E
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NADA ALÉM DOS BONS TEMPOS capítulo vinte e um
ra o
12º dia após o último ciclo. Meu corpo estava normal. Eu não consigo comer, não
consigo dormir, choro até tarde com dor, vomito o tempo todo e me sinto um lixo
inútil que atrapalha a vida de todos que estão em volta de mim. Sim, esse é o
meu normal. O novo Mike tinha apagado o velho Mike. O Mike que reclamava da
monotonia de não ter nada o que fazer e ter que ir dormir ou acabar com o tédio
através de batatas fritas. Eu sentia falta da monotonia, sentia falta de dormir
e comer. Sentia falta das coisas simples da vida. Na verdade eu peço perdão
todos os dias pelas coisas que falei e pensei. As vezes que reclamei da comida
ou do sofá que fui obrigado a dormir. Não sei bem pra quem eu peço perdão. A
essa altura eu acredito em qualquer coisa.
É normal do ser humano se agarrar a Deus quando se passa por
tribulações da vida. Na verdade uma pesquisa provou que o ser humano é propenso
a acreditar em um ser superior. Desde a idade das cavernas o homem vem
colocando a culpa do que não conhece em deus: os raios, a chuva, o nascer e o
por do sol. Milhões de anos depois aqui estou eu. Nunca acreditei tanto em Deus
como agora. Não restou nada para me segurar. Claro que eu tenho Adam ao meu
lado, mas ele esta sofrendo. Ele até voltou a fumar. Escondido de mim é claro. Ele
me fez uma promessa e ele é orgulhoso demais para mostrar que quebrou sua
promessa. Ele não disse nada sobre, mas eu encontrei a carteira de cigarro
eletrônico no bolso dele. Isso mostra que ele está estressado e não está
conseguindo lidar com tudo o que tem acontecido. Ele deve precisar de sexo e é
outra coisa que não posso dar.
Eu já disse que ele pode procurar por ai, eu não importo. Na
verdade eu me importo um pouco, mas eu faria esse sacrifício, mas ele não quer.
Foi por isso que consegui convencer Xavier a leva-lo para um fim de semana para
se divertir e Adam tinha aceitado. Desde quando eu tomei meu último ciclo ele
tem estado mais estressado do que o normal. Perguntei o porque dele estar
daquela forma, mas ele disse que é coisa da minha cabeça. Sei que não é.
Conheço Adam a muito tempo. Quando ele era meu chefe eu sempre era o primeiro a
adivinhar quando as coisas não estavam indo da forma que ele queria: seja na
vida pessoal ou no trabalho. Ele não quer me dizer e eu decidi não me importar
mais.
Dentro disso tudo algo que aconteceu e ainda me perturba foi
o encontro com meu sogro Max White. Ainda não sei se foi um delírio ou se eu
morri e voltei a vida alguns minutos, mas as coisas que ele me disse me
perseguiam e eu tinha muito medo de tocar no assunto com Adam porque ele nunca
falava sobre o pai. Na verdade ele o odiava. Ao mesmo tempo eu sabia que ele
não faria nada comigo já que estou doente então talvez não houvesse tempo
melhor para falar sobre isso. Olhei para o lado e Adam estava deitado comigo.
Nós dois estávamos deitados na cama encarando o nada perdidos no pensamento.
Nós passávamos muito tempo assim ultimamente: deitados a cama encarando o teto.
Era fim de tarde e nós estávamos lá sem dizer nada um para o outro. Adam não
olhou para mim e continuou encarando o teto. Ele estava sem camisa, mas usando
a calça do pijama. Eu estava com o pijama completo porque andava sentindo mais
frio do que o normal.
- você vai me dizer o porque de estar tão nervoso?
- me deixa em paz Mike – falou ele com a voz rouca parecendo
cansado.
- você deve estar precisando ser bem cuidado né? – falei
levando a mão até o meio das pernas dele. Estava mole. Eu apertei devagar, mas
sem intenção de ser sexual – se eu pudesse te dava sexo, você sabe disso né?
