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Capitulo Dezessete
o choQue
D
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epois do dar depoimento á policia e contar tudo o
que tinha acontecido eu pedi para que ligassem para Warren. Eu esperei vários
minutos e eu ví Warren entrar no quarto desesperado e vir até a cama.
- Fry! – falou ele se aproximando
– o que aconteceu?
- meu pai – respondi com
vergonha.
- pensei que você não conhecia
seu pai.
- até hoje. – falei.
Ele colocou a mão na minha testa
e começou a analisar as feridas.
- como um pai faz isso ao próprio
filho.
- ele me bateu porque sou gay –
falei olhando nos olhos dele.
- não acredito que ainda exista
pessoas assim.
- eu fiquei com tanto medo –
falei tentando segurar o choro, mas uma lágrima escorreu no canto do meu olho
esquerdo.
- você podia ter me ligado quando
seu pai chegou.
- eu não sabia que era meu pai eu
pensei que fosse meu tio.
- como? – perguntou Warren.
- eles são irmãos gêmeos, ele
veio até mim como se fosse meu tio e eu descobri que era ele quando me
perguntou sobre minha namorada.
Ele limpou meu olho com o dedão.
- eu sei que pode parecer cruel o
que eu vou dizer, mas foi só um soco logo vai desaparecer e você vai esquecer
isso tudo. – falou ele colocando a mão no meu peito me fazendo resmungar alto.
- o que foi? – perguntou Warren.
- não foi só um soco.
- deixe eu ver – falou Warren
levantando a roupa do hospital. – ai Fry – falou ele vendo os calombos roxos e
inchados por toda minha barriga e peito. – sinto muito – falou ele abaixando a
roupa.
- ele machucou minhas mãos também
– falei tirando a mão de baixo do cobertor.
- ele quebrou seus dedos? – falou
ele pegando minhas mãos enfaixadas.
- não, mas quase.
- eu não sabia que ele tinha te
machucado tanto, você já deu o depoimento para a policia?
- sim, eles já foram? –
perguntei.
- não, eles estão na porta. Você
contou a verdade?
- sim, mas não vou prestar
queixa.
- você não pode fazer isso –
falou Warren.
- eu não quero mais lembrar dessa
história deixa do jeito que está.
- tudo bem, não vou falar mais
nisso afinal você está em choque e não é preciso fazer a queixa agora, pode ser
feito depois.
Antes que eu pudesse responder a
porta do quarto se abriu e entrou uma mulher e um rapaz com uma câmera tirando
fotos. Eu me assustei e peguei o cobertor e coloquei no meu rosto.
- saiam daqui – falou Warren indo
até eles.
- nós só queremos saber o que
aconteceu e algumas fotos. – falou a mulher.
- eu estou pedindo com educação,
por favor respeitem a privacidade dele.
- eu não quero – falei.
- por favor – falou Warren
levando eles até a porta e fiquei na passagem impedindo eles de entrarem.
Ele olhou para os lados
procurando pelos policiais e eles estavam no fim do corredor conversando e não
tinham nem idéia do que tinha acontecido.
- como você entraram aquí? –
perguntou Warren e imediatamente olhou na direção dos policiais e deu um grito
chamando a atenção deles. Os policiais vieram e logo fizeram eles irem embora e
prometeram ficar na porta até que eu fosse embora do hospital.
Warren fechou a porta e veio até
mim outra vez.
- você não pode ir embora agora?
– perguntou ele.
- não posso devido aos ferimentos
na cabeça eles me colocaram em observação e o pior de tudo é que eu não posso
dormir.
- eu vou ficar aquí com você e
vou te manter acordado.
- obrigado, se você quiser sair
pra fumar pode ir a qualquer hora eu fico acordado.
A noite foi passando e o sono foi
chegando, mas Warren não em deixava dormir, a minha maior doer não era a
externa, mas a dor que estava me corroendo por dentro.
