Capítulo 07: DIA 7 — 10h46min ás 11h29min | Conto: Crônicas de Perpetua: Homem Proibido — Livro Um

Capítulo 7

DIA 7 — 10h46min ás 11h29min

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E

stávamos na caminhada há algum tempo. Lucy e Rose conversavam entre si enquanto Anita e Misty as acompanhavam logo atrás às vezes entrando no assunto das duas. Eu não sabia bem sobre o que elas estavam falando. Rodolfo estava logo ao lado de Dorothy. Ele carregava uma das malas enquanto Ted carregava a outra. Eu estava á frente de todos abrindo caminho. Eles não brincaram quando disseram que eu era o escudo. Eles estavam muito assustados com as coisas que tinham visto na floresta então eu decidi realmente agir como um escudo. Peguei um dos facões e sai na frente cortando o mato abrindo caminho. De certa forma acalmou a todos.

Não preciso nem dizer que Ted não gostou nada da ideia. Deve ser por isso que ele ia logo atrás de mim. Ele parecia mais atento do que eu e provavelmente estava pronto para me proteger caso alguém ou algo viesse nos atacar. Foi difícil deixar a cachoeira para trás, mas de certa forma foi bom porque todos tomaram um bom banho, tomamos bastante água e nos distraímos um pouco. O mais importante é que aliviamos um pouco o estresse que envolvia toda aquela situação.

As árvores naquela parte da floresta já não eram como as de onde tínhamos vindo. Os troncos eram mais largos e cheios de folhas e musgos. Quase não conseguíamos ver o tronco em si. As árvores eram um pouco mais afastadas uma das outras. O chão era completamente verde e cheio de trevos de quatro folhas. Trevos da sorte. Podia-se dizer que aquela parte da floresta era um bem mais agradável do que de onde viemos. A verdade é que era estranha a transição da primeira parte da floresta para a segunda. Parecia um lugar diferente, mas nós sabíamos que era o mesmo.

- vamos descansar um pouco – falou Dorothy se sentando na raiz de uma das árvores.

- concordo – falou Rodolfo se sentando ao seu lado – estamos andando a quase uma hora – disse ele respirando ofegante.

- meus pés estão inchados – falou Anita tirando os dois sapatos para que seus pés respirassem um pouco.

- precisamos disso – falou Misty se abaixando e arrancando uma porção de trevos e entregando um para cada um.

Ted se sentou em uma pedra cheia de musgo e eu estava de pé ao seu lado olhando em volta. Passei os dedos na árvore por entre as pequenas folhas.

- senta aqui comigo – falou Ted puxando meu braço fazendo com que eu me sentasse ao lado dele.

- sento sim – falei olhando em volta e pegando uma garrafa com água e tomando alguns goles antes de entregar para Ted.

- pra você! – falou Misty entregando um trevo de quatro folhas para mim. Ela seguiu direto para rose.

- e o meu? – perguntou Ted.

- está sentado ao seu lado! – falou Misty com um sorriso entregando o trevo de Rose. Em seguida ela se sentou entre rose e Anita.

- você é o meu trevo da sorte?

- sou sim – falei sorrindo para ele e apertando os lábios. Ted passou o braço por mim e me fez ficar perto dele.

- acho que finalmente chegamos a um lugar onde não vamos enfrentar monstros nem nada – falou Lucy olhando em volta.

- esse lugar é tão verde – falou Dorothy – me sinto bem aqui.

- e vocês queriam ficar naquela cachoeira – falou Ted olhando em volta.

- eu posso comer uma maçã? – perguntou Rose.

- claro  -falou Ted tirando uma maçã e jogando para rose que a esfregou na blusa e em seguida deu uma mordida.

- ainda estão com o gosto bom? – perguntei curioso.

- sim – falou rose balançando a cabeça positivamente – deliciosas.

- a quanto tempo vocês são casados? – perguntou Misty para Rodolfo e Dorothy.

- eu não sei – falou Rodolfo rindo.

- amor! – falou Dorothy empurrando-o.

- brincadeira meu amor – falou Rodolfo dando um beijo nos lábios de Dorothy. Eles eram um bonito casal. Eles sempre estavam juntos e protegendo um ao outro. Eu os via como os pais que deveria ter tido. Eles estavam sempre trocando caricias e meu pai e minha mãe estavam sempre brigando.

- nós estamos casados á oito anos e nove meses – falou Rodolfo – três mil quinhentos e vinte e oito dias casado com essa maravilhosa mulher – falou Rodolfo beijando a boca de Dorothy.