- porra Mike eu não preciso de sexo. Não estou com você por
sexo – ele olhou pra mim pela primeira vez – na verdade se eu pudesse eu
trocaria o sexo por sua saúde.
- você faria isso por mim?
- sim – falou ele olhando sério para mim. Se Deus viesse na
terra e oferecesse a sua saúde eu daria meu orgasmo em troca. Passaria o resto
da minha vida sem orgasmo, sem sexo, sem luxuria… desde que você tivesse a sua
saúde restaurada.
- desculpa te irritar – me arrastei na cama e deitei minha
cabeça no ombro dele. Adam passou o braço por trás de mim e me puxou junto
dele.
- não tem problema – falou ele dando um beijo na minha
bochecha e me fazendo carinho no peito usando a mão do braço que me aconchegou.
- eu posso te fazer uma pergunta?
- claro.
- promete não brigar comigo?
- prometo. Pode perguntar o que você quiser.
- okay – falei respirando fundo – como o seu pai morreu?
No momento que disse isso percebi que Adam entrou na
defensiva. A mão que me acariciava parou e senti que ele cerrou os lábios e
franziu a testa.
- não te interessa – falou Adam mal educado, mas ainda junto
de mim.
- deixa de ser mal educado Adam. Porque você nunca fala
sobre o seu pai?
- porque não. o que você quer saber sobre meu pai? – falou
ele olhando pra mim – porque isso agora?
-não é nada. É que eu conheci sua mãe e eu sei que seu pai
morreu a muito tempo, mas você nunca me falou de fato nada sobre ele.
- o nome dele era Max. Fim. Essa é a história.
- você disse que eu poderia perguntar qualquer coisa.
- desculpa. Você pode perguntar qualquer coisa, menos sobre
meu pai.
- eu tenho câncer Adam, se você ficar me contrariando vou
deixar ele tomar conta de mim – falei virando o rosto e dando um beijo na
bochecha dele – você quer mesmo me perder sabendo que não respondeu a única
coisa que te perguntei?
- porra! – falou Adam respirando fundo – o que você quer
saber?
- como ele morreu? Quantos anos você tinha?
- eu tinha 13 anos e ele teve um AVC enquanto desci as
escadas.
- sério? – perguntei surpreso por ser exatamente a história
que o meu sogro me contou no meu delírio. Talvez não tenha sido de fato um
delírio nem um sonho.
- sim.
- e porque você não gosta de falar sobre ele?
- por nada. Eu só não gosto – falou Adam curto e grosso.
Adam com certeza não estava afim de me contar nada sobre o
pai e já que tínhamos tocado no assunto achei que era melhor aproveitar o
momento para jogar a bomba e ao mesmo tempo testar a paciência dele.
- eu fiquei sabendo… - parei por alguns instantes.
- sabendo de que? – ele pareceu interessado e tinha cara de
mau.
- fiquei sabendo que ele traia a sua mãe e que você o
flagrou – quando disse isso Adam deu um pulo da cama e parou sentado.
- quem te falou isso?! – ele parecia puto – foi o Xavier?
- não Adam – falei esticando o braço – se acalma.
- responde porra! – Adam me empurrou de leve – foi o Xavier
que te falou? – gritou Adam olhando para mim. Ele estava sendo muito bruto.
- não foi o Xavier – falei trazendo o braço de volta – você
está me assustando – me virei de costas pra ele e me arrependi de ter tocado no
assunto. Eu esqueci o quanto Adam é mal educado quando quer.
- me desculpa – falou ele se deitando e me abraçando por
trás ele deu um beijo na minha nuca – me desculpa eu não devia ter te
empurrado.
- não. isso é bom. Se eu morrer achando que você é um idiota
vai doer menos te perder.
- para com isso Mike. Me desculpa. É que eu… - ele parou e
respirou fundo entrelaçando suas pernas na minha – eu não me dava muito bem com
meu pai. Ele nunca foi um exemplo.
- o que aconteceu?