Por volta dás 09:00 da manhã o
médico veio até meu quarto e eu fiz alguns exames na cabeça e depois que os
resultados chegaram quase 1 hora depois ele me disse que poderia ir embora.
- você está bem – falou Dr. Max.
– felizmente todos os exames vieram bem você já pode ir pra casa.
- obrigado – respondeu Warren.
O médico saiu do quarto e eu
olhei para Warren.
- meus documentos estão na minha
carteira, você pode ir no banco e retirar o dinheiro? A senha é 23...
- não precisa – falou ele – eu
pago.
- não precisa.
- por favor não discuta comigo,
eu estou dizendo que não precisa eu pago, pode ir se levantando eu vou te
ajudar arrumar suas coisas, mas antes eu vou ir até a recepção pegar algumas
informações.
Ele saiu do quarto e eu me
levantei da cama e fui até o banheiro e troquei de roupa, alguns segundos
minutos depois ele entrou outra vez no quarto.
- eu já fiz o pagamento, mas eu
ví aquela reportar lá fora, ela deve estar esperando você receber alta.
- eu não quero sair em capa de
jornais, eu não quero ser mais um exemplo de filho que é espancado pelo pai.
- não se preocupe eu vou
conversar com o policial para ver se tem outra saída.
Ele saiu do quarto e desapareceu
alguns minutos longos, quando ele voltou eu já estava pronto para ir embora.
- já resolvi tudo, nós vamos sair
pelos fundos, já estacionei meu carro.
- eles não te viram?
- pra minha sorte eu estacionei
longe do hospital e eu peguei o carro pela outra saída então eles não me viram.
Eu sai pela porta do quarto e o
policial que vigiou a entrada nos acompanhou até a outra saída do hospital e
logo estávamos de fora entrando no carro. Warren agradeceu o policial e entrou
no carro.
- você vai me levar até meu flat?
- não, você vai pra minha casa.
- tudo bem – falei.
- você não vai negar? Dizer que
não precisa? – perguntou ele com um tom de brincadeira tentando me animar.
- eu tenho medo de que ele
apareça. – falei tentando parecer um pouco animado, mas aparentei mais triste
do que parecia.
- tudo bem, fica tranquilo –
falou Warren colocando uma das mãos na minha perna e apertando meu joelho
enquanto dirigia com a outra – ele não sabe aonde eu moro e se ele aparecer na
porta da minha casa eu mato ele – falou Warren um pouco sério demais pro meu
gosto.
Logo chegamos na casa dele e eu
fui entrando e indo até o sofá e me sentei.
- você me faz um favor?
- o que? – falou ele sentando ao
meu lado.
- não conta pra ninguém o que
aconteceu, especialmente sua família, eu vou conhece-los e não quero que eles
saibam.
- eu prometo – falou ele me
abraçando bem de leve sem me apertar e deu um selinho na minha boca.
Se passou dois dias que meu pai
tinha me espancado no meio da rua na calada da noite. Eu não tinha ido á
faculdade a única pessoa que sabia além de mim e Warren era Marley que me
visitou esses dois dias. Eu passava o dia inteiro dentro de casa esperando
Warren chegar do trabalho.
- Fry, cheguei – falou ele
entrando em casa.
Eu me levantei do sofá.
- olá.
- desculpa a demora – falou ele
me dando um selinho.
- não tem problema.
- a Marley veio te ver hoje?
- sim, ela ficou aquí quase 1
hora comigo.
Ele subiu as escadas e eu fui
atrás dele.
- você já se decidiu se vai
prestar queixa?
- eu estou procurando não pensar
nisso, eu quero esquecer.
- você não pode “não pensar
nisso” Fry. – falou ele tirando o terno.
- por favor não vamos ficar
brigando pro causa disso.
- só tem um jeito de você criar
idéia nessa cabeça sua Fry.
- qual – falei cruzando os braços
e escorando na porta.
- ligar para sua família e contar
o que aconteceu.
- por favor, não quero
preocupa-los com isso.
