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Capitulo Seis
o irMÃO
H
|
avia se passado dois meses. Era uma segunda-feira
tranquila. Phil era apenas uma lembrança em minha mente. Eu estudava bastante
porque o dia do vestibular estava chegando, faltava apenas 20 dias e eu estava
morto de cansado.
- bom dia – falou meu irmão entrando
naquela manhã enquanto eu lanchava algo.
- bom dia – respondi.
- estudando muito? – perguntou
ele.
- bastante, eu preciso conseguir
a bolsa.
- eu vou pedir muito a Deus para
você passar.
- toda a ajuda é bem vinda –
falei terminando de tomar o copo de leite.
- Fry eu queria te pedir uma
coisa. – falou meu irmão se levantando.
- o que foi?
- eu queria saber se você me dá
permissão para trazer uma pessoa aquí.
- pessoa? Que pessoa?
- me promete que não vai se
estressar?
- depende, quem você quer trazer
aquí.
- Fry, você sabe que eu te amo,
eu sou seu irmão, eu só não quero que você siga com essa vida sem ter visto
todas as opções.
- vida? Que vida?
- a vida homossexual – falou ele.
- quem você quer trazer aquí?
- o pastor da minha igreja disse
que pode fazer uma sessão de exorcismo.
- seu desgraçado – falei jogando
o copo de vidro que eu estava na mão no chão.
- o que está acontecendo aquí? –
falou minha mãe chegando á cozinha.
- Charles disse que quer fazer um
exorcismo em mim mãe!
- Charles! – gritou minha mãe –
por favor, respeite seu irmão.
- o que você tem contra mim
Charles? Porque você fica tão incomodado com uma orientação sexual?
- estou preocupado com sua alma –
falou ele – eu estou tentando abrir os seus olhos enquanto é tempo.
- abra você os olhos – falei alto
– se você não começar a me respeitar e aceitar quem sou eu você vai perder seu
único irmão. – eu falei isso subindo as escadas e indo até meu quarto.
Meu irmão me deixava irado. Eu
morria de ódio do meu irmão ficar dizendo aquelas coisas, isso era o que eu
mais odiava em religião. A religião impedia meu próprio irmão de me amar. Sabe
quantas vezes eu encostei no meu sobrinho? Sabe quantas vezes eu peguei meu
próprio sobrinho nos braços? Nenhuma! Ele nunca me deixou eu encostar nele e eu
nunca fui na casa dele porque se ele não me ama eu não iria entrar na casa
dele.
Mas ao mesmo tempo que eu tinha
raiva eu me sentia triste afinal ele era meu irmão e por mais que eu me
esforçasse para não me importar eu acabava ficando um pouco ofendido e triste
com as coisas que ele falava pra mim.
Eu peguei meu notebook e entrei
no bate-papo eu precisava conversar com alguém e Howard era meu melhor amigo.
- oi Howard! – falei.
- olá, tudo bem com você?
- estou péssimo.
- o que aconteceu? – perguntou
ele.
- meu irmão acabou de dizer que
eu preciso de um exorcismo pra tiver os demônios gays de dentro de mim.
- sinto muito – falou ele com uma
carinha triste – tenha forças, não se importe com o que ele diga.
- seu irmão sempre te aceitou?
- não – digitou ele – no começo
ele não falava comigo, mas aos poucos ele foi amadurecendo e hoje somos muito
amigos.
- você mora com seus pais?
- sim, meus pais e meu irmão.
- você tem sorte que todos em sua
família te aceitam.
- a única pessoa que precisa te
aceitar é você mesmo. – digitou ele.
- obrigado por sempre falar
comigo sempre que te chamo.
- se algum dia eu não responder é
porque estou realmente ocupado.
- seu namorado não vai se importa
de você ficar falando com um desconhecido?
- não – respondeu – ele sabe que
somos apenas amigos.
- ainda bem, você é meu único
amigo de verdade que sabe tudo sobre mim.
- quando é o vestibular? –
perguntou ele.
- daqui 20 dias.
- o resultado saí quando?
- cerca de três semanas depois da
prova eles entram em contato com os selecionados.
- eu vou torcer por você. –
digitou ele.
- obrigado.
