A
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NÃO DUVIDE DE MIM capítulo quatorze
s luzes do aeroporto brilhando lá em baixo. Eu
estava ansioso para chegar porque estava longe casa e meu passado não me
perseguiria; não me mesmo jeito que na cidade grande onde todos sabiam sobre a
vida de todos, mas não conheciam os outros de verdade. Eu não conhecia nem os
vizinhos da minha rua direito e olha que eu morei lá desde que me entendo por
gente. Pelo o que eu tinha ouvido todos eram companheiros onde meu pai morava,
os donos das fazendas vizinhas se ajudavam e se conheciam muito bem. Eu precisava
disso na minha vida precisava conhecer um outro lado da vida que eu nunca tinha
tido contado.
Eu tinha feito minha escolha e eu
tinha escolhido a mim mesmo. No caminho de casa acabei dormindo no metrô. Acordei
assustado e quando olhei eu já tinha passado oito estações da minha.
- que merda – falei me levantando
– minha cabeça doía como nunca.
Me levantei e desci na estação
seguinte. Eu tinha que voltar todas as estações. Eu fiquei parado lá esperando
um metrô chegar e comecei a refletir sobre a minha vida. O que eu faria?
Voltaria correndo para os “braços” de Adam, ou tentaria outras entrevistas?
Não sei se aguentaria por muito
tempo se aquilo acontecesse outra vez. A sensação de ter seu passado jogado na sua
cara é a pior que pode existir.
- uma ajuda? – falou uma voz. Eu
olhei para trás e havia um homem todo sujo vestindo trapos sentado no chão.
Bati a mão no meu bolso e peguei
tudo o que eu tinha e dei a ele.
- muito obrigado, que deus te
abençoe – falou ele.
- eu começo a duvidar da
existência dele – falei para o homem.
Logo um metrô praticamente vazio
parou na minha frente eu entrei e logo me sentei próximo a janela, mas dessa
vez nada de tirar cochilos se não eu ficaria nesse jogo o dia todo. Eu estava
distraído olhando pela janela quando um homem sentou ao meu lado.
- oi – falou ele.
Eu olhei para o lado e não
reconheci o homem, mas mesmo assim eu respondi, por educação é claro.
- oi – falei forçando um sorriso.
O homem de olhos verdes continuou olhando para frente e eu simplesmente voltei
a olhar para fora.
- não duvide de mim – falou o
homem.
- o que você disse? – falei
olhando para ele.
O homem olhou para mim e deu um
meio sorriso.
- “não duvide de mim” – falou o
homem apontando para uma das propagandas do metrô onde se lia: “Justiça – não
fuja e não duvide de mim”. - porque?
- não é nada, é que… deixa pra
lá.
- e então? Dia difícil? –
perguntou o homem.
- porque a pergunta?
- você está parecendo um pouco
abatido.
- deu pra perceber? – perguntei
rindo.
- só um pouco – falou ele dando
uma risada.
- o meu dia foi terrível. Pra
começar ontem eu bebi demais, cheguei atrasado no segundo dia de trabalho e meu
chefe me humilha e me bota no olho da rua, depois eu durmo no metrô e perco a
minha estação.
- e agora um homem estranho senta
eu seu lado e fica puxando conversa. –falou ele
- está longe de ser uma coisa
ruim.
- que bom – falou ele.
Eu olhei para ele reparando no
rosto e notei algo no olho dele.
- nossa – falei alto.
- o que? – perguntou ele.
- você tem olhos de cores
diferentes – falei notando que ele tinha um olho verde e o outro azul.
- gostou? – falou ele com um
sorriso.
- é muito bonito, pra dizer a
verdade seus olhos são perfeitos.
- queria que meus colegas na
escola pensassem assim.
- todo mundo sofre na escola né?
Eu era o sonho de todo valentão: Judeu, Gay e Adotado.
- adotado?
- sim, quando tinha 4 anos.
- muito legal da parte do seu pai
e da sua mãe.
- minha mãe já faleceu. Quando eu
tinha 16 anos.
- meus pêsames.
- eu sei como é a dor de perder
os pais.
- dói muito. Você tem um irmão
Gêmeo?
- Eu e meu irmão gêmeo sofremos
bastante.
- sim. – falou ele – geralmente
essa diferença de olhos, especialmente azul e verde acontece em irmãos gêmeos.
- é mesmo – falei reparando –
você não tem um olho azul e um olho verde, você tem os dois com duas cores.