- ele é o marido mais maravilhoso do mundo – falou Dorothy.

- vocês são fofos! – falou Misty.

- vocês têm filhos? – perguntei curioso.

- não – falou Dorothy – infelizmente Rodolfo não pode ter filhos.

- porque vocês não adotaram? – Misty estava curiosa sobre o casal. Acho que no fundo ela conseguia vê-los da mesma forma que eu: um casal apaixonado.

- nunca pensamos nisso – falou Rodolfo – nós tentamos durante uns dois anos ter filhos, mas ela nunca engravidava. Decidimos ir ao médico e quando descobrimos que o problema era eu nós nos conformamos em viver a vida a dois.

- eu não sei – falou Anita apreensiva – eu ainda acho que deveríamos ter ficado lá.

Anita interrompeu a conversa com seus devaneios. Ela parecia ansiosa e assustada.

- se acalma Anita. Vai ficar tudo bem – falou Misty consolando a amiga.

- eu ainda não entendi porque Kyle e Anita foram os únicos que conseguiram pegar as maçãs naquela árvore – falou Lucy nos lembrando daquele ocorrido.

- deve ter algo que nós não estamos vendo – falou Rose – talvez Kyle e Anita sejam ligados de alguma forma ou tenham algo que o resto de nós não tem.

- quantos anos você tem? – perguntou Kyle olhando para mim.

- eu tenho dezenove.

- e você Anita?

- dezessete – respondeu Anita.

- eu sou de Boston – falei olhando para Anita.

- eu sou de Los Angeles – respondeu Anita – eu nunca nem sequer pisei em Boston na minha vida… pelo  oque eu me lembre – falou ela confusa.

- como assim? – perguntou Rodolfo.

- sou só eu ou as lembranças de vocês estão meio confusas como se não fossem reais ou que não conseguissem se lembrar mesmo sabendo que estão ai?

- eu me sinto assim – falou Lucy – eu sei que conheço Kyle, mas o meu passado é confuso e se eu for ser sincero com vocês eu não consigo lembrar direito da minha família.

- eu não me lembro para o casamento de quem eu estava indo – falou Rodolfo olhando para a esposa – você se lembra amor?

- não – falou Dorothy – eu sinto que até alguns dias atrás eu acho que me lembrava, mas agora tudo está se tornando confuso.

- eu não sei se minha noiva estava mesmo grávida! – falou Ted rindo – eu nem sei se eu realmente tinha uma noiva antes de estar aqui.

- do que está falando? – falei olhando para Teddy – você me mostrou a foto dela. Estava em sua carteira.

Ted abriu a carteira e procurou pela foto.

- não tem nenhuma foto aqui.

- mas eu vi! – falei tentando me lembrar – eu lembro que você me mostrou uma foto dela ou… eu acho que você me mostrou – falei confirmando a teoria de Anita de que eu sentia como se o passado e o presente fossem uma coisa só.

- eu não lembro do meu filho – falou Rose – eu disse que tinha um filho, mas a verdade é que eu não me lembro do rosto ou do nome dele.

- será que tem algo na floresta fazendo com que nossa memória se apague?

- eu não sinto como se minha memória estivesse sendo apagada – falou Rodolfo – sinto como se ela estivesse sendo limpa.

- Meeehii axxjudiiiem! – falou uma voz masculina e estranha chamando nossa atenção.

- o que foi isso? – perguntei dando um pulo da pedra olhando em volta.

- eu não sei – falou Teddy – parece que veio de lá.

- pegue! – falou Rodolfo jogando o facão para Ted que pegou no ar. Lucy estava com a arma em seus mãos e ela destravou a arma pronta para atirar.

- fiquem aqui – falou Ted enquanto ele, Rodolfo e Lucy seguiam por entre as folhas.

- Xuuucuuurro! – novamente aquela voz distorcida tentou dizer algo incompreensível.

O restante de nós seguiu logo atrás curiosos para saber o que seriam aqueles múrmuros que mais pareciam gemidos contorcidos de alguém que estava sofrendo. Nós seguimos por dez metros na floresta e atrás de uma das árvores vimos o corpo de um homem de costa caído no chão.

- Nie Axudem, Ruuuur Raror! – falou o homem de cabelos loiros ainda de costas.

- Benjamin? – falou Dorothy reconhecendo-o.

- é o Benjamin! – falei dando um passo longo para frente.

- ele está vivo – falou Ted me impedindo de avançar – fica aqui Kyle. Não vá – Benjamin, você está bem?