Assim que eu desconectei eu ouvi
alguém batendo na minha porta.
- mãe? – falei me levantando e
indo até a porta. Eu abri a porta, mas era meu irmão?
- Charles? o que você está
fazendo aquí? Não trabalha mais?
- posso entrar?
- é melhor não. Vamos esquecer o
que aconteceu hoje. – falei tentando fechar a porta e ele colocou o pé.
- vamos fazer melhor, vamos
fingir que eu não tenho irmão seria melhor pra você, finge que eu nem existo.
- Fry – falou ele empurrando a
porta e entrando. – eu só quero o seu bem.
Eu me afastei e ele entrou.
- por favor, vai embora.
- eu só quero o seu bem Fry, mas
eu sei que o que eu fiz foi errado. Eu andei pensando e conversei com alguns
amigos de igreja e eles me disseram algumas coisas que fizeram sentidos pra
mim.
- você não tem opinião própria?
Tudo você precisa da opinião e permissão dos outros?
- posso falar com você? –
perguntou ele.
- pode. – eu disse isso me
sentando na cama.
Ele se sentou ao meu lado.
- o que foi? – perguntei coçando
os olhos.
- você já me disse que nasceu
assim.
- já, milhões de vezes.
- Fry, quando você diz que nasceu
assim é como se você dissesse que tem uma vida sem escolhas.
- como assim?
- você nasceu homossexual, mas
não é obrigado a seguir esse estilo de vida.
- você está dizendo que mesmo eu
sendo gay eu devo fingir que sou hétero.
- eu sei como deve ser difícil,
mas deus quer que você siga o caminho que ele criou, e eu sei que muitas
pessoas mesmo sendo homossexuais escolhem seguir pelo caminho da família.
- não estou entendendo Charles.
- você pode escolher se casar com
uma mulher e constituir uma família.
- mas eu não seria feliz. – falei
tentando em contar afinal ele estava apenas conversando.
- no começo seria, mas você
conquistaria a felicidade com o tempo.
Eu respirei fundo e tentei entrar
no raciocínio dele.
- digamos então que eu case com
uma mulher e consiga ser “feliz”, eu continuaria sentindo tesão por homens.
- essa é sua segunda opção. Pra
você ver como Deus é bom ele te deu a opção de dois caminhos.
- e qual seria a outra opção?
- você poderia entrar para o
seminário e ser padre ou pastar, não interessa qual religião desde que você se
comprometa a preencher esses sentimentos malignos com o poder de Deus.
Eu fechei os olhos e cocei o
nariz pensando no que ele tinha dito.
- então eu tenho duas opções?
Deixa eu ver se eu entendi.
- a minha primeira opção: eu caos
com uma mulher, mesmo sem sentir carinho afetuoso ou sexual, trago uma criança
para o mundo em uma família sem amor com risco de trair minha esposa com homens
todas as semanas e minha vida se transforma em uma mentira.
- não é isso...
- não me interrompa – falei. – eu
te ouvi agora você me ouve.
Ele calou e ficou olhando pra
mim.
- na minha segunda opção eu entro
para o seminário e viro padre ou sigo minha vida sendo um pastar e reprimo meus
sentimentos até que eu não consiga mais aguentar e transe com os fiéis até
dentro da igreja e eu apareço no noticiário e sou excomungado e mancho o nome
da igreja. Tudo isso para negar o que eu sinto, negar quem eu sou.
- Jesus morreu por nós – falou
meu irmão segurando minha mão. – o mínimo que você poderia fazer era tentar
esse sacrifício.
Eu puxei minha mão e se levantei.
- deixa eu resumir. Você, Charles
meu irmão de sangue, prefere que eu viva uma vida infeliz me tornando uma
pessoa arrogante e triste a cada dia que passa apenas para seguir a palavra de
um livro de mais de 2000 anos a qual eu não acredito?
Charles se levantou.
- você está interpretando errado.
- saí daqui! – falei me virando
de costas.
- eu estou tentando conversar.
- você já disse o que queria e
agora eu quero que você saia do meu quarto e nunca mais fale comigo Charles.
- mas Fry...