- que bom que achou bonito.
- muito lindo.
- que bom que eu consegui
melhorar o seu dia – falou ele.
- nossa, me desculpe eu nem
perguntei como foi o seu dia.
- até agora tudo bem – falou ele
– não tenho nada do que reclamar.
- que bom.
- espero não ter te deixado
depressivo com meu dia perfeito.
- não, eu fico feliz por saber
que alguém está tendo o dia melhor que o meu – falei rindo para ele.
- não é sempre assim tão
perfeito. Tenho meus dias bons e ruins afinal eu sou policial.
- policial?
- sim, espero não ter te
assustado com essa informação. – falou ele mostrando o distintivo pendurado em
um cordão prateado, ele logo colocou outra vez para dentro da camisa.
- não me assustou não.
- que bom se não eu teria que
revista-lo.
Eu dei uma risada.
- você tem quantos anos? –
perguntou ele.
- 22 e você?
- 45 – sou bem mais velho que
você, já vivi muito.
- eu imagino, meu pai é dois anos
mais velho que você e ele já passou por muita coisa.
- meu filho podia ser como você,
ele só vive trancado no quarto com seu computador, televisão. Nunca tira um
tempo para conversar comigo.
- quantos anos ele tem?
- quatorze anos.
- essa fase é complicada eu acho
que passei pela mesma coisa.
- as vezes eu tenho a impressão
de que nós não somos conectados e que ele não gosta de mim.
- não pense isso, ele gosta sim
de você, mas é que nessa época da vida nós nos preocupamos muito com amigos e
status. A família é como se fosse uma pedra no sapato.
- você passou por isso? –
perguntou ele.
- não, mas eu sou gay, para nós o
mundo funciona diferente é como se o colégio fosse uma guerra e cada dia uma
batalha.
- o meu filho se identifica como
uma garota – falou ele.
- sério?
- sim
- e você aceita ele como é?
- completamente. A mãe dele
abandonou nós dois quando ele nos contou. Eu amo meu filho como se fosse a
minha própria vida.
- ele vai travestido para a
escola?
- sim.
- ele deve sofrer muito
preconceito na escola. Eu lembro como é essa fase.
Ele olhou para fora.
- me desculpe ter dito isso, eu
não queria te desanimar.
- eu sei como é – falou ele – eu
também sofro muito preconceito, especialmente no trabalho.
Eu pensei um pouco antes de fazer
a próxima pergunta.
- posso fazer uma pergunta
pessoal?
- pode.
- você já conversou com ele?
Sobre… perguntou se ele tem vontade de mudar de sexo?
- sim. ele disse que pensa nisso
as vezes e ao mesmo tempo que tem vontade ele diz ter medo.
- você leva ele ao psicólogo?
- não.
- desculpa, mas como é seu nome?
- Cody.
- Cody, não deixa ele passar por
isso sozinho, ele deve estar confuso e desorientado, converse com ele, se ele
te evitar é ai que você deve tentar com mais força. Imagine como deve ser
confuso para ele estar na escola ouvindo todos dizerem que ele não é normal.
Leva ele ao psicólogo.
- você acha que eu devo?
- sabe o que eu acho? Você dois
deveriam ir sabe. Eu imagino como você deve sofrer psicologicamente com tudo
isso.
- eu não acredito muito em
psicólogos.
- vai por mim, funciona meu pai e
eu visitamos muito para resolver alguns problemas que pareciam impossíveis de
se resolver.
- obrigado pelo conselho – falou
ele – é bom ter alguém que eu possa conversar sobre isso. eu fiquei sozinho
depois que minha esposa se foi e digamos que nenhuma mulher que ter um
relacionamento com um homem que tem um filho que se identifica como uma mulher.
- sinto muito.
- não sinta. Eu passaria a minha
vida inteira sozinho pelo meu filho.
- é bom saber que você o ama
tanto, mas será que ele sabe o que você está disposto a fazer pela felicidade?
Ele sabe o que você faz por ele?
Ele não respondeu nada e apenas
ficou pensando por um longo tempo.
- espero não estar me
intrometendo, afinal estamos na América onde todo mundo se intromete na vida do
outro.
- pelo contrário, eu gostei muito
da nossa conversa. E eu fico realmente agradecido pelos seus conselhos, eu
realmente vou procurar um psicólogo e tentar arrancar ele da casca.
