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Capitulo Vinte e
Tres
o capÍtuLo final
F
|
inalmente tinha chegado o dia da audiência. Eu e Warren
tínhamos nos casados á 10 dias e era uma terça-feira e meu irmão, meu tio e
minha mãe iriam vir para Nova York para presenciarem a audiência da ordem de
restrição já que meu pai tinha contratado um advogado para que o pedido da
ordem fosse retirado. Além de me espancar ele ainda queria poder chegar perto
de mim sem quebrar nenhuma lei.
Eu e Warren estávamos no
aeroporto esperando o voo das 10:00 da manhã esperando todos chegarem.
- você está nervoso? Para
conhecer minha família?
- só um pouco.
- não precisa ficar. – falei
acalmando ele – minha família é bem calma.
- e seu irmão homofóbico? Eu
preciso esperar uma briga?
- quantas vezes eu vou ter que
dizer que ele não é mais, aconteceu muita coisa, ele era homofóbico.
- estou só brincando – falou
Warren.
- e não se assusta meu tio é a
cara do meu pai, eu sei que você nunca viu meu pai, mas a única diferença entre
meu pai e meu irmão é que meu irmão usa barba e meu pai não.
Logo vimos uma porção de pessoas
entrando pelo portão, um voo tinha chegado. Nós olhamos para as pessoas
chegando e logo vi meu tio e meu irmão chegando e um pouco mais atrás minha
mãe. Eu fui em direção dele e dei um abraço no meu tio e no meu irmão, fui até
minha mãe e dei um beijo no rosto dela.
- que saudades – falei abraçando
ela forte.
- parece uma eternidade – falou
minha mãe.
Eu reparei que ela parecia forte
e rosada, ela com certeza estava bem de saúde.
- então, aonde está esse tal de
Warren? – falou meu irmão.
- logo ali – falei sinalizando
com a mão para ele e Warren respondeu. Logo chegamos perto dele e eu os
apresentei.
- Warren essa aqui é minha mãe
Sarah, meu irmão que é seu xará, Charles e meu tio Jeff.
Eles se cumprimentaram.
- Mãe, Charles, tio Jeff, esse é
Charles Warren, meu marido.
- marido? – perguntou meu irmão confuso.
- sim, nós nos casamos faz uma
semana.
- parabéns – falou minha mãe me
abraçando – só fico triste porque você não me chamou para o casamento.
- foi uma coisa pequena mãe.
meu irmão apertou a mão do
Warren.
- cuide bem do meu irmãozinho.
- aonde você se casaram? –
perguntou meu tio.
- em Las Vegas – respondi.
- fico feliz por vocês –
respondeu meu tio.
Logo estávamos na casa do Warren
e mostramos o quarto de cada um. A audiência seria no dia seguinte eu estava
muito nervoso. Minha vida estava perfeita exceto por esse detalhe. Eu não
poderia viver minha vida tranquilo sabendo que meu pai poderia aparecer a
qualquer momento e fazer alguma maldade a mim ou mesmo ao Warren.
No jantar todos sentamos a mesa e
enquanto comíamos contávamos as novidades.
- como est[a meu sobrinho e minha
cunhada Charles?
- estão muito bem, ela te mandou
um abraço.
- manda um pra ela também e um
beijão no meu sobrinho.
- e a senhora mãe? Anda bem ou
passando mal?
- estou ótima, não fico sozinha
porque seu irmão não para de me visitar e seu tio as vezes dorme 2 noites
comigo.
- e o Joseph? – perguntou meu tio
fazendo minha mãe corar e tentar guardar um sorriso.
- quem é Joseph? – perguntei.
- por favor Jeff e Charles não
vamos falar sobre isso.
- me fala mãe quem é Joseph? –
perguntei.
- é um namoradinho que sua mãe
arrumou – falou tio Jeff.
- namoradinho... até parece que
tenho idade pra isso – falou minha mãe envergonhada.