- meu pai… meu pai era galinha. Traia minha mãe o tempo todo
e nunca fez esforço pra esconder. Traiu com a secretária, a babá, a jardineira,
a sócia… ele nunca respeitou minha mãe.
- se você não estivesse falando sobre seu pai eu acharia que
você estava falando sobre você.
- não me compare a ele – falou ele irritado.
- você não percebe? Você tem tanta raiva do seu pai, mas a
sua vida foi espelhada na dele.
- eu sei. É por isso que não gosto de falar sobre ele. Tenho
muito do meu pai em mim e essa é o lado que mais odeio em mim.
- sério? Porque eu faço parte do lado do seu pai que está em
você afinal eu fui seu amante.
- por isso foi difícil no começo deixar minha esposa por
você. Eu não queria ser o que meu pai foi pra minha família. Eu queria ser
fiel, um bom esposo, um bom pai e um bom homem – senti algo pingando na minha
nuca e percebi que era uma lágrima
- você é isso tudo – falei me virando e passando o dedo na
bochecha de Adam limpei suas lágrimas – você é um bom pai, um bom homem, um bom
marido… um bom tudo.
- eu sei – falou ele deixando outras lágrimas caírem e eu
passei os dedos em seus olhos tentando secá-los – e eu sou bom em tudo por sua
causa.
- como foi a morte dele?
- eu já te disse.
- me conta a verdade Adam. Você não contou tudo.
- quem foi que te contou Mike? Foi o Oliver?! Eu vou quebrar
aquele filho da… aquele desgraçado.
- só me diz.
- ele estava tendo um caso com a babá e eu o flagrei. Eu sai
correndo e ele veio atrás de mim. Ele teve um infarto e caiu escada abaixo.
- você se sente culpado?
- porque me sentiria? O bastardo estava traindo minha mãe.
- ele é seu pai Adam. Galinha, cachorro, safado, bastardo,
mas ele é seu pai.
- o médico disse que se ele tivesse o infarto, mas não
tivesse caído das escadas ele teria sobrevivido com algumas sequelas. Se eu não
tivesse saído correndo talvez ele tivesse sobrevivido.
- a culpa não foi sua meu amor.
- eu sei – falou ele com o rosto vermelho deixando as
lágrimas jorrarem de seus olhos – o filho da mãe traia minha mãe, mas era meu
pai e eu amava muito – falou ele virando de barriga pra cima e colocando as
duas mãos no rosto chorando – desculpa, mas é que eu não aguento mais.
- relaxa – falei esfregando a mão em seu peito – pode
chorar. Não tem problema.
- tem sim – falou ele soluçando – preciso ser forte pra
você.
- ninguém consegue ser forte o tempo todo Adam. Todo mundo
fraqueja de vez em quando.
- eu não sou todo mundo – falou ele limpando os olhos e
engolindo o choro – você precisa de mim.
- preciso sim – falei rindo e subindo a mão até o rosto e
fazendo carinho na barba dele – seu pai te ama Adam. Ele disse que te ama.
- o que? – perguntou ele olhando pra mim.
- sei que você não acreditaria em mim se eu dissesse, mas
seu pai me visitou em um sonho e disse pra eu te dar esse recado. Disse que a
culpa não foi sua e que ele te ama muito.
- Mike você está se sentindo bem?
- estou Adam. Você acredita no recado que te dei?
- eu acredito que você acredita que ele te deu o recado –
falou ele rindo de rosto vermelho.
- isso. Vai rindo de mim. E eu aqui te fazendo carinho.
- desculpa Mike, mas é engraçado. Você não sabia nada sobre
meu pai e ele veio te dar um recado? Se meu pai estivesse vivo ele teria me
tirando da herança por ficar com outro homem.
- se você quiser ou não acreditar o problema é seu, mas seu
pai me disse outra coisa no sonho que era pra te dizer. Não sei o que
significa, mas ele disse que você saberia.
- e o que era esse grande recado? – perguntou ele rindo.
