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CAPITULO 32
Eu abri meus olhos devagar e estava na cama de um hospital,
provavelmente a centésima vez daquele ano.
Eu olhei para os lados e jay estava ao meu lado sentado em uma poltrona.
- bom dia bela adormecida.
- vocês o pegaram! – falei assustado tentando em sentar com medo de
colocar a mão entre minhas pernas.
- Jack, fique calmo, pegar quem?
- quem? Ted.
- Ted? O nosso vizinho? porque?
- porque? A gente estava transando e ele...
- o que? Tranzando? Sua alucinação dessa vez foi com o nosso vizinho que
acabou de conhecer?
- que alucinação?
- eu disse isso colocando a mão no meio das pernas e olhando pra Jay.
- o que foi? – perguntou ele.
- nada – respondi – o que aconteceu?
- Jack eu chegue em casa encontrei você desmaiado no chão. Você teve uma
alucinação e logo após uma convulsão. Eu encontrei você caído no próprio
vômito.
- o que você escorregou não foi sangue?
- claro que não.
Eu respirei um pouco para poder processar tudo.
- ainda bem – falei.
- ainda bem o que?
- nada Jay. – falei me acalmando tentando esquecer aquele pesadelo. –
quer dizer então que os sintomas do câncer já começaram.
- eu não sei, o médico fez vários exames e nós estávamos esperando você
acordar para falar.
- como está? – falou Dr. Max entrando no quarto.
- me diz que tem boas noticias – falei me sentando na cama.
- Jack, infelizmente o câncer voltou.
- o que? Mas tão rápido você disse que seria em mais ou menos 10 meses,
só tem 6 meses.
- infelizmente seu câncer desenvolveu metástase.
- o que é isso? – perguntou Jay.
- é quando uma lesão se forma a partir do tumor. Estão crescendo outros
tumores nos seus órgãos a partir do tumor na sua cabeça.
Eu olhei para Jay que apertou minha mão.
- sinto muito. – falou Max.
- quanto tempo eu tenho? – perguntei.
- sinto muito – falou ele.
- quanto tempo? – perguntei outra vez.
- talvez 1 mês. – depende de como o câncer se desenvolver.
- eu preciso de mais tempo – falei olhando para Jay – eu preciso ver
meus filhos nascerem. – eu disse isso começando a chorar e Jay me abraçou
também chorando.
- sinto muito – falou o médico saindo do quarto.
Eu abracei Jay forte sem acreditar que aquilo estava acontecendo, meu
último desejo era ver meus filhos nascerem e nem isso eu teria.
Assim que cheguei em casa eu fui direto para a cama e me deitei, eu
estava triste de meio depressivo.
Jay se sentou na cama e ficou me olhando.
- tudo bem Jack? – perguntou ele.
- eu só queria ver eles nascerem Jay.
Ele se deitou na cama e me puxou me fazendo deitar em seu peito.
- eu também Jack.
- porque isso está acontecendo comigo?
- eu não sei, eu realmente não sei – falou ele tentando me consolar.
Eu não disse mais nada e fiquei deitado sem acreditar que no dia
anterior eu estava feliz conversando com meus filhos e agora eu estava deitado
chorando porque não veria eles vivos.
No mesmo dia Jay ligou para meu pai vir com Lara até nossa casa para
podermos dar a notícia. Meu pai não aceitou a notícia muito bem. Eu o via
sofrer o dobro do que eu sofria todas as vezes que ele recebia uma noticia
sobre mim.
Assim que eles foram embora eu voltei para o quarto e deitei na cama sem
saber o que fazer. Minha vida parecia fazer mais sentido.
Jay fez o almoço e eu não quis comer.
- você precisa comer Jack.
- estou sem fome.
- por favor Jack, não torne mais difícil tudo isso. Você precisa
aguentar o máximo que puder.
Eu fiquei olhando pela janela o tempo lá fora.
- vamos até a dra. Jessye para um consulta nós dois.
- tudo bem – falei – eu vou tentar.
Naquela mesma tarde Jay marcou uma consulta e ela nos atendeu no mesmo
dia.
- bom dia – falou ela enquanto eu e Jay entrávamos na sala.
Nós nos sentamos na poltrona e Jay contou tudo pra ela. Eu não consegui
dizer nada. Eu já tentava não pensar no que estava acontecendo.
- como você se sente Jack? – perguntou ela. Eu não respondi nada. – você
deve estar decepcionado.
- estou péssimo. O pior é que não estou péssimo por mim. Eu não me
importo de morrer. Eu estou péssimo porque meus filhos nunca irão me conhecer.
- ele irão te conhecer - falou Jay. – eles conhecerão o outro pai.
- não é isso Jay. Sabe aquele momento em que eles nascem e você o pega
os braços e por um instante ele te olha e se sente seguro e te conhece e ama
por toda a vida? Eu não terei esse momento.
- seu filho vai te conhecer – falou a psicóloga.
- como?
- você conversa com eles? Você tira um momento todos os dias para
conversar com eles na barriga?
- sim – respondi.
- então eles te conhecem. Eles sabem que tem um pai que todos os dias
está lá por eles, conversando e os tirando do tédio que é estar dentro de um
lugar apertado.
Eu comecei a chorar e peguei um lenço e limpei meus olhos.
- não deixe que este diagnóstico te defina. Seja um bom pai agora e pode
ter certeza q eu seus filhos vão se
lembrar de você e vão te amar.
- obrigado – falei.
Depois da consulta eu fiquei mais animado. Realmente o que Jessye tinha
dito me tocou, eu tinha que ser um bom pai.
Era por volta dás 16:40 quando saímos do escritório. Nós entramos no
carro e Jay começou a dirigir.
- eu nunca vou te esquecer – falou Jay.
- também nunca vou te esquecer.
Ele então começou a andar por um caminho diferente.
- aonde vamos.
- surpresa.
Nós andamos um pouco e chegamos no centro e ele estacionou em uma
galeria. Nós entramos e entramos em um estúdio de tatuagem.
- você vai fazer uma tatuagem? sério? Eu morrendo e você pensando em
fazer uma tatuagem.
- calma Jack, eu vou tatuar o seu nome.
- o meu? Não se deve tatuar o nome de namorados no corpo, só de filhos.
- seria bom se eu soubesse o nome dos nossos.
- e quando você encontrar outro namorado? E quando você se apaixonar? O
que vai dizer para ele quando vir sua tatuagem?
- vou dizer que eu só tive um verdadeiro amor na minha vida e está
marcado em mim pra sempre.
- tudo bem – falei sorrindo – eu também vou tatuar seu nome Jay.
Ele deu um sorriso e segurou minha mão enquanto entrávamos no estúdio.
Eu fiz a tatuagem primeiro um coração em chamas no braço esquerdo escrito Jay
no centro. Logo após foi a vez de Jay que fez a mesma tatuagem só que no braço
direito e com o meu nome.
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