Capítulo 15: DIA 4084 — 23h00min ás 23h10min | Conto: Homem Proibido

Capítulo 15

DIA 4084 — 23h00min ás 23h10min

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E

stava de pé. Era como se o tempo e espaço já não fossem mais o mesmo. Não era apenas uma sensação de Déjà vu  que eu estava sentindo. Era como se estivesse assistindo ao mesmo filme pela segunda vez. A sensação era péssima e o pior: não eram as mesmas pessoas que estavam lá comigo. Olhei em volta e vi dois homens sentados no chão. Eles tinham acabado de acordar. Olhei para o outro lado e havia uma mulher de cabelos pretos sendo consolada por um homem que a ajudou a levantar logo em seguida. Olhei em volta – dessa vez para o alto – e vi que havia um relógio na parede que marcava exatamente meia noite. O ponteiro se moveu lentamente para a esquerda. Meia noite e um.

- eu não acredito – falei sentindo minha garganta seca – isso é impossível  -falei ofegante.

- você está bem? – perguntou um homem se aproximando de mim.

- sim… eu estou – falei olhando para o homem de voz rouca. Era Benjamin. O primeiro rosto que eu reconheci desde que tinha acordado ali – Ben? – aquilo saiu um pouco mais alto do que eu gostaria.

- você me conhece? – perguntou ele cerrando os lábios e olhando fixamente para mim.

- si-sim… quer dizer – falei mudando de ideia. Não sabia bem o que estava acontecendo – eu não sei. O nome Ben veio a minha boca assim que olhei para você.

- você é a primeira pessoa a dizer algo que faça sentido – falou o homem se aproximando de uma garota de cabelos negros.

Dei alguns passos olhando para a cabana e percebi que era exatamente a mesma cabana que eu havia acordado. Era exatamente igual. Sentia como se tudo estivesse se repetindo. Porque Benjamin é o único que eu reconheço? Porque o restante eram estranhos? Depois de contar percebi que havia seis pessoas comigo. Duas garotas – as duas tinham cabelos pretos e uma delas tinha olhos azuis. A outra estava de costas e quando se virou eu percebi que era Anita. Ela lambeu os lábios e olhou em volta assustada. Ela não parecia se lembrar de nada. Ao lado deles havia um casal de homens. Eles pareciam ser casados.

- onde nós estamos? – perguntou garota de olhos azuis que estava com Anita.

- como é seu nome, querida? – perguntou Benji.

- Tina – falou ela engolindo seco - Tina Patton.

- Tina eu não faço ideia de onde estamos. Todos nós acabamos de acordar aqui, assim como você.

- a última coisa de que eu me lembro é de estar em uma festa procurando pelo banheiro – falou Anita olhou para Tine. Elas pareciam ser amigas. Por algum motivo não era Misty e sim Tina.

- eu estava dançando – falou Anita se lembrando – eu e Jimmy nos beijamos e ele colocou algo na minha boca – falou Anita olhando para a garota.

- o que era? – perguntou Tina.

- você tomou Ecstasy, meus parabéns – falou o homem de terno bravo – Meu nome é Wade Weber e meu marido se chama Ronnie Robertson – falou o rapaz mais novo respirando fundo – Ronnie e eu estávamos a caminho de um casamento. Alguma coisa entrou…

- …no meio da estrada e nós batemos em uma árvore! – completei a frase falando ao mesmo tempo que Wade. Como se eu soubesse exatamente o          que ele diria e eu sabia. Eram pessoas diferente, mas eram as mesmas histórias.

- como você sabia o que ele dizer? – perguntou Ronnie ficando de pé.

- eu não sei…

- diga logo – falou Benjamin me empurrando – fala logo pivete. O que você sabe sobre isso? – ele me pressionou na parede e me ameaçou com um pedaço de ferro.

- eu não sei de nada – falei empurrando ele.

- se acalma! – falou Wade segurando-o.