- ele mandou dizer que ‘tinha manchas diferentes porque o
primeiro fugiu’. Eu não sei o que significa, mas ele disse que você saberia –
Adam não disse nada e pareceu se perder em seus pensamentos. Ele ficou
pensativo e eu fiz carinho na barba dele – você está bem?
- es-estou – falou ele respirando fundo.
- fez sentido pra você essa frase? ‘tinha manchas diferentes
porque o primeiro fugiu’?
- quando eu fiz aniversário de dez anos minha mãe fez uma
festona e eu nem esperava que meu velho aparecesse. Ele sempre chegava atrasado
e as vezes nem aparecia. Só me ligava desejando feliz aniversário. Eu sempre
quis um cachorro, mas ele nunca permitiu que tivéssemos um em casa. Nessa festa
de aniversário foi diferente. Meu pai chegou na hora – falou ele rindo ao se
lembrar – na verdade ele chegou de surpresa trazendo o bolo já com as velas
acesas soltando fagulhas. Ele me deu um cachorrinho dálmata de presente O nome
dele era Spock.
- Spock?! – perguntei rindo.
- eu era nerd Mike. Me deixa em paz – falou Adam rindo –
enfim, depois de alguns meses eu notei que as manchas do Spock estavam
diferentes. Eu era apegado naquele cachorro e conhecia cada mancha que ele
tinha no corpo. Eu falava pra minha mãe e para meu pai e eles falavam que era
coisa da minha cabeça.
- eu entendi – falei rindo pensando na mensagem do meu sogro
– tinha manchas diferentes porque…
- …o primeiro fugiu! – completou Adam – como você sabe
disso?
- eu disse que ele me visitou em um sonho, mas você não
acreditou.
- não é possível Mike! – falou Adam me fazendo deitar em seu
peito – alguém deve ter te contado sobre isso e com todos os remédios você
delirou, sei lá…
- pode ser – falei respirando fundo aconchegado a ele.
- a gente precisa se ajeitar. Xavier e Zoey vão chegar logo
para o jantar.
- okay – falei me levantando.
- Mike foi só força de expressão. Eu me levantou, faço o
jantar, arrumo tudo e você fica aqui deitado descansando – falou Adam se
levantando.
- eu não vou ficar aqui no quarto, vou pra sala – falei me
levantando e Adam deu a volta correndo e me ajudou a ir até a sala. Ele morria
de medo de eu cair. Uma vez que estava deitado Adam foi até o quarto e saiu com
o celular na mão.
- vou descer pra poder lugar pra Xavier e volto em alguns
minutos.
- okay – falei respirando fundo ligando a TV. Adam descia
algumas vezes por dia para ligar pro irmão ou para Vanessa ou para alguns
amigos, mas eu sabia que ele descia pra fumar. Eu fingia que não sabia e nem
que sentia o cheiro quando nos beijávamos. Esse era o jeito de Adam resolver as
coisas.
Xavier estava trabalhando aqui em Seattle e Zoey trancou o
curso por causa da gravidez e tinha se mudado para cá por minha causa. Para
ficar próximo de mim. Xavier acabou alugando um apartamento para ele e Zoey
acabou virando sua hospede. Ela decidiu não tirar o bebê e Xavier agia como se
o filho fosse dele. Não sei se um casal estava surgindo de toda essa confusão,
mas o fato é que Xavier e Zoey estão vivendo juntos e os dois tinham sido
convidados para um jantar em nosso humilde quarto luxuoso de hotel. Peguei o
celular e enviei uma mensagem para Zoey.
Zoey, você e seu marido vem hoje para o jantar? – Mike
Vai se ferrar Mike! Xavier não é meu marido. Ele só está me ajudando – CouveFlorRessecada
Quando chegar me conta como ele é de cama! – Mike
Primeiro: nós não estamos dormindo, segundo: você sabe como ele é de
cama – CouveFlorRessecada
Vocês vem ou não? – Mike
Sim, nós vamos! – CouveFlorRessecada
Uma vez que Zoey confirmou o jantar seguido do dedo do meio
eu decidi encerrar a conversa. Voltei minha atenção para a televisão e Adam não
demorou a voltar. Decidi sacaneá-lo porque eu sabia que ele ia direto pro
banheiro escovar os dentes.