- Nie Axudem! – Benjamin murmurou ainda de costas deitado no chão. Parecia que ele estava sujo de sangue. Era a mesma roupa que ele usava no dia que ele havia morrido. Ou pelo menos a noite que nós achamos que ele tinha morrido.

- não estamos entendendo nada, o que aconteceu com você?

Benjamin conseguiu se levantar e ficou de pé se virando para nos.

- Meu Deus! – falou Anita fechando os olhos e abraçando Misty. Benjamin não tinha a parte de baixo da mandíbula, ele não tinha lábios e um pedaço do rosto não existia. Tinha apenas um dos olhos. Os dentes que restavam estavam pendurados assim com a língua que babava e balançava de um lado para o outro.

-  Nie Axudem, Ruuuur Raror! – falou Benjamin com os braços esticados vindo em nossa direção.

- como ele ainda está vivo? – falei sentindo meu estômago embrulhar ao ver seu rosto.

Benjamin levou as mãos até o rosto e sentiu o vazio que a mandíbula fazia.

- não tem como ele ter sobrevivido todo esse tempo com esses ferimentos. Ele teria morrido com a infecção ou com todo o sangue que ele perdeu – falou Rodolfo. O único olho azul de Benjamin transmitia todo o sofrimento e a dor que ele estava sentindo nesse momento.

Benjamin deu alguns passos em nossa direção e nós nos assustamos e nos afastamos dele.

- fica parado! – falou Lucy apontando a arma para Benjamin – fica longe se não eu atiro!

- se acalma Lucy – falou Ted esticando os braços e se aproximando de Benjamin – nós só queremos te ajudar Benjamin.

- Não! – gritou Benjamin em um urro violento e assustador. Foi à única palavra que conseguimos entender claramente. Ele apontava em nossa direção. Ele balançava a língua agitado como se apontasse para algo atrás de nós.

Olhei para trás e não vi nada de mais. Era por onde nós tínhamos vindo. Ele não queria que nós continuássemos.

- o que ele quer que façamos? – perguntou Dorothy com uma ficção de nojo e pena.

- eu não sei – falou Misty abraçando Anita.

- nós vamos te ajudar! – falou Ted – se acalma.

Benjamin foi para cima de Ted e Lucy apertou o gatilho dando um tiro para cima.

- eu disse pra ficar parado! – Lucy tinha uma expressão de raiva – fica parado ou eu atiro.

Benjamin continuava com o braço estivado e com o dedo apontando em nossa direção. Ele apontava e apontava e piscava lentamente o único olho que sobrava.

- acho que ele quer que nós voltemos – falei em voz alta e Benjamin balançou a cabeça positivamente fazendo com que um fio de baba da língua pendurava pingasse no chão.

- Holtiem! – murmurou Benjamin.

- Kyle está certo. Ele não quer que sigamos a diante. Ele quer que voltemos – falou Anita finalmente conseguindo olhar para Benjamin.

- talvez tenha algo na floresta – falou Rose – talvez ele tenha visto algo e está tentando nos avisar.

- eu não confio nele – falei engolindo em seco e dando dois passos na direção de Benjamin – nós vamos à diante.

Benjamin me ouvir dizer aquelas palavras e balançou a cabeça negativamente e continuou apontando na direção oposta.

- acho que devemos ouvi-lo – falou Anita cedendo – eu sabia que não deveríamos ter saído daquela cabana.

- não, nós vamos seguir a diante pela floresta. Eu não confio nele. Ele tentou me matar quando saímos da cabana. Ele nunca quis que saíssemos de lá. Ele tentou nos impedir de todas as formas.

Percebendo o que eu disse Benjamin começou a bufar de raiva e veio correndo da minha direção. Ted colocou o braço na minha gente fazendo com que eu ficasse atrás dele. Benjamin continuou avançando e Ted levantou a mão com o facão e bateu no pescoço de Benjamin que começou a urrar de dor e começou a cambalear enquanto o sangue escorria. O facão continuava enfiado em seu pescoço e Benjamin caiu ajoelhado no chão e tirou o facão e jogou no chão. Ele se contorcia de dor. Ele sentia o sangue molhar seus dedos. Ele não morreu. Ele sentia a dor, mas não morria. Ele juntou as duas mãos e olhou para para Lucy.

- ele quer que acabemos com o sofrimento dele – falou Ted lambando os lábios e levando a mão até a arma.

- eu faço – falou Lucy se aproximando de Benjamin e apontando a arma para a cabeça dele.