- não precisa ter vergonha mãe, o
amor não tem idade. O Warren por exemplo, ele tem 38 anos e eu 22. 16 anos de
diferença. Quando Warren tinha 18 anos eu tinha apenas três, quem diria que nós
ficaríamos juntos? ninguém, muitas pessoas jogaram água fria, como o irmão dele
e a própria mãe e o pai, mas nós continuamos juntos.
- obrigado por isso filho – falou
minha mãe.
- então, você gosta mesmo desse
tal Joseph?
- sim – falou ela sorrindo.
- então mãe, tudo o que tem que
fazer é ser feliz.
Depois do jantar nós comemos
sobremesa e depois de uma conversa todos decidimos ir nos deitar.
Eu estava no quarto ao me
deitando ao lado de Warren quando alguém bateu na porta. Eu fui até ela e abri,
era meu irmão.
- Fry eu queria conversar com
você, será que você pode vir um pouco.
- claro – respondi.
- será que eu posso roubar meu
irmão um pouquinho Warren? – perguntou meu irmão.
- claro que sim – falou Warren.
Eu sai do quarto e fechei a
porta.
Nós fomos em direção ao quarto
dele.
- então você está nervoso com o
amanhã? – perguntou Charles.
- um pouco, falei me sentando na
cama que ele iria dormir.
- espero que dê tudo certo e
nosso pai deixe você em paz.
- eu estava pensando em algo
Charles. – falei escorando na cabeceira.
- o que? – falou Charles se
sentando ao meu lado.
- eu sou gay, você não é gay, mas
gosta de mulheres e homens. Meu marido é gay, o irmão dele; Howard; também é
gay. Meu tio é gay... você não acha que meu pai com todo esse ódio também não
seria?
Meu irmão ficou pensando por um
tempo e ví que ele seguiu minha lógica.
- com todo esse ódio por gays só
pode ser isso, especialmente porque eles são irmãos gêmeos e a chance dos dois
serem são maiores. – falou meu irmão.
- não sei o porque de todo esse
ódio. – falei.
- pois é, mas você não precisa
ficar com medo amanhã estará tudo resolvido.
- vou para meu quarto então.
- deita aqui com o maninho.
Eu então me deitei ao lado dele e deitei a
cabeça em seu braço direito que ele usou para me abraçar.
- sinto saudades de você.
- também penso muito em você.
Fico preocupado com seus sentimentos as vezes.
- fica pensando em mim é? Que fofo.
- claro eu me preocupo com você,
afinal você é meu irmão.
- eu também penso em você. Antes
de me contar sobre o seu relacionamento com o Warren eu ficava imaginando se
porque acaso você não estaria em perigo nas ruas e se prostituindo outra vez.
Eu levei um susto quando ele
falou isso.
- meu tio te contou?
- claro que contou. E eu agradeci
por ele ter contado, qualquer problema que
você tivesse era mais uma pessoa para te ajudar.
- você realmente me ama não é
Charles?
- com certeza.
- é bom saber que posso contar
com você.
Eu me levantei da cama.
- já vou indo estou muito
cansado.
- me dá um abraço.
Eu o abracei e dei um beijo no
rosto dele.
- me dá um selinho maninho.
Eu então dei um selinho na boca
dele.
- eu te amo Charles nunca se
esqueça de mim.
Eu então fui para meu
quarto. Eu abri a porta e Warren já
estava dormindo. No escuro mesmo eu fiquei apenas de bermuda e me deitei ao
lado dele e fiz conchinha com ele e antes de fechar os olhos dei um beijo na
nuca dele e senti o cheiro dos cabelos dele e respirei bem fundo antes de
dormir como um bebê.
No dia seguinte nos arrumamos e
antes de percebemos já estávamos no tribunal esperando apenas pela juíza. Tudo
tinha sido tão rápido, desde a surra que meu pai de deu e finalmente estávamos
no tribunal para resolver tudo aquilo.
Antes de entrar uma mulher me
parou no corredor.
- Fry? – perguntou ela.
- sou eu mesmo – respondi
confuso.
- eu sou Janet, esposa do seu pai
Dean.