- me solta! – Ben pareceu irritado com toda a situação.

- você se lembra de mim? – me aproximei de Anita – nós dois nos conhecemos.

- não. eu nunca te vi – falou ela assustada segurando a mão da amiga, Tina.

- se estiver tudo como da outra vez significa que tem mais três pessoas que acordaram no andar de cima.

Deixei todos para trás e corri escada acima e Ben correu atrás de mim gritando e todos vieram logo atrás dele. Eu caminhei pelo corredor empoeirado e fui direto até a porta e tentei empurrá-la, mas estava emperrada.

- o que diabos está fazendo? – perguntou Ben me vendo encarar aquela porta.

- tem duas pessoas aqui dentro.

- como você sabe? – perguntou Wade – você tem algum tipo de poder?

- eu não sei – falei empurrando a porta com toda a força e como da outra vez acabei caindo no chão. Tinha esperanças de que Ted estivesse lá dentro daquele quarto. Ele estava escuro e logo senti alguém se sentar ajoelhar em cima de mim.

- quem é você? – perguntou uma voz grossa no meio da escuridão.

- acaba com ele – falou uma voz masculina acendendo a luz do quarto.

Fechei um pouco os olhos e senti suas mãos segurando na gola da minha camisa. A outra mão estava com o punho fechado pronto para me acertar. Um homem de cabelos castanhos claros e olhos azuis. Por mais que essa descrição sirva para Ted não era ele. Era um homem diferente que usava barba onde o bigode se destacava. Assim como Ted. Ele usava o mesmo terno que Ted usava.

- Ted? – me arrisquei.

- não – falou o homem lambendo os lábios Jerry. Jerry Bowers – falou ele ofegante – quem é você?

- Kyle Columbus Bouchard, tenho dezenove anos.

- que lugar é esse? – perguntou o homem.

- se você me soltar eu posso te explicar.

- solta ele – falou Benjamin finalmente dizendo algo. O restante estava atrás dele escondidos.

- foi mal garoto – falou Jerry ele estendendo a mão me ajudando a levantar.

- não foi nada – falei tossindo e olhando para o outro homem – quem é você?

- Aaron Price – falou o homem estendendo a mão.

- deixa eu adivinhar, Aaron. Você estava em um protesto. É a última coisa que você se lembra?

- exato – falou Aaron com uma feição de surpresa – como você sabe?

- eu apenas sei – falei passando por Benji e chegando no corredor olhei para o alto procurando.

- o que você está procurando? – perguntou Na ita.

- a escada para o sótão – dei um pulo e agarrei a corda puxando a escada que se abriu – tem alguém lá dentro. Dormindo.

Todos olharam para mim atônitos e sem entender nada. Eles não se moveram e esperavam por uma resposta.

- olha… eu sei que todos vocês estão confusos, mas tudo o que eu sei é que sinto como se estivesse tendo uma sensação de Déjà vu interminável. Entendem?

- como uma premonição? – perguntou Aaron

- isso. Eu sei como tudo acontece como se eu já tivesse vivido isso antes.

- você disse que tem alguém lá em cima? – perguntou Benjamin.

- sim. Eu não sei quem é, mas é alguém que costumava ser uma amiga que eu fiz na universidade.

Benjamin passou por mim e subiu as escadas. Enquanto ele estava lá em cima Anita ficou me encarando como medo. Acho que ela estava pensando que aquilo era tudo culpa minha. Que de alguma forma eu a sequestrei.

- você estava certo – falou Benjamin descendo a escadas e logo atrás dele veio um rapaz com o rosto inchado de tanto dormir. O rapaz ficou olhando para mim ao me ver e ficou me encarando.

- você me conhece? – perguntei para o rapaz.

- não – ele olhou em volta – ponde eu estou.

- todos nós acordamos nessa cabana e não sabemos de nada – falou Ronnie – a não ser ele – falou Ronnie apontando para mim.