Benjamin fechou o único olho que tinha e Lucy apertou o gatilho. A bala fez com que a parte de trás da cabeça de Benjamin voasse e seus miolos estourados caíssem no chão. Benjamin caiu para traz e fechou os olhos.

Todos ficaram em silêncio enquanto Benjamin estava morto no chão. Ninguém se atreveu a dizer nenhuma palavra. Lucy tinha um pouco de sangue nas mãos e no rosto.

- abaixa a arma – falou Ted se aproximando lentamente de Lucy e colocando a mão na arma ele fez com que ela abaixasse a mão – acabou, ele morreu.

Ted mal terminou de dizer essa frase e Benjamin abriu o olhos e começou a se contorcer no chão com dor. Ele levou as duas mãos para trás e sentiu o buraco na cabeça. Ele começou a urrar como se estivesse chorando.

- meu Deus! – falou Dorothy se afastando ao lado de Rodolfo.

Benjamin conseguiu se levantar apesar de estar todo machucado. Ele cambaleou e ficou de quatro urrando. Ele se levantou e veio andando na nossa direção. Lucy começou a atirar. Tiro atrás de tiro. Eles acertavam Benjamin que apenas caia e se contorcia cada vez mais.

- vamos! Vamos! – falou Ted para Lucy enquanto nós corríamos de volta as pedras para pegarmos as mochilas.

- rápido! – falou Ted pegando a mochila com as maçãs e jogando nas costas.

Nós começamos a correr pela floresta tentando nos afastar ao máximo de Benjamin. Nós corríamos por entre os trevos de quatro folhas que cobriam o chão o máximo que conseguíamos. Depois de alguns metros eu parei e coloquei as mãos nos na cintura me inclinando para frente.

- acha que ele veio atrás de nós? – perguntou Rose.

- acho que não – falou Rodolfo preparado para atacar com o facão caso ele tivesse.

- quantas vezes você atirou nele? – perguntei para Lucy me aproximando.

- não sei, umas quatro ou cinco – falou ela me entregando a arma – por quê?

- porque quando eu encontrei a arma ela só tinha seis balas e desde que a encontramos nós demos mais de seus tiros. Abri o tambor da arma e mostrei que não havia mais balas na arma. Fechei o tambor e em seguida mirei em uma arvore e apertei o gatilho. Com o disparo uma bala saiu acertando a árvore fazendo com que algumas folhas voassem.

- isso não é possível! – falou Lucy.

- pelo o que acabamos de ver é possível sim – falou Anita – e se Benjamin estiver certo? E se nós devêssemos ficar na cabana?

- não acredite nele – falei me aproximando de Anita – pessoas como ele quer que nós acreditemos que o mundo aqui fora é perigoso. Pessoas como ele querem nos controlar a todo custo. Você não viu o que ele fez controlando a água e os mantimentos?

- Ele foi do exército! – falou Rodolfo – talvez seja algo relacionado ao exército ou ao governo. Talvez estejamos em alguma experiência maluca do governo ou algo assim.

- faz sentido – falou Rose.

- eu não acho que isso tenha a ver com o governo – falou Ted – ele estava agonizando em dor e não morreu. Ele continua vivo. Se fosse o governo e Benjamin fosse um traidor eles o teriam matado.

- vamos fazer uma votação – falou Anita levantando a mão – quem é a favor de voltamos para a cabana levantem a mão. Todos se entreolharam e ninguém levantou a mão, nem mesmo Misty.

- quem é a favor de seguirmos a diante? – falei levantando a mão.

Lentamente um a um eles foram levantando a mão. Eles sabiam que continuar na cabana não era um retrocesso. Nós apenas dormiríamos e dormiríamos e dormiríamos.

- sinto muito – falou Misty levantando a mão – Kyle está certo. Não podemos voltar depois de termos avançado tanto. Nem sabemos se vamos conseguir encontrar a cabana.

- está decidido – falou Ted me apoiando – vamos seguir. Ted travou a arma e colocou no cinto da calça.

- podemos descansar um pouco? – falei pegando a garrafa de água e tomando um gole.

- claro – falou Ted pegando o relógio – dez minutos.

- eu vou ao banheiro – falei devolvendo a garrafa para Ted.

- cuidado – falou ele segurando no meu braço. Eu me aproximei dele e nós demos um selinho.

Adentrei a floresta e me afastei o máximo possível deles. Eu me sentei em uma pedra e fechei os olhos. Respirei fundo e pensei no que diria.

