Capítulo 33: Cruel Fim de Semana | Conto: Cruel Sedutor

XXXIII

Cruel Fim de Semana

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R

oger Echevarria Illtyd Anthony. Esse era o nome do meu filho que foi registrado com sucesso depois que eu ganhei a custodia dele em uma batalha judicial contra Anne e Clyde. Ele foi registrado apenas no meu nome. O juiz disse que posteriormente poderia registrar o nome do outro pai quando encontrasse alguém que futuramente se tornasse meu marido. No momento estava muito feliz. A felicidade caia da minha boca por entre meus dedos. Eu parecia àqueles pais babões e corujas que passavam o dia todo com o filho e quando estava no trabalho ligava umas oito vezes durante o dia só para saber como ele estava. No fundo sentia um pouco de pena por Clyde ter descoberto o que ele descobriu no tribunal. A relação deles era baseada na mentira desde o começo. Mentiras sobre paternidade, sobre aborto e sobre o amor. Espero que eles consigam resolver os seus problemas.

Era sexta-feira. O expediente correria normalmente naquele dia e mais tarde ás oito horas pegaríamos um ônibus para a floresta de Greenwitch. O prefeito havia alugado alguns chalés para uma confraternização que duraria todo o final de semana. Essa foi à maneira que eles encontraram para tentarem unir todos os funcionários e também para que nós descontraíssemos depois de tudo que o distrito passou. Era tarde. Estava na academia limpando os aparelhos que já não estavam mais sendo usados. Haviam alguns policiais treinando, outros entrando e saindo do vestiário. Estava distraído quando vi que do meu lado esquerdo se aproximou Clyde com a mesma camisa regata cinza toda suada com a toalha branca jogada em seu ombro.

Inicialmente ele apenas se aproximou e ficou lá parado olhando para mim. Eu percebi que ele queria dizer algo. Ele não havia se preparado para aquilo. Ele se aproximou e não sabia o que dizer. Olhei para Clyde enquanto borrifava álcool no banco de couro do aparelho e passada o pano limpando o suor.

- oi?! – falei olhando para Clyde quebrando o gelo e acabando com aquela constrangedora situação.

- oi – falou Clyde ofegante limpando o suor do rosto – como… como você está?

- estou bem – continuei a limpar os aparelhos e ele continuou olhando ara mim.

- e Roger?

- está bem – falei pressionando os lábios terminando de limpar e jogando no lixo o pano que usava para limpar. Fui até o banheiro e peguei as toalhas sujas que eles deixavam jogadas e espalhadas e coloquei-as juntas no saco hamper. Sai dos chuveiros e Clyde estava lá sentado pensativo – você precisa de alguma coisa?

- não, nada – falou ele ofegante se levantando – vou tomar um banho.

- beleza então, como eu já terminei aqui vou voltar para minha sala para terminar de digitalizar alguns documentos. Até mais – dei dois passos e ele chamou a minha atenção.

- Anne e eu finalizamos o divorcio ontem – falou Clyde.

- sério? – perguntei surpreso – pensei que você estavam fazendo aconselhamento para tentarem consertar os erros do casamento.

- você sabe que tudo aquilo era pelo Roger, não tem porque adiarmos o inevitável.

- fico feliz por você então. Conseguiu o que queria.

- eu não consegui o que eu queria – falou Clyde.

- e nem vai – falei respirando fundo – especialmente se estiver se referindo a mim.

- nós podemos ir devagar Stan. Podemos conversar. Posso te levar para jantar e irmos devagar nos encontrando para vermos no que é que vai dar.

- isso não vai acontecer Clyde. Não quero ser rude nem nada, mas não é porque eu ganhei a guarda de Roger que significa que eu quero tentar fazer as coisas com você darem certo.

- nós podemos tentar. Tudo o que fiz eu fiz por amor.

- você tem um estranho jeito de demonstrar isso. Você não sabe pelo o que eu passei. Você quase foi preso por cometer perjúrio durante um testemunho no tribunal. Você tomou suas decisões Clyde. Você é um homem crescido. Agora vai ter que lidar com as consequências que essas decisões vão te trazer e uma delas é: você e eu? Acabamos pra valer – apertei os lábios e me virei a caminho do elevador.