Eu fiquei confuso e deveria estar
pronto para uma briga.
- eu só queria te dizer que sinto
muito pelo que aconteceu.
- ele te contou? – perguntei
espantado.
- claro. E eu sei que pode
parecer inútil, mas ele está realmente arrependido.
Eu apenas concordei com a cabeça
ouvindo o que ela tinha a dizer.
- eu sei que você deve ter
sofrido muito com o que ele te fez, mas espero que você reconsidere, porque ele
realmente está arrependido.
Ela se despediu e entrei na sala
de julgamento.
Logo todos nos levantamos para
que a Juíza Mary tomasse seu posto.
O advogado do Warren iria me
representar e logo ele se levantou e deu as declarações iniciais e logo foi à
vez do advogado do meu pai.
- porque meu cliente deve se
manter longe do próprio filho? Ele não quer nada mais do que poder ver o filho
que já é maior de idade. Esse homem se arrepende do que fez e quer que vocês
apenas deem outra chance para ele.
O advogado se sentou e logo foi a
vez do meu advogado.
- o que este homem quer é uma
segunda chance? Para que? Terminar o que começou?
- protesto – falou o advogado do
meu pai.
- eu retiro a declaração – falou
meu advogado. – eu tenho aqui comigo as fotos que meu cliente Fry tirou no dia
do ocorrido.
Ele pegou algumas fotos e mostrou
para a juíza e para as pessoas que assistiam.
Eu ví que minha mãe, meu irmão e
meu tio ficaram desconfortáveis ao ver as fotos de meus machucados e do meu
rosto.
- tudo o que meu cliente quer é
paz. Ele não prestou e não pretende prestar queixas contra o pai ele só quer
sossego.
Eu olhei para meu pai e ele
estava de cabeça baixa sem expressão.
- então peço que considere a
saudade e o bem estar não só do meu cliente, mas também do seu marido e
parceiro que pode também sofrer as consequências de um preconceito sem
precedentes.
O advogado se sentou.
- vocês tem mais declarações.
Nenhum dos dois respondeu.
- devido aos fatos apresentados,
não me resta escolha se não.
- excelentíssima? – falou meu pai
se levantando.
- sim – falou ela.
- posso dizer algumas palavras.
- por favor senhor Dean, deixe as
declarações para seu advogado.
- Fry – falou ele interrompendo a
juíza – eu sei que eu errei e estou realmente arrependido.
Meu pai disse isso, mas sua
expressão não apresentava nem ódio e nem amor, era como se ele estivesse
confuso com os próprios sentimentos.
- eu me arrependo pelo o que fiz
e espero que um dia me perdoe.
Ele disse isso e se sentou.
- bom, se não temos mais
declarações eu gostaria de dar o veredicto. Depois de analisar os fatos
apresentados eu...
- excelentíssima? – falei me
levantando. – eu gostaria de retirar o pedido da ordem de restrição.
Ouve um murmúrio no tribunal.
- o que você está fazendo? –
perguntou Warren.
- o que eu acho certo.
A juíza bateu o martelo até que o
alvoroço terminou.
- bom, já que não há mais o
pedido eu encerro esta audiência.
Todos começaram a conversar e se
levantar.
Minha mãe, meu irmão, meu tio e
Warren vieram para conversar comigo e brigar pelo o que eu fiz.
- o que você fez? – perguntou meu
irmão e meu tio – você está louco? Não lembra o que ele te fez? Eu não tinha
visto as fotos até agora e confesso que estou com ódio dele.
Eles ficaram em volta de mim, mas
eu não ouvia o que eles diziam, era como se todo o barulho fosse diminuindo
gradativamente e eu olhei em direção ao meu pai e a esposa o abraçava e o
advogado apertava a mão dele.
Meu pai olhou em minha direção e
nós ficamos nos encarando de longe. Eu então me atrevi a dar um sorriso de
leve. E ele deu um sorriso de volta e piscou o olho direito ele foi saindo do
local com a esposa. Eu senti um frio na barriga. Era hora de um novo capítulo
na minha vida.
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