- faça isso – falei dando uma
batidinha amigável no ombro dele.
Nós olhamos em volta e por alguns
segundos ficamos em silêncio
- em qual estação você disse que
era a sua? – perguntou Cody.
- eu não disse – falei olhando
para o marcador. – que droga, passei outra vez da minha estação.
- passou muitas?
- 5 estações.
- sinto muito – falou ele.
- sem problemas – falei me levantando
– foi bom conversar com você, mas eu tenho que descer.
Ele também se levantou.
- a sua é a próxima? – perguntei.
- não, mas eu vou te acompanhar
até em casa.
- não precisa.
- é o mínimo que eu posso fazer
depois da conversa que tivemos.
- tem certeza? Eu não vou te
atrapalhar em nada?
- não – falou ele cochichando –
esse é meu trabalho, andar disfarçado no metrô, não conte para ninguém.
- não vou – falei indo até a
porta.
Nós então fomos para a porta do
metrô e assim que ele parou na estação nós dois descemos e fomos até o outro
lado para voltarmos.
- sua casa é muito longe? –
perguntou Cody.
- não, mas não precisa me levar
lá.
- preciso sim – falou ele com um
sorriso – eu realmente goste de te ter conhecido. Eu geralmente não tenho o
costume de falar da minha vida com estranhos, mas com você eu me senti
confortável o bastante.
- obrigado por me fazer especial
em dia um tão ruim como hoje.
- o dia ainda não acabou – falou
Cody
Nós entramos no metrô e depois
que chegamos na estação nós saímos até a rua e eu indiquei que iriamos para a
esquerda. Nós dois andamos por um longo caminho e fomos conversando.
- sai casa fica nessa rua?
- não. Daqui duas quadras eu viro
a direita andamos mais um pouco e chegamos na minha casa.
- eu falei tanto de mim e você não
falou quase nada sobre você. – falou Cody.
- eu não tenho quase nada o que
contar. Minha vida pode ser resumida no dia de hoje.
- você não tem ninguém? Algum
namorado?
- acredita que eu sou solteiro?
- sério? Você parece ser uma
pessoa tão madura pra sua idade, com certeza deve ter pretendentes.
- geralmente a culpa é minha, eu
escolho as pessoas erradas e digamos que os pretendentes não me interessam.
- porque?
- eu já fui uma pessoa muito
festeira…
- como assim?
- eu já fiz muito sexo no passado
e os meus “pretendentes” que se dizem apaixonados por mim só querem sexo e hoje
em dia eu não quero só isso.
- entendo.
- então por esse motivo eu
prefiro ficar sozinho.
- é melhor mesmo – falou ele
enquanto virávamos para a direita.
- minha casa é logo ali.
Nós andamos mais um pouco e
paramos na porta da minha casa.
- muito obrigado mesmo por ter me
acompanhado até em casa.
- obrigado pelos conselhos –
falou ele.
- por nada – falei batendo a mão
no portão e ele abriu.
Eu olhei para o lado e percebi
que ele tinha sido forçado.
- algum problema? – perguntou
Cody
- eu tranquei antes de sair.
- deixe me vez – falou ele
abrindo o portão e vendo que a porta da minha casa estava aberta.
- meu deus, alguém arrombou –
falei vendo de fora algumas coisas quebradas e outras faltando.
- fica aqui fora – falou ele
tirando o distintivo para fora da camisa
e pegando uma arma no coldre da perna.
- tudo bem – falei ficando de
fora enquanto ele entrava sorrateiramente.
Eu esperei alguns minutos e logo
ele saiu.
- não tem ninguém – falou ele.
- vou ligar para o meu pai.
- vou ligar para a policia –
falou Cody se afastando.
Eu busquei o nome do meu pai e o
telefone chamou quatro vezes até que ele atendeu.
- oi filho
- pai o senhor está bem?
- estou sim filho, porque?
- eu acabei de chegar em casas e
ela foi invadida.
- você está bem? alguém te
machucou?
- não pai, relaxa eu estou bem.
tem um policial aqui comigo.
- eu estou indo para ai agora.
- vou esperar o senhor aqui.
- fala para ele ir até a delegacia,
vamos encontra-lo lá. – falou Cody.
- pai, não vem aqui o policial
disse para ir para a delegacia.
- qual delas? – perguntou meu
pai.
- qual delas Cody?
- a que fica na rua 87.
- rua 87 pai.
- vejo você lá.
Eu desliguei o telefone.