- sinto muito, mas você não está
raciocinando direito – falou Warren desabotoando a camisa e pegando meu celular
que estava em cima do criado mudo. – eu vou ligar pra eles você querendo ou
não.
- tudo bem – falei indo até ele e
o abraçando – você tem razão é que eu tenho medo.
- não se preocupe – falou ele me
abraçando. – posso ligar então?
- pode sim.
Eu saí do quarto e fui até a sala
e me sentei e alguns minutos depois Warren se sentou ao meu lado.
- você liga ou prefere que eu
ligue.
- eu prefiro ligar porque eles
não sabem sobre você é e capaz deles terem um ataque do coração se você ligar
dizendo que aconteceu algo comigo. Eles podem pensar bobeira.
- tudo bem, mas se você não se
sentir bem em contar é só passar o telefone pra mim.
- tudo bem – falei procurando o
nome do tio Jeff na lista de contatos e apertando em chamada. Depois de alguns
toques ele finalmente atendeu.
- olá Fry, continua vivo?
- olá tio Jeff. Como você está?
- estou bem e você?
- não muito bem – respondi.
- o que aconteceu? – perguntou
tio Jeff com um tom de preocupado na voz.
- meu pai veio até aquí.
- como é que é? – perguntou ele
com tom de surpresa.
- me dá aquí – falou Warren
pegando o telefone da minha mão.
- alô – falou Warren – boa noite.
- quem está falando?
- quem fala é Warren, sou
namorado do Fry.
- o que aconteceu? – perguntou
tio Jeff.
- o pai do Fry veio aquí vê-lo a
3 noites atrás.
- mas o que aconteceu? Fry se
sente bem?
Warren olhou pra mim e deu um
sorriso e se levanto uso sofá indo até a cozinha.
- como é o nome do seu irmão?
- Dean – falou tio Jeff.
- pois seu irmãos Dean veio até
aquí em Nova York e se passou por você e levou Fry para jantar.
- eu não acredito que ele fez
isso. Fry deve estar com uma luta interna.
- houve mais luta do que você
pensa – falou Warren.
- o que aconteceu?
- Seu irmão sabia que Fry é gay?
- não. – respondeu ele.
- quando Fry descobriu que era o
pai ele contou que era gay seu irmão espancou ele.
- mentira, você deve estar de
brincadeira.
- não, não é brincadeira ele
quase quebrou os dedos do Fry e ele está cheio de hematomas por todo o corpo
sem contar o trauma que ele sofreu. Ele não sai mais de casa sozinho.
- deixe eu falar com ele – falou
tio Jeff.
- ele não está muito bem para
falar sobre isso, eu quase não consigo convence-lo a ligar para vocês.
- eu vou ir até Nova York no fim
de semana. Você pode me passar seu endereço?
- claro!
Warren passou o endereço e logo
depois se despediu e veio até a sala aonde eu estava sentado.
- e então? Ele já desligou o
telefone?
- sim Fry, eles vão vir te
visitar no fim de semana.
- vai vir apenas meu tio ou mais
alguém vai vim?
- seu irmão e sua mãe também.
Eu respirei fundo pensando no fim
de semana que eu teria.
- fica tranquilo – falou Warren
alisando minhas costas.
Depois do jantar nós nos
deitamos. Warren e eu deitamos sem camisa. meus hematomas ainda eram visíveis e
as feridas doíam muito quando molhadas. Minha pele ainda estava sensível.
Apenas meus dedos tinham melhorado um pouco.
- deita de barriga pra cima. –
falou Warren.
Eu me deitei de barriga pra cima
e ele me deu um beijo no rosto. Eu peguei o rosto dele em minhas mãos e demos
um beijo de língua demorado e quente.
Ele parou de me beijar e começou
a passar os dedos nas minhas feridas carinhosamente e as vezes dava beijos
nela.
- os beijos são para melhorar –
falou ele me fazendo cócegas.
Eu fechei os olhos e sentindo
Warren beijar meu corpo eu adormeci, mesmo sem querer afinal eu queria apreciar
aquele momento.