- voltei! – falou Adam fechando a porta e caminhando em
direção ao quarto rapidamente.
- que bom amor – falei levantando os braços – estava doido
pra te dar um abraço e um beijo.
- não Mike, deixa eu ir ali no banheiro. Estou doido pra
tirar uma água do joelho – falou ele sorrindo se aproximando da porta do
banheiro.
- é sério? Você vai negar um abraço e um beijo pro amor da
sua vida que está morrendo com câncer?
Adam parou por alguns instantes e não conseguiu prosseguir
depois do que eu disse. Ele veio até mim e se ajoelhou no chão e eu dei um
abraço dele e um beijo. Demos alguns selinhos, mas Adam não resistiu e me
beijou de língua. Tenho sorte de ter um homem que me ama ao meu lado. Torna
tudo menos desesperador. As vezes me pego sonhando acordado e uma angustia
preenche meu coração ao pensar que a morte está tão perto: será que vai doer?
Será que vai ser rápido?
- eu te amo! – falou Adam chupando minha língua e dando um
beijo na ponta do meu nariz. Tinha um cheiro nele, mas não era tão forte quanto
o do cigarro de verdade. Estou orgulhoso por ele estar parando. Mesmo que seja
pouco a pouco.
- também te amo amor – falei segurando nas bochechas dele e
apertando – meu bebezão – falei rindo.
- eu sou o paizão. Você que é o bebê – falou ele se
levantando.
- eu mandei uma mensagem para Zoey e ela confirmou que eles
vão vir.
- o que você acha desses dois? – perguntou Adam gritando lá
do banheiro – acha que está rolando algo?
- acho que sim Adam. O mundo é moderno, mas um homenzarrão
como o Xavier morando com uma ‘ninfetinha’ como a Zoey não é só amizade. Me
perdoem os ativistas, mas não existe amizade entre homem e mulher. A menos que
um deles seja gay ou ela seja lésbica e mesmo assim existe o risco de beberem
demais e darem uma trepadinha.
- você é uma figura – falou Adam rindo saindo do quarto –
vou conversar com Xavier hoje pra tentar descobrir se tem algo acontecendo –
falou ele indo para a cozinha.
Adam estava na metade do caminho do jantar e eu já tinha
tomado o meu banho e vestido uma roupinha qualquer. Eu tenho câncer. Posso
vestir a fantasia do Sonic e todo mundo vai olhar pra mim e dizer que estou
lindo. Xavier e Zoey chegaram e eles trouxeram algumas cervejas e uma vasilha
com algo dentro.
- trouxemos uma farofa – falou Zoey rindo – eu que fiz –
falou ela me entregando.
- obrigado Zoey – falei abraçando ela – ainda bem que Adam
fez frango assado. Você é bem ousada, sabia? Você nem sabe qual é a comida e
traz farofa? E se fosse estrogonofe?
- Mike eu estou grávida. Eu comeria uma farofa feita com
terra e picles – falou ela em um tom bem sério. Acho que ela tinha mesmo esse
desejo.
Xavier deu um abraço em Adam e deu um abraço em mim. Adam
disse que o jantar ficaria pronto em alguns minutos. Ele abriu uma cerveja e
Xavier abriu outra. Eles ficaram ali na cozinha bebendo e conversando e Zoey e
eu nos sentamos na sala para conversar.
- seu barrigão está enorme – fale rindo e passando a mão na
barriga dela. Zoey usava uma bata verde e calça jeans.
- obrigada por dizer que estou enorme – falou ela rindo – e a
Vanessa?
- você está cinco semanas na frente dela. O médico disse que
o bebê deve nascer no fim de dezembro ou no começo de janeiro.
- o meu deve nascer no fim de novembro – falou ela rindo.
