Capítulo 10: Uma noite Perfeita | Conto: Paixão Secreta | Temporada: 4ª

UMA NOITE PERFEITA capítulo dez

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C

heguei finalmente a casa de Jeff. Ele acendeu as luzes e vi o enorme lugar. Eu mal conseguia carregar minhas malas. Estava ansioso e nervoso ao mesmo tempo. Não sabia ao certo se queria estar ali.

- seu quarto é o segundo virando a direita no corredor.

- Steve não está?

- ele levou os pirralhos ao parque – falou Jeff rindo – pode ficar a vontade.

- Sabe Jeff, não sei se quero estar aqui. Sinto que estou me intrometendo na vida de vocês, tem certeza que quer uma pessoa como eu perto dos seus filhos?

- relaxa Mike. Você não é nada além de si mesmo. Você não matou ninguém ok? Respire fundo e seja apenas você. Ninguém está aqui para te julgar. O juiz vive em San Diego. Ele conseguiu me fazer rir.

Subi as escadas e ao chegar no quarto coloquei minha mala em cima da cama e a abri. Guardei minhas roupas no guarda-roupas e depois tranquei a porta do quarto. Arranquei minha roupa e corri para tomar um banho.

Ao sair do banheiro houve uma certa gritaria nos corredores. Steve havia chegado.

Abri a porta e vi duas crianças correndo de um lado para o outro. Steve subiu as escadas. Pensei em voltar para dentro e fechar a porta, mas era tarde demais para isso porque ele subiu olhando para mim.

- olá… Steve.

- oi Mike – falou ele subindo de terno. Assim como quando trabalhava com Adam – ele veio até mim e ao invés de apertar minha mão que estava estendida ele me deu um abraço.

- ok – falei abraçando ele.

- como você está?

- como você deve ter visto nos jornais, estou péssimo.

- não fica assim. Tudo vai melhorar.

- você está tão diferente Steve. Antigamente você parecia… não sei como terminar essa frase sem ser ofensivo.

- um babaca? molecão? imaturo?

- mais ou menos.

- eu mudei Mike. Graças a você é claro. Ao contrário do que você pensa nem todo mundo foi afetado negativamente com sua presença.

- meio difícil de acreditar nisso, mas prometo que vou tentar.

- desce lá. Vou tomar um banho porque o dia foi cheio.

- não é tão engraçado isso? Quando nos conhecemos você era o hétero fodão. Agora você é casado e gay. Eu fui gay a vida toda e nem namorado tenho.

- como eu disse: tudo vai melhorar. Dê tempo ao tempo.

- vou tentar – falei descendo as escadas. Steve havia trazido pizza para o jantar.

- espero que goste de pizza.

- gosto de qualquer coisa que tenha gosto de comida – falei rindo.

- crianças digam oi para o tio Mike.

- oi tio Mike – disseram as duas se sentando a mesa.

Perguntei se estava tudo bem com os dois e eles sinalizaram com a cabeça. Eles estavam mais interessados na pizza.

Decidi esperar Steve descer para poder comer.

A maior parte do jantar foi em silêncio. Não havia muito o que dizer se é que me entendem. Minha vida estava exposta então eu agora só esperava por perguntas, mas eu sabia que os dois eram educados demais para isso.

Para não deixar o clima desse jeito decidi puxar conversa.

- então… a cidade fica lindo no outono – falei mordendo um pedaço.

- é verdade – falou Steve – você precisa dar uma volta de tarde e tirar algumas fotos.

- quem sabe, pelo o que parece vou ficar aqui por muito tempo.

- você terá tempo de conhecer os pontos turísticos.

- Kevin mostre para o tio Mike o quão esperto você é – falou Jeff.

- eu te vi na TV – falou Kevin – minha professora disse que você é doido.

- Kevin! – falou Jeff repreendendo-o.

- não tem problema, é sério Jeff.

- sinto muito – falou Steve – não sei porque eles colocaram Televisão no refeitório é sério. Amanhã vou conversar com a professora dele.

- não precisa. Só vão arrumar confusão.

- não se preocupe com isso Mike – falou Steve.

O restante do jantar foi silencioso. Depois que todos comeram eu me ofereci para lavar a louça e apesar dos dois insistirem e dizerem que não precisava eu o fiz. Gostava de ser prestativo.

Jeff e Steve estavam sentados na sala enquanto arrumava a cozinha. As crianças logo foram colocadas para dormir e assim que termine ide lavar as louças fui até a sala. Estava pronto para me despedir e ir me deitar.

- acho que vou me deitar. Estou tão cansado.

- tem certeza? Não quer assistir um pouco de televisão com a gente? – perguntou Jeff.