Sábado chegou e eu já estava a
espera de todos. Warren tinha ido busca-los no aeroporto. Eu tinha criado uma
espécie de síndrome do pânico e me sentia muito mal quando saia de casa.
Eu ouvi um carro chegando e logo
a porta se abriu.
- Fry! – falou minha mãe vindo
até mim e me dando um abraço.
- ai mãe! – falei resmungado um
pouco.
- me perdoe filho. – falou ela se
afastando.
Charles se aproximou de mim e me
deu um abraço de leve.
- não acredito que ele fez isso
com você – falou Charles dando um beijo no meu rosto e alisou com o dedão a
ferida que eu tinha no rosto.
Ele se afastou e eu olhei para a
porta e vi tio Jeff, eu comecei a sentir uma falta de ar forte no meu peito e
ao mesmo tempo uma tontura que me fez cambalear para trás.
- o que foi? – perguntou Warren
me abraçando.
- é ele! – falei fechando os
olhos.
- não é ele Fry, é o irmão do seu
pai – falou Warren.
- Fry, sou eu! – falou tio Jeff.
Eu abracei forte Warren e tentava
controlar a respiração, mas estava difícil apesar de saber que não era meu pai
meu corpo não me ouvia, eu realmente estava raciocinando muito mal.
- se acalma Fry – falou Warren
dando um beijo no meu rosto – não é seu pai. olha pra ele. no fundo você sabe
que não é seu pai.
Eu me virei e olhei para tio
Jeff.
- posso te dar um abraço.
- pode – falei ainda com falta de
ar.
A medida que ele foi se
aproximando de mim eu ficava com mais falta de ar e sentia um aperto no meu
peito, mas meu tio foi rápido e antes que me virasse ele me abraçou forte.
- sou eu Fry. Se acalma você está
seguro está vendo? – falou ele levantando a camisa e me mostrando suas
tatuagens na barriga e no braço.
- tudo bem – falei ofegante.
- o que meu irmão fez com você
Fry?
Eu levantei minha camisa e
mostrei as marcas no meu corpo.
Minha mãe colocou a mão na boca
assustada.
- você prestou queixa Fry? –
perguntou Charles.
- eu não quero.
- mas você nunca vai sair de casa
se viver com medo – falou minha mãe.
- eu tive uma idéia Fry – falou
Warren – eu andei consultando meu advogado e ele disse que se não quiser
prestar queixa você pode pedir uma ordem de restrição contra seu pai dessa
maneira se ele se aproximar de você ele estará infringindo a lei.
- tudo bem – falei me sentando no
sofá. Minha mãe se sentou ao meu lado e agarrou no meu braço.
Todo mundo jantou e todos ficaram
felizes de saber que eu estava indo bem na faculdade que finalmente tinha
encontrado um namorado, uma pessoa que cuidasse de mim.
- estou feliz por Fry ter te
conhecido Charles.
- o que? – falou meu irmão.
- não você Charles – falou minha
mãe – o Charles namorado do Fry.
- desculpa, eu esqueço que temos
o mesmo nome.
- me chame de Warren, eu não me
importo, na verdade eu até já me acostumei e todos já me chamar só por Warren
no trabalho.
- fico feliz de ter conhecido seu
filho, eu realmente gosto muito dele – falou Warren tomando um gole da cerveja.
- obrigado pro cuidar do meu
irmão. – falou Charles.
- não preciso de cuidem de mim –
falei.
Todos olharam pra mim espantado.
- me perdoem, mas é que minha
vida toda tive que cuidar de mim e da minha mãe e prometi não confiar mais em
ninguém a minha vida e os meus cuidados, eu me sinto mal quando dizem que estão
cuidando de mim.
- tudo bem – falou Warren.
No dia seguinte depois que Warren
pegou todas as informações necessárias com tio Jeff sobre meu pai todos foram
embora abismados com que Dean tinha feito comigo e prometeram voltar assim que
pudessem.
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