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CAPITULO 33
Todo mundo tenta algumas vezes
ser aquilo que não é. Passamos a infância e a adolescência inteira tentando não
ser diferentes apenas para poder andar com os populares ou apenas tentar andar
pelos corredores da escola, rua e até nos corredores de casa sem ser jugados.
Quando chegamos á fase adulta fazemos de tudo para ser diferentes e tentar se
destacar nesse mundo tão grande. Não se preocupe um dia todos irão querer ser
pessoas como nós... – Jay Rodriguez
Havia se passado quase um mês e meio que o câncer tinha se desenvolvido
e atacado outra partes do meu corpo. Eu já não saía de casa, Jay tinha parado
de trabalhar e ficava o dia todo comigo em casa. Eu andava pálido, fraco e o
pior de tudo era que vomitava sangue todos os dias.
Lara estava com 28 semanas. Nosso bebê tinha 7 meses de vida e aqueles
eram meus últimos dias na terra. Eu queria deixar aquele mundo do modo mais
tranquilo o possível. Minha maior preocupação não era o que tinha depois da
morte, mas sim o que se sentia durante ela.
- bom dia – falou Jay quando cheguei á cozinha. Eu tossi e limpei minha
mão que se sujou de sangue.
- bom dia – falei forçando um sorriso. Eu me sentei á mesa e Jay colocou
um prato de comida. – por favor Jay não me faça comer.
- sem desculpas – falou ele se sentando ao meu lado – se for preciso eu
coloca na sua boca.
- eu vou acabar vomitando tudo.
- você tem que aguentar Jack, o máximo que você conseguir. – falou ele
sorrindo e pegando o garfo com um pedaço de panqueca e levando até minha boca.
Eu mastiguei e engoli. Eu não tinha apetite por mais que eu tentasse não
conseguia apreciar mais a comida. Eu cocei a cabeça e meus cabelos estavam
doloridos.
- como estão as alucinações? – perguntou Jay.
Antes de responder eu olhei em volta e ví minha mãe e meu eu de 9 anos
em pé me olhando e sorrindo.
- bom, pelo menos eu posso chamar de sonho acordado e não de pesadelo. –
eu resmunguei um pouco quando coloquei minha mão na mesa.
- o que foi? Você está dolorido? – falou Jay pegando minha mão e
massageando – vou fazer uma massagem em você até você se sentir melhor.
- não precisa – falei puxando minha mão. Eu me levantei da mesa e fui
andando até a sala e sentei no sofá. Eu andei devagar para não cair e senti uma
falta de ar enorme quando cheguei ao sofá.
Jay veio até o sofá e se sentou ao meu lado passando o braço por trás de
mim e me olhando com um sorriso. Ele se aproximou e tentou me dar um beijo e eu
virei meu rosto.
- para – falei.
- o que foi?
- porque você está tão feliz Jay? Porque você não me esquece de uma vez
e vai viver sua vida com nossos filhos eu sou um peso morto.
Ele colocou a mão no meu rosto e virou para que eu olhasse pra ele.
- na saúde e na doença – falou ele – se lembra? Essa frase não é apenas
para mim, você está doente e tem o dever de me deixar cuidar de você. Eu sou
seu marido e vou ficar com você até seu último suspiro.
- me perdoa – falei sentindo olhos lacrimejarem. Jay limpou usando seus
dedos.
- agora me dá um beijo – ele se aproximou e demos um beijo. Um beijo
calmo; leve como o vento, mas quente como o fogo. – você não vai me dizer o
nome que escolheu para nosso garotinho?
- Marisol vai te dizer – falei respirando fundo, pois meu corpo doía
como se eu tivesse levado uma surra.
- tudo bem, mas vou te dizer o nome da nossa filha.
- não Jay, eu só quero que diga quando ela nascer porque pode ter
certeza que eu vou estar com você.
Jay me abraçou e deu um beijo no meu rosto.
- por mais doente que ainda esteja sentir sua barba roçando em mim ainda
é meu melhor remédio.
- hoje a tarde vou á uma sessão com a Dra. Jessye e vou ligar para seu
pai ficar com você, ou você prefere ficar na casa dele?
- na verdade eu estava pensando em outra coisa.
- o que?
- eu quero passar um tempo sozinho com algumas pessoas, quero me
despedir. Não quero que a última lembrança que tenham de mim é deitado em um
caixão de madeira.