- qual o seu nome?

- Kurt Harvey – falou ele olhando em volta.

- qual sua história Kurt?

- eu não sei. Eu estava trabalhando com meu pai no carro dele. Eu moro em Boston. É a última coisa de que me lembro.

Kurt era o primeiro a ter uma história diferente. Não seguia a lógica de Lucy. Eu me lembrava de Lucy. A única pessoa da minha vida passada ao qual eu lembro de verdade, mas eu não me lembro de Kurt.

- o que fazemos agora? – perguntou Wade para mim. Eles estavam agindo como se eu fosse o messias. Que fosse eu a pessoa a libertá-los da           quele lugar.

- eu não sei. Lá pra baixo?

Aminha sugestão foi o suficiente para todos se moverem e descerem as escadas. Uma vez que estávamos todos lá todos ficamos em silêncio por longos minutos até que Anita quebrou o silêncio do lugar.

- eu não quero morrer – falou Anita começando a chorar – eu sou jovem e não fiz tudo o que deveria.

- você não vai morrer garota. Ninguém vai – falou Ronnie irritado.

- não grita com ela – falou Tina defendendo a amiga enquanto ela se deitava em seu ombro limpando as lágrimas de um choro que havia passado.

- aquele relógio não pertence a esse lugar – falou Jerry sob a minha voz. Ele olhou para mim fascinado. Eu sabia exatamente o que ele diria.

- você está certo. Esse relógio não pertence a esse lugar.

- seja lá quem nos colocou aqui não nos quer aqui – falou Ronnie.

- porque diz isso? – perguntou Aaron.

- não tem comida, não tem água e a maioria das portas estão trancadas menos a porta da frente – falou ele apontando e todos nós olhamos – acho que devemos sair daqui.

- você está errado – falei para Ronnie – e também está certo. Nós devemos sair daqui, mas quem nos colocou aqui deixou o porão abastecido com bastante comida.

Wade se aproximou da porta e tentou abri-la.

- está trancada! – falou Wade – precisamos da chave.

- vamos procura-la – falou Ben.

- não precisa. Está no bolso da Anita – apontei para ela ao dizer aquilo. Anita deu um passo para trás e engoliu em seco. Ela colocou a mão no bolso e tirou de lá a chave necessária para entrarmos.

- ótimo – falou Ben pegando a chave.

- mas a chave não abre essa porta. Abre o alçapão do lado de fora. A porta está trancada pelo lado de dentro e a chave está lá.

- seu imbecil – falou Benjamin vindo para cima de mim – está me fazendo de idiota?

- hey! – falou Jerry vindo até mim e me protegendo – fica longe dele – Jerry pareceu bravo ao ouvir Ben me ameaçando daquela forma.

- obrigado – falei atrás de Jerry.

- não tem problema – falou Jerry olhando para mim.

- eu vou lá fora! – falou Ben.

- acho melhor nós pensarmos no que faremos depois que conseguirmos pegar a comida – falei me sentando no sofá.

- enquanto vocês pensam eu vou agir – falou Ben saindo pela porta da frente com pose de mação batendo a porta logo atrás.

- que idiota! – falou Tina.

- concordo – falou Kurt se sentando ao lado dela. Anita agora já não chorava, mas parecia triste.

- quando amanhecer tudo ficará bem – falou Tina para Anita.

Olhei para o relógio e ele marcava exatamente 00:33. Faltava pouco para que nós adormecêssemos e eu acho que talvez essa seja uma informação relevante que eu devo dizer a todos.

- vocês precisam saber de algo – falei ficando de pé. Agora todos estavam sentados.

- o que foi ‘Mestre’ – falou Wade me zombando.

- não vai amanhecer, pelo menos não agora – falei ignorando Wade.

- o que quer dizer com ‘não vai amanhecer’? – falou Ronnie – é claro que vai amanhecer. Quando der seis horas da manhã, certo?