- a viatura está a caminho –
falou Cody.
- tudo bem – falei tremendo.
- se acalma – falou ele.
- eu não acredito que isso
aconteceu.
- sua casa tem alarme Mike –
falou Cody – por acaso alguém tem o código?
- só eu e meu pai. – falei
tentando lembrar de mais alguém… - espera! – Cody olhou para mim. – hoje eu vim
aqui em casa e o alarme disparo e a empresa ligou pedindo confirmação de alguns
dados. Eu peguei um moto taxi e o motorista ficou de fora, ele pode ter ouvido
o que eu disse.
- qual o número que você o
chamou?
Entreguei o número e Cody ligou e
o telefone chamou várias vezes e todas as ligações foram encaminhadas para a
caixa de mensagens.
- ele sabia o código?
- não. Eu apenas digitei, mas
quando o alarme dispara a empresa liga e se tiver sido um engano eles pedem
confirmações de alguns dados. Ele pode ter arrombado a porta e assim que o
telefone chamou ele confirmou os dados.
- mas se a porta for arrombada a
empresa fica sabendo – falou Edward. – além disso as portas foram forçadas, mas
não foram arrombadas.
- mas só eu e meu pai temos a chave
– falei apalpando os bolsos e nada da minha chave. – minha chave desapareceu.
A viatura chegou e Cody explicou
para os colegas o que tinha acontecido e logo eles nos levaram para a delegacia
e eu fui direto prestar queixa de roubo e eu contei tudo o que tinha acontecido
desde a hora em que chamei o Moto taxi até a hora que ele me deixou no
trabalho.
- eu então perguntei se ele
esperaria por mim e ele disse que não podia, então eu ofereci mais dinheiro e
ele concordou em esperar.
- ele pode ter visto o que você
tinha dentro de casa enquanto você tomava banho. – falou Cody.
- depois que eu me arrumei eu
tranquei tudo e ele estava aqui me esperando. Nós fomos para o meu trabalho,
chegando lá ele disse que não aceitaria o dinheiro e meio que me fez marcar um
encontro com ele.
- ele sabia que não teria ninguém
em casa – falou Cody – ele marcou o encontro para saber mais ou menos a hora
que estaria em casa.
- como eu fui burro.
- você não foi burro – falou Cody
– você foi enganado você não é o culpado pelo o que aconteceu você é a vítima.
- ok – falei tomando um gole do
copo de água.
Cody saiu da sala primeiro e
depois que eu terminei de explicar eu sai da sala e logo vi meu pai, Vanessa e
Adam sentados na sala de espera e eu fui até meu pai para um abraço.
- ainda bem que não aconteceu
nada com você – falou meu pai.
- está tudo bem com você? –
perguntou Vanessa.
Eu então dei um abraço nela.
- tudo ótimo, ainda bem que não
estava em casa.
- tudo bem Mike? – falou Adam me
abraçando e dando um beijo no meu rosto.
- estou sim – falei abraçando ele
forte.
- que bom – falou ele beijando
meu rosto.
Eu soltei ele e fui até meu pai
para outro abraço.
- eles levaram tudo pai.
- não importa filho – falou ele
beijando meu rosto. – o que importa é que ninguém se machucou.
- foi culpa minha.
- não foi. O Policial Harvey nos explicou tudo.
- quem?
- Cody Harvey – falou ele se
aproximando.
- obrigado – falei olhando para
ele.
- está tudo bem – falou ele me
abraçando.
- o que você estava fazendo em
casa uma hora dessas filho? – perguntou meu pai.
- eu fui demitido – falei olhando
para ele com vergonha.
- demitido? porque?
- eu cheguei atrasado.
- só por causa disso? eu vou lá
hoje conversar com seu chefe.
- nem pensar pai, o senhor está
nervoso e não via descontar em ninguém. Não vai fazer como fez com o Adam
quando foi na empresa tirar satisfação e além do mais eu estou errado.
- ok – falou meu pai nervoso
tentando se acalmar. ele me deu outro abraço e disse que me amava.
- Muito obrigado – falou meu pai
pagando o chaveiro que tinha trocado todas as fechaduras da casa.
- por nada – falou o homem
devolvendo o troco.
Depois da delegacia nos voltamos
para casa e tivemos que dizer tudo o que nós demos falta para Cody. Ele ainda
disse que se sentíssemos falta de mais alguma coisa era só ligar para ele.