- a casa vai estar cheia. Pelo menos Adam vai ter o que
fazer quando eu morrer. Eu só quero poder escolher o nome.
- para com isso Mike! – falou Zoey me dando um tapa – você não
vai morrer. Pare de falar nisso.
- é uma possibilidade – falei respirando fundo.
- se você morrer eu vou dar o seu nome pro meu filho – falou
ela engolindo em seco. Percebi que ela também estava pensando naquilo. Adam era
o único que se recusava a ver o que estava na cara dele.
- obrigado – falei segurando na mão dela – mas seu marido
vai deixar você colocar meu nome no bebê?
- para com essa história de marido – falou Zoey puxando o
braço e rindo.
- fala sério Zoey. Você e Xavier estão tendo um caso, não
estão?
- claro que não – falou ela ajeitando os cabelos tentando
disfarçar.
- eu fiz essa mesma cara – falei rindo.
- essa cara?
- sim. Quando eu vi a grossura – falei imitando com a mão e
Zoey começou a rir. Ela acabou de se entregar. Ela tinha visto – não se
preocupe Zoey. Você tem sorte. Os médicos dizem que a relação sexual ajuda na
dilatação da vagina. Pra sua sorte um time de futebol inteiro vai poder sair
dai e você nem vai sentir.
- Shhh! – falou Zoey rindo – Xavier me fez prometer que não
contaria.
- eu não sou fofoqueiro. Só vou contar pro Adam e vou
ameaçar ele em seguida.
- é tudo tão maluco – falou ela respirando fundo – eu estou
na universidade um dia e no outro engravidei de um homem depois de uma noite e
no outro dia o meu filho tem outro pai.
- Steve não quis assumir?
- ele disse que registraria e ajudaria sendo um pai pra
criança, mas Xavier quer assumir o bebê e criá-lo comigo.
- eu fico feliz por você e Xavier. Sabia? Esse é um casal
que eu não consegui prever e geralmente eu shippo todo mundo.
- eu também não achei que fosse me apaixonar tão rápido.
- ele é fácil de se apaixonar né? – falei olhando para trás
e vendo Adam dando risada com Xavier – eles são.
- agora nós seremos parentes – falou Zoey rindo – eu vou ser
madrinha da sua filha e você será padrinho do meu filho. Nós vamos fazer as
unhas juntos e eu vou pintar meu cabelo de verde outra vez assim que eu parir
essa criança – falou ela rindo.
- se eu ficar vivo eu juro que pinto ele de azul – falei passando
a mão na careca. Tossi algumas vezes e peguei o meu lenço limpando a boca – eu estou
tão cansado.
- você quer se deitar?
- quero sim – falei me levantando sentindo uma fraqueza.
- o jantar está quase pronto! – falou Adam vindo com um
sorriso para meu lado.
- eu não sei se vou comer – falei olhando pra ele – vou me
deitar pra dormir um pouco.
- você está bem? – perguntou Adam tomando um gole de sua
cerveja.
- estou – cai com a cabeça no chão e foi a última coisa que
eu disse antes que meu corpo encontrasse o chão. Não sei bem o que aconteceu,
mas eu estava fraco. Cada dia estava mais fraco. Quando abriu os olhos estava
em uma salão chique. Era todo branco, o lustre, as escadas que levavam até o
andar de cima, tudo. Até o homem que estava no alto das escadas estava usando
branco.
- onde estou? – perguntei percebendo que eu usava roupa de
gala totalmente branca. O homem no alto das escadas foi descendo e a medida que
se aproximava eu o reconheci. Quando vi que era meu pai eu corri na direção
dele e me agarrei em seu pescoço em um forte abraço.
- estava com
saudades? – falou ele rindo.
- saudades da sua voz – falei apertando ele forte. Senti o
cheiro de seu perfume e a barba espetando meu pescoço. Deixei algumas lágrimas caírem
enquanto eu o apertava forte. Não sei se é real ou se eu morri e estou no céu,
mas não queria soltá-lo.