- claro – falou Aaron – é a lógica.

- eu já passei por isso. Todos os dias nós caímos no sono – falei apontando para o relógio – assim que aquele relógio marcar uma hora da manhã nós vamos dormir e só vamos acordar no dia seguinte á uma da manhã.

- isso é palhaçada – falou Aaron – não tem lógica.

- é claro que é idiotice – falou Ronnie.

- deixem ele falar! – falou Jerry com raiva – ele é o único de nós que mostrou realmente saber o que está acontecendo aqui.

- obrigado  -falei respirando fundo – nós vamos dormir toda vez que acordarmos. Uma hora depois de estar de pé nosso corpo vai simplesmente desligar.

- e o que devemos fazer? – perguntou Jerry.

- isso só para quando sairmos da cabana, mas é perigoso sair na cabana a noite então eu digo que devemos nos preparar para sair de manhã. Quando Ben voltar com os mantimentos nós estocamos e daqui a sete noites nós iremos acordar ás seis da manhã. Então nós saímos daqui.

- concordo – falou Jerry – e vocês?

- também – falou Kurt olhando para Tina e Anita que também concordaram com a cabeça. Wade olhou para Ronnie e eles também confirmaram com a cabeça que estavam de acordo com o plano.

Depois de um tempo a porta do porão finalmente se abriu e de lá veio a luz de uma lanterna. Segurando ela estava Ben. Ele estava mastigando algo e quando ele jogou um saco com comida todos avançaram famintos. Eu por outro lado me sentei no sofá. Não estava com fome. Estava com muita coisa em minha cabeça. Como eu fui parar aqui? Porque está tudo acontecendo de novo? Sentado no sofá fiquei encarando a lareira. As chamas que dançavam de um lado para o outro.

- Kyle! – falou Jerry chamando a minha atenção.

- o que foi?

- você não vai comer?

- não quero – falei olhando novamente para a lareira.

- você precisa de algo – falou ele se sentando ao meu lado com uma barra de cereal – você vai se sentir melhor.

- não quero Ted. Eu estou bem.

- Jerry.

- o que?

- meu nome é Jerry – falou ele com um sorriso – você me chamou de Ted.

- desculpa – falei rindo.

- pega. Você precisa comer – ele continuava insistindo com a barra de cereal apontada para mim.

- tudo bem – falei pegando e dando uma mordida.

- é bom, não é?

- sim – falei dando outra mordida.

- eu sinto como se não comesse a anos.

- eu sei – falei rindo.

Jerry se levantou e foi até a comida pegar outra coisa. Eu dei outra mordida na barra e senti algo diferente na minha boca. Era um pedaço de papel. A barra de cereal que Jerry me deu tinha um pedaço de papel dentro. Parecia velho. Eu o abri e lá havia uma frase escrita á caneta.

‘preste atenção aos detalhes’

Olhei para Jerry e meu coração bateu forte. Senti um frio na espinha ao ver Jerry olhando para mim. Ele tinha os olhos negros. Ele estava me encarando com os olhos negros. Eu guardei o papel no bolso e quando olhei para Jerry novamente seus olhos haviam voltado ao normal. Pouco depois que todos comeram todos voltaram a se sentar no sofá.

Todos ficaram em silêncio observando ao fogo enquanto os minutos passavam. Tic, toc, tic, toc. Todos pareciam ansioso para que a hora chegasse. Eles queriam saber que o que eu tinha dito realmente aconteceria. Espere até o próximo dia quando eu resolver contar que tem três cadáveres no porão.

- o que eles disseram é verdade? – perguntou Ben quebrando o silêncio.

- sobre o que?

- sobre acordarmos durante uma hora e então dormirmos.

- sim. é verdade.

- pelo menos agora temos cobertores – falou Tina agarrada com o seu cobertor.

- como você sabe essas coisas? – perguntou Benjamin.