Depois que ele foi embora meu pai chamou o chaveiro e eles trocou todas as
fechaduras e fez três cópias de cada chave. Meu pai tinha pago uma fortuna, mas
valia a pena.
Vanessa e Adam estavam em casa
conosco.
- quantas horas? – perguntei para
Adam sentado no outro sofá.
Adam olhou no celular.
- 15:29 – falou Adam.
- filho eu vou na empresa de
seguros conversar com eles.
- Vocês tinham seguro? –
perguntou Adam.
- sim. ainda bem, se não teríamos
pedido tudo – falou meu pai.
Eles tinham levado todas as
televisões, computadores e laptop, os 2 notebooks, máquina de lavar, secadora,
celulares… tudo o que eles puderam levar, eles levaram.
- eu vou com você – falou Vanessa
para meu pai.
- mas o Mike vai ficar sozinho?
- eu vou também – falei me
levantando.
- não filho, você está cansado e
muito estressado com o que aconteceu deixa que o papai vai resolver tudo.
- mas eu não quero ficar aqui
sozinho vendo o que aquele ladrão fez com a nossa casa.
- eu fico com você – falou Adam.
- eu não quero ficar nessa casa,
eu quero sair daqui, olhar para ela me faz ter raiva de mim mesmo.
- podemos ir para minha casa.
- e sua esposa? Não vai se
importar?
- nós nos separamos, eu estou
morando em um apartamento próximo a empresa.
- eu não quero incomodar.
- não vai.
- vai filho, fica lá com ele e
antes de vir embora eu passo lá para te buscar.
- ok – falei me levantando.
Nós saímos da casa e eu dei um
abraço no meu pai antes de entrar no carro de Adam.
- até mais tarde – gritou meu pai
acenando e eu tirei a mão para fora do carro de Adam e acenei.
Ele então ligou o carro, mas não
dirigiu.
- Mike, antes de irmos eu quero
dizer que não precisa se preocupar porque eu não vou tentar nada, eu te
respeito. Pode ficar tranquilo.
Quando ele disse aquilo eu me
aproximei dele e nós demos um beijo.
- sinto muito – falei me
afastando – eu precisava disso. se eu não relaxar eu vou explodir.
- sem problemas – falou ele.
Adam ligou o carro e enquanto
íamos para o apartamento dele nós conversamos.
- então… - falou ele assoprando a
fumaça do cigarro que ele tinha acendido – parece que você não aceitou a minha
oferta de emprego.
- não é nada pessoal.
- eles te deram uma oferta melhor
do que a minha? – perguntou Adam.
- não.
- então é pessoal, porque se
fosse apenas negócios você teria aceitado a minha vaga.
- olha Adam, é pessoal sim e você
sabe o porque eu já te disse aquele dia.
- mas você foi demitido.
- sim, mas eu errei.
- se trabalhasse comigo você sabe
que isso nunca aconteceria. Veja que eu nunca disse “trabalhe para mim” eu
sempre disse “trabalhe comigo”.
- por favor Adam, eu preciso voar
com as minhas próprias asas e se acontecer algo com você? você acha que a
pessoa que assumir o seu lugar vai ser tão boa quanto você? eu preciso conhecer
o mundo lá fora.
- porque? Não precisa! Eu já te
disse que nós podemos ficar juntos.
- não começa Adam.
- foi você que acabou de me dar
um beijo.
- e eu já estou arrependido por
ter feito isso. eu só pensei que você fosse meu amigo o suficiente para receber
um beijo meu sem ficar dando em cima de mim.
- sinto muito – falou ele dando a
ultima tragada antes de jogar o cigarro fora.
- olha Adam, você é um excelente
chefe, um ótimo pai, um esplêndido amante, mas não é um bom marido ou namorado.
Nós não vamos dar certo por causa disso.
- tudo bem – falou ele – eu
entendo.
Nós logo chegamos ao apartamento
dele. ele deixou o carro na garagem e nós subimos até o apartamento dele.
- fique a vontade – falou ele.
- você não vai trabalhar? Pode
ir. Eu não queira ficar sozinho lá em casa mas aqui eu sei que estou seguro.
- eu poderia ir, mas não vou.
Prefiro ficar aqui com você – falou ele tirando a gravata e desabotoando alguns
botões da camisa.
Ele jogou o controle remoto de
televisão pra mim.
- compra algum filme no
Pay-per-View pra gente assistir.