- você está ai? Mike? – olhei para cima esperando por uma resposta. O sol estava no alto, acho que logo seria meio dia.

- Estou aqui Kyle! – falou a mesma voz serena. Era como um sussurro em meu ouvido. Sua voz era de certa forma reconfortante e me acalmava.

- o que está acontecendo? Porque tudo isso está acontecendo?

- o que você acha que está acontecendo?

- eu não sei Mike. Uma experiência do governo? Estamos mortos?

- quando beijou Ted, o que você sentiu?

- você viu aquilo?

- eu vejo o que você vê – falou Mike irônico – agora me responda. O que você sentiu?

- eu não sei. Apaixonado? Senti meu coração bater mais rápido…

- essa era a resposta que eu queria – falou Mike – você sentiu seu coração bater. Se você estivesse morto o seu coração não bateira.

- então não estamos mortos?

- Não Kyle. Você não está morto.

- então é uma experiência do governo?

- você não está pagando impostos então definitivamente não tem nada a ver com governo.

- você sabe o que? Porque não diz logo? – falei me levantando com raiva.

- eu só sei oque você sabe!

- Mentira. Eu estou fazendo perguntas e você está respondendo. Como você sabe todas essas respostas?

- Porque no fundo você também sabe que não está morto. Você sabe que o governo não tem nada a ver com o que está acontecendo. Eu não posso dizer o que está acontecendo porque você não sabe. Não faz ideia.

- você é imprestável, sabia? – falei voltando a me sentar com raiva.

- com quem você está conversando? – falou Ted chegando até onde eu estava. Eu dei um pulo.

- com… com ninguém. Eu… estava só resmungando em voz alta – eu respirei fundo – eu só estou cansado disso tudo.

- eu sei como está se sentindo – falou Ted se sentando ao meu lado e pegando minha mão e segurando entre as suas.

- você acha que estamos mortos? – falei olhando para Ted.

- sinceramente? – ele franziu as sobrancelhas – não.

- acha que isso tem alguma ligação com o governo?

- você realmente acha que o governo está preocupado conosco? Se dependêssemos do governo já estaríamos mortos – falou Ted rindo.

- você é bem pessimista – falei rindo com ele. Ted parou de rir e engoliu em seco pensativo – você não se lembra mesmo da sua noiva grávida?

- não – falou Ted – eu não me lembro do rosto, não me lembro se ela estava grávida e eu não tenho nem certeza se tinha uma noiva antes disso tudo. Pra ser totalmente sincero com você eu nem tenho certeza se sou advogado.

- eu estou começando a duvidar de tudo o que achei que sabia – falei apertando a mão de Ted.

- olhe pelo lado positivo – falou Ted se aproximando de mim e virando meu rosto – se a noiva não existe significa que não vou ter que dar explicações a ninguém.

- é a única parte boa – falei acariciando seu rosto e tocando seus lábios – ter você aqui comigo.

- fico feliz que pense assim – falou Ted sorrindo – pensei que fosse só eu.

- claro que não seu bobo – deitei minha cabeça em seu ombro e ele acariciou meus cabelos – acha que vamos sair dessa floresta algum dia?

- acho sim – falou ele motivado.

- por quê?

- se Benjamin queria que nós voltássemos é porque estamos indo na direção certa. Eu estou do seu lado. Eu não confio nele.

- e onde você acha que chegaremos?

- espero que em uma casa bem grande com vários quartos com camas gigantes e uma hidromassagem e uma piscina – falou Ted rindo.

- sonhar não paga imposto – falei rindo.

- se o governo estivesse envolvido, nós pagaríamos – falou Ted rindo e me abraçando. Ele deu um beijo no meu pescoço e eu continuei com a cabeça deitada em seu ombro.

- você é a única coisa boa que aconteceu nisso tudo – falei olhando nos olhos de Ted – se morrermos aqui no final vai ter valido a pena passar por tudo isso ao seu lado.

Teddy sorriu para mim e deu um beijo nos meus lábios. Senti sua boca junto a minha e sua língua quente umedecer minha boca. Ted pressionou minha nuca fazendo com que nossas bocas se encontrassem com mais força. Acariciei seu pescoço subindo minha mão e afundando em seus dedos em seus cabelos enquanto nos beijávamos.

Eu prometi e cumpri. Dois capítulos para vocês. Espero que estejam gostando. Está dando um certo trabalho escrever esse conto por causa dos detalhes entre outras coisas que vocês vão descobrir no decorrer dos capítulos. Um abraço a todos e não deixem de comentar :)