Ao chegar no segundo andar por volta das cinco e meia da tarde percebi que o pessoal estava animado para a gincana. Eles estavam todos jogando conversa fora sobre tirarem uma folga para poderem descansar, mas pelo o que eu tinha ouvido o pessoal que trabalha nos Recursos Humanos descanso é a última coisas que vamos ter no meio daquela floresta.

Fui até minha sala para poder finalizar um trabalho e o delegado Ricky saiu de sua sala e veio até a minha.

- Stanley vem aqui um segundo porque vou dar um aviso.

- sim senhor

Todos nós nos reunimos no escritório e o delegado deu um sorriso. Clyde estava lá de banho tomado.

- pessoal o ônibus da empresa sairá do Lago Eola ás oito horas da noite em ponto então, por favor, não se atrasem. Se puderem chegar trinta minutos antes será melhor ainda porque o pessoal dos Recursos Humanos prometeu que haverá um lanche para antes de partimos.

Todos bateram palmas animados.

- e não se esqueçam de levarem roupas, agasalhos porque serão duas noites.

Voltei para minha sala e sentei em minha cadeira para continuar o trabalho antes do fim do expediente e o delegado entrou na sala.

- pode ir embora Stanley. Deixa isso ai pra segunda.

- tudo bem delegado Ricky. Ainda falta trinta minutos para o fim do expediente.

- não tem problema. Estou te liberando mais cedo. Vá para casa e esteja no Lago Eola ás sete horas em ponto.

- sim senhor - desliguei meu computador e me despedi de todo mundo.

Ao chegar em casa vi que Roger estava dormindo no seu berço. Minha mãe estava lá dentro e colocou o dedo na boca pedindo que eu não fizesse barulho.

Nós saímos do quarto e ela deixou a porta entreaberta.

- porque chegou mais cedo em casa?

- me liberaram mais cedo para poder me arrumar para o fim de semana corporativo. Tem certeza de que não se importa em ficar de olho em Roger?

- claro que não meu filho. Pode ir tranquilo e divirta-se.

- Quero até ver essa diversão.

Fui para meu quarto e peguei a minha mala que já estava pronto desde ontem à noite. Eu tinha costume de me esquecer das coisas então repassei novamente para ver se estava tudo lá. Escova de dente, agasalhos, roupa de banho, perfume… no fim estava tudo lá.

Depois de um longo banho eu estava pronto para ir. Desci com minha mala e deixei na sala e fui até a cozinha onde minha mãe fazia o jantar e meu irmão dava um beijo no rosto dela. Ele tinha acabado de chegar do trabalho.

- pronto para o fim de semana maninho?

- não, mas eu não tenho escolha.

- anime-se. Eu já fui a confraternizações como essas. É bom pra unir a equipe – falou Nick se sentando no balcão de frente para mim.

- Imagino – falei sarcástico – será maravilhoso ficar todo o fim de semana preso no meio da floresta com Clyde.

- ele está no sue pé? – perguntou Nick.

- hoje ele conversar comigo sobre irmos devagar e tentarmos reatar o que tínhamos.

- e você?

- eu não quero. Ele me magoou muito e eu tenho respeito próprio. Se eu ficar com ele mesmo depois de tudo que ele fez comigo eu ia me odiar.

- se ele ficar no sue pé me avisa que eu vou ter uma conversinha com ele – falou se levantando.

- eu já sou crescidinho Nick. Consigo cuidar de mim mesmo.

- quer uma carona?

- não precisa, Blacke virá me buscar.

- tenha um ótimo final de semana – falou meu irmão subindo as escadas e desaparecendo.

- onde está meu pai?

- foi buscar Casey e Caylee. Elas vão passar a noite aqui hoje. Faz tempo que nós não vemos Caylee.

- uma pena. Eu também queria vê-la.

- eu digo que você mandou um abraço.