- sai daqui! – gritei me virando
de olhos vermelhos. – sai do meu quarto Charles! Sai da minha vida! – eu falei
isso empurrando ele pra fora do meu quarto e batendo a porta. Eu sentei no chão
me apoiando na porta e coloquei minha cabeça entra ás pernas e tentei me
acalmar chorando.
Depois de alguns minutos eu ouvi
alguém batendo na minha porta.
- Fry – falou minha mãe. – você
está se sentindo bem.
- estou – respondi me levantando
e abrindo a porta. – estou me sentindo bem.
- não fique triste – falou ela me
abraçando.
- porque ele é assim mãe? Como
uma pessoa chega ao ponto que ele chegou mãe?
- esquece o que ele te falou.
- vou tentar. – falei abraçando
ela mais forte. – porque meu pai e meu irmão de odeiam!
- não fala isso Fry – falou minha
mãe se afastando – seu irmão te ama Fry.
- sinto muito, mas eu não quero o
amor que ele tem pra me oferecer.
Era quarta-feira de manhã. Eu me
levantei e desci ás escadas para tomar café da manhã. Meu irmão estava sentado
á mesa junto com minha mãe.
- bom dia mãe – falei dando um beijo
no rosto dela.
- bom dia Fry – falou meu irmão.
– vai se acostumando eu não vou parar de vir ver minha mãe só por sua causa.
Eu peguei um copo de leite e subi
ás escadas.
- vou tomar café da manhã no meu
quarto. – falei subindo ás escadas.
Depois de comer eu peguei meu
notebook e conectei para poder conversar com Howard.
- bom dia Howard! – digitei.
- olá Fry, senti sua falta ontem.
- foi mal, eu estava meio triste
e não tive ânimo. Eu não queria te passar minha tristeza.
- fico feliz de saber que mesmo
quando não está conectado você pensa em mim.
- e você pensa em mim?
- as vezes antes de dormir, fico
pensando em como você é. Eu fecho os olhos e fico imaginando nós dois...
- seu safado! – digitei com um
sorriso.
- brincadeira – digitou ele.
Antes que eu pudesse digitar outra coisa o meu
celular tocou.
- só um minuto Howard. – digitei.
- ok – respondeu ele.
- quem está falando? – perguntei.
- bom dia – estou falando com
Fry?
- é ele mesmo.
- eu ví seu anuncio e gostaria de
um programa.
- você já sabe o valor?
- é isso que eu queria conversar
com você, por acaso você atende duas pessoas ao mesmo tempo?
- duas pessoas? – perguntei
- sim, ao mesmo tempo. É um amigo
meu.
- atendo sim.
- tudo bem então – falou ele –
você está livre a partir de que horas?
- o dia todo, o horário que você
quiser eu estou disponível.
- ás 17:00 na praça central.
- ok, eu espero vocês na praça ás
17:00.
Depois do almoço eu me arrumei e
fui até a praça que ficava no centro. Enquanto eu aguardava o meu celular
tocou, eram os clientes.
- olá – atendi.
- aonde você está? – perguntou o
homem do outro lado da linha.
- estou na praça sentado próximo
a uma lanchonete, estou de camisa vermelha.
- já estou de vendo. – ele falou
isso e desligou o telefone.
Eu olhei em volta procurando por
alguém e ví dois homens se aproximando. Eu me levantei e eles vieram até mim.
- Fry?
- sou eu mesmo.
Um dos homens era branco, quase
careca com os cabelos bem curtinhos, tinha os olhos verdes, boca carnuda e o
corpo definido. O nome dele era Stan, o outro homem era branco e usava barba,
ele tinha olhos castanhos, usava o cabelo arrepiado e também tinha um corpo
definido e boca carnuda seu nome era Evan. Eu podia contar às vezes em que saia
com clientes bonitos. A maioria dos meus clientes eram homens normais.
- Stan e Evan vamos pra algum
lugar? – falei com um sorriso no rosto.
- nosso carro está daquele lado –
falou Evan dando um tapa carinhoso no meu ombro e nós fomos andando pela praça
até o carro deles.
Stan entrou e se sentou no banco
do motorista.
- vocês dois se sentam atrás. –
falou Stan.
Eu e Evan entramos e nos sentamos
atrás. Stan ligou o carro e seguimos caminho.