- tudo bem. – respondeu Jay.
Jake Daher
Por volta dás 9:00 meu irmão chegou em minha casa.
- bom dia – falou ele me abraçando. – como você está?
- estou bem se levar em consideração a minha condição.
- onde está Jay?
- estou aquí – falou ele descendo ás escadas e cumprimentando Jake. –
vocês já sabem aonde vão?
- vou levar Jack para visitar o bosque. Quando meu pai o levava quando
criança ele adorava.
- tome cuidado – falou Jay dando um beijo na minha boca – eu te amo.
Nós saímos e entramos no carro de Jake a caminho do bosque que tinha na
cidade, era grande e muito agradável de se estar. Quando era criança eu me
lembro de brincar no bosque quando criança.
- fiquei feliz quando ligou – falou Jake parando no sinal e olhando pra
mim.
- que bom, eu queria passar um tempo com você antes de morrer.
- me faça um favor não fale de morrer, já me sinto mal de ter te tratado
como lixo todos aqueles anos.
- eu te amo Jake – falei olhando pra fora.
Ele me puxou e deu um beijo no meu rosto e me abraçou.
- eu também te amo – ele disse isso e eu senti uma gota de lágrima
escorrendo no meu pescoço.
O sinal abriu e depois de algumas buzinadas Jake finalmente saiu.
Nós chegamos no parque e entramos para dar uma volta no lago que era
enorme. Ele me colocou do lado esquerdo e me abraçou com medo de que eu caísse
já que o chão era desigual. Eu o abracei também e me senti feliz por ter meu
irmão ao meu lado. Eu realmente o amava.
- quer tomar um sorvete?
- quero.
Ele então pegou um sorvete de maracujá e me entregou e pegou um de
baunilha para ele. nós nos sentamos á mesa que tinha próximo ao vendedor.
- Jake, você me promete uma coisa – falei olhando pra ele.
- o que você quiser.
- promete que fará parte da vida dos meus filhos e fará da vida deles
melhor do que a minha.
Ele pegou um minha mão e apertou.
- eu prometo.
Lara Chiaro
Eu e Jake chegamos em casa por volta dás 12:30. Eu estava morte do
cansado Jake tinha que me segurar pelo ombro e eu me apoiava nele para poder
andar.
- eu te ajudo a sentar – falou Jake.
Nós nos sentamos.
- olá Jack – falou Lara vindo até o sofá e se sentando ao meu lado. Ela
também parecia cansada e tinha dificuldade para andar.
- como você está? – perguntei.
- bem, apesar desses dois estarem sugando minhas energias.
- onde está meu pai?
- trabalhando.
- ótimo – respondi tossindo um pouco – eu queria ficar a sós com você.
- porque? Algum problem?
- não é isso é que todo esse tempo acho que nós nunca realmente ficamos
a sós e conversamos.
- vou sentir muito sua falta Jack e seu pai também.
- também vou sentir sua falta e eu não sei como expressar o quanto sou
agradecido pelo o que você está fazendo por mim e por Jay.
- não precisa agradecer Jack, você pode não acreditar, mas eu te amo
como se você fosse meu filho, nós nos conhecemos á apenas dois anos e sinto
como se nos conhecêssemos a uma eternidade.
- eu gosto muito de você Lara. – falei abraçando ela – me prometa que
fará parte da vida dos meus filhos.
- sim Jack eles sempre saberão o pai maravilhoso que eles tiveram.
- obrigado.
Rupert Kirkham
Depois que eu me forcei a comer algo por volta dás 15:00 Jake me levou
até o restaurante de Rupert.
- vou ficar te esperando aquí de fora. – falou Jake enquanto eu entrava
pela mesma porta que eu entrei durante muito tempo que eu trabalhei naquele
restaurante.
Eu entrei e fui andando procurando por ele e assim que cheguei na
cozinha eu o ví arado de costas na pia.
- olá – falei. Ele se virou e quando me viu ficou calado sem dizer nada
por um tempo.
- Jack? O que faz aquí?
- eu queria te ver.
Ele parou o que estava fazendo e veio até mim e me abraçou
- senti sua faltas.
- também senti a sua. – falei abraçando ele – estava com saudades suas.
- eu não me arrependo – falou Rupert.