O som de uma buzina ecoou casa adentro e eu me levantei rápido. Dei a volta no balcão e dei um beijo na minha mãe, corri pelas escadas e entrei no quarto de Roger e tirei uma fotinha dele dormindo no berço. Dei um beijo em meus dedos e levei até o rostinho dele. Desci rapidamente as escadas e peguei a mala e sai pela porta cruzando o jardim. Blacke estava de fora com o porta malas aberto e ele pegou minha mala e colocou fechando-o. Nós então seguimos para o Lago Eola.

Olhei para o meu celular e vi que era pouco mais seis e quarenta e cinco. Coloquei a foto de Roger como proteção de tela e Blacke viu a foto.

- esse é o pequeno Roger?

- sim – falei mostrando a foto – ele não é fofo?

- muito fofo – falou ele com um sorriso – será barra ficar longe dele né?

- muito. Eu nem queria vir, mas se eu não viesse o pessoal chato do RH ia ficar no meu pé.

- vai ser divertido. Pensa pelo lado positivo. Você e Clyde vão ficar o fim e semana todos isolados numa floresta. Quem sabe dai não surge um ‘Cley 2.0’.

- Nem dois ponto zero e nem zero ponto zero – falei rindo.

- então vocês terminaram mesmo?

- sim. Definitivamente.

- porque você não dá uma chance a ele?

- Clyde pediu pra você falar comigo?

- não. Estou falando por minha própria conta.

- por quê? Clyde te odeia.

- sei que ele me odeia, mas eu não o odeio. Ainda o considero um amigo e eu achei que vocês iam acabar juntos no final. É que me acostumei a ver vocês dois juntos e eu – assim como muita gente – não queria que acabasse. Estamos meio que tentando aceitar que realmente acabou.

- eu também achei, mas a vida é assim. A gente se apaixona e no fim descobre que aquela pessoa não é a certa.

- se você está decidido eu respeito sua opinião. Eu só achei que você estava pensando na possibilidade de vocês ficarem juntos de novo.

- não e por isso você entende que será um inferno ficar o fim de semana todo com Clyde especialmente porque hoje ele veio conversar comigo e pedir para voltarmos.

- são só duas noites – falou Blacke chegando ao Lago Eola – antes que você perceba o fim de semana terá acabado.

- queria muito acreditar que será assim – falei rindo e saindo do carro.

No estacionamento do Lago Eola havia um enorme ônibus de viagem e uma barraca logo a frente havia sido armada e abaixo dela havia uma bancada com um monte de pães, doces, frutas, café, leite e sucos. Um verdadeiro banquete.

A medida que se aproximava vi o delegado Ricky om seu agasalho de frio rindo e conversando com Vince e dois funcionários que trabalhavam no RH um rapaz e uma moça.

- olha só quem chegou – falou o rapaz do RH literalmente arrancado a mala da minha mão.

- Okay – dei uma risada para o rapaz que parecia bem animado. Ele fez o mesmo com Blacke e pegou a mala dele levando para o ônibus.

- você veio mesmo – falou o delegado colocando a mão no meu ombro e com a outra mão ele cumprimentou Blacke.

- eu não tive escolha; delegado.

- Chega de formalidades Stanley, eu já disse que pode me chamar de Ricky. Me chame de Ricky, de Roderick, de Rodd, mas chega de ‘Senhor’ e ‘Delegado’.

- não liga pra ele – falou Blacke – Stanley é teimoso assim mesmo.

- prometo que vou tentar – falei escondendo as mãos no bolso. Estava frio. Olhei em volta e Ricky pegou um copo com chocolate quente e trouxe até mim.

- vai te esquentar – falou ele pegando um pão doce e trazendo até mim.

- obrigado – falei mordendo o pão doce e tomando um gole do chocolate quente.

- está gostoso? – perguntou a moça de cabelos ruivos do RH com um largo sorriso no rosto.

- está sim – falei mastigando e forçando um sorriso para ela.

- prometemos a vocês que o fim de semana será divertido e inesquecível.

- isso mesmo! Animação pessoal! – gritou Ricky com os braços levantando chamando por todos que estavam chegando, seu topete estava bem arrumado para o lado e ele estava sempre com um sorriso no rosto. A barba no rosto desenhava em seu sorriso. Era difícil não se animar com ele por perto – sirvam-se são duas horas de viagem até chegarmos aos Chalés. Aproveitem o lanche!