- me perdoa pelo o que eu fiz – falou meu pai acariciando
minhas costas.
- esquece isso pai – falei soltando-o e passando a mão no
rosto – a gente está junto – falei olhando em volta – que lugar é esse? É aqui
que vou ficar pra sempre?
- aqui é o inferno – falou ele com uma voz diferente. Quando
olhei para ele vi Roman com aquele sorriso sedutor que fez eu me apaixonar por
ele no passado. O salão onde estávamos começou a tremer e o chão abaixo dos
meus pés começou a se desfazer. Dei alguns passos para trás e comecei a correr
tentando fugir para não cair no abismo que tentava me engolir. Antes de
conseguir chegar a porta senti a gravidade me puxando para trás e quando
finalmente cai não senti algo doloroso e sim algo macio.
Abri os olhos devagar e percebi que estava no lugar que mais
odiava no mundo: um quarto de hospital. Tinha algo no meu dedo e minha cabeça doía
um pouco.
- onde… onde estou?! – falei tentando tirar aqueles fios que
estavam grudados a mim, mas logo senti duas fortes mãos segurando meus ombros
tentando me acalmar.
- Mike você está no hospital – falou Adam – você desmaiou e
a ambulância te trouxe até aqui.
- o que aconteceu? – perguntei respirando fundo.
- você desmaiou – falou outra voz masculina. Percebi que era
o Dr. Cody. Ele olhava alguns papéis. Provavelmente exames – o remédio está atacando
seu corpo e você não está conseguindo lidar com isso – falou ele olhando para
mim e se aproximando – como você está?
- bem melhor.
- precisamos evitar que você acabe desmaiando e se machucando.
A partir de agora acho que é melhor que você fique no hospital. Pelo menos até
suas plaquetas aumentarem.
- é isso né? – falei rindo sem achar graça – meu tempo está
acabando.
- não está Mike – falou Adam apertando meu ombro.
- Mike você não está com os dias contados. Vou manter você aqui
só até seus sinais vitais estarem melhores. Até seus exames voltarem um pouco
melhor do laboratório – falou ele rindo – não seja tão dramático.
- se o senhor conhecesse minha vida saberia que eu sou
especialista em drama – falei rindo.
- é verdade – falou Adam rindo comigo e acariciando minha
careca.
- acho que posso aguentar doutor – falei rindo.
- sabia que você era forte – falou ele segurando na minha mão
– vai ficar tudo bem. Se precisar de qualquer coisa é só pedir e a enfermeira
vai trazer.
- obrigado doutor – falou Adam apertando a mão dele. Dr.
Cody se foi e Adam acariciou meu rosto. Não precisávamos dizer nada um para o
outro. Eu sentia que o meu tempo estava acabando mesmo que todo mundo diga que
eu não deveria pensar assim. Fechei os olhos e puxei a mão de Adam até meu
rosto do lado direito e respirei fundo enquanto ele me acariciava.
Mais um capítulos para vocês. Obrigado pelas reações de vocês. Fico muito agradecido. O título do capítulo de hoje veio da música 'Nothin' But A Good Time' do Poison. Espero que tenham gostado desse capítulo, não esqueçam de deixar a opinião nos comentários (que me motiva a continuar com mais frequência) e não esqueça também de deixar o seu voto que é muito importante. Compartilhe com seus amigos que gostam de ler sobre a temática. Um grande abraço a todos e até o próximo capítulo.
Logo abaixo tem as minhas redes sociais e links para comprar as minhas obras na Amazon ou para fazer doações no PagSeguro ou sendo meu Patrão. Tem também os links dos convites para fazerem parte dos meus grupos do Whatsapp. Espero que tenham gostado desse capítulo e até o próximo. Um abraço.
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Só eu que estou lendo os capítulos dessa temporada com o coração apertado?
ResponderExcluir#peaceforMike
Domingues, Lucas.
todos com o coração apertado
ExcluirContinua, ta muito bom,
ResponderExcluirContinuo sim
Excluir