- ok – falei tirando meu tênis e
me sentando no sofá. ao longe eu ouvi o barulho da urina caindo na privada.
- e então? – perguntou ele – já
comprou algum filme para nós assistirmos?
- eu estou em dúvida entre dois.
- qual? – perguntou Adam se
sentando ao meu lado e tirando o sapato.
- todos parecem bons filmes então
vou deixar você escolher.
- qualquer um – falou Adam.
- ok – falei apertando o botão
que escolhia a primeira opção.
Eu então me sentei no sofá com as
pernas encolhidas.
- vamos assistir na TV do quarto
– falou ele desligado a TV.
- isso não vai dar certo.
- porque? Eu pensei que fosse meu
amigo suficiente para assistir um filme na minha cama sem se render aos meus
encantos.
- ok – falei me levantando.
Eu entre no quarto dele e Adam
jogou duas almoçadas grandes e fofas em cima da cama. Eu me deitei e eu liguei
a TV e o filme começou. Eu comecei a assistir sem ele. Adam foi ao banheiro e
eu fiquei reparando no que ele fazia. Primeiro ele tomou um banho e depois de
toalha ele escovou os dentes e veio para o quarto para vestir roupa.
- você tem certeza que vai
assistir o filme? – perguntei brincando – acho que você está se preparando para
ir ao cinema.
- ao seu lado, por isso preciso
estar bem cheiroso – falou ele vestindo a cueca e em seguida uma bermuda de
seda que ia até o joelho.
- já se foram 20 minutos de
filme.
- agora estou pronto – falou ele
jogando uma coberta em cima da cama.
- eu sei lá o que está
planejando, mas não conte comigo. – falei chegando para o lado e ele se deitou
ao meu lado e jogou o cobertor por cima de nós dois.
Nós começamos a assistir ao filme
juntos, mas eu percebi que a perna dele estava inquieta e ele ficava me olhando
as vezes. Eu deixei para lá e continuei assistindo o filme e antes que
percebesse eu cochilei.
Eu estava tendo um pesadelo
quando acordei assustado. Antes de abrir os olhos eu sabia que estava babando.
Eu então usei minha mão para limpar e com isso eu senti que estava deitado no
peito de Adam. Eu abri os olhos e a televisão estava ligada, mas as cortinas e
a luz do quarto apagadas.
Eu levantei a cabeça rapidamente
vi que adam estava roncando. Eu deitei a cabeça outra vez e coloquei minha mão
no peito dele e fiquei passando a mão até que ele acordou;
- já acordou? – perguntou Adam
bocejando.
- acabei de acordar.
Ele levou minha mão até sua
barriga e colocou a dela em cima e ficou alisando.
- não adianta né? Você arrumou um
jeitinho, mas cá estamos nós, dormindo abraçados como se fossemos um casal.
- eu não tenho culpa – falou ele
– você é que dormiu e virou para meu lado, tudo o que pude fazer foi acolhe-lo
afinal você passou por muita cosia hoje.
- sei.
- é sério Mike. Eu não pensei em
fazer nada com você. eu gosto muito de você. o bastante para saber te
respeitar, mas isso não significa que não podemos ser amigos.
- deitados assim aparentamos ser
mais do que amigos.
- e dai? Não aconteceu e nem vai
acontecer nada mesmo.
- você vai conseguir viver com
isso? me abraçar e dormir comigo e não tentar fazer sexo?
- eu penso em você sendo algo
mais além de um amigo Adam. Não queria te dizer isso, mas é a verdade – falei
saindo de cima dele e deitando no meu travesseiro. Dessa vez foi eu quem
bocejou.
- é bom ouvir você dizendo isso –
falou Adam com um sorriso.
- eu penso em você como uma
pessoa especial, mas algo dentro de mim diz que nós nunca vamos dar certo então
decidi que seremos só amigos, então podemos trabalhar juntos.
- eu disse que preciso expandir
meus horizontes.
- se você vier trabalhar comigo
eu te dou uma parte da empresa já que você devolveu o que o Roman te deu.
- eu não posso fazer isso Adam.
Você batalhou pela empresa, vai ficar parecendo que eu te seduzi para me dar
seu dinheiro.
- então venha apenas trabalhar
comigo, todas as propostas que eu fiz estão de pé.
- eu não…
- não responda agora. Pense até
sexta. Se até sexta você não tiver outra proposta você promete trabalhar
comigo?
- tudo bem Adam.
