Capítulo Vinte e Seis
INVASÃO
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inha se tornado real. A ameaça tinha se tornado
real. “Eu sou Deus” estava escrito em letras maiúsculas e na cor vermelha por
toda a frente da casa de meu pai. Não estava realmente levando a sério essa
ameaça até esse momento.
- quem faria isso? – perguntou
Amy enquanto ela me ajudava a limpar tudo antes que alguém mais visse.
Inclusive o meu pai.
- eu não tenho idéia. Comecei a
responder aquele recado porque pensei que fosse Jake e acabou que não era. Foi
quando ele me disse que era deus e que eu devia tomar cuidado na festa. Disse
que eu deveria ter medo dele.
- ele estava te vigiando. Ele
sabia que você não estaria em casa.
- exato, só que eu não tenho
idéia de quem seja, tudo o que eu sie é que eu estou ás oito da noite debruçado
no chão limpando a sujeira que ele fez.
- porque você não conta para seu
pai?
- ficou louca? Ele não brigar
comigo. Vai me achar irresponsável por ter correspondido com alguém que não
conheço. É por isso mesmo que eu não quero ir a essa festa.
- você precisa ir a essa festa
Oliver.
- não posso Amy. Não vou estar
seguro lá.
- você não estará seguro em
nenhum lugar. Seja lá quem for esse cara ele conseguiu entrar aqui sem arrombar
a casa e a gravar essas mensagens. Você precisa estar no meio da multidão.
- pensando bem acho que é melhor
porque meu pai está trabalhando no turno da noite essa semana.
- pois então? É melhor você vir a
festa comigo. Nós ficaremos juntos no meio da multidão. Mesmo que eu venha até
sua casa e nós passemos a noite juntos é perigoso.
- você conseguiu me convencer.
- que ótimo – falou ela com um
sorriso limpando a janela.
Ficamos em silêncio alguns
segundos.
- então… - falou ela segurando um
sorriso –você e Tobias?
- eu sabia que você tocaria nesse
assunto.
- não acredito – falou ela rindo
– Tobias foi o seu primeiro?
- foi sim.
- o que você achou? gostou? Ele é
bom?
- ótimo – falei segurando um
sorriso – não posso comparar com outros – falei mentindo – mas ele com certeza
é o melhor. Ele me tratou tão bem. foi atencioso…
- cuidado para não se apaixonar.
- eu não corro esse risco. Eu já
fui apaixonado por ele, mas agora já não sinto o mesmo, mas não significa que
foi ruim.
- fico feliz por você Oliver.
Você merece.
Depois que Amy e eu terminamos de
limpar tudo Amy decidiu ir embora.
- você vai ficar bem sozinho?
- vou sim. Obrigado por ter me
ajudado a limpar tudo aquilo.
- por nada – falou ela me dando
um abraço antes de partir.
- vai com cuidado – falei levando
Amy até o portão.
Depois que Amy se foi eu tomei um
banho e preparei algo fácil para comer. Macarrão instantâneo. Depois de comer,
assisti um pouco de televisão deitado na cama e depois de algum tempo
finalmente cai em sono profundo.
Acordei no dia seguinte ás nova
da manhã. Tinha ficado preocupado com a invasão na casa do meu pai. Seja lá
quem for conseguiu entrar e escrever aquela mensagem para mim.
Faltava três dias para a festa.
Ao me levantar fui bem devagarinho ao quarto do meu pai. Abri a porta do quarto
e vi que ele estava dormindo profundamente. Fechei a porta devagar e desci as
escadas.
Queria ter certeza que meu pai
estava dormindo em casa porque eu iria até o hospital pegar o resultado e não
queria que ele soubesse.
Preparei um café da manhã e
aproveitei e fiz o café do meu pai. Quando ele acordasse estaria pronto para
ser saboreado. Chamei um taxi que me levou até
o hospital. O dia estava quente, mas tinha uma brisa que balançava as
folhas das árvores.
- bom dia – falei indo a
recepção.
- bom dia, em que posso ajuda-lo?
– perguntou o recepcionista.
- eu vim pegar o resultado de um
exame.
- está no nome de quem?
- na verdade… o Dr. Victor
Reveley está?
- sim.
- pode chamá-lo por gentileza?
- na verdade não é assim que
funciona. Você pega o resultado e marca uma consulta com o médico…
- Na verdade ele me conhece. Sou
o filho do Dr. Marshall.
- Oliver? Sinto muito – falou ele
pegando o telefone – vou pedir para que o Dr. Reveley venha até aqui.
- obrigado – falei aguardando.
Respirei fundo e esperei alguns segundos. Dr. Victor apareceu e ele trazia algo
em suas mãos.
- Oliver! Mas que surpresa –
falou Dr. Victor apertando minha mão – estou te esperando desde ontem. O que
aconteceu?
- eu estava nervoso doutor.
Estava com medo do resultado.
- venha comigo – falou Dr. Victor
me levando para a sala de reuniões.
Nós entramos e ele fechou as
portas. Apesar que isso não ajudava muito já que as paredes eram de vidro.
- e então doutor? Qual o
resultado?
Victor abriu e começou a ler.
- negativo – falou ele me
mostrando o exames.
- sua taxa de colesterol está um
pouco alto, mas fora isso você está saudável como um touro.
- sério?
- sério – falou ele sorrindo –
não precisa se preocupar. Você está saudável. Isso é uma vitória levando em
consideração tudo o que você sofreu na vida.
Enquanto conversava com Dr.
Victor eu não percebi que alguém nos observava.
Olhei para o lado e vi meu pai.
