mais o ví, mas se Howard ficar aparecendo eu
nunca vou esquecê-lo.
No dia seguinte compareci no
restaurante na hora marcada e ás 13:00 Howard apareceu.
- olá – falou ele se sentando a
mesa comigo.
- olá – respondi – o que você
queria tanto falar comigo.
- acho que eu devo desculpas para
você – falou Howard. – não devia ter feito o que eu fiz, não devíamos ter
transado – falou ele.
- não precisa pedir desculpas pra
mim eu é que peço desculpas por interferir no seu casamento.
- eu só queria dizer que não
quero perder sua amizade.
- não posso fazer isso – falei.
- o que? – perguntou ele.
- sabe aquela cena no elevador?
Sabe todo aquele drama? Foi uma tentativa frustrada de disfarçar meus
sentimentos por você.
- você se apaixonou por mim? –
perguntou ele.
- sim, você foi meu amigo e
conselheiro por muito tempo, mas isso é coisa do passado eu já não sinto o
mesmo.
- tem certeza? – perguntou ele.
- posso te perguntar uma coisa? –
falei.
- pode – respondeu Howard.
- se eu disser que estou
apaixonado e sou todo seu, você largaria seu namorado por mim?
- não sei – respondeu ele –
ficaria em um conflito interno.
- está vendo? É por isso que não
podemos ser amigos.
- entendo.
- vamos apenas esquecer isso ok?
Não vamos esquecer nossa amizade ou o sexo que tivemos porque foi maravilhoso,
mas vamos acabar aquí com essa história, vai ser melhor para nós dois
especialmente agora que eu tenho um namorado.
- você tem um namorado? –
perguntou Howard.
- sim.
- quem é?
- você não conhece.
- ele é ciumento? – perguntou
Howard.
- qual namorado não é ciumento?
Olha só o que Nick fez por ciúmes e ele não está errado ele estava apenas
protegendo o homem dele.
- ok então – falou Howard se
levantando – vamos nos despedir aquí – falou ele estendendo a mão.
- ok – falei estendendo a mão. –
foi bom te conhecer Howard.
- também foi bom de conhecer Fry.
Nós nos despedimos e seguimos
caminhos diferentes destinados a não se encontrar nunca mais.
Passou-se dois dias que eu tinha
me encontrado pela última vez com Howard. Eu tinha que admitir que me sentia
feliz agora que tinha meu namorado. Era uma sensação diferente ter um namorado
já que eu tinha sido garoto de programa por muito tempo. Finalmente eu podia
ser eu e ter meus gostos e desejos afinal agora eu não preciso agradar um
cliente.
Era sexta feira de noite e eu
estava sozinho no flat lendo um livro e assustei quando meu celular tocou. Eu
fui olhar o número e era um número desconhecido.
- alô quem fala? – falei
atendendo o telefone.
- Fry? – falou a voz que eu
reconheci na hora.
- tio Jeff?
- como você está? – falou ele.
- estou bem e o senhor?
- estou ótimo.
- como vai tudo aí em casa?
- até quando eu estava lá estava
tudo bem. – falou tio Jeff.
- como assim? – perguntei – você
não mora mais com minha mãe ela está sozinha?
- não é isso – falou tio Jeff –
na verdade eu queria fazer uma surpresa, mas eu tive que ligar não sei aonde
você mora.
- o senhor está aqui em Nova
York?
- estou sim.
- aonde o senhor está?
- estou hospedado no hotel no
centro.
- porque o senhor não veio?
- não quis atrapalhar.
- não vai atrapalhar, mas tudo
bem.
- vamos nos encontrar amanhã?
Almoço ou jantar?
- jantar – respondi.
- fica combinado então.
- aonde a gente se encontra?
- me passa o endereço do seu flat
e eu te busco aí.
- tudo bem.
Eu passei o endereço e depois de
perguntar como estava minha mãe eu desliguei o telefone feliz por ver meu tio
afinal eu sentia saudades dele. No dia seguinte eu me arrumei e assim que meu
tio estava chegando ele me ligou e disse para esperá-lo na porta.
Eu esperei por alguns longos
minutos lendo um bom livro até que finalmente ví a luz de um farol bem alto nos
meus olhos me fazendo franzir a testa. O carro parou na minha frente e abriu a
porta do carona e eu entrei.
- olá – falou meu tio.
- olá – falei entrando no carro.
– está de carro novo?
- as coisas estão indo muito bem
pra mim. – falou ele sorrindo e começando a andar com o carro.
- e minha mãe? Com quem ficou?
- com o seu irmão.
- e como Charles está?
- muito bem – falou ele.
- nós vamos a algum restaurante
em especial?
- vamos a um restaurante japonês!
Você come sushi?
- sim, lembra aquela vez que o
senhor me levou?