Vi o momento em que três policiais chegaram junto de Judy, Lola, Vince e vi também o momento em que Clyde chegou. Ele deixou a mala no ônibus e caminhou na minha direção. Vi quando Roderick se afastou do grupo para fumar

- boa noite Stan – falou ele passando por mim e indo até a mesa comer.

- boa Clyde – falei mordendo um pedaço do meu pão doce e ficando perto de Judy.

- animado Stan?

- super – falei olhando para Clyde.

- fica tranquilo. Tenho certeza de que o ‘casalzinho da alegria’ – Judy apontou para o casal do RH que tinha organizado tudo – irão nos manter ocupados o fim de semana inteiro.

- espero que sim.

Depois de uma chamada eles confirmaram que todos já haviam chegado e quando eu pensei que tudo não podia piorar o ‘Casalzinho da Alegria’ me veio com essa.

- Pessoal sejam bem vindos ao primeiro de muitos fins de semanas corporativos onde vamos trabalhar a dinâmica em equipe. Além de nos divertir vamos aprender a valorizar o colega e o trabalho em equipe. Meu nome é Benny e o da minha colega aqui é Laura. Nós estaremos juntos com vocês nesse fim de semana e nós organizamos muitas gincanas e atividades físicas para vocês.

- eu sei que vocês estão loucos para entrarem no ônibus e sentarem ao lado dos coleguinhas de vocês, mas o nosso fim de semana começa aqui. A partir de agora tudo será sorteado. Eu vou retirar dessa cartola – falou ela mostrando – o nome de duas pessoas e vocês terão que se sentar juntos na viagem de ida. Dessa forma você pode se relacionar com alguém que ainda não conhece.

- Meu Deus – falei fechando os olhos torcendo para que meu nome não saísse junto com o nome de Clyde.

Os primeiros nomes a serem sorteados foram os de Judy e de um rapaz que trabalhava na manutenção do elevador chamado Zack. Os próximos foram o de Blacke e o de Hope que trabalhava no atendimento. Mais da metade de todos haviam sido chamados. As chances de Clyde e eu sairmos juntos aumentava toda vez que o meu nome e o de Clyde não saia. Laura colocou a mão na cartola e retirou o nome

- Stanley Anthony! – falou ela em voz alta e todos olharam para mim. Nesse momento tudo dentro de mim pedia que qualquer nove fosse dito menos o de Clyde. Ela voltou a colocar a mão na cartola e levou o microfone a boca – Roderick Maddox – falou ela com um sorriso.

Olhei para Roderick e ele apenas fez um sinal com a cabeça para mim indicando que deveríamos entrar no ônibus. Eu o segui e ao chegarmos na porta ele me deixou entrar primeiro. Fui até a quarta poltrona do meu lado direito e me sentei na janela e Roderick se sentou ao meu lado.

- são duas horas de viagem até chegarmos? – falei pegando o celular.

- dependendo do transito e da estrada talvez em uma hora meia.

Liguei a tela do celular para ver a hora e confirmei que era pouco mais das oito e quinze da noite.

- esse é seu filho? – perguntou Ricky se inclinando para ver a foto dele.

- sim – falei mostrando o celular e ele o pegou da minha mão.

- qual o nome dele?

- é Roger.

- Ela tem as suas mãos?

- tem sim – falei pegando o celular de volta com um sorriso.

- eu posso te fazer uma pergunta pessoal?

- claro.

- você pensa em fazer a cirurgia nas mãos dele?

- Não – falei levantando as palmas das minhas duas mãos – se eu pudesse ter escolhido eu também não teria feito a cirurgia na minha mão.

- mesmo que isso facilite a vida dele? Com todo respeito – falou Ricky me encarando.

- não se trata de facilitar ou não, se trata da escolha sabe. Eu não quero fazê-lo passar por uma cirurgia para ‘consertar’ algo que no futuro talvez ele não considere errado.

- Gostei da sua resposta.