- não. Eu estou bem. Vou dar um pouco de privacidade a vocês e além do mais eu estou morto de cansado.

- boa noite então – falou Steve acenando com a mão.

Jeff se levantou e veio até mim.

- você vai mesmo conhecer Cooper?

- vou sim.

- eu vou conversar com ele então.

- obrigado Jeff – falei subindo as escadas.

Estava realmente cansado e assim que me deitei não lembro de mais nada. Mergulhei no mundo dos sonhos.

No dia seguinte acordei cedo, mas decidi ficar deitado um pouco. Decidi esperar todos saírem para me levantar.

Depois que todos se foram eu fui para o banheiro e tomei um banho na água quente. O clima estava um pouco gelado. Assim que sai do banheiro vi que meu celular tinha uma mensagem de Jeff.

CONVERSEI COM COOPER. ELE TE ESPERA HOJE ÁS 23:30 EM SEU RESTAURANTE.

Eu respondi a mensagem um ok.

Fiquei ansioso pelo o que aconteceria nesse jantar. Estava realmente nervoso em conhecer alguém que já tinha matado. Será que isso me ajudaria de verdade? Não tinha certeza se queria ir a esse jantar sozinho. Estava com medo de encontra-lo tão tarde da noite.

- tem certeza disso Jeff? Estou tão nervoso – falei respirando fundo.

- ele não vai te matar Mike. Foi ideia dele pedir que você fosse tão tarde. Talvez seja porque ele tem um dia atarefado. Ele precisa de tempo para conversar com você.

- ok, só vou fazer isso porque você disse que é bom para que eu melhore.

Fiquei pronto para o jantar ás vinte horas. Desci as escadas e Jeff veio lá de fora.

- não sei se quero ir Jeff. Porque você e Steve não vem comigo? Não quero estar sentado a mesa com um bando de estranhos me julgando.

- Sei que é uma tarefa difícil, mas é disso que se trata. Você vai sair, ter uma ótima noite e voltar para casa. Converse com Cooper e ouça o que ele tem a dizer. Tenho certeza que não vai se arrepender. Não se esqueça de que amanhã temos uma consulta. Quero que você melhore um pouco até amanhã.

- tudo bem – falei respirando fundo.

- já chamei um taxi. Ele está lá fora. Já disse para onde você via.

- obrigado Jeff.

- por nada. Tenha uma ótima noite – falou ele dando um tapa gentil no meu ombro.

Entrei no taxi e ele me levou até esse bendito restaurante. As luzes da cidade me encantavam. As pessoas da rua tinham uma vibração diferente. Não sei se é porque era uma sexta-feira, mas as pessoas pareciam mais receptivas.

Ao chegar na porta do restaurante levei um susto. Não tinha quase ninguém. Pensei duas vezes antes de sair daquele taxi, mas decidi seguir em frente.

- quanto ficou a corrida?

- seu amigo já pagou – falou o taxista mal humorado.

- ok – falei descendo do taxi. Ele mal esperou eu fechar a porta e arrancou.  Havia algumas pessoas de fora jogando conversa fora e de dentro havia algum punhado.

Entrei no restaurante e antes de ir ao maître dei uma olhada em volta. Quase que sai correndo de lá. De repente tive um ataque de pânico, mas tentei me conter e forcei um sorriso.

- seja bem vindo. Qual o seu nome?

- reserva para Fabray.

- Sr. Fabray venha comigo.

Nós passávamos pelas mesas e algumas pessoas me olhavam e outras não estavam nem ai. Sempre que nos aproximávamos de uma das mesas minha barriga gelava. Ficava pensando se ficaria no meio daqueles esnobes. Havia chefe em todas fazendo malabarismos com comida, o chef jogava a comida de forma elegante nos pratos e em outra mesa levei um susto. Um delicioso flambado estava sendo feito o chefe colocou fogo em uma das panelas e todos a mesa bateram palmas.

Nunca tinha ido a um restaurante como esse e Jeff tinha razão, parecia ser um lugar divertido.

- essa é sua mesa senhor – falou o maître parando ao lado de uma mesa cheia de pessoas – eu parei e olhei para todos os lados procurando um banco vazio e encontrei um entre duas pessoas.

- com licença – falei tentando me infiltrar.

- Sr. Fabray essa não é sua mesa – falou o maître me mostrando a mesa ao lado – essa é a sua mesa.

Olhei para a mesa vazia no meio de tantas cheias e me sentei.

- gostaria de beber algo enquanto aguarda o chef?

- não, obrigado – falei me arrumando. Antes que ele se fosse chame ia atenção dele.

- com licença, sabe se o restante dos convidados chegará logo?

Ele olhou na lista e em seguida olhou para mim.

- a mesa foi reservada apenas o senhor.