- eu não quero falar sobre isso. Eu só queria passar um tempo com você.
Ele se aproximou de mim e colocou a mão na minha cintura e e me deu um
beijo na boca. um selinho.
- me desculpa – falou ele.
Eu lambi os lábios tentando raciocinar.
- tudo bem – falei.
- é sério – falou ele – eu sinto muito por tudo o que você está
passando.
- eu sei, todo mundo sente até eu mesmo.
- vamos até minha sala lá você podemos nos sentar, é perigoso pra você.
Eu olhei em volta na cozinha.
- eu senti falta desse lugar.
- quem te trouxe? – perguntou Rupert enquanto saíamos pelo corredor.
- meu irmão ele está lá fora.
- e como está Jay?
- está bem, obrigado por perguntar.
Nós entramos na sala e eu me sentei um sofá que tinha.
- e como está seus bebês?
- estão bem.
Eu respirei fundo porque senti um pouco de falta de ar.
- eu quero que você faça parte da vida dos meus filhos – falei olhando
para ele sentado ao meu lado.
- porque? Você quer mesmo um assassino perto de seus filhos.
- Rupert, você não é um assassino é o homem que deu meu primeiro emprego
e meu primeiro beijo é o homem que arriscou a carreira e a vida para que eu me
sentisse bem e o que aconteceu comigo não acontecesse com outros.
Eu te amo Jack – falou Rupert começando a chorar.
- eu sei – falei abraçando ele.
Marisol Fading &
Skyler Zyses
Cheguei em casa por volta dás 17:30. Meu pai ainda estava trabalhando e
eu queria ver Marisol e Sky. Eu liguei para eles e nós combinamos de nos
encontrar na praça. Jake me levou até a praça e sentou comigo no banco.
- onde eles estão? – perguntou Jake.
- não sei, eles devem estar chegando. – respondi tossindo sangue na
minha mão.
- limpa na minha roupa – falou Jake pegando minha mão e limpando em sua
camiseta. Ele passou o dedo um meus lábios limpando um pouco de sangue que
tinha ficado.
- obrigado – Respondi.
- não tem de que – falou Jake.
- eu fiquei olhando pra ele e pensando que talvez aquela fosse a última
vez que fossemos nos ver.
- lá estão eles – falou Jake.
Marisol e Sky se aproximavam.
- olá – falou Marisol.
- vou ficar sentado lá do outro lado é só me chamar quando quiser ir
embora.
- como você está Jack?
- bem.
- nós trouxemos algo – falou Sky se sentando.
- o que é?
Eles tiraram de uma pequena sacola três braceletes com os nossos nomes.
- esse é para você – falou Sky me entregando um bracelete com meu nome.
- obrigado.
- vamos sentir sua falta – falou Marisol.
- vocês só se atreva a contar o nome do meu filho para Jay apenas no dia
do nascimento assim que ele nascer. – falei sorrindo
- pode confiar não vou dizer nada. – ela disse isso levantando a mão
como se fosse uma escoteira.
Kyle Pryce
Jake me deixou na porta da casa de Kyle e logo ele me recebeu na porta
de pé.
- boa noite – falei entrando – que surpresa – falei sobre ele estar de pé.
- com toda a fisioterapia eu já consigo andar.
Nós entramos e eu me sentei no sofá.
- se não fosse você eu nunca teria tomado a iniciativa.
- onde está seu namorado?
- ele disse que chegaria por volta dás 20:00.
- eu não quero atrapalhar, eu só vim aquí para ficar um pouco com você.
- obrigado por ter vindo me ver.
- eu só queria te dizer uma coisa.
- pode dizer.
- você promete fazer parte da vida dos meus filhos.
- claro, se você quiser eu adoraria.
- eu faço questão.
Nesse momento meu celular tocou, era meu pai ligando.
- oi pai.
- Jack! – falou meu pai parecendo alterado.
Alguém bateu na porta.
- Jack! Abra! – falou Jake batendo na porta.
Eu fui até a porta e abri.
- o que aconteceu!
- é a Lara! – falou Jake.
- o que aconteceu?
Ele ficou olhando pra mim sem querer dizer.
- fala Jake! – gritei.
- Jack, meu pai chegou em casa e Lara estava caída na cozinha em uma
poça de sangue.
Eu coloquei a mão no rosto e comecei a chorar.
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