- você tem filhos? – perguntei lambendo os lábios voltando a colocar as mãos nos bolso do meu agasalho. Estava frio.

- não tenho, mas tenho vontade. Eu gosto de crianças.

- eu nunca quis ter filhos sabe. Antes de ter o Roger eu achava que era injusto dar essas mãos para meu filho, mas quando eu o vi eu percebi que essas mãos não são nada comparadas a felicidade de se ter uma coisa pequenininha e fofinha sorrindo para você e babando sem razão – falei rindo – desculpa acho que estou sendo um ‘papai coruja’.

- Que nada – falou ele com um meio sorriso – eu entendo o que você está sentindo… quer dizer… acho que entendo.

- estamos prontos? – gritou Laura entrando no ônibus logo atrás de Benny.

- estamos! – todos gritamos.

- eu não ouvi!

- estamos! – gritamos, mas dessa vez bem mais alto.

- próxima parada: Floresta de Greenwitch – falou Benny se sentando nas primeiras poltronas ao lado de Laura.

O ônibus começou a andar e nós seguimos viagem pela noite fria a caminho da floresta de Greenwitch. No total havia cinquenta funcionários contando com Benny e Laura. O fim de semana prometia e por um lado seria bom distrair e sair um pouco da rotina.

O delegado Ricky e eu conversamos boa parte do caminho. As estradas estavam vazias comparadas há outros dias então pode-se entender que chegaríamos bem mais rápidos do que imaginávamos. Já fazia uns trinta minutos que tudo o que víamos dos dois lados era floresta, floresta e mais floresta. Mais alguns quilômetros e ônibus virou a esquerda seguindo por uma estrada dentro da floresta. Depois de uns dez minutos nessa estrada passamos por uma placa de madeira onde estava escrito em alto relevo: “Sejam Bem Vindos ao Resort Phitsanulok Rain”.

- estamos chegando – falou Ricky olhando pela janela e apontando para algumas luzes que se aproximavam.

- o prefeito reservou todo o Resort para o fim de semana?

- isso mesmo – falou Ricky quando chegamos ao estacionamento. Nós descemos do ônibus e nós pegamos as nossas malas. Todos nós ficamos reunidos no estacionamento observando o lugar que era bem extravagante. Haviam quatro piscinas e um restaurante.

- o que acharam do lugar? – perguntou Benny chamando a mossa atenção – é perfeito não é?

Todos concordaram e meio que nos aninhamos em nossas roupas por causa do frio.

- sabemos que estão morrendo de frio por isso vamos sortear logo os nomes de quem ficarão nas cabanas.

- sortear? – o que era para ser um questionamento interno acabou saindo alto demais.

- sim – falou Laura – cada uma das cabanas tem quatro quartos então significa que todos terão colegas de quarto. Como eu disse antes, tudo será sorteado.

Eu definitivamente odiava Laura e Benny. Queria que os dois se estrambalhassem na primeira árvore que cruzassem o caminho deles. Eu pensei que estava livre dessa droga de sorteio, mas pelo o que parece o meu destino estava nas mãos da sorte… e de Laura. Pelo menos não eram só duas pessoas e sim quatro.

À medida que os nomes eram sorteados Benny ia entregando as chaves para que os quatro sorteados fossem se aconchegar em sua cabana. Meu coração batia rápido. De quatro em quatro todos iam embora e a turma foi diminuindo e diminuindo. O primeiro nome foi…

- Cory DeLarosa – falou Laura colocando a mão lá dentro e tirando o segundo nome – Roderick Maddox.

- seremos nós dois – falou o detetive apertando a mão de Cory.

- Stanley Anthony – falei respirando fundo e me aproximando de Cory e de Roderick.

- o último colega de quarto de você será… Clyde Holloway – falou Laura me fazendo querer arrancar o braço dela fora.

Clyde se aproximou e Ricky apertou a mão dele, em seguida apertou a mão de Cory e bem educado eu apertei a mão dele e forcei um sorriso.

- o Chalé de vocês é o quarenta e dois – falou Benny entregando a chave – as atividades começam amanhã ás oito. Tenham uma ótima noite.