- ok – falei surpreso – obrigado.

Estava nervoso. Em meio tantas pessoas eu era o único que estava sozinho. Eu não queria chamar a atenção, mas parece que era tarde demais para isso. Todos olhavam para mim de vez em quando.

Esperei alguns minutos e então vi dois homens se aproximarem. Um deles de terno e o outro como chef. O de terno devia ser Cooper. Me levantei a medida que ele se aproximou.

- boa noite – falou o homem estendendo a mão.

- boa noite – falei apertando sua mão – meu nome é Mike. Você deve ser Cooper?

- não. Meu nome é Freddy.

- eu sou o Cooper – falou o homem de avental. Agora eu percebi que por baixo havia um terno.

- sinto muito – falei estendendo a mão a ele – meu nome é Mike.

- prazer Mike. Meu nome é Cooper e serei seu chef esta noite.

- ok – falei me sentando.

- esse aqui é Freddy, meu parceiro. Ele só queria te cumprimentar.

- muito prazer – falei me levantando outra vez e apertando a mão dele pela segunda vez.

- só para que fique claro, nós só somos parceiros de negócios – falou ele rindo.

- ok – falei rindo também.

- tenha um bom jantar – falou ele sorrindo.

- fico te devendo um favor – falou Cooper para Freddy.

- sem problemas – falou Freddy dizendo boa noite para as pessoas enquanto ia para a cozinha.

- então – falou Cooper sorrindo para mim – espero que não se importe pela barba. Te garanto que nada vai cair em sua refeição.

- sem problemas – falei nervoso. Será que era uma pegadinha de Jeff? Esse homem não matou nenhum mosquito. Agora estava mais aliviado. Talvez fosse só uma brincadeira de Jeff.

- o que você gostaria de comer esta noite?

- não sei. O que você me recomendaria?

- você gosta de peixe? Temos um excelente salmão ao azeite acompanhado de frutos do mar.

- pode ser – falei sentindo uma brisa gelada. Eu me encolhi.

- parece que alguém está com frio – falou ele ligando o fogo.

- só um pouco. Confesso que estava um pouco nervoso por vir. Nunca vim a um restaurante como esse. Não sabia bem como funcionava.

- ok, fique tranquilo quanto a isso, mas vou logo dizendo que em restaurantes como esses algumas coisas podem dar errado – falou ele batendo a mão sem querer em uma das frigideiras.

- cuidado – falei esticando a mão.

- antes que fizesse algo ele pegou a frigideira no ar e fez um movimento inusitado com a mão e jogou ela de volta no fogão que ficava de frente para a mesa.

- que susto – falei colocando a mão na testa.

- estou só brincando com você – falou ele rindo – espero que esteja preparado para comer a melhor comida da cidade.

Cooper era um homem atraente. Alto, mais ou menos um metro e oitenta e cinco, olhos verdes, cabelos castanhos claros. Um sorriso lindo e seu corpo parecia ser o de um homem normal. Não forte e nem magro.

- espero que sim – falei sorrindo pela primeira vez.

- sorriso bonito, espero ver você sorrindo bastante essa noite. Ao dizer isso eu sorrio outra vez e coloquei a mão na boca tapando – nova regra esta noite: sempre que sorrir quero que deixe suas mãos onde estão, nada de timidez.

- tudo bem. Você que manda.

- gostaria de beber algo enquanto vê um cara bonitão preparando sua comida?

- Que tal um vinho. Qual você me recomenda?

- Um vinho que cairia bem essa noite seria o Chardonnay 1988 acompanhante ideal para o Salmão na Grelha ou Salteado na Manteiga com Ervas.

- acho que devia ter pensando duas vezes antes de fazer essa pergunta, acho que não vou poder pagar por um vinho tão caro.

- não se preocupe. A refeição de hoje será por conta da casa.

- meu deus. Tem certeza? Não quero ser abusado.

- pode abusar de mim o quanto quiser

Eu apertei os lábios tentando não rir.

- quero ver seu sorriso, deixa eu ver – falou ele brincando comigo.

Eu então dei um sorriso breve e olhei para o outro lado.

- me desculpa é que sou tímido.

- são seja – falou ele rindo de mim.

O garçom trouxe o vinho e colocou um pouco na taça e eu tomei um gole. Não entendia muito sobre vinhos, mas aquele tinha um gosto diferente de todos os que já tinha tomado. Isso eu tinha certeza.

- espero que coma vegetais. É um ótimo acompanhamento.

- como de tudo. Qualquer coisa que fizer ficarei feliz em comer.

- obrigado. Levarei como um elogio.

- e foi.

- você está com muita fome?

- não. porque?

- porque se você não estiver com muita fome eu gostaria de te acompanhar. Posso?

- claro.