- eu não sei.

- será que é algo de família? – perguntou Wade – você tem videntes da sua família?

- não – falei respirando fundo – minha mãe é dona de casa e meu pai era militar. Ele foi morto em guerra.

Todos pareceram surpresos ao ouvirem aquelas palavras. Especialmente Benjamin.

- seu pai era militar? – perguntou Benjamin.

- sim. Ele morreu no Iraque.

- sinto muito – falou Jerry colocando uma de suas mãos em minha perna.

- eu também estive no exército – falou Benjamin – estive em duas guerras e fui dispensado com menções honrosas após me ferir na guerra do Iraque – falou ele levantando a manga de sua camisa mostrando o que parecia ser um buraco no braço.

- falta pouco para dormirmos – falou Ronnie olhando para o relógio. Faltava oito minutos – o que vamos fazer até lá?

- nada. Só conversar – falou Tina passando o braço por trás da amiga. Elas pareciam ser bem unidas.

- eu sinto falta da minha cama – falou Anita se aconchegando em Tina.

- eu sinto falta da festa – falou Tina rindo.

- eu sinto falta do meu filho – falou Ben.

- você tem filho? – perguntei surpreso.

- sim – falou ela com um sorriso – o nome dele é Headlock Ruby.

- nome bonito – falou Tina.

- também achei – falou Wade.

Eu por outro lado achei um nome estranho e percebi que Anita pensou o mesmo que eu.

- eu também tenho uma filha – falou ele se lembrando dos filhos – minha caçula – falou ele com um sorriso – se chama Intake Alley.

- minha irmã se chamava Intake – falou Ronnie.

- Intake? – perguntou Anita confusa.

- um nome diferente – falei olhando para Ben interrompendo Anita – mas é bonito.

- também acho – falou Kurt.

- o que você cursava? – perguntou Aaron para mim.

- direito.

- sério? – falou Ted olhando para mim – eu sou advogado.

- na verdade eu não quero ser advogado. Quero ser Juiz. Quero garantir o direito de todos. Ou pelo menos garantir que todos tenham justiça no futuro. Garantir que ninguém tenha que ir para acampamentos de reversão sexual obrigado por familiares. Talvez eu atue na politica. Seria uma ótima maneira de mudar as coisas.

- tenho certeza de que você se daria bem – falou Ted com um sorriso no rosto – sinto falta dessa paixão sabe. No começo eu também tinha esses sonhos e vontades. Quando tinha sua idade eu queria ser advogado para poder representar os inocentes.

- o que te fez perder a paixão?

- Contas. Contas, contas e mais contas. A paixão se foi quando tive que trabalhar por dinheiro. Tive que começar a aceitar casos que eu não acreditava. Defender gente que não merecia.

Eu tinha um sorriso no rosto, mas logo o sorriso se foi ao perceber que Jerry estava sentado no chão próximo a lareira e Ted estava sentado ao meu lado. Engoli em seco ao perceber que o relógio não estava se movendo. Ben estava próximo a lareira jogando mais lenha. Havia uma montanha de lenha do lado de dentro da casa e Ben jogava uma por uma na fogueira. Ele voltava a se sentar e todos esperavam a hora de adormecer, mas essa hora não chegaria.

Olhei para Ted e ele olhava fixo para mim. Moveu os lábios em silêncio. ‘preste atenção nos detalhes’.

Eu me levantei e olhei para todos sentados no sofá.

- o que eu não estou vendo? – falei olhando para Jerry. Ele se levantou com um sorriso e olhou para mim com os olhos negros.

- preste atenção nos detalhes – falou Jerry – o inferno não é um lugar, é uma linda bagunça – falou ele apontando para o relógio – é quando você está preso no seu pior pesadelo e consegue sair.

- qual o seu nome? – perguntei engolindo em seco.

- Aka Manah – falou ele com um sorriso.