- obrigado – falei agradecendo quando Cory pegou a chave.

Nós caminhamos praticamente em silêncio pelo jardim. Cory, Clyde, Ricky e eu. Ao chegarmos no Chalé quarenta e dois nós subimos as escadas de madeira e Cory abriu a porta relevando um lindo e aconchegante lugar. Havia uma lareira, e um carpete de urso branco no centro da sala.

- espero que seja falso – falei me abaixando e acariciando o tapete.

- vamos procurar os nossos quartos – falou Cory olhando em volta – tem dois aqui em baixo e dois lá em cima.

- Eu fico aqui em baixo – falou Clyde.

- eu também – falou Cory.

- acho que vou ficar no andar de cima – falei subindo as escadas e Ricky subiu logo atrás de mim.

Enquanto Ricky e eu subíamos as escadas vi que Cory foi até a geladeira e viu que ela estava abastecida com cerveja e comida. Ele pareceu animado e mesmo no frio já foi pegando uma latinha de Budweiser e abriu tomando um gole.

Ao chegar ao meu quarto à primeira coisa que fiz foi organizar minhas coisas. Tirei tudo da mala e coloquei no guarda roupas e nas gavetas da cômoda. Fui Até o banheiro e deixei minha escova de dente e o creme dental. Pelo o que percebi ao dar uma olhada nas gavetas é que eu precisava ter trago apenas minhas roupas. Havia de tudo lá. Quando sai do banheiro ouvi alguém rindo. Abri a porta do meu quarto caminhei até as escadas e vi que Clyde, Cory e Ricky estavam sentados nas poltronas ,bebendo, fumando e dando risada. Eles conversavam sobre algo.

Desci as escadas e caminhei até a cozinha.

- olha só quem resolveu apareceu! – falou Cory – onde você estava que não apareceu antes?

- estava arrumando minhas coisas. Tirando tudo da mala e arrumando no guarda roupa.

- Menos mal – falou Clyde rindo - achei que você não tinha descido porque estava tentando me evitar.

Todos ficaram em silêncio. Foi um pouco constrangedor.

- Bem… - falei quebrando o gelo – Na verdade acho que já vou me deitar. Está frio e eu estou morto de sono.

- vem aqui – falou Ricky – pega uma cerveja e conversa com a gente.

- na verdade eu não bebo. Não gosto muito.

- tenho certeza de que tem suco na geladeira – falou Ricky insistindo – vem aqui se enturmar.

- eu estou bem. Sério. Vocês podem ficar ai bebendo e conversando eu vou para o meu quarto me deitar. Estou mesmo muito cansado e a cama parece bem macia então eu vou aproveitar que estou de graça nesse Resort e usar e abusar da cama.

- se é por minha causa eu vou me deitar e você fica! – falou Clyde.

- Não. Não é por sua causa Clyde. Eu estou mesmo com sono e preciso dormir.

- vem aqui pra um beijo de boa noite! – falou Cory.

- Hahahaha, muito engraçado! Boa noite para vocês que ficam – falei caminhando até as escadas.

- é sério – falou Cory – Só um beijo no rosto – com certeza ele já tinha bebido além da conta. Havia umas oito latas de cerveja em cima da mesa de centro.

- Boa noite pra vocês! – falei subindo as escadas.

- Boa noite! – falou Ricky.

- Boa noite – falou Clyde tomando um gole de sua cerveja.

- Quando eu for me deitar no seu quarto cobrar o meu beijo! – gritou Cory.

Eu fui até meu quarto e fiz questão de trancar a porta girando a chave duas vezes assim que entrei. Fechei as cortinas da sacada e joguei dois cobertores na cama e me enfiei embaixo deles. Aquele seria longo fim de semana de merda. Não teve jeito de correr do maldito sorteio. Acabei em uma cabana com Clyde, mas pelo menos havia mais duas pessoas lá comigo. No fim das contas nós vamos acabar superando isso. Só espero que Cory não venha bater na minha porta e me deixe dormir em paz.

Obrigado a todos pelos comentários e pelos elogios ;) Domingo teremos mais capítulos.