Ele estava parando olhando para nós dois. Ele estava com a roupa de trabalho.
ao nos ver ele veio rapidamente está onde estávamos. Victor viu que meu pai
vinha e arrancou o resultado dos exames da minha mão e guardou no jaleco.
- Oliver, o que está fazendo
aqui? – perguntou meu pai abrindo a portas aparentemente nervoso.
- eu só vim…
- o que está dizendo a ele Dr.
Victor? – perguntou meu pai.
- Dr. Marshall eu só estava
conversando com Oliver sobre…
- o que está fazendo aqui Oliver!
– falou meu pai com a voz alterada. Todos do lado de fora da sala começaram a
olhar em nossa direção – eu sei que você passou por muita coisa, mas eu estou
no trabalho. Não consegue me esperar em casa? Você é assim tão carente?
- pai eu só queria…
- Dr. Marshall você não devia
dizer isso – falou o Dr. Victor.
- vá embora daqui – falou meu pai
gritando.
- Dr. Marshall! – falou Dr.
Victor gritando mais alto do que ele.
Meu pai parou de falar e ficou me
encarando. Em seguida ele saiu da sala pelo corredor.
- você está bem Oliver? –
perguntou Dr. Victor.
- estou fim – falei respirando
fundo.
- você quer um copo de água ou
alguma coisa?
- não. Eu vou embora.
- tem certeza?
- tenho – falei saindo da sala e
atravessando o corredor onde todos me jogavam seus olhares.
Aquela era a gota d’agua. Não
ficaria mais naquela casa com aquele homem. Estava me sentindo humilhado.
Estava destruído por dentro. ele não precisava ter feito aquilo comigo.
Sai do hospital e peguei um taxi
até em casa. Ao chegar fui para meu quarto e me deitei na cama. Não sabia bem o
que fazer. Respirei fundo e fechei meus olhos.
Foi nesse momento que me lembrei
que ao sair de casa meu pai estava dormindo na cama. Abri meus olhos assustados
e me sentei na cama. Meu pai estava no hospital, então quem é que estava
dormindo na cama dele?
Levantei-me rapidamente e
tranquei a porta do meu quarto. Para minha sorte uma extensão do telefone
passava no meu quarto. Peguei o telefone e disquei o número do detetive Leon
Holloway. Ele chamou e logo atendeu.
- alô – falou alguém atendendo ao
telefone.
- detetive Holloway?
- sou eu.
- quem fala é o Oliver.
- Oliver? Tudo bem com você?
- mais ou menos.
- porque? Algo está acontecendo
com você?
- eu acho que tem um invasor aqui
em casa.
- na casa do Dr. Marshall?
- sim.
- onde você está?
- trancado no meu quarto.
- fique ai. Vou chamar reforços e
estarei em sua casa em cinco minutos.
- por favor não chame reforços.
- porque?
- por favor. Faça isso por mim.
quando chegar aqui eu explico.
- tudo bem Oliver. Fiquei no
quarto. Não saia dai.
- OK.
- te vejo em breve – falou Leon
desligando o celular.
Sentei na cama e fiquei
esperando. Toda aquela confusão no hospital havia embaralhado minha mente e eu
tinha esquecido que alguém estava na cama quando eu sai.
Esperei alguns minutos e de
repente ouvi alguns barulhos. Algumas batidas e passos. Fiquei assustado, mas
fiquei em silêncio. Mais alguns minutos se passaram e em seguida ouvi alguém
batendo na porta.
- Oliver sou eu – falou Leon.
Abri a porta e Leon deu um pulo
para dentro e me deu um abraço. Ele usava uma cavanhaque e sua barba me fez
cócegas.
- você está bem? – perguntou ele
me soltando e olhando para mim. Leon tinha se tornado o tipo protetor. Ele se
sentia culpado por não ter feito nada com David e nesse momento era mais meu
pai d oque David e Marshall tinham sido. Seus cabelos eram negros e arrepiados.
- estou – falei nervoso.
- eu já olhei a casa toda. Não
tem ninguém.
- que bom.
- tem certeza que tinha um
invasor?
- sim. Quando sai hoje cedo tinha
um homem deitado na cama. Pensei que fosse meu pai, mas o meu pai trabalhou a
noite inteira e ainda não veio embora.
- foi bom você ter me ligado –
falou ele guardando a arma. Nesse momento eu percebi que ele não estava com a
roupa de trabalho e sim uma roupa do dia a dia. Uma calça jeans azul e com uma
camisa preta com detalhes verdes.
- você não está trabalhando?
- não. Decidi tirar um dia de
folga. Estava passeando no lago com meus filhos.
- me desculpa não queria ter te
atrapalhado.
- não precisa. Deixei eles com
uma mãe de um dos amigos dele e vim correndo.
- foi bom você ter me ligado, mas
porque você não ligou para a policia?
- eu não queria causar alarde. Se
isso acontecesse é bem possível que essa história se espalhasse e todos
ficariam falando sobre meu pai e eu.
- entendo – falou ele saindo do
quarto e eu sai junto dele – vou voltar para meus filhos.
- obrigado por ter vindo.
- peça para seu pai trocar as
fechaduras. Eu pulei o muro, mas não há sinal de arrombamento.
- eu digo sim.
Leon e eu fomos até a porta e nos
despedimos pela última vez.
- se cuide – falou o detetive
Holloway se despedindo.
- você também – falei fechando o
portão e voltando para a casa.
Subi as escadas e liguei para
Amy. Não ficaria mais na casa do meu pai. Eram dois os motivos. Tinha alguém
querendo me assustar e Dr. Marshall já não era tão dócil quanto costumava ser.
Ele escolheu ser um homem e não meu pai. Aceito a decisão dele e decido
deixa-lo.
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