- eu já ouvi falar de você nas aulas de história – falei assustado – você é um demônio da mitologia zoroastriana. O demônio que impede as pessoas de cumprirem sua obrigação moral.

- preste atenção nos detalhes, Kyle - Aka Manah agora não era mais Jerry e sim uma criatura de terno e cabeça de bode preto. Ela tinha dentes pontudos como os de o gato e olhos como os de um leopardo. Um terno preto que cobria os cascos.

- okay – falei colocando as mãos na cabeça – detalhes… detalhes… - coloquei as mãos na cabeça e olhei em volta – Benjamin, Anita e eu somos o únicos que estávamos aqui da outra vez e agora Ted apareceu. Olhei para Jerry e percebi que Ted sempre esteve lá o tempo todo – o que eu não estou vendo? – falei me ajoelhando no chão e pegando uma pedra e começando a escrever os nossos nomes.

Kyle Bouchard

Ted Wolfe

Benjamin Chambers

Anita Kelley

O que nós quarto tínhamos em comum? A criatura tocou no relógio e ele voltou dez minutos. Percebi que quando voltasse completamente eu acordaria novamente naquele lugar com outras pessoas. Ele estava sorrindo. Estava brincando comigo.

- Kyle, Ted, Anita e Benjamin. O que isso tem em comum? – falei olhando as palavras. As letras começaram a se mover – eu me lembro – falei ficando de pé e olhando para a criatura – eu repeti o mesmo ano três vezes porque sou disléxico. Olhei para o chão e o meu nome e o de Anita estavam escrito errados. O nome de Anita que eu havia escrito no chão – de forma incorreta – estava escrito como ‘Intake Alley’.

- são anagramas – falei olhando para Benjamin – se pegar as letras do meu nome e embaralha-las da maneira certa ela formara o nome ‘Headlock Ruby’. Olhei para Benjamin e senti um frio na barriga.

‘minha mãe é dona de casa e meu pai era militar. Ele foi morto em guerra’

Todos pareceram surpresos ao ouvirem aquelas palavras. Especialmente Benjamin.

‘eu também estive no exército – falou Benjamin – estive em duas guerras e fui dispensado com menções honrosas após me ferir na guerra do Iraque’

- Benjamin é meu pai – falei olhando para a criatura que voltou o relógio mais dez minutos – é por isso que ele brigou comigo quando acordei aqui. Ele sempre brigou comigo.

‘Falou ele levantando a manga de sua camisa mostrando o que parecia ser um buraco no braço’

Nesse momento sai correndo da sala e entrei no porão. Ao procurei por todos os lados as três corpos que estavam lá quando nós encontramos e não havia. Os corpos não estavam lá. Subi novamente as escadas e olhei para o relógio. Nós não acordamos meia noite como na outra vez e sim onze horas da noite. Os corpos que encontramos no porão da cabana eram de Benjamin, eu e… Anita! – falei subindo as escadas correndo.

- Anita! – gritei olhando para o relógio. Aka Manah bateu o dedo no relógio outra vez. Mais uma vez e seria onze horas novamente – você é minha irmã – falei segurando na mão dela e puxando com toda força. Benjamin se levantou do sofá e atirou na cabeça de Tina, Aaron, Wade e em seguida na cabeça de Ronnie.

Eu abri a porta da cabana e no meio da noite Anita e eu corremos usando todas as nossas forças. Minha garganta estava seca e agora eu me lembrava de tudo. Os corpos no porão – a podridão – era como Anita e eu éramos. O medo e a insegurança que Benjamin depositou em nós ao realizar aqueles atos conosco. Ele era tão podre quanto havia nos transformado. Hoje é o dia em que os abusos terminaram. No meio da floresta Anita e eu corremos e tudo o que ouvimos foi a risada de Aka Manah. Que havia se divertido muito.

Espero que estejam gostando. deixem um comentário e um voto que eu vou gostar muito. Um grande abraço para todos vocês.