- é verdade, mas aquele dia
pareceu que você não gostou muito.
- que nada, foi à primeira vez e
eu achei estranho, eu sei que fiz caras e bocas, mas não se engane eu gostei e
muito.
Logo nós chegamos a um
restaurante e tinha uma pequena fila de pessoas que esperavam restaurante
esvaziar para que entrassem.
- boa noite – falou uma moça
muito simpática que nos acolheu – infelizmente o restaurante está cheio.
- nós temos reservas – falou meu
tio.
- qual o nome?
- Jeffrey Davis Fryderyk.
- ok – falou a moça – me
acompanhem que vou levar vocês até a mesa.
Assim que chegamos á nossa mesa
nós nos sentamos e fizemos nosso pedido. Assim que chegou nosso pedido nós
conversamos enquanto comíamos.
- quase esqueci – falou meu tio
mastigando e engolindo - sua mãe te mandou um abraço.
- obrigado, quando ver ela manda
dê um abraço nela por mim.
- pode deixar.
- como está meu irmão? De
verdade, como ele está depois do que aconteceu com nós três – disse isso dando
um gole do refrigerante. – como ele está lidando com tudo?
- bem... – falou meu tio sendo
interrompido quando derramou um pouco da cerveja na camisa. Foi o que eu
pensei, mas logo percebi que ele tinha derramado quase a metade do copo no
colo.
- que droga – falou ele
levantando a mão e logo veio o garçom e ajudou meu tio a se limpar.
Depois de alguns minutos ele já
estava pronto para continuar comendo.
- deve estar péssimo com essa
calça molhada. – falei.
- sim, mas não quero estragar
nossa noite por causa disso.
- se estiver incomodando muito
nós podemos ir.
- não precisa – respondeu ele.
Nós continuamos a comer e depois
de algum tempo conversando decidimos ir embora. O relógio já marcada um pouco
mais das 01:00 da manhã. Antes de entrar no carro meu tio veio até mim e me deu
um abraço.
- o abraço da sua mãe, não quero
ficar devendo.
- obrigado. – respondi.
Nós ficamos abraçados por um
certo tempo, meu tio não me largava. Depois de alguns segundos nós finalmente
nos soltamos e logo entramos no carro.
- vou te deixar na porta do
prédio – falou meu tio ligando o carro.
- obrigado.
- de nada.
- não por isso, obrigado por ter
vindo, eu realmente gostei de ver um rosto conhecido.
- não foi nada, sempre que quiser
uma companhia é só me ligar.
- quase esqueci de mencionar, eu
estou namorando. – falei
- sério? Quem é a garota de
sorte? – falou meu tio.
Eu olhei pra ele e sorri pensando
na piada que ele tinha feito. Ele olhou pra mim e ficou rindo.
- quem é a sortuda? – falou ele
outra vez.
Meu sorriso foi desaparecendo no
mesmo tempo que encaixei as peças.
- pai? – falei olhando pra ele e
logo o sorriso em seu rosto também desapareceu.
- por favor... – falou ele, mas
logo eu interrompi?
- para esse carro – falei olhando
pra frente.
- filho, por favor.
- para o carro! – falei alterado.
- você tem que me ouvir.
Sem olhar pra ele abri a porta do
carro e me virei para me jogar e ele freou de uma vez fazendo os pneus
cantarem. Eu saí do carro em um pulo e comecei a ir pelo caminho a pé.
- meu pai saiu do carro e veio
arás de mim.
- filho por favor, eu queria
muito te ver.
- devia ter pensado nisso antes
de abandonar a mim e a minha mãe.
- Fry! – gritou meu pai me
fazendo parar. – eu parei e ainda de costas olhei para a rua deserta e apenas a
luz dos postes nos iluminavam sem contar o farol de algum carro que passava
algumas vezes.
- o que foi? – falei me virando.
- eu sou seu pai, você tem que me
respeitar.
- respeitar? Você não é meu pai,
você não é metade do homem que pensa que é, que tipo de homem abandona a
própria família pra ir atrás de uma vagabunda qualquer.
- eu sei que errei e quero
concertar as coisas entre nós dois, eu sou seu pai eu penso em você e seu irmão
todos os dias.
Eu parei por uns segundos, se eu
não tivesse sofrido tanto na vida por causa daquele bastardo eu teria o
perdoado aquela hora, mas um turbilhão de lembranças me veio a cabeça me
fazendo ter ódio dele outra vez.
- como você sabia aonde eu
estava?
- meu irmão, eu o visitei e ele
me contou sobre você, a culpa não é dele, Jeff não sabe que eu vim.
- ele não devia ter dito nada
sobre mim – falei.
- ele não queria, mas eu insisti,
eu realmente queria saber como estava meus dois filhos.