- você não sabe como foi difícil
encontrar alguém que topasse atender duas pessoas ao mesmo tempo. – falou Stan.
- tem muitos caras que não topam.
- você sempre atendeu? Ou nós
somos os primeiros?
- eu sempre atendi, eu nunca tive
nada contra.
- ainda bem que te encontramos.
Eu olhei para o lado e Evan
estava calado apenas ouvindo sem dizer nada.
- nós vamos para onde?
- para um hotel – falou Stan.
- eu sei que não é da minha
conta, mas posso perguntar uma coisa?
- claro – falou Stan.
- vocês são um casal? Tipo...
namorados?
- não – falou Stan sorrindo –
somos só amigos. Eu sou solteiro e meu amigo caladão aí é casado.
- entendo – falei olhando para
Evan.
O carro ficou silencioso por
alguns minutos quando Stan parou no sinal.
- você está bem? – perguntei para
Evan.
- estou sim – falou ele forçando
um sorriso.
- não liga pra ele – falou Stan –
meu irmão aí ao lado nunca ficou com um homem antes.
- sério? Você então é casado com
uma mulher?
- sou sim – ele falou isso
coçando a barba.
- eu mandei vocês dois se
sentarem aí atrás pra conversarem, vamos lá Evan conversa com ele.
Nós ficamos calados e Evan não disse
nada ele aparentava estar bem constrangido e desconfortável.
- Fry, você acha que consegue
fazer esse cara aí a trás de soltar?
- bom, se você me permite eu
consigo sim, mas eu só posso tentar se ele realmente quiser.
- eu quero – falou Evan – é só
que... você entende, eu tenho 35 anos e nunca tive relações com outro homem, eu
nem sequer beijei outro homem. Então você entende como deve ser difícil pra
mim.
- mas você tem vontade?
- tenho sim, você não sabe o
quanto.
- posso tocar em você?
- claro – falou ele.
Ele estava sentado do meu lado
esquerdo.
Eu me aproximei dele e toquei seu
peito com minha mão direita.
- nossa, me perdoe dizer, mas com
um corpo desses deve chorar homens e mulheres na sua horta.
- várias – falou ele com um
sorriso sem graça.
- não precisa ficar sem graça,
passa o braço por trás de mim e me abraça. Ele passou o braço direito por trás
de mim e me abraçou me fazendo deitar em seu ombro e eu fiquei com o nariz em
seu pescoço.
- Stan, tem certeza que ninguém
vai ver.
- relaxa Evan as janelas estão
fechadas e tem insulfilme nelas ninguém vai ver você abraçando outro cara, com
coisa que isso é grande coisa.
- não se preocupe – falei me
levantando – não vou fazer nada que você não quiser, eu sei como deve estar
desconfortável.
Eu olhei pra frente e ví que Stan
parou em frente a um hotel.
- nós vamos nos hospedar aquí.
Nós entramos no hotel e
reservamos um quarto que parecia mais um apartamento. Tinha duas camas de
casal, um banheiro gigante e cozinha. O quarto ficava no 19º andar. Nós entramos
no elevador e logo chegamos ao corredor e abrimos a porta do nosso quarto que
era o número 152.
Nós entramos no quarto e eu fui
direto para a cozinha e tomei um copo de água.
- eu vou ao banheiro – falou
Evan.
Stan veio comigo até a cozinha.
Eu peguei um copo de água e tomei. Eu coloquei o copo em cima da pia e Evan se
aproximou.
- quero te perguntar uma coisa –
falou ele cochichando – você acha melhor eu sair e deixar vocês a sós?
- sim, como vai ser a primeira
vez dele ele vai preferir estar sozinho comigo.
- ok, eu só vou voltar quando
vocês me ligarem
- tudo bem.
- me dá só um beijo – ele veio
até mim e deu um selinho na minha boca – à noite você vai cuidar de mim – falou
ele dando outro selinho na minha boca.
Eu me afastei um pouco e Evan
apareceu.
- Evan eu vou sair e deixar vocês
a sós, eu só vou voltar mais tarde.
- tudo bem – falou ele.
Stan saiu pela porta e ficamos
apenas Evan e eu.
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