- repita comigo.
- eu prometo que se não tiver
outra proposta até sexta eu vou trabalhar com você.
- ótimo – falou ele se sentando
na cama.
- quantas horas? – falei me
sentando e olhando para fora. O céu já estava escuro.
- 19:45 – falou Adam.
- meu pai deve ter ligado umas
cem vezes.
- deixa eu ver – falou ele
pegando o celular com um cigarro na mão. – tem duas chamadas.
- no meu tem cinco – falei me
levantando – você tem que me levar em casa. Eu não tenho nenhum centavo porque
dei tudo para um mendigo na estação de metro. Em tão não posso chamar um taxi.
- não precisa me convencer, você
me conseguiu quando disse “você tem que me levar em casa”. – adoro mandões. –
falou ele rindo.
- desculpa – falei rindo.
- viu só? Se fossemos namorados
já estaríamos nesse nível de relacionamento.
- esquece isso Dr. Adam White.
- ok – falou ele saindo quarto e
me dando uma piscada.
Eu mostrei dedo pra ele.
Enquanto ele fumava eu vesti
minha roupa e depois ele vez o mesmo. ás 20:00 nós saímos do apartamento dele e
entramos no carro.
- as vezes eu acho que abuso de
você – falei para Adam – você está sempre pra mim quando preciso, sem perguntar
duas vezes.
- somos amigos. Você faria o
mesmo por mim, além disso eu gosto de você. muito.
- também gosto de você.
Logo Adam chegou em frente a
minha casa.
- obrigado por ter me trazido
Adam.
- por nada – falou ele.
Eu então abri a porta do carro.
- eu não ganho nada? – falou ele.
- o que você quer?
- sei lá, mais do que um
obrigado.
Eu me aproximei dele e dei um
beijo no rosto dele.
- vamos voltar pra minha casa –
falou Adam.
- eu até volto, mas significa que
não vou trabalhar com você.
- mas não é justo.
- é minha regra. Você prefere o
que? Seu prazer ou meu futuro?
Ele pensou por um bom tempo.
- que droga, sai desse carro. –
falou ele dando um tapa na minha bunda antes que eu fechasse a porta.
- foi bom negociar com você –
falei na janela.
Ele me dando um beijo.
- até mais – falou ele.
- até.
Eu então entrei em casa. Meu pai
e Vanessa estavam na cozinha conversando.
- oi filho – falou meu pai quando
eu entrei na cozinha – pensei que fosse dormir na casa do Adam.
- nós acabamos pegando no sono em
camas separadas por isso não atendi.
- não precisa dizer que foi em
camas separadas – falou ele rindo.
- precisa sim – falei me
sentando.
- não tem problema, vocês não
precisam namorar – falou meu pai – como é que eles dizem hoje em dia?
- “ficantes” – falou Vanessa.
- isso, você e Adam são
“ficantes”.
- não somos ficantes e nem nada.
- como se chama as pessoas que
fazem sexo sem compromisso? – perguntou meu pai.
- pai! está me deixando
constrangido.
- ok – falou ele rindo.
Nós três olhamos em volta e vimos
aquela casa vazia que fazia até eco.
- e então? Como foi lá na
companhia de seguro?
- eles vão liberar o dinheiro em
três dias úteis.
- então só vamos poder comprar
tudo para repor na terça?
- justamente – falou meu pai.
- o Peter chega sábado né?
- sim – falou meu pai.
- vai ser bom vê-lo – falei para
meu pai.
Apesar de tudo o jeito era voltar
á vida normal.
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As vezes eu acho que você é psicólogo, a maneira como você escreve... mesmo sendo fictício o conto, você faz parecer tão real. É por isso que te adoramos tanto, você vale ouro.
ResponderExcluirCada dia melhor parabéns. 👌👌
ResponderExcluirCurti esse capítulo...
ResponderExcluirAss: Felipe
Maravilhoso...esplêndido...magnifico...eu queria muito que o Rupert voltasse e ele voltou vamos ver como vai ser esse encontro....a to anciosa...
ResponderExcluirFelicidade é sempre Bem- Vinda! Torcendo aqui... Na expectativa...
ResponderExcluirConfuso... no capítulo anterior ele recusou a oferta de emprego e nesse ele diz que foi mandado embora no segundo dia?
ResponderExcluirE esses comentários antigos? Você reescreveu o conto né, porque os comentários não batem com o que está escrito no capítulo...