- minha mãe sabe que você o
visitou?
- não, eu encontrei seu irmão em
um outro lugar, nem seu irmão sabe que eu vim.
- acho bom, que tal fazer que nem
da outra vez e desaparecer?
- filho – falou ele dando uns
passos até mim e eu me virei começando a andar outra vez.
- eu sei que você sofreu – falou
ele.
- sabe? Tem certeza? Você não
sabe o que eu passei e dê graças ao seu deus por eu não ter coragem de te
contar o que eu fiz esse último ano. Você não sabe o que é sofrer, minha mãe é
que sofre.
Eu ví ele olhando para o chão.
Pude ver por um carro que passou e o iluminou.
- não se preocupe comigo, eu vou
chamar um taxi daqui você pode ir embora.
- como você soube que era eu? –
perguntou ele.
- o que você acha? A pergunta
sobre namorada. Tudo se encaixou, o carro, a bebida derramada, os desvios das
perguntas pessoais.
- mas o que tem a ver a pergunta?
- você realmente não sabe? Eu sou
gay. – falei.
- o que? – perguntou meu pai.
- isso mesmo.
Meu pai veio andando até mim e eu
fiquei parado vendo ele se aproximar de mim.
- você é o que? – perguntou meu
pai sem expressão no rosto. – porque algum problema?
Ele não disse nada e apenas abriu
a mão de deu um tapa no meu rosto.
- filho meu não é viado.
Eu coloquei a mão no rosto
sentindo meu corpo tremer de ódio.
- com que direito você acha que
pode me bater? – falei me virando pra ele com ódio nos olhos, se eu tivesse uma
arma ou faca na mão eu o mataria alí mesmo, eu tinha muito ódio em meu corpo. –
você é louco...
Antes que eu pudesse terminar de
falar meu deu um soco no meu olho me fazendo cair no chão me apoiando nos
cotovelos que ralaram e logo começaram a arder e senti o sangue escorrer na
minha bochecha.
- que direito? – falou ele
pisando em meu peito. – eu tive um filho homem – ele falou isso com ódio em
seus olhos – eu não tenho filho bicha e você não vai manchar o nome da minha
família – Eu sentia falta de ar porque ele pisava forte em meu peito e meus
cotovelos sangravam muito.
Mesmo com os braços doendo eu
coloquei as mãos no seu pé tentando tirar de cima de mim, mas não foi possível.
- tira o pé de cima de mim –
falei alto, mas ele tirou o pé do meu peito e pisou no meu pescoço.
- vou fazer você virar homem como
meu pai faria.
Ele começou a desabotoar o sinto
e tirou dobrando e começou a bater no meu corpo todo. Cada chicotada era como
se fosse à picada de 100 abelhas. Eu tentava desviar e me defender com os
braços, mas a fivela batia nos meus dedos tão forte que me fazia sair lágrimas
dos olhos.
- eu gritava e torcia para que um
carro passasse na rua, mas como se fosse uma ironia divina nenhum carro passou
naquele momento.
Em um momento eu era um homem
crescido realizando os sonhos em Nova York, agora eu parecia um garoto
assustado apanhando do pai. o pé estava tão forte no meu pescoço que eu sentia
uma falta de ar instigante. Eu tentava gritar cada vez que o cinto tocava em
meu corpo, mas ao invés de um grito eu soltava um som agudo e fraco.
- você tinha razão – falou ele
tirando o pé do meu pescoço e colocando o cinto – eu não tenho filho e você não
tem pai.
Ele disse isso se virando e indo
até o carro e em alguns segundos eu ví o carro arrancar. Meu corpo todo doía e
eu tentei me levantar, sentindo meu peito e barriga arderem, os dedos da minha
mão pareciam estar quebrados e eu ainda podia sentir o peso dele sobre meu
pescoço. Eu me levantei e comecei a andar mancando com o rosto molhado de
lágrimas, suor e sangue. Logo eu ví o farol de um carro se aproximando e eu fui
para o meio da rua e levantei as mãos para que o carro parasse e logo saiu um
homem e uma mulher de dentro do carro.
- meu deus! – gritou a mulher.
- você está bem? – perguntou o
homem vindo até mim.
Eu não respondi nada e apenas
balancei a cabeça positivamente.
A mulher veio do meu lado e os
dois me ajudaram a andar e entrar no carro.
- vai ficar tudo bem, vamos te
levar a um hospital.
Logo que cheguei na emergência do
hospital fui atendido e depois de limpar as feridas e receber alguns pontos eu
fui internado pois eu tinha muitos ferimentos na cabeça. Em todo o atendimento
apenas respondi o que me foi perguntado secamente, eu ainda não acreditava que
aquilo tinha acontecido e deitado no leito do hospital ví dois policiais
entrarem pela porta.
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